quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Calor, se sente para todo lado, impulsiona a economia caririense

Por Fabiana Arrais (*)

Em meados de setembro o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) divulgou uma notificação de alerta que mostrava preocupação com as intensas ondas de calor já apresentadas em algumas regiões do país. Fato esse que proporcionou um monitoramento constante com alerta de onda de calor de nível amarelo (temperatura máxima de 5ºC acima de média por períodos de dois ou três dias consecutivos) nos meses seguintes.

Segundo o Inmet (2023) por conta da influência do El Niño uma parte considerável do Brasil tem sua temperatura elevada, como resultado do "[...] bloqueio atmosférico que impede a chegada de frentes frias em algumas regiões". Enquanto a região Sul permanece com volumes consideráveis de chuvas, e o Norte e Nordeste com drástica redução na média deste volume.

Diante de tal cenário já percebemos que, pontualmente, nós consumidores incorporamos novos hábitos de consumo ao cotidiano, a fim de suportarmos o intenso e impiedoso calor. Dados da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava) trazem um aumento de 38% na venda de ar-condicionado no segundo semestre, em contrapartida ocorreu um aumento de preço em 6,09%, apenas, no mês de outubro conforme aponta o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (2023)

A alta temperatura gera impactos em vários setores da economia, alguns mais sensíveis como o gastronômico e o setor de lazer que conseguem quase que instantaneamente suprir a demanda evitando o ajuste de preços. E isso ocorre devido a capacidade de rearranjos produtivos, em se tratando do setor gastronômico há investimentos em cardápios mais leves para suavizar o calor, aproveitando-se de frutas e leguminosas da época.

Quanto ao lazer em períodos de calor, os consumidores buscam sombra e água fresca, com preços acessíveis à toda família. No Cariri os Parques Aquáticos e os Balneários em meio a Floresta Nacional do Araripe ficam mais abarrotados, e nos finais de semana os espaços são disputados nas primeiras horas da manhã.

Por se tratar de uma região cercada de muitas nascentes de água e de um consolidado eco turismo a demanda permanece aquecida o ano inteiro, propiciando a estabilidade da renda local e a geração de empregos.

É importante analisar que esse "B-r-o Bró" (setembro - outubro - novembro) de calor pode impulsionar o aumento da inflação, visto que a longo prazo a escassez de chuva e o sol escaldante dificultam a plantação e a colheita na agricultura encarecendo os custos da produção, e consequentemente elevará os preços dos alimentos numa ação que comprometerá a estabilidade econômica nacional.

(*) Economista.

Fonte: O Povo, de 24/11/23. Opinião. p.23.

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