domingo, 31 de maio de 2020

MARIA: modelo de fé


Por Pe. Reginaldo Manzotti (*)

Maria é nossa Mãe, que intercede por nós junto a Jesus. Como nas Bodas de Caná, Ela continua a ver nossas necessidades e levá-las ao Filho. Ao mesmo tempo, continua sempre a nos dizer: "Façam tudo o que meu Filho vos disser" (cf. Jo 2,5). Baseando-nos no exemplo de Maria, um dos carismas da Obra Evangelizar é Preciso é a Intercessão.
Ela é modelo de fé. Sobre isso, Santo Agostinho disse: "Mais bem-aventurada, pois, foi Maria em receber Cristo pela fé do que em conceber a carne de Cristo. A consanguineidade materna, de nada teria servido a Maria, se Ela não se tivesse sentido mais feliz em acolher Cristo no seu Coração, que no seu seio".
A Anunciação a Maria inaugura a "plenitude dos tempos" (Gl 4,4), ou seja, o cumprimento das promessas e dos preparativos para a chegada do Messias. O anjo a saúda: "Ave, cheia de graça" (Lc 1,28). Na fé, Maria acolheu o anúncio, questionou, mas não duvidou, acreditou que para Deus "nada é impossível" e deu seu consentimento: "Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra". (Lc 1,26-38).
A cheia de graça, como disse o Arcanjo, buscou a luz. E não pensemos que Ela tinha clarividência. Ela não entendia os fatos que aconteciam na sua vida e na de Seu Filho, mas em nenhum momento reclamava ou se revoltava. Ao contrário, com paciência, "guardava tudo em Seu coração".
Maria foi a primeira anunciadora do Filho. Ao visitar sua prima Isabel, é portadora da alegria da boa-nova e da luz do Espírito Santo. Foi pela fé que Ela, ao dar à luz a Jesus entre os animais em um estábulo, acreditou que Ele era o Filho de Deus. E, quando o viu maltratado e crucificado, acreditou que Ele era o Salvador.
Maria continuou com sua missão junto aos apóstolos. Ao final desta missão do Espírito, Maria torna-se a 'Mulher', nova Eva, 'mãe dos viventes', Mãe do 'Cristo total'. É nesta qualidade que Ela está presente com os Doze, 'com um só coração, assíduos à oração' (At 1,14), na aurora dos 'últimos tempos' que o Espírito vai inaugurar na manhã de Pentecostes, com a manifestação da Igreja.
Termino citando São Francisco de Sales: "Não existe devoção a Deus sem amor à Santíssima Virgem".
Deus abençoe. 
 (*) Fundador e presidente da Associação Evangelizar é Preciso e pároco reitor do Santuário Nossa Senhora de Guadalupe, em Curitiba (PR).
Fonte: O Povo, de 16/5/2020. Opinião. p.14.

ESTA VELHINHA SABE BEM O QUE FAZ...


Num domingo, o pastor disse à congregação que a igreja precisava de dinheiro extra e pediu às pessoas que, em oração, considerassem ofertar uma quantia um pouco maior.
Ele disse que quem doasse mais, poderia escolher três hinos.
Depois os pratos de oferta foram passados, o pastor olhou para baixo e notou que alguém havia colocado várias notas de R$100.
Ele ficou tão animado que imediatamente compartilhou sua alegria com sua congregação e disse que gostaria de agradecer pessoalmente à pessoa que colocou todo o dinheiro lá.
Uma senhora muito sossegada, idosa e assídua na igreja timidamente levantou a mão.
O pastor pediu-lhe para vir para a frente.
Lentamente, ela foi até ele.
Ele disse a ela que ficou tão maravilhado com a doação que ela poderia escolher os três melhores hinos.
Seus olhinhos brilharam quando ela olhou para a congregação, apontou para os três homens mais bonitos da igreja e disse: "Vou levar ele, ele e ele".
Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.

sábado, 30 de maio de 2020

CAFÉ SEM AÇÚCAR


Depois de algum tempo sem se verem, duas amigas marcam um encontro numa cafeteria para um momento de lazer.
Ao se encontrarem começam então a conversar:
- Olá! Como vão as coisas?
- Tudo indo bem. E você? Como está seu marido?
- Você não soube? Ele morreu já faz 15 dias.
Assustada e surpresa com a novidade, a amiga responde: 
- Nossa! Eu não sabia! Que tragédia! Mas o que aconteceu?
- Pedi para ele ir ao mercado comprar açúcar; daí veio um ônibus e o atropelou.
- Mas que horror! Que coisa triste! E o que é que você fez?
- Tomei café sem açúcar mesmo. 
Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.

