Por
Vladimir Spinelli Chagas (*)
Vimos, incansavelmente,
trazendo à baila o tema da Santa Casa de Fortaleza, buscando não apenas
reforçar o papel relevante que ela presta aos cearenses, salvando vidas desde
1861, mas as dificuldades que ciclicamente enfrentam as instituições
filantrópicas, que representam cerca de 25% dos hospitais do Brasil e atendem a
mais de 50% da demanda SUS, cuja tabela está defasada há mais de 20 anos.
A Santa Casa de
Fortaleza vem em busca de soluções, também internamente, como mostram as
atividades que desenvolve no sentido de aumentar a captação de recursos,
ampliar as parcerias e implementar ações inovadoras. Mas esse esforço será
inócuo se o poder público, nos três níveis, não participar diretamente das
ações, para pelo menos atenuar as dificuldades provocadas pela reconhecida
defasagem.
Em audiência recente com
o Senhor Prefeito, levamos o quadro da situação e propostas para seu
equacionamento, através da complementação dos valores defasados, da atualização
dos atuais incentivos por produção e de uma rediscussão do sistema de regulação
de pacientes, dentre outras.
Em termos de valores
defasados, a média complexidade SUS representa o maior volume de atuação da
Santa Casa, único hospital fora da rede pública com esse atendimento. Assim,
mudanças na regulação reduziriam o desequilíbrio entre média e alta
complexidade, enquanto a compensação dos valores, com mais de 220% de
defasagem, reduziria o déficit mensal incorrido na prestação desse serviço ao
público.
Este primeiro passo
evitará a angústia mensal dos nossos pacientes com paralisações de serviços ou
redução de oferta, pela impossibilidade de a Santa Casa arcar com as despesas
para continuar atendendo, com o mesmo padrão de alta qualidade.
A saúde, um dos pilares
fundamentais do desenvolvimento, proporciona um ciclo virtuoso para o progresso
econômico da população como um todo, com maior produtividade, menor absenteísmo
e redução dos gastos governamentais, além de melhorar a qualidade de vida dos
cidadãos.
Assim, a Santa Casa não
pede para si, mas para continuar contribuindo fortemente com a saúde pública,
da qual foi berço no Ceará.
(*) Professor aposentado
da Uece, membro da Academia Cearense de Administração (Acad) e conselheiro do
CRA-CE. Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 17/06/24. Opinião. p.20.
Nenhum comentário:
Postar um comentário