Por Paula
Frassinetti Camurça Fernandes (*)
Recentemente ficamos chocados com a notícia
sobre um laboratório no Rio de Janeiro, responsável pelos testes de HIV, que
resultaram em pacientes infectados com o vírus após transplantes de órgãos. Os
testes foram falsos negativos, e o laboratório não possui registro junto ao
Conselho Regional de Farmácia do Rio de Janeiro.
Fato de extrema gravidade sem precedentes
no Brasil. É a 1ª vez que algo do tipo ocorre no nosso país. Não tem atenuantes
para um crime como esse! Os (ir)responsáveis devem ser julgados e punidos! A
saúde e a vida das pessoas são bens preciosos. Lamentavelmente a ganância
humana não tem limites.
Nossa missão como médicos e equipe de saúde
transplantadoras é acima de tudo: "levar esperança aos portadores de
insuficiência de órgãos como rins, fígado, coração, pâncreas, pulmão; e
reintegrar o indivíduo à sociedade, dando-lhes melhor qualidade de vida".
Não podemos esquecer os princípios da honra, ética, dignidade, integridade!
Características inerentes a muitos profissionais que dedicam suas vidas a causa
dos transplantes".
Há uma série de doenças infecciosas
testadas obrigatoriamente em todos os doadores para que esses órgãos possam ser
transplantados. Realiza-se uma entrevista com o familiar do doador para
identificar fatores de risco. O processo de rastreamento infeccioso é
extremamente rigoroso no Brasil, abrangendo não só o HIV, mas também hepatites,
doença de Chagas, doenças bacterianas e virais. No SUS, o sistema de
transplantes funciona com excelência. Aqui no Ceará os exames dos doadores são
realizados no HEMOCE com testes de elevada confiabilidade, e acurácia. O
pioneirismo cearense levou nosso estado a se tornar centro de referência em
transplantes. Temos honrado o legado dos pioneiros e temos beneficiado e salvo vidas
de milhares de cearenses e de pacientes que se deslocam a nossa cidade para
serem submetidos a um transplante.
A corrupção tem raízes profundas na moral,
na política e na sociedade. Somente através do esforço conjunto da sociedade e
do compromisso com o bem comum podemos aspirar a um mundo menos corrupto.
(*) Médica nefrologista do HUWC.
Professora da Uece.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 24/10/2024. Opinião. p.20.
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