sexta-feira, 29 de maio de 2020

FOLCLORE POLÍTICO XXXV


Newtão
Fecho a Coluna com o folclórico ex-governador mineiro Newton Cardoso, um poço de histórias hilárias. Tomo emprestadas algumas contadas pelo amigo Sebastião Nery. Como se sabe, Newton Cardoso foi prefeito de Contagem, deputado federal, governador, vice-governador de Minas Gerais e, hoje, é representado na Câmara por seu filho, que tem o mesmo nome do pai. Os adversários lhe atribuem velhas gafes que a UDN atribuía a Benedito Valadares:
1. Dona Dezinha: "Se eu soubesse que meu filho Newton ia ser importante e virar governador de Minas, eu tinha botado ele para estudar de pequeno."
2. Preocupado com as notícias de que o leite estava contaminado, Newton pegou um pastel e começou a mexer dentro da xícara. "Por que você está fazendo isso?" "Para pasteurizar o leite."
3. Newton no palanque: "Minas sempre se preocupou mais com a criação de bovinos e equinos. Agora, eu vou cuidar também da criação de porquinos."
4. Newton, numa entrevista: "Precisamos acabar com a fila do IMPS." O assessor lhe fala: "Não é IMPS, é INPS." "Nada disso. Desde lá de Brumado que eu aprendi que antes de P e B se usa M."
5. Comício em Betim: "O problema de Minas é falta de fé. Vamos juntar minha fé, sua fé, nossas fezes, para salvar Minas."
Fonte: Gaudêncio Torquato (GT Marketing Comunicação).

quinta-feira, 28 de maio de 2020

EM TEMPOS DE QUARENTENA


Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
… Esses aglomerados tendem a crescer cada vez mais, pois as pessoas usam as “compras” como sua única razão legítima para sair de casa. Isso piora o problema de excesso de compras e estocagem, levando as lojas e agências governamentais a impor racionamento adicional ao público entediado e estressado…
“Ame os teus inimigos, pois eles te mostram os seus defeitos”
(Benjamin Franklin 1706-1790).
A minha mulher ficou horrorizada, ao ir ao supermercado no sábado passado, com o número de pessoas, velhos e crianças, mulheres e homens passeando na loja, fazendo compras ou zanzando. Sei que a quarentena terá um sério impacto econômico sobre muitas pessoas e suas famílias, sem falar nos sofrimentos mentais.
De chamar a atenção é a crença nas teorias da conspiração mundial, que continua forte entre muitas pessoas. Segundo a pesquisa do Pew Research Center, 23% dos americanos acreditam que o vírus causador do COVID-19 foi criado intencionalmente em laboratório chinês ou russo. A fantasia de uma conspiração de algo universal e secreto continua presente nas mentes das pessoas, apesar dos avanços da ciência e da tecnologia.
Mas voltemos à realidade e à vida como ela é para analisar essa pandemia causada pela décima nona mutação do coronavírus. Os governos municipais intervêm, fechando parques e praias, limitando as atividades ao ar livre a viagens “essenciais”, fechando restaurantes e até… os salões ditos de beleza.
… A chave do nosso sucesso pode nos arruinar, cabe a nós fazer a melhor escolha diante de um inimigo invisível. Lembrem-se que o pior inimigo do homem é o próprio homem.
Ordenando o fechamento de tudo e de todos. Diante disso, as pessoas recorrem cada vez mais às compras como uma de suas poucas razões legítimas para se aventurar a sair de casa. Já vimos a formação de aglomerados de pessoas em supermercados e outras lojas que vendem alimentos, etc.
Esses aglomerados tendem a crescer cada vez mais, pois as pessoas usam as “compras” como sua única razão legítima para sair de casa. Isso piora o problema de excesso de compras e estocagem, levando as lojas e agências governamentais a impor racionamento adicional ao público entediado e estressado. Nesse cenário, a ansiedade de ficar preso na própria residência faz com que as pessoas queiram sair de casa, nem que seja para uma comprinha, necessária ou dispensável. Em toda a história humana, viver com outros da mesma espécie possibilitou segurança, alimento e parceiros para a perpetuação da espécie.
Talvez por isso o ‘homo’ – dito sapiens – foi viver em grupos, o que ajudou a enfrentar as feras e conseguir alimento, já que as tarefas eram divididas. Além disso, machos e fêmeas não precisavam sair por aí em busca de parceiros e parceiras. Tudo estava mais próximo nas mesmas cavernas ou tribos. O desenvolvimento do cérebro levou à criação da linguagem, à construção de objetos, moradias, veículos e muitas outras facilidades. O poder do Homem sobre si mesmo é cada vez mais reduzido, apesar do aumento do nosso conhecimento e dos avanços científico-tecnológicos.
A chave do nosso sucesso pode nos arruinar, cabe a nós fazer a melhor escolha diante de um inimigo invisível. Lembrem-se que o pior inimigo do homem é o próprio homem.
Certamente esse coronavírus serve para mostrar as nossas culpas e enganos nesta era da automação, da informática e da inteligência artificial e mostrar também que somos todos parte da mesma Natureza. Somos animais e – como todos os seres vivos — mortais.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES). Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).

