segunda-feira, 12 de agosto de 2024

CURRÍCULO: "mãos, mentes e corações"

Por Sofia Lerche Vieira (*)

Em qualquer país, o currículo é elemento estratégico da política educacional. Nele estão expressas as principais orientações relativas aos conteúdos a ensinar e aprender na escola, assim como valores e concepções de mundo buscados por uma sociedade em determinado tempo e lugar. Para além do que está escrito, o currículo manifesta também tudo que acontece na escola. É, portanto, expressão de vida, com todas as suas potencialidades, desafios e contradições.

No curso da história, tivemos diferentes propostas curriculares, mais e menos conservadoras, conforme o contexto em que a educação se inseriu ao longo de sua trajetória. Com a redemocratização, no governo Fernando Henrique Cardoso, foram produzidos os Parâmetros Curriculares Nacionais. Depois dele, vieram inúmeras diretrizes e orientações para diferentes níveis, etapas e modalidades de ensino, assim como para a formação de professores.

O mais recente documento curricular brasileiro é a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), cujo debate começou ainda no governo Dilma Roussef e cuja versão final para a Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio foi aprovada no governo Michel Temer. Em sintonia com a BNCC, os estados aprovaram seus documentos curriculares; no Ceará temos o Documento Curricular Referencial do Ceará (DCRC), elaborado com ativo engajamento dos municípios.

Em meio a este movimento, Fortaleza acaba de concluir a elaboração do Documento Curricular Referencial de Fortaleza (DCRFor), produzido com assessoria técnica da Fundação Getúlio Vargas. Orientação estratégica para a gestão da aprendizagem na Rede Municipal de Educação, o DCRFor foi elaborado com a contribuição de professores da rede e especialistas em processo de diálogo fecundo e participativo.

Sua versão consolidada foi apresentada à rede em solenidade festiva na Academia do Professor Darcy Ribeiro em final de junho. Reconhecendo a riqueza do processo, o prefeito José Sarto lembrou que o novo currículo é uma construção coletiva, feita "com mãos, mentes e corações". Torná-lo vivo no cotidiano escolar é um belo desafio para nossa cidade.

(*) Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Uece e consultora da FGV-RJ.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 15/07/24. Opinião. p.20.

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