Entrevista conduzida por
Larissa Viegas, jornalista de O Povo.
José Lima de Carvalho
Rocha: o médico que se baseia na filosofia cristã e se encanta pelo poder da IA
OP - A Unichristus
surgiu em 1994, como faculdade. Foi uma demanda dos alunos para darem
continuidade à educação que eles já tinham no colégio ou vocês viram mais como
uma oportunidade de mercado?
José - Se não tivesse
possibilidade de funcionar, não teria sentido. Então, tinha essa possibilidade,
como você chamou, de mercado.
Mas realmente era uma
demanda das famílias que queriam que a educação dos filhos continuasse, assim
como de pessoas que nunca tinham estudado no colégio, mas queriam uma educação
de nível superior de qualidade.
Tanto que eu digo que
o que nos diferencia é essa qualidade que a gente imprimiu no ensino superior.
O meu primeiro pedido, em 1994, era que os alunos tivessem aula, só isso. Isso
não tem na universidade ainda hoje.
Essa preocupação com
o dia a dia da aula funcionou muito bem para que, em pouco tempo, a gente
conseguisse se diferenciar das outras instituições que já existiam na cidade.
OP - O que planejam
para o Colégio Christus para os próximos anos?
José - Nós firmamos uma
parceria com a embaixada francesa no Brasil, onde a gente pretende fazer uma
sessão francesa na escola, para ajudar o aluno a entrar no ensino superior no
exterior, caso ele deseje.
Isso vai ser
implantado aos poucos. Como a gente sempre fez tudo aqui, lento e tranquilo,
para que a gente também prepare os professores, capacitando eles. Deverá
começar no próximo ano com o infantil III, com crianças de 3 anos de idade.
E aos poucos vai
progredindo, não só a língua francesa, mas a cultura francesa. E continuamos
com as aulas de inglês e as experiências que eles têm em inglês, como sempre
tiveram. Então isso é para 2026.
OP - E quais
são os planos de sucessão? Seguem no plano, na estrutura que vocês montaram?
José - É, vez por outra
querem mudar e eu sou a favor, mas não vem a mudança. Fica nessa conversa. Aí
se adaptaram, se acostumaram com o plano de adolescentes, do começo dos anos
1980.
Nossa forma de
trabalhar é muito próxima de um Kibutz, de Israel. É um coletivo que trabalha
muito para produzir determinados serviços ou produtos. Somos muito parecidos
nesse aspecto.
Em trabalhar juntos,
um por todos, todos por um. Mas assim, eu não defendo que seja eternamente
desse jeito, eu acho que a gente tem que se adaptar às circunstâncias, às
mudanças, como as coisas funcionam e como elas são e deixam de ser.
E um dos segredos
para não ter conflito foi crescer. Se a gente para de crescer, a gente vai ter
dificuldade, porque não cabe tanta gente nesse kibutz com um perímetro pequeno,
tem que ampliar.
Então temos que,
necessariamente, crescer para abrigar todos e todos poderem trabalhar junto e
se ajudar.
OP - Na sua
avaliação, qual o legado que o Christus deixa para a educação cearense?
José - Eu não sei como é
que vai ser a quarta geração, mas a terceira está indo muito bem. O que deixa
hoje é uma formação que envolve uma construção de valores do que é certo e do
que é errado, e instrução.
Instrução que eu me
refiro é saber os diferentes conteúdos das disciplinas, português, matemática,
geografia, história, inglês… Mas isso não é suficiente, porque alguém muito
instruído nessas disciplinas pode utilizar essas informações para prejudicar a si
e as outras pessoas.
Então, inspirado no
que vem desde a nossa fundação, que é uma filosofia cristã, principalmente no
Novo Testamento, ou seja, amar uns aos outros, ajudar os que mais precisam e
outros valores, é uma lição já testada e aprovada por mais de 2000 anos.
Nessa formação, a
gente pode colocar essa construção de valores onde o aluno, durante a sua vida
escolar, aprende no colégio Christus que é o certo e o que é que não deve
fazer, ou seja, o errado.
NOTA: Projeto Legados
Esta entrevista
exclusiva com o diretor do Colégio Christus, José Rocha, para O POVO integra a
quinta edição do projeto Legados: A tradição familiar como pilar dos negócios.
São cinco entrevistas
com grandes empresários para contar a base que sustenta seus princípios,
valores e tradições familiares que estão sendo passados para as novas gerações.
E, ainda, o legado empresarial para o Ceará.
No próximo episódio,
conheça a história do diretor da Flora Pura, Jonas Oliveira Neto, que a partir
de receitas familiares executadas na farmácia da família, criou uma fábrica de
cosméticos no Centro-Sul do Ceará que produz 25 mil itens por dia.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 22/05/2025. Reportagem. Legados. p.13-15.
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