quarta-feira, 27 de maio de 2020

A CURVA EPIDÊMICA DOS CASOS DE COVID-19


Por Thereza Maria Magalhães Moreira (*)
Como membro do Grupo de Trabalho (GT) de enfrentamento da Covid-19 da Uece (GT criado pelo reitor Jackson Sampaio, que conta com enfermeiros, médicos e veterinários docentes da Uece, conhecedores de epidemiologia, virologia e infectologia), ouço muito: "Explica a curva da Covid-19?".
O coronavírus Sars-CoV-2 causa Covid-19. A quantidade de infectados é representada por uma curva, que tem o formato de um sino, mostrando o número de casos no passar do tempo. Quanto mais alta e estreita a curva, mais casos em menos tempo. Seu achatamento na China inspirou países, como o Brasil, e aumentou dúvidas. Achatar essa curva significa menos casos em maior período de tempo.
Quanto mais doentes há, mais rápido aumenta o número de casos no mesmo intervalo de tempo. Na Covid-19, um doente pode transmitir vírus a 5-6 pessoas, principalmente nos cinco primeiros dias pós contágio, pois só terá anticorpos a partir do 6-7º dia, e no 14º dia terá anticorpos de memória.
A atual curva do Ceará confirma o efeito do isolamento social, que resultou em um crescimento mais lento na quantidade de infectados, e inclui pacientes atendidos nos postos, UPAs e hospitais; graves internados e óbitos, mas denota subnotificação porque escapam os casos leves, pois testamos pouco, o que aumenta a taxa de letalidade (óbitos/casos).
Voltando à "curva epidêmica" em si, ela é formada por uma subida íngreme, seguida de uma estabilização no topo e depois uma queda também acentuada. As ações do Estado adiaram a chegada dos casos no topo da curva, dando tempo de aumentar o número de leitos clínicos e de UTI, e capacitar profissionais, apesar de persistir a falta de equipamentos de proteção individual e a má remuneração dos enfermeiros, soldados da linha de frente dessa "guerra".
São previstos 10% de casos graves e 2% de óbitos. O desafio é distribuir esses pacientes ao longo do tempo e deixar casos leves monitorando febre, tosse e cansaço em casa para procurar atendimento somente se sentirem falta de ar, deixando os sistemas de atendimento apenas para moderados e, principalmente, para os graves. A boa notícia é que o decaimento da curva também é exponencial, ou seja, a partir de um momento no tempo, os novos casos diminuirão e esta diminuição não será lenta. Que Deus nos guarde!
(*) Enfermeira, advogada, pesquisadora do CNPq e professora da Universidade Estadual do Ceará (Uece).
Fonte: Publicado In: O Povo, de 7/5/2020. Opinião. p.17.

terça-feira, 26 de maio de 2020

Delegada Ivana Timbó morre aos 62 anos em Fortaleza

Ivana Timbó atuou por mais de três décadas como delegada da Polícia Civil no Estado do Ceará — Foto: Cid Barbosa/SVM
Por G1 CE

Ivana Timbó trabalhou mais de 37 anos como delegada de Policia Civil.

A delegada aposentada Ivana Maria Timbó Pinto, de 62 anos, morreu na noite desta segunda-feira (25), em Fortaleza. A informação foi confirmada por familiares e pela Associação dos Delegados da Polícia Civil do Ceará (Adepol). A causa da morte não foi divulgada.
Ivana Timbó atuou por 37 anos e 7 meses como delegada da Policia Civil no Estado do Ceará, onde prestou serviços nas assessorias Administrativa e Jurídica da Superintendência da PCCE, no 1º, 3º e 22° Distritos Policiais e nas delegacias especializadas de Acidentes e Veículos, da Família e do Menor, de Defesa da Mulher (DDM), da Criança e do Adolescente (DCA) e na Delegacia de Combate à Exploração da Criança e Adolescente (Dceca).
O velório será restrito à família e ocorrerá na funerária Ethernus e o sepultamento ocorrerá às 16 horas, no cemitério Parque da Paz em Fortaleza.

Trabalho de excelência

A Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) lamentou, por meio de nota, o falecimento de Ivana Timbó. O órgão reconheceu e agradeceu os relevantes serviços prestados em prol da instituição e da sociedade cearense. A Polícia Civil afirmou que a delegada se destacou no combate à exploração de crianças e adolescentes.
Ainda segundo a Polícia Civil, Ivana recebeu nove elogios em sua ficha funcional referentes ao trabalho desenvolvido em seu tempo de serviço.
Fonte: G1 CE/SVM.
Nota do Editor do Blog: Ivana era dedicada companheira do meu tio Edson Gurgel Coelho há muitos anos. Pessoa sensível e muito agradável. De fácil convivência, ela deixa um turbilhão de saudades entre seus familiares e no seu vasto círculo de amigos e colegas de trabalho. Profissional exemplar, marcou a sua atuação pautada na discrição e na efetiva resolução das demandas e tarefas que lhe eram atribuídas por seus superiores. Dra Ivana faleceu no Hospital Haroldo Juaçaba do Instituto do Câncer do Ceará, vítima de pertinaz enfermidade.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Da família Gurgel-Carlos

