Fonte: Revista Forbes (atribuído). (Circulando por i-phones sem autoria
clara).
quinta-feira, 30 de novembro de 2017
FRASE DO DIA: o homem bem-sucedido
O homem é bem-sucedido
quando o whisky que ele bebe é mais velho que a mulher que ele come.
Mais “Máximas e Mínimas” do Barão de Itararé! III
Apparício Torelly, (o "Barão de Itararé), que
também usou o pseudônimo de “Apporelly”, era gaúcho de Rio Grande, nascido em
29/01/1895. Estudou medicina, sem chegar a terminar o curso, e já era conhecido
quando veio para o Rio fazer parte do jornal O Globo, e depois de A Manhã, de
Mário Rodrigues, um temido e desabusado panfletário. Logo depois lançou um
jornal autônomo, com o nome de “A Manha”. Teve tanto sucesso que seu jornal
sobreviveu ao que parodiava. Editou, também, o “Almanhaque — o Almanaque d'A
Manha”. Faleceu no Rio de Janeiro em 27/11/71. O “herói de dois séculos”, como
se intitulava, é um dos maiores nomes do humorismo nacional.
13. Palavras cruzadas são a mais suave forma de loucura.
14. A alma humana, como os bolsos da batina de padre, tem mistérios
insondáveis.
15. O homem é um animal que pensa; a mulher, um animal que pensa o
contrário. O homem é uma máquina que fala; a mulher é uma máquina que dá o que
falar.
16. O homem que se vende recebe
sempre mais do que vale.
17. O mal alheio pesa como um cabelo.
18. A solidez de um negócio se mede pelo seu lucro líquido.
19. Que faz o peixe, afinal?... Nada.
20. A sombra do branco é igual a do preto.
21. “Eu Cavo, Tu Cavas, Ele Cava,
Nós Cavamos, Vós Cavais, Eles Cavam.” Não é bonito, nem rima, mas é profundo...
22. Tudo é relativo: o tempo que
dura um minuto depende de que lado da porta do banheiro você está.
23. Nunca desista do seu sonho.
Se acabou numa padaria, procure em outra!
24. Devo tanto que, se eu chamar
alguém de “meu bem” o banco toma!
25. Viva cada dia como se fosse o
último. Um dia você acerta...
Fonte: Extraído
do livro “Máximas e Mínimas do Barão de Itararé”. Rio de Janeiro: Record, 1985.
(Coletânea organizada por Afonso Félix de Sousa).
LANÇAMENTO DE “LITERAPIA” – Nº 23
A noite de ontem (29/12/17), no Espaço Cultural José Telles
do Ideal Clube, ocorreu o lançamento do Nº 23 da Literapia, a mais prestigiada
revista literária do Ceará, na atualidade, mercê do seu primor visual e da
qualidade das contribuições, em verso e em prosa, de autores de escol.
A revista tem por editor o intelectual Pedro Henrique
Saraiva Leão, membro das Academias Cearenses: de Letras, de Medicina e de Médicos
Escritores, e projeto gráfico do jornalista e ilustrador Geraldo Jesuíno.
A atual capa, o atrativo primeiro de suas edições, mantém a
tradição de exibir uma mulher com um livro. A apresentação da revista coube ao
poeta e escritor Carlos Augusto Viana
Como Presidente da Sobrames/CE, tomei parte na mesa diretora
da solenidade.
Participo, desse número, com o artigo intitulado: “A sentida partida do Príncipe Artur”
(p.44-5).
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Presidente da
Sobrames/CE
quarta-feira, 29 de novembro de 2017
PROGRAMAÇÃO DOS 40 ANOS DA TURMA DR. JOSÉ CARLOS RIBEIRO
A Turma Dr. José Carlos Ribeiro, de médicos formados pela
Universidade Federal do Ceará em 23/12/1977, comemorará os seus quarenta anos
de formatura, conforme a programação abaixo:
30/11 – Quinta feira
19h – Missa de Ação de Graças Local: Paróquia São Vicente.
1/12 – Sexta Feira
14h – Check in:
Welcome drink oferecido pelo hotel Dom Pedro Laguna.
17h30 – Chá das 5: Na Piscina do Hotel (Restaurante Al
Fresco).
21h às 2h – Festa (Salão Brasil).
Obs.: Faremos o deslocamento do Jantar para o salão
Brasil. Banda: Big Balada (aprovada pela
turma).
2/12 - Sábado
7h30 às 10h30 – Café da Manhã (Restaurante White).
12h30 às 15h00 – Almoço: Feijoada na Piscina (Restaurante Al
Fresco).
16h – Sunset (Coqueirais) Banda: Olavinho no teclado.
19h30 às 22h30 – Jantar Livre: Incluso no pacote de
hospedagem (Restaurante White).
3/12 – Domingo
7h30 às 10h30 – Livre - Café da Manhã (Restaurante White).
12h – Check out:
12h.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Médico UFC/Dez.77 e membro da Comissão Organizadora
MAPA DA INTOLERÂNCIA (2)
Por José Jackson
Coelho Sampaio (*)
No Modelo
Intolerância de nossa sociabilidade atual distinguem-se três tipos mistos: a)
desconhecimento, insatisfação e desesperança; b) racionalização de reacionarismo
e cultura autoritária; e c) produção paradoxal de intenções
democrático-progressistas. Outros exemplos, em continuidade a artigo anterior:
Expulsão para Punir Comportamento – Em qualquer população
os epidemiólogos esperam em torno de 2% de doenças mentais graves, de
identificação mais clara, e em torno de 20% de transtornos mentais difusos, de
cautelosa abordagem. Se uma mulher é agredida por um homem e o ato é logo
identificado como machismo, um tipo ideal negativo, este será condenado, sem esforço
de compreensão psicossocial do problema. Movimentos presenciais e eletrônicos
se orientam para o anátema medieval do suposto pecador/criminoso, com ameaça de
lapidação e demanda de expulsão sumária, sem o necessário exercício dos
processos democráticos. A defesa do meu direito é impulsiva e narcísica, não
contrabalançada pelo exercício do dever e da tensão direito/dever do outro.
A Morte e a Morte do Reitor Cancellier – A justiça como
espetáculo, sem o pão da prova e muito circo de condenação prévia, por
suspeita. A justiça de justiceiros, açulada pela denúncia de interessados e
interesseiros, refém da luta interna dos micropoderes institucionais e até das
vinganças medíocres de vizinhos, como nas ditaduras militares. A justiça
ideologicamente partidarizada, que chega mais do que à não justiça
(in-justiça), chega à contra justiça (antijustiça). Um processo de análise de
convênio de gestão anterior à do reitor Cancellier, aparentemente referente a
período anterior ao da criação da UAB, foram invocados para a prisão
preventiva, a execração pública e a humilhação de um homem digno. Ele não
resistiu. A mais sutil das torturas, a moral, não deixa uma unha arrancada, um
edema de choque elétrico, apenas um corpo morto no saguão de granito ou mármore
de um shopping center. Os gestores públicos brasileiros estão sob risco.
