Por Jonas Loiola Gonçalves (*)
O
envelhecimento e cuidado ao idoso no Brasil continental são fragilizados pelas
desigualdades, principalmente "pós-pandemia". Em aula, um professor
universitário, idoso, branco, olhos azuis e sobrevivente da Covid-19, deixou a me perguntar: quantos idosos sem essas características foram
afetados pela Covid-19 e não sobreviveram, principalmente os idosos das favelas
do Brasil?
Sou um jovem
pesquisador, filho de uma mulher idosa agricultora e serei uma pessoa idosa
também, pois o biológico e o cronológico é para todos e todas. Em face a uma
certa preocupação, reflito sobre pesquisadores que atribuem ao envelhecimento um certo ar de desinteresse e sobre a juventude dos dias atuais que
encara a pessoa idosa como uma sobrecarga. Percebo a falta, sobretudo, de
sensibilidade, de educação e de amorosidade com os mais sábios, pois a pessoa idosa está no curso da vida, mas o jovem também está.
Isto posto, o
cenário de envelhe(ser) nas diversas regiões brasileiras é destoante e
escancaram, a meu ver, a complexidade do envelhecimento no País. As desigualdades sociais e de acesso à saúde são visíveis nessa
população, porém uma sociedade insensível e com propostas incipientes para
colaborar com as pessoas idosas.
A população
idosa negra, periférica, ribeirinha, rural e LGBTQIAPN está cada vez mais a
deriva de problemáticas que impactam negativamente a vida. Além de tudo,
a dignidade humana foi corrompida cada dia mais pela
ausência de aposentadoria digna, falta das 3 refeições diárias, jovens e
famílias insensíveis às suas condições humanas e sociais e principalmente pelo
negacionismo e desmonte das políticas públicas dos últimos tempos.
A meu ver, o
envelhe(ser) que escrevo aqui é fruto de uma compreensão que temos que ser,
fortalecer o SER: ser idoso, ser protagonista, ser digno, ser revolucionário de toda a sociedade, para diminuir
desigualdades sociais e por consequência, chegarmos ao envelhecimento ativo e
saudável como forma de cuidado. Portanto, o envelhe(ser) no Brasil que seja com
afeto e esperança, "esperança do verbo esperançar. Esperançar é se
levantar, é ir atrás, é construir, é não desistir!".
(*) Fisioterapeuta. Doutorando em Saúde Coletiva
da Uece.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 22/02/2026. Opinião. p.10.
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