quarta-feira, 20 de novembro de 2024

O MERECIDO NOBEL DE ECONOMIA

Por Alexandre Sobreira Cialdini (*)

Fiquei muito feliz com o resultado do Prêmio Nobel de Economia deste ano, que reconheceu o trabalho dos pesquisadores Daron Acemoglu (Turquia), Simon Johnson e James Robinson (ambos do Reino Unido). Acompanho as pesquisas desse trio há mais de uma década. Em 2001, eles publicaram seu primeiro estudo conjunto, um artigo influente na American Economic Review, que trouxe descobertas empíricas marcantes.

Em 2006, Acemoglu e Robinson lançaram o primeiro livro em coautoria, Economic Origins of Dictatorship and Democracy. Em 2012, a dupla publicou Why Nations Fail, que sintetiza grande parte das pesquisas sobre instituições políticas e crescimento econômico. O livro seguinte, The Narrow Corridor (2019), examina o desenvolvimento histórico dos direitos e liberdades nos estados-nação, defendendo que a liberdade política não segue um modelo universal, mas resulta de lutas sociais. Como Acemoglu destacou, essa liberdade decorre do "processo confuso de mobilização da sociedade, de pessoas que defendem as suas próprias liberdades e estabelecem ativamente restrições sobre a forma como as regras e os comportamentos lhes são impostos".

Acemoglu e Johnson também são coautores de Power and Progress (2023), que analisa a inteligência artificial no contexto das batalhas históricas pelos benefícios econômicos da inovação tecnológica. Johnson é coautor de 13 Bankers (2010), com James Kwak, sobre a regulação do setor financeiro nos Estados Unidos, e de Jump-Starting America (2021).

Os vencedores do Nobel deste ano adotam a linha metodológica da Nova Economia Institucional (NEI). Em síntese, assumem que os indivíduos são racionais e buscam maximizar suas preferências, mas enfrentam limitações cognitivas, falta de informação completa e dificuldades em monitorar e fazer cumprir acordos. Os três autores desenvolveram ferramentas teóricas e empíricas para explicar as grandes diferenças de prosperidade entre as nações, cujas análises também podem ser aplicadas a governos subnacionais, como estados e municípios no Brasil.

Acemoglu, Johnson e Robinson fazem a distinção entre governos "inclusivos" e "extrativistas". Os governos inclusivos, segundo eles, expandem as liberdades políticas e os direitos de propriedade, garantindo o cumprimento das leis e fornecendo infraestrutura pública. Em contraste, os governos extrativistas concentram o poder em uma pequena elite. No geral, os pesquisadores descobriram que os governos inclusivos registram maior crescimento no longo prazo, enquanto países com "governos extrativistas" tendem a não gerar crescimento de base ampla ou a ver o seu crescimento definhar após breves surtos de expansão econômica.

Como o crescimento econômico depende fortemente da inovação tecnológica generalizada, esses avanços só se sustentam em países que promovem direitos individuais, como os de propriedade, incentivando mais pessoas a inovar. As elites podem resistir à inovação, à mudança e ao crescimento para manter o poder, mas sem o Estado de Direito e um conjunto estável de direitos, tanto a inovação quanto o crescimento estagnam. Como afirma Acemoglu: "tanto a inclusão política como a econômica são importantes e são sinérgicas". Portanto, há uma relação direta entre a manutenção das instituições e a prosperidade.

(*) Mestre em Economia e doutor em Administração Pública e Secretário de Finanças e Planejamento do Eusébio-Ceará.

Fonte: O Povo, de 17/10/24. Opinião. p.19.

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