Por Cláudia Leitão (*)
O Ministério da Cultura vem trabalhando na construção da Política
Nacional de Economia Criativa, cujos objetivos e diretrizes serão anunciados no
mês de agosto próximo. A Política nasce do reconhecimento da cultura e da
criatividade como insumos estratégicos para a qualificação do
desenvolvimento brasileiro, mas sua gestação é longa. Nos anos 70, o governo
federal já estruturava um grupo de trabalho, liderado por Aloísio Magalhães,
junto ao Ministério da Indústria e Comércio, para o desenvolvimento de produtos
que representassem a identidade brasileira.
O grupo se transformaria no Centro Nacional de Referência Cultural
(CNRC), um laboratório matricial e inspirador para as políticas públicas de
economia criativa. Magalhães tinha grande interesse pela atividade criadora
dispersa no país. Seu olhar agudo sobre a diversidade dos usos territoriais
comunitários e das tecnologias de produção o levou a compreender o Brasil a
partir da "metáfora do estilingue". Para o designer pernambucano,
mais avançada seria a nação que fosse capaz de recuar ao passado em busca de
suas referências culturais.
Em agosto de 2023, o governo australiano aprovou no Congresso a
legislação que estabeleceu a sua nova política de cultura (o Revive), com
destaque para o Criative Australia, que define diretrizes e programas de
fomento, pesquisa e advocacy para os setores culturais/criativos. Sua
governança ganha mais eficiência, graças a um Conselho expandido e modernizado.
Há algumas semanas, foi aprovado um Projeto de Lei que Emenda a
"Australia Criativa". Desta feita é criado o Creative Futures Fund,
um fundo de fomento à produção cultural/criativa, o Music Australia Council ,
de apoio e promoção da música australiana, e o Creative Workplaces Council,
organização responsável pelos locais de trabalho de profissionais do campo das
artes e do entretenimento. A Emenda anuncia, ainda, para 2025, a criação do
programa Writing Australia. "Brasileiros, é hora de realizar o
Brasil", disse um dia Mário de Andrade. Não seria hora de ealizarmos o
"Brasil Criativo"?
(*) Cientista Social. Professora da Uece. Sócia da Tempos de Hermes
Espaço Criativo.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 8/07/24. Opinião. p.20.
Nenhum comentário:
Postar um comentário