segunda-feira, 10 de julho de 2023

"TORCI O PÉ, E AGORA?"

Por Leonardo Rocha Drumond (*)

Aguardar em uma fila de espera por consulta ortopédica do Sistema Único de Saúde (SUS) na capital cearense já é difícil, mas imagine para quem reside no interior do estado e sente dores por doenças ortopédicas, como hérnias discais, lesões do manguito rotador, lesões do ligamento cruzado, instabilidades articulares e artrose. Esses pacientes precisam aguardar por meses e até décadas, pois no Ceará não tem qualquer local onde o portador da doença possa ser encaminhado e avaliado com brevidade no fluxo da rede de atendimentos públicos cearense.

Atualmente, no nosso estado, os atendimentos traumatológicos de urgência, como contusões e fraturas, que são responsáveis por grande parte da demanda, são cobertas, exclusivamente, pelo atendimento das unidades municipais. Em Fortaleza, as fraturas de pequeno e médio complexidade são realizadas nos hospitais Frotinhas (Parangaba e Antônio Bezerra) e de grande complexidade no Instituto Doutor José Frota, que conta com o Hospital Zilda Arns, como apoio.

Uma das alternativas para diminuir as filas de espera de atendimentos traumatológicos, que debilitam a pessoa a ponto de impedi-la de trabalhar e que impactam gravemente não só na saúde, mas também no sustento do indivíduo, seriam as Unidades de Pronto Atendimento (Upas). É importante ressaltar que a traumatologia já era prevista para realizar atendimentos de urgência nas Upas, desde o seu projeto inicial, a modularidade da sua estrutura permite a realização de exames de imagem, pequenos procedimentos e imobilizações, para o primeiro atendimento e a partir daí direcionar ou transferir para as unidades de retaguarda pertinentes.

Em todo o estado, temos em funcionamento vinte e quatro unidades que fazem a cobertura de casos de urgência e emergência clínica, mas não contam com atendimento traumatológico.

A demora para resolver os casos de traumas na urgência, gera um alto custo para o paciente, pois muitas vezes fica tão debilitado que perde o emprego e por conta do agravamento do quadro clínico, promove o aumento dos custos do procedimento para o estado, já que a doença evolui e necessita de uma cirurgia mais complexa e de alto custo. Essa estrutura precisa ser repensada e ser priorizada para evitarmos sofrimento da população e desperdício do dinheiro público.

(*) Presidente da Cooperativa dos Médicos Traumatologistas e Ortopedistas do Estado do Ceará (Coomtoce).

Fonte: Publicado In: O Povo, de 23/05/2023. Opinião. p. 18.

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