MARIA E MARY


Por Weiber Xavier (*)
Maria trabalha há muitos anos no apartamento de Mary, cuidando da casa e dos filhos. Mary chegou há pouco da Itália, onde esteve celebrando seu aniversário na Toscana com amigos. Mary já chegou indisposta, mas pensou tratar-se de fadiga da programação intensa da viagem ou jet leg e procurou descansar em casa, recebendo toda a atenção de Maria com chás e comidinha caseira especial. Mesmo assim, indisposta e recém chegada de viagem, Mary foi ao shopping, ao cabeleireiro, ao jogo de baralho com as amigas e a uma festa beneficente...
Após a persistência da indisposição associada à febre e tosse com desconforto respiratório, Mary resolve ligar preocupada para seu médico particular que recomenda que a mesma procure o hospital. Imediatamente ao chegar no hospital é admitida à UTI e recebe todos os cuidados médicos, possuiu um plano de saúde particular que a deixa menos intranquila por disponibilizar os serviços médicos de que precisa nessa pandemia.
Maria ao chegar em casa na periferia onde vive com mais seis pessoas fica preocupada pelo intenso noticiário na TV sobre a pandemia de coronavírus. Sua casa não possui saneamento básico, como muitas do bairro onde mora e além da dengue surge mais uma preocupação: será que poderá ter pego o coronavírus da patroa?
Após sete dias no hospital, Mary tem alta já sentindo-se bem melhor e retorna ao seu confortável apartamento para continuar o tratamento e isolamento social. Maria sente-se nauseada e com perturbação intestinal além de tosse seca e fadiga. Liga para a patroa avisando que não poderá ir trabalhar e resolve procurar o posto de saúde mais próximo de casa. Infelizmente só poderá ser atendida no outro dia pois já acabaram os atendimentos agendados. Resolve então procurar a UPA e lá, chega já com febre e dificuldade para respirar de forma súbita. Os médicos resolvem entubá-la de imediato e solicitam vaga de UTI. A Central de Leitos informa que já existem pelo menos trinta pessoas à espera de um leito de UTi e, portanto, Maria deve aguardar num leito improvisado de "UTI" na UPA. Começa a via crucis da família de Maria à procura de uma vaga de UTI nos hospitais públicos até que, após uma semana, consegue-se a tão sonhada vaga. Na UTI, Maria chega com pneumonia grave e múltiplas disfunções orgânicas. Apesar das condições de trabalho precárias e falta crônica de insumos a equipe multiprofissional tenta com esforço hercúleo o melhor tratamento para Maria que está gravíssima. O teste para Covid-19 não consegue ser realizado, mesmo estando internada em estado grave. "Estranho", pensa um familiar, já que viu na TV um político sem sintomas ter feito o exame mais de três vezes... O tratamento não surte efeito e a situação de Maria deteriora a cada dia até que finalmente falece na UTI, sozinha, em isolamento. A família que não a vê desde a internação na UTI devido a quarentena é avisada por telefone e chocada se dirige ao hospital. Lá é informada que devido à suspeita de Covid-19 deverá providenciar o enterro o mais breve possível, dentro de uma hora, de acordo com a nova portaria sanitária, sem direito a velório e com o caixão lacrado.
Enquanto isso, João, uma das seis pessoas que moravam com Maria, começa a sentir sintomas de gripe...
Às muitas Marias do nosso País tão desigual, na doença e na vida, que merecem dignidade, na saúde muito particularmente, pois só assim seremos uma pátria amada... #MudaBrasil. 
(*) Médico e professor de Medicina da UniChristus.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 24/4/2020. Opinião. p.15.