(*) Professor
titular em saúde pública e reitor da Uece.
Publicado. In: O
Povo, Opinião, de 7/11/17. p.12.
terça-feira, 28 de novembro de 2017
SÃO FRANCISCO, O SANTO DA RELUTÂNCIA
Márcia Alcântara Holanda (*)
A Caravana de Maria Salgado até hoje é livre, abriga quem pode pagar sua comida e quem não pode
As romarias a São Francisco que vão de Fortaleza ou de
outras paragens ao Canindé- CE acontecem neste mês de outubro. Nos anos de 1999
e 2000, palmilhei o percurso dessa romaria junto à Caravana Maria Salgado
criada por ela em 1935. Seu Edson Salgado, hoje falecido, filho de D. Maria,
era o coordenador dessa caminhada de amor, esperança e fé no Santo.
Apresentei-me a ele dizendo de antemão que não tinha uma religião definida, mas
andava, por meio de leituras, impressionada com o papel de São Francisco nas
mudanças e aprimoramentos aplicados por ele a seres humanos e à natureza, e que
aceitaria de bom grado todas as regras disciplinares da Caravana se ele me
aceitasse como peregrina.
Sua resposta foi uma pergunta: “Por que você quer peregrinar conosco?” Continuou:
“Nessa peregrinação se tem muito desconforto, bolhas pipocam nos pés, o corpo
dói, e só se precisa comer para viver um dia; caminhará com pessoas das mais
diversas índoles e classes sociais”, findou ele. Ao que respondi: “Quero me
juntar a todos nesse enlevo coletivo, que é a exaltação ao humanismo histórico
de São Francisco. Quero chegar à Basílica de São Francisco no Canindé a fim de
homenageá-lo e agradecê-lo por ter cuidado tão bem dos desvalidos e da
natureza, enquanto homem”. “São Francisco”, disse ainda
Seu Edson, “é o Santo para tudo e de todos”. Apertou
minha mão e disse mais: “Venha conosco dar
glórias ao Santo de nossa devoção”.
A Caravana de Maria Salgado até hoje é livre, abriga quem
pode pagar sua comida e quem não pode, o que possui tênis “booster” e quem só
tem um par de chinelos, os que vão pagar promessas e os que querem apenas
sentir a vida, ou conviver com as muitas diferenças humanas, por cinco dias e
cinco noites, seguindo os passos de Dona Maria e seus caravaneiros.
Donald Spoto escreveu a mais bem documentada biografia de
São Francisco no livro Francisco de Assis o santo relutante, de onde tirei o
título deste breve artigo e a vontade de dizer a muitos o quanto se ganha no
enfrentamento do desconforto e do breve e mais positivo relacionamento humano,
que é o de conviver harmoniosamente com todas as diferenças no seguir da
Caravana. A relutância de Francisco de Assis o fez ostensivamente procurar e
encontrar o caminho do humanismo, ao experimentar as dores da depressão
profunda que sofreu, mas encontrou, numa imagem de Cristo em uma igreja
abandonada, a luz que provocou nele a vontade de cuidar daquele Cristo, simbolicamente
querendo também dizer: cuidar da humanidade. E assim o fez.
(*) Médica pneumologista; coordenadora do Pulmocenter;
membro da Academia Cearense de Medicina.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 26/10/2017. Opinião. p.11.
segunda-feira, 27 de novembro de 2017
RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM CANCEROLOGIA DO ICC - 2018
A Superintendência Geral
do Instituto do Câncer do Ceará e a Superintendência da Escola Cearense de Oncologia, no uso de suas atribuições legais, tornaram pública a
abertura das inscrições do Processo Seletivo para ingresso na Residência Multiprofissional em Cancerologia do Instituto
do Câncer do Ceará - Hospital Haroldo Juaçaba,
no ano de 2018, por meio do EDITAL DE INSCRIÇÃO 003/2017.
No período de inscrições, foram inscritos cerca de conto e setenta
candidatos e validadas 132 inscrições. A prova de seleção foi aplicada na manhã
deste domingo último (26/11/2017), com o comparecimento de 131 concorrentes, e
ausência de apenas um dos registrados, configurando um absenteísmo inferior a
1%.
Na manhã de hoje (27/11/2017), foi protocolado um recurso
relativo a uma das questões da prova, resultando em acolhimento desse pleito (Alteração
do gabarito da questão 32, de “C” para “A”).
Os resultados dessa primeira fase e a convocação dos
aprovados, com base nos termos estipulados no edital do certame, e a convocação
dos candidatos habilitados para análise curricular e entrevista deverão ser
postados, provavelmente, ainda na tarde de amanhã (28/11/2017) na Home Page do ICC http://www.icc.org.br/.
Prof. Dr. Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Coordenador do Processo
Seletivo ICC/ECO
AMOR E DOR
Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)
Peço permissão ao leitor para dizer-lhe que somente a
leitura de um bom livro e assistir a um jogo do Flamengo, na televisão e
principalmente no Maracanã, são para mim diversões melhores do que um bom
filme. Gosto muito de ir ao cinema. Todavia, nos últimos anos não acompanho,
como acompanhava a projeção de películas nacionais e estrangeiras. Vivemos num
ambiente tão complicado, precisando de mensagens de solidariedade, paz e
esperança e não de guerras, ataques de extra-terrestres, armas mortíferas,
destruição do mundo, conflitos inter-planetários, etc. Os efeitos
cinematográficos podem até ser bem concebidos, mas o final, apesar de algumas
vezes, ser a vitória do bem contra o mal, é apresentado de uma forma cruel,
sanguinária e depressiva, deixando quem assiste dominado pelo sentimento da
violência. Não que eu seja a favor dos chamados “pastelões” ou dos filmes “água
com açúcar”. No entanto, no momento, é difícil uma boa comédia ou um bom drama.
Por sua vez, respeito a opção de cada um. “Questão de gosto não se discute”,
como diz a sabedoria popular. Porém, é bem melhor que os sentimentos sejam
ordenados, que as flores apareçam sobre os escombros, as alegrias superem as
tristezas e a sensação de felicidade fique acima do temor e das preocupações,
prevalecendo o amor. Fiz estes comentários para enaltecer um filme que assisti
no último fim de semana: “Uma razão para recomeçar” (“New Life”, no original).
Uma história que envolve “Amor e dor”, mas mostra os sentimentos de
solidariedade, caridade e doação. Na plateia cinco pessoas. Em outra sala, tive
a curiosidade de ir ver um filme de violência: casa cheia. Assim é a vida.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do
Ceará.
