Por Carlos Roberto Martins Rodrigues
Sobrinho (Doutor Cabeto) (*)
Há tempos me
questiono sobre o nosso futuro, e do porquê desse vazio, de um
certo apagão de ideais.
Alguns dizem
que já não existem homens que servem aos sonhos coletivos, especialmente os que tratam de benefício à sociedade. Refiro-me a um
certo tempo de dedicações ao intangível, sobre solidariedade, sensibilidade e
capacidade de ceder. Pois, costumo dizer que ganha quem cede. Trata-se do
exercício de desprender-se das "verdades", e entender outras
vertentes.
A ideologia
nos norteia, toma forma sob diversos conceitos, de uma ciência das ideias,
termo estabelecido pelos ideólogos
franceses, à visão
marxista sobre a consciência falsa- um conjunto de ideias que oculta a
realidade como forma de estabelecer uma relação de domínio.
Mas como
construir essa ideologia num mundo globalizado, que une culturas e civilizações diferentes? Como elaborar ideais num
mundo Vuca, complexo, volátil e ambíguo?
Os inimigos
não são mais palpáveis ou perceptíveis. Não são nações e seus valores ligados a
qualquer modelo de estado. Não é o comunismo, o capitalismo ou qualquer outro regime que hoje nos aflige, e sim uma
transformação instantânea da forma de viver, de amar e de desejar, sem citar um
certo desvio das virtudes, valores que conduzem a uma sociedade mais justa.
Tudo está
sendo posto em questão, os títulos, os tratamentos pessoais, a hierarquia e até os métodos científicos.
Em alusão a
esse momento, Dr. Adrian, professor de medicina da Universidade da Catalunha, resgata em artigo valores atemporais como a
honestidade, a honradez, a lealdade, a integridade, o talento, a
responsabilidade e a dedicação.
A evolução tem
seu caminho, e por Freud em três grandes transições que passam pela percepção
do universo de Copérnico, pela teoria da evolução das espécies e da
descoberta do inconsciente.
Enfim, o mais
evidente é a desconstrução do egocentrismo, e da percepção das nossas
vulnerabilidades diante da inexorabilidade do tempo. Tudo que transforma tudo
em relativo! Assim sendo, evoluir é amadurecer, pressupõe dar colo a alma e ao espírito, significa dar cabimento às mudanças e às diferenças, permitindo-nos uma
passagem mais terna.
(*) Médico. Professor da UFC.
Ex-Secretário Estadual de Saúde do Ceará.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 18/06/2023. Opinião. p.19.
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