Por Fabiana Arrais (*)
Em meados de
setembro o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) divulgou uma notificação
de alerta que mostrava preocupação com as intensas ondas de calor já
apresentadas em algumas regiões do país. Fato esse que proporcionou um
monitoramento constante com alerta de onda de calor de nível amarelo
(temperatura máxima de 5ºC acima de média por períodos de dois ou três dias
consecutivos) nos meses seguintes.
Segundo o Inmet
(2023) por conta da influência do El Niño uma parte considerável do
Brasil tem sua temperatura elevada, como resultado do "[...] bloqueio
atmosférico que impede a chegada de frentes frias em algumas regiões".
Enquanto a região Sul permanece com volumes consideráveis de chuvas, e o Norte
e Nordeste com drástica redução na média deste volume.
Diante de tal
cenário já percebemos que, pontualmente, nós consumidores incorporamos novos
hábitos de consumo ao cotidiano, a fim de suportarmos o intenso e impiedoso
calor. Dados da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado,
Ventilação e Aquecimento (Abrava) trazem um aumento de 38% na venda de
ar-condicionado no segundo semestre, em contrapartida ocorreu um aumento de
preço em 6,09%, apenas, no mês de outubro conforme aponta o Índice Nacional
de Preços ao Consumidor Amplo (2023)
A alta
temperatura gera impactos em vários setores da economia, alguns mais
sensíveis como o gastronômico e o setor de lazer que conseguem quase que
instantaneamente suprir a demanda evitando o ajuste de preços. E isso ocorre
devido a capacidade de rearranjos produtivos, em se tratando do setor
gastronômico há investimentos em cardápios mais leves para suavizar o
calor, aproveitando-se de frutas e leguminosas da época.
Quanto ao lazer
em períodos de calor, os consumidores buscam sombra e água fresca, com preços
acessíveis à toda família. No Cariri os Parques Aquáticos e os Balneários em
meio a Floresta Nacional do Araripe ficam mais abarrotados, e nos finais
de semana os espaços são disputados nas primeiras horas da manhã.
Por se tratar de
uma região cercada de muitas nascentes de água e de um consolidado eco
turismo a demanda permanece aquecida o ano inteiro, propiciando a
estabilidade da renda local e a geração de empregos.
É importante
analisar que esse "B-r-o Bró" (setembro - outubro - novembro) de
calor pode impulsionar o aumento da inflação, visto que a longo prazo a
escassez de chuva e o sol escaldante dificultam a plantação e a colheita na
agricultura encarecendo os custos da produção, e consequentemente
elevará os preços dos alimentos numa ação que comprometerá a estabilidade
econômica nacional.
(*) Economista.
Fonte: O Povo, de 24/11/23. Opinião. p.23.
Nenhum comentário:
Postar um comentário