quarta-feira, 2 de agosto de 2023

IDEOLOGIA, QUEREMOS UMA PARA VIVER!

Por Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho (Doutor Cabeto) (*)

Há tempos me questiono sobre o nosso futuro, e do porquê desse vazio, de um certo apagão de ideais.

Alguns dizem que já não existem homens que servem aos sonhos coletivos, especialmente os que tratam de benefício à sociedade. Refiro-me a um certo tempo de dedicações ao intangível, sobre solidariedade, sensibilidade e capacidade de ceder. Pois, costumo dizer que ganha quem cede. Trata-se do exercício de desprender-se das "verdades", e entender outras vertentes.

A ideologia nos norteia, toma forma sob diversos conceitos, de uma ciência das ideias, termo estabelecido pelos ideólogos franceses, à visão marxista sobre a consciência falsa- um conjunto de ideias que oculta a realidade como forma de estabelecer uma relação de domínio.

Mas como construir essa ideologia num mundo globalizado, que une culturas e civilizações diferentes? Como elaborar ideais num mundo Vuca, complexo, volátil e ambíguo?

Os inimigos não são mais palpáveis ou perceptíveis. Não são nações e seus valores ligados a qualquer modelo de estado. Não é o comunismo, o capitalismo ou qualquer outro regime que hoje nos aflige, e sim uma transformação instantânea da forma de viver, de amar e de desejar, sem citar um certo desvio das virtudes, valores que conduzem a uma sociedade mais justa.

Tudo está sendo posto em questão, os títulos, os tratamentos pessoais, a hierarquia e até os métodos científicos.

Em alusão a esse momento, Dr. Adrian, professor de medicina da Universidade da Catalunha, resgata em artigo valores atemporais como a honestidade, a honradez, a lealdade, a integridade, o talento, a responsabilidade e a dedicação.

A evolução tem seu caminho, e por Freud em três grandes transições que passam pela percepção do universo de Copérnico, pela teoria da evolução das espécies e da descoberta do inconsciente.

Enfim, o mais evidente é a desconstrução do egocentrismo, e da percepção das nossas vulnerabilidades diante da inexorabilidade do tempo. Tudo que transforma tudo em relativo! Assim sendo, evoluir é amadurecer, pressupõe dar colo a alma e ao espírito, significa dar cabimento às mudanças e às diferenças, permitindo-nos uma passagem mais terna.

(*) Médico. Professor da UFC. Ex-Secretário Estadual de Saúde do Ceará.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 18/06/2023. Opinião. p.19.

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