Fonte: Diário
do Nordeste, Ideias. 27/10/2017.
domingo, 26 de novembro de 2017
NOVEMBRO AZUL E A SAÚDE DO HOMEM
Isabel Cardoso (*)
O mito existente com relação ao exame e a resistência encontrada na população masculina ainda são muito significativos
O Novembro Azul é uma campanha com ênfase na prevenção e
diagnóstico precoce do câncer de próstata, segunda maior causa de morte dos
homens em muitos países. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a
estimativa em nosso país para 2017 é de 61.200 novos casos, acarretando em
13.772 mortes.
A campanha visa também quebrar o preconceito do homem de
ir ao médico, desmitificando o tabu de realizar o exame de toque retal,
procedimento que mexe com o imaginário masculino devido ao estigma social.
A incontinência urinária, a disfunção erétil e a perda da
autonomia são “fantasmas” que assombram durante o tratamento do câncer de
próstata. O medo, a ansiedade e a negação da doença geram distorção no processo
de comunicação culminando em fantasias que provocam mais sofrimento.
As questões culturais envolvidas no diagnóstico do câncer
de próstata estão relacionadas diretamente ao sentimento social de onipotência
e virilidade masculina que se caracteriza como principal fator da pequena
procura dos homens aos serviços de saúde.
A penetração é considerada como violação, quase sempre
considerada uma experiência dolorosa. Ser tocado em sua parte inferior é um
desconforto físico e psicológico associado a vivências homossexuais. Existe o
medo da ereção durante o exame, pois em nossa cultura a ereção é associada
unicamente ao prazer, não se consegue imaginá-la como uma reação fisiológica.
O mito existente com relação ao exame e a resistência
encontrada na população masculina ainda são muito significativos. Os homens não
gostam de ser considerados “fracos”, carentes de ajuda e têm dificuldade em
expressar seus sentimentos e emoções.
As mulheres procuram mais consultas médicas, declaram
mais suas doenças, tomam mais medicamentos e se submetem mais a exames que os
homens. Devem se enxergar como promotoras do autocuidado, da estimulação a
hábitos de vida saudáveis, incentivando a adesão de seus maridos, filhos, amigos
etc. a consultas e exames periódicos.
Essas ações possibilitam o aumento da expectativa de vida
e a redução dos índices de adoecimento e mortes por causas preveníveis e
evitáveis na população masculina. O acesso a informação também pode ser um
caminho para a procura do profissional de saúde, pois existem outras doenças
relacionadas à próstata que não necessariamente são malignas. A hora de
procurar o médico é agora!
(*) Psicóloga do Instituto do Câncer
do Ceará (ICC).
Fonte: Publicado In: O Povo, de 18/11/2017. Opinião. p.11.
Celebração dos 73 anos do Instituto do Câncer do Ceará
O Instituto do Câncer do Ceará - ICC celebrou na manhã de
anteontem, 24 de novembro de 2017, os seus 73 anos de fundação.
Marcando a programação dessa manhã, houve
no Auditório Lúcio Alcântara: 1) Assembleia dos Sócios do ICC, quando os
dirigentes institucionais apresentaram relatórios das atividades desenvolvidas
nos últimos doze meses; e 2) Homenagens dos 73 anos do ICC e da Casa Vida:
Foram homenageados, neste ano, com uma Placa de Reconhecimento, à Sra. Águeda
Pontes Caminha Muniz, à professora Maria Vaudelice Mota e ao Sr. Clóvis Rolim
Júnior.
Coube-me o encargo de apresentar um breve
currículo de cada homenageado, salientando os seus atributos e os feitos que
justificaram as respectivas outorgas.
Da Sra. Águeda Pontes Caminha Muniz pôs-se em evidência a sua notável atuação frente à
SEUMA, pautada pela modernização e sistematização de processos e serviços,
acelerando significativamente a emissão de alvarás, beneficiando a sociedade
civil, assim como, o progresso dos empreendimentos do Instituto do Câncer do
Ceará.
A professora Maria Vaudelice Mota exerceu papel significativo na Secretaria de Saúde do
Município, garantindo aos pacientes da rede pública mais acesso e agilidade no
diagnóstico e laudos patológicos, que passaram a ser realizados no Laboratório
de Patologia do ICC.
De espontânea generosidade, o empresário Sr.
Clóvis
Rolim Júnior destinou inestimável doação para a
equipagem do Anexo 2, contribuindo para o início do atendimento da expansão do
Hospital Haroldo Juaçaba, que beneficiará os pacientes do Sistema Único de
Saúde – SUS.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Coordenador do CEP/ICC
sábado, 25 de novembro de 2017
É AZUL DE BRIGADEIRO!
Lúcio Flávio Gonzaga Silva (*)
O câncer de próstata é a neoplasia maligna mais comum do homem idoso na
Europa, nos Estados Unidos e no Brasil
A ideia é vestir de azul as cidades brasileiras. O homem,
normalmente pouco zeloso por sua saúde, tem neste novembro a oportunidade de
despertar para uma questão essencial: a prevenção do câncer de próstata.
Assim, o mês de novembro, em sua cor azul, no Brasil tem
um significado especial. Ele simboliza o esforço da medicina brasileira,
especialmente da urologia, para sensibilizar a sociedade ao enfrentamento dessa
neoplasia bastante prevalente na população.
O propósito é conscientizar os homens para os cuidados de
prevenção de doenças. Além do câncer de próstata (objetivo maior da campanha
deste mês de novembro), que pode ser curado quando diagnosticado no seu começo.
É importante também lembrar outros dois tipos de
neoplasias malignas urológicas que podem ser absolutamente preveníveis: o
câncer de pênis, ainda presente – o qual pode ser evitado com medidas simples
de higiene (um bom banho diário) -, e o câncer de bexiga (lembrem-se: parar de
fumar é uma medida preventiva inteligente).
Porém, como o foco do mês é o câncer de próstata, fica a
pergunta: há mesmo razão para um novembro azul?
A resposta é simples e afirmativa: o câncer de próstata é
a neoplasia maligna mais comum do homem idoso na Europa, nos Estados Unidos e
no Brasil, que tem estimativa para de 61,82 casos para 100 mil homens, superior
até mesmo que o câncer de mama (56,20 para 100 mil mulheres).
Ademais, essa neoplasia maligna é a segunda causa de
morte dentre os homens. Para o brasileiro com 50 anos de idade e expectativa de
vida, hoje, maior do que 25 anos, a probabilidade de morrer por câncer de
próstata é 3%. A excelente notícia é a possibilidade real de diminuí-la com
medidas de prevenção.
A Sociedade Brasileira de Urologia recomenda o exame
retal digital e a dosagem sérica de PSA, anualmente, a partir dos 50 anos para
todos os homens e a partir de 45 anos para aqueles com histórico familiar
positivo (pai, irmão e tios portadores da doença).
Assim, tudo o posto, o novembro azul tem especificamente
uma missão: chamar a atenção do homem para o cuidado com a sua saúde, para sua
corresponsabilidade na luta pelo que lhe é de mais precioso: a defesa da vida.
