quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

QUANDO PORTO É O DESTINO

Por Tales de Sá Cavalcante (*)

Convidado pela Universidade Católica, em Porto, cidade portuguesa tão bela que parece ser o destino dos que buscam a beleza, lá fui e opinei sobre o tema "A importância da Educação como motor de transformação social". Fiz pelo ar o caminho inverso do que fizeram pelo mar os bravos portugueses, em 1500. Com o privilégio de a menor distância entre Brasil e Europa ser de Fortaleza a Lisboa, voei, com asas alheias, a agradecer ao genial Santos Dumont, sem esquecer os irmãos Wright. Em vez de sofrer 44 dias, como Cabral e seus liderados heróis dos oceanos, em paz fiz o trajeto em 6 horas e 50 minutos.

Lá, homenageei a cultura portuguesa, com poemas de Fernando Pessoa, a rememorar que "Navegar é preciso; viver não é preciso", e também que "Tudo vale a pena se a alma não é pequena". Agradeci aos lusitanos tantos ensinamentos deles recebidos, inclusive o idioma. E relembrei que os nossos "descobridores" observaram terra à vista ao terem em suas retinas a magnitude do Monte Pascoal, situado na Bahia de Jorge Amado, João Gilberto e Castro Alves, que assim se expressa, no poema "O Livro e a América": "Filhos da Grande nação! / Quando ante Deus vos mostrardes, / Tereis um livro na mão: / O livro — esse audaz guerreiro / Que conquista o mundo inteiro / Sem nunca ter Waterloo... […] Oh! Bendito o que semeia / Livros… livros à mão cheia / E manda o povo pensar! O livro caindo n'alma / É gérmen — que faz a palma, / É chuva — que faz o mar."

Com o exemplo da Coreia do Sul, mostrei que, para a Educação ser o motor de transformação social, necessita de um adequado planejamento econômico. E provei que Sobral, com a implantação das ideias de Izolda Cela e Edgar Linhares, deu os primeiros passos. Finalizei, como iniciei, a usar citação de Fernando Pessoa, que disse: "[...] ouço passar o vento, / E acho que só para ouvir passar o vento vale a pena ter nascido." A segui-lo, este humilde educador brasileiro, que, como muitos outros, tanto aprendeu com os portugueses, se despediu a dizer: "Às vezes venho a Portugal. Ouço os lusitanos, e acho que só para ouvir os lusitanos vale a pena ter nascido."

(*) Reitor do FB UNI e Dir. Superintendente da Org. Educ. Farias Brito. Presidente da Academia Cearense de Letras.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 16/11/23. Opinião, p.16.


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