Por Fabiana Arrais (*)
A alta do preço
da gasolina consolida-se neste ano como um dos maiores entraves para que a
inflação alcance a meta desejada pelo Bacen (Banco Central do Brasil). É
bem verdade que mesmo havendo redução dos preços do grupo alimentício, outros
grupos (transportes, habitação, saúde e educação) elevaram os preços acelerando
o índice inflacionário no mês de setembro, segundo o IBGE (2023).
O grupo dos
combustíveis é formado pela gasolina, diesel, etanol e gás veicular.
Destes, o IPCA- 15 do mês de setembro revela que apenas o etanol obteve uma
discreta redução (-1,41%). Na direção oposta, o gás veicular - ainda em
expansão no mercado - aumentou (0,05%), o diesel elevou os preços em 17,93%, e
a gasolina aumentou o preço em 5,18% o que desencadeia um efeito negativo
para as expectativas dos empreendedores e consumidores.
O resultado
dessas elevações de preços é rapidamente absorvido pelo mercado, pois a
economia nacional ainda é dependente do transporte rodoviário para carregar do
feijão com o arroz, ao projeto aerodinâmico das pás de turbinas eólicas tão
comuns no litoral nordestino.
É evidente que
esse processo inflacionário e seus reflexos sobre os setores da economia impõe
custos maiores para a produção de bens e serviços. O que consequentemente
exigirá - por parte do ofertante - uma compensação dos preços para que seus
ganhos não reduzam. Ou utilizar-se de estratégias como a prática da reduflação
que se caracteriza pela redução do tamanho, quantidade e volume dos produtos
ofertados sem redução de preços, a fim de manter-se competitivo ao mesmo tempo
em que fideliza a clientela.
A utilização
desta prática se consolidou no Brasil no período pandêmico (Covid-19), e
é realizada por grandes marcas no mercado nacional abrangendo diversos setores,
como por exemplo: chocolates, leite em pó, bebida láctea, papel higiênico,
sabão em pó, material de higiene pessoal, entre tantos outros produtos.
A prática não se
configura uma ilegalidade no mercado, contanto que haja ações
informativas e transparentes quanto as modificações ocorridas no produto,
conforme a Portaria nº 392/2021.
Isso me faz
lembrar de Seu Cícero - um romeiro apaixonado pelas romarias em Juazeiro do
Norte - que ao comprar velas para acendê-las no túmulo do padre Cicero se
entristeceu por se sentir enganado e bradou: "As velas desde ano estão
miúdas e finas. Antes mesmo de terminar um Pai Nosso e uma Ave Maria queimou
todinha!"
(*) Economista.
Fonte: O Povo, de 29/9/23. Opinião. p.17.
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