E como disse Sêneca, o grande escritor e intelectual romano, “é parte da cura o
desejo de ser curado”.
Consta que um velhinho, bem velhinho, bateu na porta dos
céus. São Pedro a abriu e perguntou: “Por que só chegou hoje? Esperávamos você
há muitos anos”. Ele respondeu ao santo: “Cheguei, assim, muito tarde, somente
hoje, porque todos os anos eu fazia minha prevenção do câncer de próstata”.
(*) Professor
da Universidade Federal do Ceará (UFC) e conselheiro do Conselho Federal de
Medicina.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 18/11/2017. Opinião. p.11.
CONVITE: Celebração Eucarística da SMSL - Novembro/2017
A
Diretoria da SOCIEDADE MÉDICA SÃO LUCAS (SMSL) convida a todos para
participarem da Celebração Eucarística do mês de NOVEMBRO/2017, que será
realizada HOJE (25/11/2017), às 18h30min, na Igreja de N. Sra. das Graças, do
Hospital Geral do Exército, situado na Av. Des. Moreira, 1.500 – Aldeota,
Fortaleza-CE.
CONTAMOS
COM A PRESENÇA DE TODOS!
MUITO
OBRIGADO!
Da Sociedade Médica São Lucas
sexta-feira, 24 de novembro de 2017
DEMOCRACIA JUSTA
Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)
A política é mutável
ou dinâmica, já a moral é permanente. O importante é compatibilizar a política
e a moral dentro de bases éticas que respeitem a liberdade, a democracia, a
estrutura legal e a justiça social. Vale lembrar Bacon: “Como é estranho
ambicionar o poder e perder a liberdade”. Alcançaremos a verdadeira governabilidade mediante o
atendimento das reais necessidades e carências do povo e não fazendo concessões
e acordos que possam prejudicá-lo, objetivando a manutenção do poder. A rigor,
é difícil imaginar soluções para os problemas de uma sociedade; enquanto as
pessoas não tiverem consciência crítica ela não evolui. Buscar um mandato
eletivo ou exercer uma atividade pública significa muita responsabilidade. Por
outro lado, a coerência programática e de ideias, abrangendo indicadores
políticos, administrativos, econômicos e sociais, nos leva ao caminho da
justiça e da liberdade. A atividade estatal deve buscar o bem comum e não a
vantagem de uma minoria ou de alguns que estão temporariamente no governo. O
objetivo da política, todos sabemos, é a conquista, a expansão e a preservação
dos espaços de poder. O embate e os jogos dos contrários constituem a essência
dos sistemas democráticos, respeitando-se os princípios éticos e morais, bem
como evitando-se emboscadas e conluios. É claro que a situação socioeconômica,
notadamente nos países emergentes, incluindo-se o Brasil, ainda é muito grave,
porém a desejada independência e harmonia dos poderes constituídos, a liberdade
de imprensa e a consciência dos direitos e obrigações das pessoas, são pontos
básicos para a consolidação da democracia.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do
Ceará.
Fonte: Diário
do Nordeste, Ideias. 20/10/2017.
quinta-feira, 23 de novembro de 2017
BULLYING EM PERNAMBUCO
Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Acontece um reboliço em nossa cidade. Bullyng
é a sua manchete. Seria, por acaso, alguma nova pandemia da gripe suína? Calma,
leitor. Deixe-me explicar. O verbete inglês bullying (intraduzível
palavra para o nosso vernáculo) é empregado para descrever atos de violência
física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticado por um indivíduo
considerado “valentão”, que utiliza o mesmo idioma; ou por um grupo de alunos,
com o objetivo de intimidar ou agredir outro(s) colega(s) incapaz(es) de se
defender no ambiente escolar.
Os pais estão apavorados com mais esta
violência e, os professores, desorientados e temerosos. Pessoas competentes na
área de Educação, donos de colégios, políticos, autoridades, pediatras,
psiquiatras, psicólogos, professores e magistrados são mobilizados, quando o
fato aparece em estabelecimentos de ensino. Em escolas públicas ou privadas, a
maioria dessa violência passa despercebida, para quem não deseja enxergar o
óbvio. Há sinais, indiretos e diretos, denunciadores. Tal modalidade de
selvageria sempre existiu, apenas é subnotificada, seja por pretextos de ordem
política, pública ou privada.
Um episódio do bullying veio à tona, envolvendo um conhecido
educandário, e uma jornalista me telefonou, indagando: “O que o senhor
acha, como psicoterapeuta de jovem, sobre a sentença de um Juiz, punindo
severamente um desses agressores? O jovem mal completou 14 anos e o que vai
acontecer se ele for preso junto com drogados e homicidas?”
Ao que lhe respondi: “Em decorrência
da complexidade do tema, eu não poderia emitir uma opinião e aprendi que
sentença de Juiz é para ser cumprida e, depois, discutida”. Com essa postura frente à matéria, a
jornalista omitiu o meu nome, e tampouco publicou minha explanação improvisada.
Esta é, portanto, a razão da presente croniqueta.
Via de regra, o(s) Magistrado(s) procura(m),
em primeira instância, afastar o(s) agressor(es) do ambiente onde vive(m). Ao
mesmo tempo, não desconhecem a precariedade das atuais regras penais. Por dever
de oficio, são vinculados a aplicar uma pena correcional ao(s)
criminoso(s)/infrator(es), em reposta/defesa/profilaxia à sociedade, como
pessoa(s) da Lei, apesar de, a maioria, estar ciente da precariedade
correcional da pena aplicada.
Cabe ressaltar, no entanto, que jovens com
condutas antissociais são frutos da sociedade em que estão engajados. É ela a
responsável pela criação dos seus marginais. Sendo assim, faz-se necessária uma
discussão ampla e pontual sobre o bullying. Tal discussão precisa ser mais que multidisciplinar, eu diria, tem que
ser transdisciplinar dos saberes existentes. Apenas importar soluções de outros
países, ou mesmo, de outros Estados, sem as devidas adequações, é bastante
temeroso, uma vez que existe toda uma cultura local, com suas especificidades.
Portanto, devemos trabalhar para obter uma
reposta para estes casos, dentro de nossa realidade. Devemos permanecer
permeáveis, ainda, às medidas praticadas nas demais latitudes. É isto que o
Diário de Pernambuco está procurando realizar, com seu Grupo de Estudos Contra
a Violência, dentro dos muros das escolas, bem como nas periferias em que elas
penetram. Muito em breve, creio eu, deverá surgir uma indefectível Organização
Não Governamental (ONG) especializada em violência escolar!
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco.
Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE)
e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES). Consultante Honorário da
Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).
quarta-feira, 22 de novembro de 2017
CONVITE: Lançamento da Revista Anual da ACEMES
A
Diretoria da Academia Cearense de Médicos Escritores (ACEMES) convida para o
lançamento da sua Revista anual.
A obra,
contendo a produção literária dos confrades desse sodalício, será apresentada
pelo Presidente da ACEMES, o médico, escritor e professor José Maria Chaves.