segunda-feira, 25 de maio de 2020

AMIGO JOSÉ


Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)
Escrevo-lhe esta resumida carta (01/05/2020) externando a minha angústia e preocupação no tocante à situação do nosso querido e amado Brasil, com uma população próxima de 210 milhões de habitantes. A pandemia provocada pelo covid 19, apesar do significativo esforço realizado por equipes dos Governos, da área de saúde, cientistas e trabalhadores diversos etc., ainda me deixa muito aflito. Não perco, porém, a esperança e acredito que os efeitos maléficos serão contidos. Por sua vez, no início deste ano, os indicadores brasileiros mostravam uma leve melhoria na perspectiva do País. Todavia, a boa expectativa foi eliminada logo no mês de março, principalmente, em face da cruel epidemia. Caro José, além dos problemas conjunturais e estruturais brasileiros (desigualdade de renda, baixos níveis de educação e saúde, segurança, desemprego e outros) surgiram de forma mais acentuada os desequilíbrios inter e intra Poderes Constitucionais. Observo, lamentavelmente, em alguns integrantes, a falta de patriotismo. É fundamental que se elimine os conceitos de direita, centro e esquerda, mediante a valorização da democracia em favor da nação e não de setores gananciosos. A Reforma Política é importante, no entanto os debates e opiniões, inerentes ao processo democrático, caro amigo José, deverão ocorrer visando o bem da população e não objetivando interesses de grupos, nem sempre republicanos. É claro que se deve buscar conquistar, através da vontade popular, o poder político, no entanto dissociado do poder econômico e de influências mesquinhas. José, inspirando-me no poeta Drumond, com outras palavras, é claro, digo: tiremos essas pedras do meio do caminho do Brasil. Peço a Deus para livrar o Brasil das epidemias corporal, ética e moral, proporcionando-lhe uma Democracia plena, uma Justiça imparcial e uma Liberdade solidária e responsável.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste, Ideias. 1/5/2020.

domingo, 24 de maio de 2020

PIRIPAQUE: a história de um neologismo

Por José de Souza Meirelles Filho
Aconteceu há cerca de 70 anos. Formei-me em 1946. CRM 310. Costumo dizer que Hipócrates foi meu colega de turma. Em 1947 já era residente no HC da Faculdade de Medicina da USP.  Na noite em que aconteceu o episódio, fui destacado para, junto com os devidos assistentes, fazer o plantão noturno no PS.
Logo me puseram no “plantão da porta”, ou seja, encarregado de atender os pacientes que chegavam e eram encaminhados à sala de exames. Se fosse problema de clínica médica, eu deveria resolver ou solicitar o auxílio dos assistentes.
Naquela noite, os assistentes de clínica médica eram os Drs. Cassio Botura e Dirceu P. Neves, ambos excelentes clínicos, mas não propriamente o que eu chamaria de bem-humorados. Lá fui eu atender os pacientes recém-chegados e encaminhados à sala de exames.
Eu contava com o auxílio do João Pé-de-Valsa, auxiliar de enfermagem com enorme tarimba a respeito de pacientes que chegavam de ambulância. Quase sempre ele os encaminhava à sala de exames já com o diagnóstico feito: Doutor, chegou uma úlcera hemorrágica, um aborto incompleto, uma fratura do fêmur, e assim por diante.
Mas nesta noite vi o João desapontado: Doutor, chegou uma jovem em coma e eu não estou sabendo bem o que é. Ela foi encaminhada, inconsciente, à sala de exames, acompanhada da mãe em prantos: Doutor, salve minha filha. Esta maluca brigou com o namorado e resolveu se matar tomando um copo de manga com leite.
Ao meu lado, o Bittencourt, residente de cirurgia, dirigiu-se à mãe desesperada. Não se preocupe, minha senhora, recentemente, dois médicos alemães, de nome Billie e Park, estudaram o veneno da manga com leite, e desenvolveram uma injeção, que nós temos aqui, e que acaba com os efeitos dessa maldita mistura.
Ato contínuo, após a injeção de uma pequena dose de soro glicosado, a jovem acordou, bela e faceira. A pobre mãe foi impedida de cair aos pés do Bitencourt a fim de beijá-los.
Nós, do PS, gostamos da história do Billie e Park e passamos a usar essa expressão em vez de, erroneamente, HY (histeria), que usávamos como rotina para os pacientes que apresentavam quadro exagerado de reação psicossomática.
Tempos depois, o “Billie e Park” subiu os andares, tomou conta do HC. Posteriormente, sofreu corruptela para “bilipak” e, mais tarde, nova corruptela para “piripaque”.
Hoje, piripaque é largamente usado, inclusive por jornalistas e escritores de todo o Brasil. Basta conferir “piripaque” no Google. Ainda não mereceu a honra de figurar no Aurélio ou no Houaiss, mas logo chegará lá.
Quando o dicionário se referir à origem do vocábulo, seu criador deveria ser lembrado, o Dr. Delmont Bittencourt, talentoso cirurgião, braço direito do Zerbini, os introdutores da cirurgia cardíaca em nosso meio.
*Publicado originalmente no Suplemento Cultural da Revista da Associação Paulista de Medicina, em setembro de 2017.
Fonte: Internet (circulando por e-mail e i-phones).

