Por Sofia Lerche Vieira (*)
Em qualquer país, o currículo é elemento estratégico da política
educacional. Nele estão expressas as principais orientações relativas aos
conteúdos a ensinar e aprender na escola, assim como valores e concepções de
mundo buscados por uma sociedade em determinado tempo e lugar. Para além do que
está escrito, o currículo manifesta também tudo que acontece na escola. É,
portanto, expressão de vida, com todas as suas potencialidades, desafios e
contradições.
No curso da história, tivemos diferentes propostas curriculares,
mais e menos conservadoras, conforme o contexto em que a educação se inseriu ao
longo de sua trajetória. Com a redemocratização, no governo Fernando Henrique
Cardoso, foram produzidos os Parâmetros Curriculares Nacionais. Depois dele,
vieram inúmeras diretrizes e orientações para diferentes níveis, etapas e
modalidades de ensino, assim como para a formação de professores.
O mais recente documento curricular brasileiro é a Base Nacional
Comum Curricular (BNCC), cujo debate começou ainda no governo Dilma Roussef e
cuja versão final para a Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio
foi aprovada no governo Michel Temer. Em sintonia com a BNCC, os estados
aprovaram seus documentos curriculares; no Ceará temos o Documento Curricular
Referencial do Ceará (DCRC), elaborado com ativo engajamento dos municípios.
Em meio a este movimento, Fortaleza acaba de concluir a elaboração
do Documento Curricular Referencial de Fortaleza (DCRFor), produzido com
assessoria técnica da Fundação Getúlio Vargas. Orientação estratégica para a
gestão da aprendizagem na Rede Municipal de Educação, o DCRFor foi elaborado
com a contribuição de professores da rede e especialistas em processo de
diálogo fecundo e participativo.
Sua versão consolidada foi apresentada à rede em solenidade festiva
na Academia do Professor Darcy Ribeiro em final de junho. Reconhecendo a
riqueza do processo, o prefeito José Sarto lembrou que o novo currículo é uma
construção coletiva, feita "com mãos, mentes e corações". Torná-lo
vivo no cotidiano escolar é um belo desafio para nossa cidade.
(*) Professora do
Programa de Pós-Graduação em Educação da Uece e consultora da FGV-RJ.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 15/07/24. Opinião. p.20.
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