Data:
22 de novembro de 2017 (quarta-feira).
Horário:
20h.
Local: Terraço
Cultural José Telles – Ideal Clube, em Fortaleza-CE.
Traje: Esporte
fino.
terça-feira, 21 de novembro de 2017
PAI DOS BURROS
Pedro
Henrique Saraiva Leão (*)
É assim como alguns o chamam. Jocosamente. O respeitado escritor paulista Mário da Silva Brito, contudo, afirmava – com arrojo (atrevimento) ou certa imodéstia - ser o léxico (dicionário) “o pai dos inteligentes: os burros dispensam-no”. A seu respeito, Graciliano Ramos, alagoano de Quebrângulo (1892), um dos sóis da literatura brasileira no Nordeste (“São Bernardo”, “Angústia”, “Vidas Secas”) reconheceu: “não poderíamos trabalhar sem eles, como ( ) sem couro ou tijolos se fossemos sapateiros ou pedreiros”.
Penso assim também. Há muito estão meus dedos calejados
de tanto abrir e folhear dicionários. Sempre cortejei-os, e – geralmente – fui
recompensado. Aqui se impõe o advérbio, pois a palavra procurada, às vezes, ali
não está.
Mesmo assim, nesses casos (raros) deparamos (encontramos)
seus sinônimos ou correlatos. Ressalte-se, por igual, a prestimosidade destes
livros, eis que respondendo nossas perguntas definem outros termos, acima e
embaixo, nos dirimindo (anulando) outras dúvidas vernaculares, i.e., relativas
à língua. Este é mais um dos seus encantos, estimulando maior conhecimento dos
consulentes (quem consulta). O português originou-se do latim, e – consoante
historiadores fidedignos os romanos ocuparam demoradamente a Inglaterra (do ano
55 antes de Cristo ao 6º século) ali inseminando esse idioma. Sua importância
para os utentes (usuários) do português foi explicitada por um certo senhor
Brander Mttheus, ao asseverar (assegurar, declarar): “não é preciso saber latim, mas
devemos, pelos menos tê-lo esquecido”.
Com menos vocábulos contribuíram os gregos, sendo dos
helênicos (da Hélade, ou Grécia Antiga) a formação da palavra “epicaricácia”,
termo estrambótico (estapafúrdio ou bizarro, excêntrico) pouco conhecido. Vinda
até nós pelos ingleses, “epicaricácia” não se encontra no Aurélio ou no Houaiss, mas na
internet (Wikipedia). Deriva de “epi” = sobre + “chara” = alegria + “kakon” =
mal, traduzindo-se por “alegria pela infelicidade de outrem”. Talvez seja mais
conhecida em Alemão: “Schadenfreude” (“Schaden” = prejuízo; “Freude” = alegria) (In “Dictionary
of Early English”. Joseph T. Shipley, Editor: Littlefield, Adams & Co.
Paterson, New Jersey, EUA, 1963). Segundo o escritor norte-americano Gore
Vidal, o fracasso dos amigos seria uma forma de felicidade. Já fui vítima dessa
desfeita, perpetrada (cometida) por um colega, ex-estagiário, alegado
“amigo–irmão”. “Hélas”!
Alguns leitores acusam-me de usar “palavras difíceis”,
embora logo a seguir as defina. Faço-o, entretanto, para enriquecer-lhes o
patrimônio vocabular, atualmente minguado pela falta de leitura, pela TV e pela
internet. Recomendo ler/reler meu artigo “Vox barbara”, no O POVO, 14/10/2009.
O primeiro léxico de Português foi a “Dictionarium Lusitanico in Latinum Sermonen”, por Jerónimo Cardoso, publicado em 1569.
Concluindo, tirante os dois acima mencionados,
exemplifico com os clássicos Morais Silva (12 volumes), 1954; Laudelino Freire
(5 volumes), 1940; Cândido de Figueiredo (2 volumes), 1945, além daqueles de
Francisco Fernandes (Verbos e Regimes; Sinônimos e Antônimos; Regimes de
Substantivos e Adjetivos). Lembro ainda os dicionários Latino – Português e
Português – Latino, de Francisco Torrinha (Porto, 1942), além de inúmeros
outros que tais, venerandos habitantes da minha biblioteca.
(*) Professor Emérito da UFC.
Titular das Academias Cearense de Letras, de Medicina e de Médicos Escritores.
Fonte: O Povo, 13/09/2017.
Opinião, p.14.
segunda-feira, 20 de novembro de 2017
GLORIOSO BRASIL
Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)
A Divina Comédia é um
poema épico e teológico da literatura mundial, escrita pelo italiano Dante
Alighieri (1265-1321). É formado por três partes: inferno, purgatório e
paraíso, relatando em versos a história da conversão do pecador a Deus. É claro
que nossa intenção, neste pequeno texto, é estimular o leitor a ler a obra de
Dante e fazer uma analogia com o que vem ocorrendo nos últimos anos no Brasil e
em muitas regiões do mundo. Jamais teria a audácia de em 22 linhas analisar o
mencionado poema, que é apresentado em centenas de páginas. Todavia, Dante
percorreu, na imaginação, o inferno e o purgatório acompanhado por Virgílio,
escritor de Eneida no século I a.C., representando a Sabedoria Humana, e, ao
lado da mulher amada Beatriz (Sabedoria Divina), percorreu o paraíso. Em
síntese, Dante passou por lugares do pecado e da purificação e alcançou o reino
da beatitude, ou seja, foi do inferno ao paraíso. Não desejamos tanto, para o
mundo e para o Brasil. Mas almejamos, compatibilizando razão e fé, alcançar
padrões de vida compatíveis com uma situação onde prevaleçam a paz, a correção
comportamental, a ética, a justiça, enfim o amor. Particularmente, o nosso
querido Brasil está atravessando uma crise sem precedentes. Não estamos
discutindo e debatendo os reais problemas do povo. Porém, casos bizarros
relacionados com determinadas pessoas e grupos. O Brasil sempre deverá ser
democrático, com governos em que o povo exerça a soberania. As elites
brasileiras, em todos os setores de atividade, precisam ler e interpretar, se
possível, A Divina Comédia para que se encontre um contexto sem corrupção,
justo e glorioso.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do
Ceará.
Fonte: Diário
do Nordeste, Ideias. 13/10/2017.
domingo, 19 de novembro de 2017
CONDUTA CTA
O Professor Geraldo Gonçalves, regente da
disciplina de Reumatologia da Faculdade de Medicina, era também o responsável
pelo Ambulatório dessa especialidade, no Hospital das Clínicas da UFC.
Suas aulas práticas eram muito concorridas,
mercê da sua competência e bem-querência, associada ao trato humanitário que
dava aos sofridos pacientes que ali chegavam.