DÚVIDAS JURÍDICAS PARA O EXAME DE ORDEM


A loira se formou em direito, mas está com 15 dúvidas, e resolveu formular uma lista para a OAB:
1. Qual a capital do estado civil?
2. Dizer que gato preto dá azar é preconceito racial?
3. Com a nova Lei Ambiental, afogar o ganso passou a ser crime?
4. Pessoas de má fé são aquelas que não acreditam em Deus?
5. Quem é canhoto pode prestar vestibular para Direito?
6. Levar a secretária eletrônica para a cama é assédio sexual?
7. Quantos quilos por dia emagrece um casal que optou pelo regime parcial?
8. Tem algum direito a mulher em trabalho de parto sem carteira assinada?
9. A gravidez da prostituta, no exercício de suas funções profissionais, caracteriza acidente de trabalho? (Essa até eu fiquei na dúvida)
10. Seria patrocínio o assassinato de um patrão?
11. Cabe relaxamento de prisão nos casos de prisão de ventre? (Essa é demais)
12. A marcha processual tem câmbio manual ou automático?
13. Provocar o Judiciário é xingar o juiz?
14. Se um motel funciona somente das 8 às 18 horas, podemos dizer que ali só ocorrem transações comerciais?
15. Para tiro à queima-roupa é preciso que a vítima esteja vestida?
Alguém aí pode ajudá-la? 😂😂😂😂
Fonte: Internet (circulando por e-mail e i-phones). Sem autoria explícita.

sábado, 23 de maio de 2020

PANDEMIA: O que fazer quando chegar da rua


- Pegue a correspondência.
- Espere o elevador chegar e veja se não tem ninguém.
- Passe álcool nos botões do elevador.
- Suba e vá até sua porta.
- Tire a máscara.
- Desembace os óculos.
- Faça massagem nas orelhas.
- Passe álcool nas orelhas e nas mãos.
- Passe álcool nos óculos.
- Tire o sapato.
- Abra a porta.
- Passe álcool na sola do sapato.
- Não deixe a porra do gato sair no corredor.
- Ponha a correspondência na mesa.
- Pegue o gato que saiu.
- Passe álcool nas patas do infeliz.
- Passe álcool nas meias porque você correu atrás do gato no corredor.
- Tire as meias.
- Tire a roupa.
- Não, pô, só quando você estiver dentro de casa.
- Passe álcool no corpo.
- Passe álcool na roupa.
- Passe álcool no chão aonde você deixou a roupa.
- Passe álcool na correspondência.
- Passe álcool na mesa aonde você colocou a correspondência.
- Procure o gato.
- Puta que o pariu. Vá pegar de novo o gato no corredor.
- Espere!!!! Coloque a roupa antes. Agora vai.
- Pegue o gato e passe álcool nas patas dele.
- Jogue a porra do gato para dentro do apartamento.
- Passe álcool na sola dos pés.
- Passe álcool na maçaneta do lado de fora.
- Passe álcool na maçaneta do lado de dentro.
- Passe álcool no molho de chaves.
- Passe álcool na sua carteira.
- Passe álcool no RG.
- Passe álcool no cartão da C&A.
- Passe álcool nas moedas.
- Passe álcool nas notas.
- Passe álcool nos cartões de crédito. Até nos vencidos que você guarda sabe-se lá porquê.
- Passe álcool na sua CNH.
- Passe álcool no vidro de álcool.
- Passe álcool nas mãos.
- Cadê a porra do gato?
Fonte: Internet (circulando por e-mail e i-phones). Sem autoria explícita.

SEM MÉDICO E SEM CELULAR


O político chega numa vila no interior e as pessoas se aproximam e falam pra ele:
- Senhor, a gente aqui tem dois problemas grandes.
- Qual é o primeiro?
- Não temos médico.
O político pega o celular, caminha falando e volta e diz:
- Pronto! Amanhã chega um médico. Qual é o segundo problema?
- Aqui não pega o celular.
Fonte: Internet (circulando por e-mail e i-phones). Sem autoria explícita.

