Por Alexandre Sobreira Cialdini (*)
Fiquei muito
feliz com o resultado do Prêmio Nobel de Economia deste ano, que reconheceu o
trabalho dos pesquisadores Daron Acemoglu (Turquia), Simon Johnson e James
Robinson (ambos do Reino Unido). Acompanho as pesquisas desse trio há mais de
uma década. Em 2001, eles publicaram seu primeiro estudo conjunto, um artigo
influente na American Economic Review, que trouxe descobertas empíricas
marcantes.
Em 2006, Acemoglu
e Robinson lançaram o primeiro livro em coautoria, Economic Origins of
Dictatorship and Democracy. Em 2012, a dupla publicou Why Nations Fail, que
sintetiza grande parte das pesquisas sobre instituições políticas e crescimento
econômico. O livro seguinte, The Narrow Corridor (2019), examina o
desenvolvimento histórico dos direitos e liberdades nos estados-nação,
defendendo que a liberdade política não segue um modelo universal, mas resulta
de lutas sociais. Como Acemoglu destacou, essa liberdade decorre do
"processo confuso de mobilização da sociedade, de pessoas que defendem as
suas próprias liberdades e estabelecem ativamente restrições sobre a forma como
as regras e os comportamentos lhes são impostos".
Acemoglu e
Johnson também são coautores de Power and Progress (2023), que analisa a
inteligência artificial no contexto das batalhas históricas pelos benefícios
econômicos da inovação tecnológica. Johnson é coautor de 13 Bankers (2010), com
James Kwak, sobre a regulação do setor financeiro nos Estados Unidos, e de
Jump-Starting America (2021).
Os vencedores do
Nobel deste ano adotam a linha metodológica da Nova Economia Institucional
(NEI). Em síntese, assumem que os indivíduos são racionais e buscam maximizar
suas preferências, mas enfrentam limitações cognitivas, falta de informação
completa e dificuldades em monitorar e fazer cumprir acordos. Os três autores
desenvolveram ferramentas teóricas e empíricas para explicar as grandes
diferenças de prosperidade entre as nações, cujas análises também podem ser
aplicadas a governos subnacionais, como estados e municípios no Brasil.
Acemoglu, Johnson
e Robinson fazem a distinção entre governos "inclusivos" e
"extrativistas". Os governos inclusivos, segundo eles, expandem as
liberdades políticas e os direitos de propriedade, garantindo o cumprimento das
leis e fornecendo infraestrutura pública. Em contraste, os governos
extrativistas concentram o poder em uma pequena elite. No geral, os
pesquisadores descobriram que os governos inclusivos registram maior
crescimento no longo prazo, enquanto países com "governos
extrativistas" tendem a não gerar crescimento de base ampla ou a ver o seu
crescimento definhar após breves surtos de expansão econômica.
Como o
crescimento econômico depende fortemente da inovação tecnológica generalizada,
esses avanços só se sustentam em países que promovem direitos individuais, como
os de propriedade, incentivando mais pessoas a inovar. As elites podem resistir
à inovação, à mudança e ao crescimento para manter o poder, mas sem o Estado de
Direito e um conjunto estável de direitos, tanto a inovação quanto o
crescimento estagnam. Como afirma Acemoglu: "tanto a inclusão política
como a econômica são importantes e são sinérgicas". Portanto, há uma
relação direta entre a manutenção das instituições e a prosperidade.
(*) Mestre em
Economia e doutor em Administração Pública e Secretário de Finanças e
Planejamento do Eusébio-Ceará.
Fonte: O Povo, de 17/10/24. Opinião. p.19.
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