Em 1969, Paulo Gurgel, aluno do
quarto ano, estreava nesse ambulatório, um serviço caracterizado pela agilidade
no atendimento e pelo aprendizado propiciado a vários acadêmicos, simultaneamente,
sob a direta orientação do Prof. Geraldo.
Certa vez, depois que o acadêmico Paulo fez
a anamnese, o paciente foi examinado pelo professor, sob os olhares atentos dos
seus alunos. Concluso o exame físico, o docente indaga ao estudante Paulo:
– Enfim, qual é a sua impressão diagnóstica?
– Penso que, de acordo com a história
clínica e também com os achados do exame físico, esse senhor tem artrite reumatoide – respondeu Paulo.
– Parabéns! O seu diagnóstico está correto.
Mas qual será a sua conduta nesse caso, meu rapaz?
– Acho que devo prescrever anti-inflamatórios
e corticoides – explica o estudante.
– Você está no rumo certo; porém, o mais
apropriado é a “Conduta CTA” – estimula o
professor.
– “Conduta CTA”? Desconheço tal conduta,
mestre. É algo novo que ainda não está no nosso livro-texto?
– Isso não é teórico, meu filho; mas, uma
questão prática, bem adequada à nossa realidade.
Nisso, o Prof. Geraldo Gonçalves levanta-se
e vai até o armário para retirar algumas amostras para entregar ao paciente, e
pontifica com toda a sua espirituosidade:
– “Conduta CTA” significa “Conforme Tenha no
Armário”.
Para bem guardar na lembrança, o querido
mestre juntava as amostras grátis, recebidas dos propagandistas de remédios,
que, com regularidade, o visitava em sua clínica particular, para suprir o seu
precioso armário do Ambulatório de Reumatologia do Hospital das Clínicas, os
quais eram dispensados aos enfermos despossuídos. Não era ele um Robin Hood,
tirando dos ricos para dar aos pobres, mas, movido por seus caros princípios da
caridade cristã, guardava para distribuir com quem nada tinha, o que vinha às
suas mãos, de graça e sem nenhum favor.
Fonte:
SILVA, M.G.C. da. Conduta CTA. In: SOBRAMES –
CEARÁ. À flor da pele. Fortaleza: Sobrames-CE/Expressão, 2017. 384p. p.234-4.
* Publicado,
originalmente, In: SILVA, M.G.C. da. Contando Causos: de
médicos e de mestres. Fortaleza: Expressão, 2011.112p. p.28-9.
CARMEM DE BIZET?
O Professor Geraldo Wilson da Silveira
Gonçalves, quando diretor do Centro de Ciências da Saúde da UFC, recebeu em seu
gabinete, uma dona, de boca carnuda e longas madeixas negras, que assim se
apresentou:
– Muito prazer, Prof. Geraldo. O meu nome é
Carmem.
– O prazer é todo meu – acusou o Prof. Geraldo, que para animar a conversa e
fazer uma referência à famosa ópera-cômica em quatro atos do compositor francês
Georges Bizet, arrematou:
– É a Carmem de Bizet?
– Não, professor! É de Oliveira. O meu nome
completo é Carmem Felino de Oliveira.
– Oh, desculpe-me, senhora! Não sei de onde
tirei esse sobrenome.
– Por nada, foi um enorme prazer conhecê-lo,
Prof. Geraldo. Até mais ver!
– Até mais, moça!
E enquanto ela se retirava, ele começou a
assobiar trechos da “Havanaise” ou “Habanera”, lembrando que o amor é livre
como um pássaro rebelde, e falou baixinho:
– “La voilà! Voilà la Carmencita!”
A propósito, ela nem dissera a que viera, o
que intrigou ainda mais o professor, que passou a imaginar ter visto a
assombração de uma morena andaluza, com um xale nos ombros, batendo as
castanholas e deixando espalhados no ar, sopros da tão conhecida Ópera Carmem.
Abrindo bem os olhos, nada restava ali, a
não ser uma lembrança leve do cheiro de azeite de oliva, evocando o sobrenome
da “gata” que, por acaso, tinha também um Felino, para acompanhar aquela
aparição repentina, que tal como entrou, acabou saindo, deixando no rastro a
ilusão de um contato de primeiro grau com “une femme fatale”.
Fonte:
SILVA, M.G.C. da. Carmem de Bizet?. In: SOBRAMES –
CEARÁ. À flor da pele. Fortaleza: Sobrames-CE/Expressão, 2017. 384p.
p.233-4.
* Publicado,
originalmente, In: SILVA, M.G.C. da. Contando Causos: de
médicos e de mestres. Fortaleza: Expressão, 2011.112p. p.27-8.
sábado, 18 de novembro de 2017
GALINHA CHOCA
O Professor Geraldo Wilson da Silveira Gonçalves,
pioneiro da reumatologia no Ceará, ministrava uma aula prática no Ambulatório
do Hospital das Clínicas da UFC, no final dos anos sessenta, quando entrou,
para atendimento, uma senhora procedente do interior cearense, lá das brenhas,
como se diz.
A mulher apresentava problemas articulares,
queixando-se de “reumatismo” nas pernas.
Nisso, um dos acadêmicos de Medicina,
sequioso por fazer logo um exame de flexibilidade dos membros inferiores da
paciente, impõe:
– Acocore-se, senhora!
– “Cuma”?
– indagou, desentendida, a mulher.
Outro estudante, tentando ser mais
explícito, fala à enferma:
–
Agache-se, por favor!
– “Cuma” é, doutorzinho? – perguntou a paciente, ainda sem entender o que fazer.
Foi, então, que o Prof. Geraldo Gonçalves,
percebendo a dificuldade de comunicação, na relação médico-paciente, zeloso e
sempre muito afável, rogou:
– Minha senhora, por favor, fique do jeito
de uma galinha choca.
– Ah, sim! É isso o que queriam? Disse ela – pondo-se de cócoras, ou como queiram,
agachada sobre as pernas arqueadas.
Isto posto, o exame físico pretendido pode
ser assim realizado e a mulher, que nem era de Quixadá, mas soube imitar, com
perfeição, aquela obra da natureza, apelidada de Galinha Choca, na terra dos
monólitos, onde, de vez em quando, segundo os ufólogos, um OVNI risca o céu,
saiu lépida e fagueira, ainda que aqui e acolá, soltasse um ai, por conta da
artrose identificada no seu joelho direito.
De volta aos “cafundós do Judas”, onde
morava, ela teria muito a contar, principalmente, que um certo doutor mandara
que ela se baixasse e fizesse que nem a sua galinha de pescoço pelado, que
ciscava lá no terreiro. Só não pediu foi que ela também botasse um ovo. Aí, não
tinha como obedecer. Era demais!!!
Fonte:
SILVA, M.G.C. da. Galinha choca. In: SOBRAMES –
CEARÁ. À flor da pele. Fortaleza: Sobrames-CE/Expressão, 2017. 384p.
p.232-3.