sexta-feira, 22 de maio de 2020

AOS VIVOS: "Guenzo, torto, fora de esquadro..." ... e outros causos


Guenzo, torto, fora de esquadro...
Recapitulando: Dedé Odrex é primo de Dedé Odrin, fabricantes caseiros de veneno pra inseto de pequeno porte - o mucuim, em especial. Um, antípoda do outro. Odrin, calmo, instruído; Odrex, brabo feito um traque, ignorante. Finos comerciantes, adentraram ao palco das mídias sociais. Odrin entendeu de cara o processo. Odrex voava nos pormenores. E o pormenor da hora: como organizar o feed do Instagram. O papo, no bar dos Papudim, começa com o mais sabido.
- O Unum...
- Unum? Conheço o anum, aquele pásso preto, 'molerão', do bico grosso, catador de carrapato em espinhaço de animal... - despacha Dedé Odrex.
- Unum é um aplicativo gratuito que ajuda a organizar o feed do Instagram.
- Fí de... fí de... fí quem?
- O feed do Instagram, ferramenta útil para quem quer...
Aporrinhado com o feed, Odrex ensina ao povo do setor o outro lado da ferramenta:
- Desses aí, só conheço um que presta: o fí de rapariga do meu sogro! Ô véi quintura!
Por que "fora de esquadro"
Dedé Odrex - o brabo - precisava premiar o primogênito Dedezim Odrex à altura, o menino havia tirado 9,5 em matemática. O presente? Um esquadro ("instrumento chato em forma de triângulo retângulo que serve para traçar ângulos retos ou linhas perpendiculares"). Dedezim deu valor.
Dias se passaram. O jovem, na sala vendo TV, sem querer deixa cair no carpete o bolo de chicletes (da marca Ploc) que mascava com gosto de gás. Logo a goma grudou. Grudou e não descolou mais, deixando mondrongo no tapete do chão da sala. Nesse instante o pai vem chegando do trabalho. O pivete, temendo levar carão, bota o pé em cima do malfeito. Sai dali nem a pau. O velho, desconfiado...
- Por que é que tu aí feito estauta?
- Nada, só me espreguiçando.
- E o pé nesse pedaço de tapete? Por um acauso ele terá nascido aí?
- Não, pai, é porque...
Dedezim leva empurrão de Dedézão Odrex e o malfeito é descoberto. Briga feia.
- Vá buscar o esquadro que lhe dei de presente - ordena o velho brabo.
- Taqui, pai...
- Vai levar surra de esquadro pra aprender a ter cuidado com as coisas de casa.
Peia tão medonha que Dedezim Odrex passou um ano caxingando, torto pruma banda, com o parafuso de centro empenado, guenzo, fora de esquadro...
O plágio de Pirandello
Também tomava seus pifões. Cana pura. Era Dedé Odrex versão "boneco federal", "imbuanceiro". E aí Ferrim ganhou do Calouros do Ar e ele foi comemorar com amigos num bar da Rua da Cachorra Magra, chegando tarde da noite, todos já dormindo. Melado, confundiu o gato de casa com um ladrão, a passear solene por entre os santos do altar de Nossa Senhora, e largou a mãozada no rumo - tabefe certeiro que arranca as cabeças de São José, São Francisco e São Jorge, enfileirados. Depois acendeu a luz. E viu a besteira feita. Pôde de bêbo, junta as cabeças e cola uma a uma, precariamente, aos corpos dos santos decapitados. No outro dia, a mulher vê a arrumação e corre pra contar o ocorrido ao marido, ressacado.
- Dedé, um malfazejo entrou aqui em casa essa noite e, só pra fazer o mal, trocou as cabeças dos santinhos do alta. Que tu acha desse corno fí duma égua?
- Assim é (se lhe parece)!
Fonte: O POVO, de 27/06/2019. Coluna “Crônicas”, de Tarcísio Matos. p.2.

quinta-feira, 21 de maio de 2020

REMÉDIO PARA A DOENÇA E PARA A ECONOMIA


Por Mayra Pinheiro (*)
O governo brasileiro tem adotado diversas medidas para a contenção da infecção humana causada pelo novo coronavírus e, também, da crise econômica decorrente da doença e suas medidas restritivas.
Sem dúvida alguma, o maior prejuízo é a perda das vidas e o adoecimento físico e emocional. Além destes, já convivemos com a recessão decorrente da parada de produção e da necessidade de investimentos vultosos em ações emergenciais, como a abertura de novos leitos hospitalares, a construção de hospitais provisórios e a produção de todos os equipamentos de proteção individual.
Mais que de apresentações de estatísticas e curvas pouco inteligíveis para o cidadão comum, a sociedade espera um plano que inclua uma solução para a doença e para a economia.
Uma resposta para doença inclui a utilização da hidoxicloroquina, que esta semana ganhou novo impulso com a aprovação do seu uso pelo Conselho Federal de Medicina e com o estudo elaborado pela operadora de saúde Prevent Senior e enviado à revista PLOS Medicine, que avaliou o uso precoce da medicação em 636 pacientes com idade média de 62,5 anos com suspeita de terem contraído o novo coronavírus.
Do total da amostra, 412 pacientes tomaram a hidroxicloroquina associada à azitromicina logo nos primeiros dias de sintomas. Os outros 224 não usaram a medicação e funcionaram como grupo controle.
De acordo com a pesquisa, o uso da medicação no estágio inicial da doença - associado ao isolamento social dos pacientes -, levou à redução de 80% na procura de unidades de pronto-atendimento e de 60% no número de mortes. A conclusão do estudo revela que foi evitada uma internação para cada 28 pacientes que iniciaram o tratamento precoce com a hidroxicloroquina.
Temos sim uma opção para a doença. Falta-nos a decisão para usá-la, aliada a outro remédio: a reabertura da economia com um plano regional responsável. 
(*) Médica neonatologista. Secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 18/4/2020. Opinião. p.14.

