terça-feira, 6 de agosto de 2024

AQUI TEM BRASIL CRIATIVO!

Por Cláudia Leitão (*)

O Ministério da Cultura vem trabalhando na construção da Política Nacional de Economia Criativa, cujos objetivos e diretrizes serão anunciados no mês de agosto próximo. A Política nasce do reconhecimento da cultura e da criatividade como insumos estratégicos para a qualificação do desenvolvimento brasileiro, mas sua gestação é longa. Nos anos 70, o governo federal já estruturava um grupo de trabalho, liderado por Aloísio Magalhães, junto ao Ministério da Indústria e Comércio, para o desenvolvimento de produtos que representassem a identidade brasileira.

O grupo se transformaria no Centro Nacional de Referência Cultural (CNRC), um laboratório matricial e inspirador para as políticas públicas de economia criativa. Magalhães tinha grande interesse pela atividade criadora dispersa no país. Seu olhar agudo sobre a diversidade dos usos territoriais comunitários e das tecnologias de produção o levou a compreender o Brasil a partir da "metáfora do estilingue". Para o designer pernambucano, mais avançada seria a nação que fosse capaz de recuar ao passado em busca de suas referências culturais.

Em agosto de 2023, o governo australiano aprovou no Congresso a legislação que estabeleceu a sua nova política de cultura (o Revive), com destaque para o Criative Australia, que define diretrizes e programas de fomento, pesquisa e advocacy para os setores culturais/criativos. Sua governança ganha mais eficiência, graças a um Conselho expandido e modernizado.

Há algumas semanas, foi aprovado um Projeto de Lei que Emenda a "Australia Criativa". Desta feita é criado o Creative Futures Fund, um fundo de fomento à produção cultural/criativa, o Music Australia Council , de apoio e promoção da música australiana, e o Creative Workplaces Council, organização responsável pelos locais de trabalho de profissionais do campo das artes e do entretenimento. A Emenda anuncia, ainda, para 2025, a criação do programa Writing Australia. "Brasileiros, é hora de realizar o Brasil", disse um dia Mário de Andrade. Não seria hora de ealizarmos o "Brasil Criativo"?

(*) Cientista Social. Professora da Uece. Sócia da Tempos de Hermes Espaço Criativo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 8/07/24. Opinião. p.20.

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