* Publicado,
originalmente, In: SILVA, M.G.C. da. Contando Causos: de
médicos e de mestres. Fortaleza: Expressão, 2011.112p. p.26-7.
ANOS (IN)ENFESTADOS
Em 2003, algum tempo após as celebrações do
Jubileu de Prata da Turma José Carlos Ribeiro , acontecidas em dezembro de 2002, dei
uma carona ao patrono de nossa turma, o Prof. Geraldo Gonçalves, da Reitoria da
UFC até sua residência, quando travamos o diálogo seguinte:
– Você precisa rezar para que eu viva mais
cinco anos – rogou-me o querido professor.
– O senhor está nas minhas intenções, dentre
aqueles amigos a quem peço ao Pai para que vivam muitos anos entre nós – eu retruquei – mas
por que cinco anos?
– É porque eu gostaria de vê-lo ingressar em nossa Academia de
Medicina.
– Não entendo porque esperar mais cinco
anos, se já integralizei os vinte e cinco anos de formatura exigidos para
admissão na Academia Cearense de Medicina.
– É porque mudamos, recentemente, o nosso
estatuto, passando de vinte e cinco para trinta anos o tempo mínimo de formado
em Medicina, como requisito para ingresso na ACM.
– Qual foi a razão para essa mudança, Prof.
Geraldo?
– Bem! Nós achamos que, atualmente, com
vinte e cinco anos de graduado, os médicos encontram-se, em geral, no pico da
atividade profissional, muito ocupados em ganhar o pão, para sustentar à
família ainda em formação, e, por isso, não dispõem de tempo para a Academia.
– É uma pena para mim, porque, há anos,
cultivava a possibilidade de ingressar na ACM, tão logo quanto possível. Mas
não será por esse motivo que rogarei a Deus que lhe dê mais cinco de anos de
existência terrena.
– Você sabe qual é a minha idade, Marcelo?
– Sei que o senhor ingressou nos oitenta, há
dois anos – respondi-lhe prontamente.
– Na verdade, eu prefiro dizer que tenho
quarenta e um anos enfestados. Você sabe o que são anos enfestados? – indagou-me ele, ao perceber que não teria entendido o
significado daquela expressão.
Com efeito, como sanitarista, imaginei que
talvez o meu interlocutor tivesse querido usar uma parônima, fazendo lembrar, com essa expressão , a
derivada da acepção Infestação, que, na terminologia própria da Epidemiologia, pode
ser entendida como o alojamento, desenvolvimento e reprodução de artrópodes na
superfície do corpo ou nas roupas de pessoas ou animais. Procurando intuir
alguma associação com o processo infeccioso, na chamada relação agente-hospedeiro,
não encontrei a devida guarida, e daí, pronunciei, laconicamente:
– Não!
– Como não?
– Confesso que não afinei para o que sejam
anos enfestados, da forma como o senhor colocou.
– Mas você sabe o que é um tecido enfestado,
Marcelo? – perguntou-me, como se desejasse
me explicar, aos poucos.
Na hora matei a charada, ao recordar do
tempo em que era comum encomendar a feitura de roupas às costureiras de bairro,
quando os armazéns e lojas de tecidos ofereciam peças de tecido cuja medição
era duplicada, porquanto vinham dobradas ao meio. Prontamente, lhe disse:
– Sei, sim! A medida do tecido era em dobro.
– Pois é, Marcelo. Cada ano vale dois.
Dizendo desse modo, pareço mais novo, não é?
Pensei, comigo mesmo, que, usando desse
recurso, a diferença entre a minha idade e a dele, beirava os dezesseis anos
enfestados, muito pequena, por sinal, em termos paradoxais, considerando à
jovialidade de espírito do professor Geraldo Gonçalves.
Fonte:
SILVA, M.G.C. da. Anos (in)enfestados. In: SOBRAMES
– CEARÁ. À flor da pele. Fortaleza: Sobrames-CE/Expressão, 2017. 384p.
p.231-2.
* Publicado,
originalmente, In: SILVA, M.G.C. da. Contando Causos: de
médicos e de mestres. Fortaleza: Expressão, 2011.112p. p.24-5.
sexta-feira, 17 de novembro de 2017
CARIDADE
Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)
Os sentimentos de solidariedade e amor com vista à busca
da felicidade e ao propósito da vida são muito importantes. Por outro lado, o
ódio, a falsidade, a inveja e a ambição, dentre outros, são comportamentos
incompatíveis com uma existência saudável. Ademais, é mediante a oração e a
meditação que se encontram estados mentais positivos e se afastam os negativos.
O que somos é consequência do que pensamos. O que alcançamos decorre de nossa
fé em Cristo e da força da esperança. Como seria bom se nos dias de hoje os
líderes mundiais e as pessoas que decidem e formam opinião, seguissem o
pensamento de São Francisco(mensageiro da paz e da humildade). Sem dúvida,
poderíamos afirmar que os direitos individuais se baseariam no princípio da
liberdade, enquanto os direitos sociais seriam alicerçados na igualdade de
oportunidades. A violência em todas suas formas – como o desemprego, a fome, a
corrupção, o analfabetismo, a discriminação, a indiferença – leva a sociedade a
um clima de perplexidade e apatia, motivando mais violência, mais injustiça e
mais supervalorização dos bens materiais, o que conduz à constituição de
famílias desajustadas, onde a admiração e o respeito foram substituídos muitas
vezes pela falta de amizade, de carinho e de compreensão. “É
nos momentos de infortúnio que se pode confiar nos pais. Nossos pais nos amam
porque somos seus filhos, e este é um fato inalterável”, assim disse Bertrand
Russel(1872-1970). Acreditamos, ainda, ser a caridade a mais significativa das
três virtudes teologais (fé, esperança e caridade), pois nela está implícito o
amor a Deus e ao próximo.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do
Ceará.
Fonte: Diário
do Nordeste, Ideias. 6/10/2017.
quinta-feira, 16 de novembro de 2017
MAPA DA INTOLERÂNCIA (I)
Por José Jackson
Coelho Sampaio (*)
No Modelo Intolerância de nossa sociabilidade atual
distinguem-se três tipos mistos: a) desconhecimento, insatisfação e
desesperança; b) racionalização de reacionarismo e cultura autoritária; e c)
produção paradoxal de intenções democrático-progressistas.
Exemplos:
Escola sem Partido – O processo ensino/aprendizagem é
atravessado por teorias, técnicas, ideologias e subjetividades. Somos seres
humanos formando seres humanos e o que as democracias denegam é catequese,
proselitismo, cooptação. Como se forma um cidadão crítico evitando sua
exposição ao debate das visões de mundo que orientam nossas práticas sociais?
Recusar conteúdos oriundos de ideias de Freire, Morin, Marx ou Paulo de Tarso e
Inácio de Loyola é tirar do aluno ferramentas problematizadoras. Havendo
distorção, debatam-se na Escola os alcances e limites.