quarta-feira, 20 de maio de 2020

FORTALEZA ENTRE RIOS


Por Artur Bruno (*)
Margear o rio foi, ainda nos primórdios do século XVIII, uma das principais prerrogativas das ordenações régias quando das primeiras ocupações das terras cearenses. Os vaqueiros, tangerinos, sesmeiros, proprietários de terras e das fazendas de gado, representantes do Estado português se estabeleceram às margens dos rios, onde o mínimo de pastagem para as boiadas era possível.
A capital não fugiu à regra. O Pajeú é historicamente o rio no entorno do qual se assentou a cidade. Infelizmente, em volta do riacho hoje poluído, restam poucas áreas verdes de margem, uma delas próxima à sede da Prefeitura, no Centro. Nossa cidade, ocupada de forma desordenada, não contribuiu para a preservação de seus mananciais. Dezenas de lagoas, por exemplo, foram aterradas.
Mesmo assim, a vegetação de Fortaleza é tipicamente litorânea com áreas de mangue e restinga. As áreas de restinga encontram-se nas proximidades das dunas da cidade e perto da foz dos rios Ceará, Cocó e Pacoti. Nos leitos destes rios a mata predominante é a de mangue. Estas matas estão protegidas por lei e parte delas constituem-se na maior área verde da cidade, o Parque Estadual do Cocó, com 1.580 ha, regulamentado pelo governador Camilo Santana em 2018, fundamental para preservação do rio Cocó. Seguindo a tendência, o prefeito Roberto Cláudio regulamentou o Parque Rachel de Queiroz, com 203 ha, beneficiando 14 bairros da Zona Oeste e ajudando a preservar riachos e áreas alagadas.
A capital é uma cidade fincada entre rios. O rio Cocó e seu leito formam a maior área de mangue de Fortaleza, cidade que absorve 2/3 da sua bacia hidrográfica. Por sua vez, o rio Ceará, que desemboca na praia da Barra, marca a divisa com o município de Caucaia. O rio Pacoti faz a divisa de Fortaleza com Aquiraz. As suas margens, com seus manguezais, formam hoje a Área de Proteção Ambiental (APA) do rio Pacoti. Vale citar também o Maranguapinho, maior afluente do rio Ceará, e o rio Coaçu, afluente do Cocó, que separa Fortaleza do Eusébio, cujo leito ajuda a formar a lagoa de Precabura.
No aniversário de Fortaleza é bom lembrar da riqueza dos nossos rios, de forma a incentivar o sentimento de preservação na comunidade. Enquanto outras cidades do mundo têm rios mortos, a capital cearense ainda tem chance de recuperar seus recursos hídricos, através da limpeza, reflorestamento e recuperação de suas matas ciliares. 
(*) Secretário do Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMA) do Estado do Ceará. Sócio do Instituto do Ceará.
Fonte: Publicado In: O Povo, Opinião, de 13/4/20. p.16.

terça-feira, 19 de maio de 2020

O MÍNIMO DO MÍNIMO


Por Ricardo Coimbra (*)
O novo "reajuste" do salário mínimo do ano de 2020 na realidade é apenas uma reposição das perdas inflacionárias do ano de 2019. Visto que, a nova regra, estabelecida pelo governo atual, define que não ocorrerá ganho real do salário mínimo. Ou seja, o valor foi corrigido apenas pela inflação medida pelo Índice Nacional dos Preços ao Consumidor (INPC), estimado em 4,10%. Uma elevação de R$ 41 em seu valor nominal, saindo de R$ 998 para R$ 1.039,00.
Apenas teríamos um aumento de salário real se o valor nominal fosse reajustado acima da inflação. Significa dizer que quando o valor é corrigido apenas pela inflação é o mesmo que dizer que o aumento do salário mínimo manteve o mesmo nível de valor do início do período anterior. E isso ocorre porque o custo de vida também é elevado ano a ano.
É interessante lembrar que anteriormente o cálculo do reajuste considerava o crescimento do PIB de dois anos anteriores e adicionava a sua correção da inflação. O que gerava ganhos reais ao salário mínimo.
Alguns aspectos podem ser avaliados em relação ao fato. O primeiro deles é pelo lado do trabalhador que desejaria ter elevação em seu salário real na busca de aumentar sua capacidade de compra; e, ou, em muitos casos diminuir seu endividamento e inadimplência. Podendo, também, ser um estímulo ao crescimento da atividade econômica através do aumento de renda real da população.
Outro aspecto está relacionado à situação fiscal do País. E, mais especificamente, ao impacto previdenciário da elevação do salário mínimo. Onde, cerca de 70% dos beneficiários recebem o valor mínimo. E que, segundo o governo, novas elevações no salário real comprometeriam os ganhos advindos com a reforma da Previdência aprovada em 2019.
Dada à existência de um direcionamento do governo na busca da redução do déficit primário, ao longo da gestão, observa-se que tanto para 2021 como para 2022, o indicativo é de que o salário mínimo também seja reajustado somente pela variação do INPC. Ou seja, o mínimo do mínimo. 
(*) Economista, Presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon/CE), vice-presidente da Apimec/NE, professor da Uni7, UniFanor-Wyden e Uece.
Fonte: Publicado In: O Povo, Opinião, de 9/3/20. p.20.