quarta-feira, 17 de julho de 2024

SAÚDE E DESENVOLVIMENTO

Por Vladimir Spinelli Chagas (*)

Vimos, incansavelmente, trazendo à baila o tema da Santa Casa de Fortaleza, buscando não apenas reforçar o papel relevante que ela presta aos cearenses, salvando vidas desde 1861, mas as dificuldades que ciclicamente enfrentam as instituições filantrópicas, que representam cerca de 25% dos hospitais do Brasil e atendem a mais de 50% da demanda SUS, cuja tabela está defasada há mais de 20 anos.

A Santa Casa de Fortaleza vem em busca de soluções, também internamente, como mostram as atividades que desenvolve no sentido de aumentar a captação de recursos, ampliar as parcerias e implementar ações inovadoras. Mas esse esforço será inócuo se o poder público, nos três níveis, não participar diretamente das ações, para pelo menos atenuar as dificuldades provocadas pela reconhecida defasagem.

Em audiência recente com o Senhor Prefeito, levamos o quadro da situação e propostas para seu equacionamento, através da complementação dos valores defasados, da atualização dos atuais incentivos por produção e de uma rediscussão do sistema de regulação de pacientes, dentre outras.

Em termos de valores defasados, a média complexidade SUS representa o maior volume de atuação da Santa Casa, único hospital fora da rede pública com esse atendimento. Assim, mudanças na regulação reduziriam o desequilíbrio entre média e alta complexidade, enquanto a compensação dos valores, com mais de 220% de defasagem, reduziria o déficit mensal incorrido na prestação desse serviço ao público.

Este primeiro passo evitará a angústia mensal dos nossos pacientes com paralisações de serviços ou redução de oferta, pela impossibilidade de a Santa Casa arcar com as despesas para continuar atendendo, com o mesmo padrão de alta qualidade.

A saúde, um dos pilares fundamentais do desenvolvimento, proporciona um ciclo virtuoso para o progresso econômico da população como um todo, com maior produtividade, menor absenteísmo e redução dos gastos governamentais, além de melhorar a qualidade de vida dos cidadãos.

Assim, a Santa Casa não pede para si, mas para continuar contribuindo fortemente com a saúde pública, da qual foi berço no Ceará.

(*) Professor aposentado da Uece, membro da Academia Cearense de Administração (Acad) e conselheiro do CRA-CE. Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 17/06/24. Opinião. p.20.

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