Censura à Arte – A experiência da nudez é tão antiga como
a de vestir, para proteger os genitais de dentes e espinhos. Civilização que
foque na liberdade tende a expor o corpo, o que gera senso estético, no geral,
dessexualizador. Civilização que foque na repressão das espontaneidades tende a
camuflar o corpo, acentuando, perversamente, a relação entre nudez e
sexualidade. Vide a estatuária grega mutilada pelo Cristianismo ou pelos
Otomanos. O menino que tome banho nu, com os pais nus, não se importará com a
nudez de estátua ou pessoa, mas, a proibida da experiência, sim.
Cura Gay – Hétero, bi e homo são expressões da complexa e
diversa sexualidade humana, somente vividas dolorosamente se entram em jogo
repressão, humilhação, opressão. Qualquer uma pode resultar de constrangimento
e levar a sofrimento. Também pode resultar de tendências familiares, sociais e
culturais assumidas serenamente. A maior parte de nossa sexualidade é
probabilística, em elo com potências genéticas, morfológicas, fisiológicas e
psicossociais. Assim, mais de 95% das vivências de nossa sexualidade expressam
descobertas e construções, não cabendo a rubrica de doença e intervenções
curativas.
(*) Professor
titular em saúde pública e reitor da Uece.
Publicado. In: O
Povo, Opinião, de 31/10/17. p.10.
quarta-feira, 15 de novembro de 2017
O “COR BOVIS” DO CAPELO
O Departamento de Fisiologia e Farmacologia
deveria passar por uma ampla reforma; quando a Prefeitura da Universidade
confirmou a demolição dos muitos compartimentos, o Professor Recamonde Capelo,
de pronto, cogitou a possibilidade de construir uma “maloca” para uma
prestadora de serviços.
Tratava-se da mais necessitada servente da
Fisiologia, com seis filhos e sem um teto onde morar; para o popular Capelo,
seria fácil obter dos escombros o material, reciclando-o, a fim de construir
uma casinha para dita senhora. Com uma “vaquinha”, corrida entre os docentes, e
o reaproveitamento dos entulhos da Prefeitura da UFC, o Prof. Capelo pode erguer
uma casinha, em um pequeno terreno por ela “grilado”, localizado no bairro
Siqueira. A casa era coberta com telhas e possuía três cômodos, e até uma
cacimba foi escavada para garantir o suprimento de água.
A posse do novo imóvel foi o bastante para a
servente mudar de “status” social, que, de imediato, “casou-se” com um soldado
da Polícia Militar. Como consequência, o Departamento viu-se privado do serviço
da trabalhadora, para a quem o trabalho já não convinha, por se sentir com uma
certa estabilidade, ainda que sem emprego.
Depois de algum tempo de ausência, o Prof.
Capelo solicitou à secretária do Departamento, para que readmitisse a servente.
A razão do retorno foi porque o “marido” permutara a casa por um “fusquinha 66” , e, voltando de uma farra,
os ocupantes do veículo despencaram da ponte sobre o rio Siqueira, pondo fim no
único bem material do casal. Tudo voltou ao que era e, de novo, o “cor bovis” socialista
do Prof. Capelo quebrou lanças para a reintegração da ex-empregada, o que de
fato ocorreu.
Fonte:
SILVA, M.G.C. da. Capelo, o mão-aberta. In:
SOBRAMES – CEARÁ. Semeando cultura. Fortaleza: Sobrames-CE/Expressão,
2016. 320p. p.234.
* Publicado,
originalmente, In: SILVA, M.G.C. da. Contando Causos: de médicos
e de mestres. Fortaleza: Expressão, 2011.112p. p.75-80.
terça-feira, 14 de novembro de 2017
A exceção confirma a regra. Mais Médicos?
Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Notícia: Mais três novos cursos de medicina - agora são 256.
Dizem por aí que notícias nunca
derrubam o mundo. O que derruba o mundo são os fatos. Vou falar do programa
"mais médicos",
que, pelo esquecimento midiático, parece ter acontecido nos tempos do Brasil
colônia.
Assim mesmo, de quando em vez
aparece uma apagada notícia como foi o caso do médico cubano que quer ou quis
se casar com uma brasileira. Mas, de Medicina nada. Nem pioras nem melhoras.
Mas vamos aos fatos.
Temos, cada vez mais, Escolas
Médicas que formam mais pessoas do que o número de vagas para médicos
recém-formados. Quanto à sua qualidade acadêmica, muito poucas delas podem ser
acreditadas de mínima competência.
Mesmo assim, como o problema é de
raiz (desde o início e qualidade do ensino primário, médio ou profissional,
etc., etc.), não é necessário insistir na situação do ensino médico (para ficar
na minha praia).
Tudo isto não impede de aparecer
o fato da Saúde Mental, que acaba faltando, tanto no sentido ético como no
moral aos jovens que são agredidos (quando não psiquicamente traumatizados),
para poderem ser aceitos nas residências médicas para que obtenham alguns
pontos a mais de vantagem para aprovação. Para isso, constrangidos são/foram ao
passarem 12 longos meses em ambulatórios, onde falta de tudo, atendendo à
população sem qualquer orientação. Imagine o nível do ensino nesses
ambulatórios. Muito embora o salário seja integral e não enviado 70% para Cuba.
Dinheiro não é tudo... para quem quer aprender.
Enquanto isso três novos cursos
de Medicina (privados) foram reconhecidos em 03.07.15. Os valores das mensalidades
desses cursos, por ordem crescente são: Faculdade UNIRG-UNIRG - Gurupi/TO R$
3.014,55 - Faculdade São Leopoldo - Campinas R$11.706,15 (para pagamento em dia
R$9.130,82). Bastaria ler o que diz o médico Bráulio Luna Filho, 61, presidente
do Conselho de Medicina da São Paulo no artigo Ensino médico em crise,
pacientes em risco (06.03.15): "Das 42 escolas do Estado de São Paulo, 30
participaram da avaliação. As 20 piores colocações ficaram com as instituições
privadas, que cobram mensalidades entre R$ 6.000 e R$ 9.000, mas não oferecem
em contrapartida formação adequada àqueles que investem no sonho de ser
médico... dos formados nas escolas particulares. Houve um curso cujos alunos
não ultrapassaram 13% de acertos". Quem desejar pode
conferir: http://www.escolasmedicas.com.br/mensal.php
Concluo dizendo do perigo das
transparências para os que desconhecem os fatos. Pensar que números significam
saber e que não são facilmente manipuláveis.
Socorro-me de clichê, lugar comum
e aproveito para escrever esta minha opinião, justo quando uma dessas três
novas escolas (sem desmerecer e desconhecer as demais) é vinculada ao Hospital
Israelita Albert Einstein, uma das melhores Instituições médicas do Continente.
Quando se junta verdade com
mentira, fica muito difícil separar uma da outra. A exceção confirma a regra.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco.
Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE)
e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES). Consultante Honorário da
Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).