Por Tales de Sá Cavalcante (*)
Convidado pela Universidade Católica, em Porto, cidade portuguesa
tão bela que parece ser o destino dos que buscam a beleza, lá fui e opinei
sobre o tema "A importância da Educação como motor de transformação
social". Fiz pelo ar o caminho inverso do que fizeram pelo mar os bravos
portugueses, em 1500. Com o privilégio de a menor distância entre Brasil e
Europa ser de Fortaleza a Lisboa, voei, com asas alheias, a agradecer ao genial
Santos Dumont, sem esquecer os irmãos Wright. Em vez de sofrer 44 dias, como
Cabral e seus liderados heróis dos oceanos, em paz fiz o trajeto em 6 horas e
50 minutos.
Lá, homenageei a cultura portuguesa, com poemas de Fernando Pessoa,
a rememorar que "Navegar é preciso; viver não é preciso", e também
que "Tudo vale a pena se a alma não é pequena". Agradeci aos
lusitanos tantos ensinamentos deles recebidos, inclusive o idioma. E relembrei
que os nossos "descobridores" observaram terra à vista ao terem em
suas retinas a magnitude do Monte Pascoal, situado na Bahia de Jorge Amado,
João Gilberto e Castro Alves, que assim se expressa, no poema "O Livro e a
América": "Filhos da Grande nação! / Quando ante Deus vos mostrardes,
/ Tereis um livro na mão: / O livro — esse audaz guerreiro / Que conquista o
mundo inteiro / Sem nunca ter Waterloo... […] Oh! Bendito o que semeia /
Livros… livros à mão cheia / E manda o povo pensar! O livro caindo n'alma / É
gérmen — que faz a palma, / É chuva — que faz o mar."
Com o exemplo da Coreia do Sul, mostrei que, para a Educação ser o
motor de transformação social, necessita de um adequado planejamento econômico.
E provei que Sobral, com a implantação das ideias de Izolda Cela e Edgar
Linhares, deu os primeiros passos. Finalizei, como iniciei, a usar citação de
Fernando Pessoa, que disse: "[...] ouço passar o vento, / E acho que só
para ouvir passar o vento vale a pena ter nascido." A segui-lo, este humilde
educador brasileiro, que, como muitos outros, tanto aprendeu com os
portugueses, se despediu a dizer: "Às vezes venho a Portugal. Ouço os
lusitanos, e acho que só para ouvir os lusitanos vale a pena ter nascido."
(*) Reitor do FB UNI e Dir. Superintendente da Org. Educ. Farias
Brito. Presidente da Academia Cearense de Letras.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 16/11/23. Opinião, p.16.
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