terça-feira, 19 de novembro de 2024

TRANSPLANTES DE ÓRGÃOS SALVAM VIDAS

Por Paula Frassinetti Camurça Fernandes (*)

Recentemente ficamos chocados com a notícia sobre um laboratório no Rio de Janeiro, responsável pelos testes de HIV, que resultaram em pacientes infectados com o vírus após transplantes de órgãos. Os testes foram falsos negativos, e o laboratório não possui registro junto ao Conselho Regional de Farmácia do Rio de Janeiro.

Fato de extrema gravidade sem precedentes no Brasil. É a 1ª vez que algo do tipo ocorre no nosso país. Não tem atenuantes para um crime como esse! Os (ir)responsáveis devem ser julgados e punidos! A saúde e a vida das pessoas são bens preciosos. Lamentavelmente a ganância humana não tem limites.

Nossa missão como médicos e equipe de saúde transplantadoras é acima de tudo: "levar esperança aos portadores de insuficiência de órgãos como rins, fígado, coração, pâncreas, pulmão; e reintegrar o indivíduo à sociedade, dando-lhes melhor qualidade de vida". Não podemos esquecer os princípios da honra, ética, dignidade, integridade! Características inerentes a muitos profissionais que dedicam suas vidas a causa dos transplantes".

Há uma série de doenças infecciosas testadas obrigatoriamente em todos os doadores para que esses órgãos possam ser transplantados. Realiza-se uma entrevista com o familiar do doador para identificar fatores de risco. O processo de rastreamento infeccioso é extremamente rigoroso no Brasil, abrangendo não só o HIV, mas também hepatites, doença de Chagas, doenças bacterianas e virais. No SUS, o sistema de transplantes funciona com excelência. Aqui no Ceará os exames dos doadores são realizados no HEMOCE com testes de elevada confiabilidade, e acurácia. O pioneirismo cearense levou nosso estado a se tornar centro de referência em transplantes. Temos honrado o legado dos pioneiros e temos beneficiado e salvo vidas de milhares de cearenses e de pacientes que se deslocam a nossa cidade para serem submetidos a um transplante.

A corrupção tem raízes profundas na moral, na política e na sociedade. Somente através do esforço conjunto da sociedade e do compromisso com o bem comum podemos aspirar a um mundo menos corrupto.

(*) Médica nefrologista do HUWC. Professora da Uece.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 24/10/2024. Opinião. p.20.

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