sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

PIADAS: RESOLUÇÕES PARA O ANO NOVO

Na madrugada de entrada do Ano Novo, um homem diz ao outro:

- "Pepe pode me dar um cigarro?"

- "Sinto muito, Pancho, não posso, essa foi a minha resolução de ano novo."

- "Deixar de fumar?"

- "Não, parar de dar cigarros."

– x – x – x –

Uma amiga diz a outra:

- “Terminei este ano apenas com roupas de marca.”

- "Qual marca?" - a outra mulher pergunta a ela.

- “Aquela que marca a bunda, porque tudo me aperta.”

– x – x – x –

Um casal ao amanhecer recebendo o ano novo:

- "Mulher, você ainda está zangada com a minha mãe? Você me prometeu que iria parabenizá-la neste final de ano."

 - "E eu não fiz isso?", responde a mulher.

- "Eu não vi você fazer isso."

- "Você disse Feliz Ano, Véia!"

– x – x – x –

Minhas resoluções de ano novo:

2018: perder 5kg

2019: perder 7kg

2020: perder 10kg

2021: perder 13kg

2022: Lutar contra os padrões de beleza impostos por esta sociedade consumista e materialista...

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.


Crônica: “A minha ave de Natal!” ... e outro causo

A minha ave de Natal!

É tudo uma questão de bom senso, com uma coisinha de nada de audição melhor para que o todo seja melhor compreendido.

Morávamos em São Gerardo, perto da igreja homônima. Casa de esquina, minissítio que ia duma ponta a outra do quarteirão, entre as ruas Dom Rego (hoje Dom Manuel) de Medeiros e Azevedo Bolão. Por esse tempo, meu avô Simão Emídio, já velhinho, tinha propriedade em Caucaia, no Buriti, proximidades do Garrote.

Todo começo de mês de lá vinha à cidade o caseiro seu Chicó, trazendo para o "patrãozim" os frutos melhores do terreno, no lombo duma burra - da manga e da rapadura ao murici, à siriguela e à galinha caipira viva. Chegava cedo pra cedo voltar; viagem longa e sacrificosa.

⁃ Cumpade Simão, cumade Mariinha, bom dia!

- Bom dia, Chicó! Disapêie o animal, bote abaixo a mercadoria, almoce e descanse... - pedia vovô alegre.

Começo de dezembro de 1969, eu era menino, mas lembro bem, seu Chicó, ao despedir-se, montado já na alimária, pede otimista à vovó, igualmente velhinha, precária das ôiças:

- Minha cumade, volto aqui no dia 23 do corrente pra trazer umas cajás... Não esqueça minha áve de Natal, viu?!?

- Tá certo, Chicó! Vá com Deus e pomba do Divino, que é branca!

Por que Chicó pediu a "ave de Natal"? Dona Eloísa, bodegueira vizinha dos meus avós, tinha novidade em seu estabelecimento, o que chamou visceralmente a atenção do caseiro de vovô: árvores de Natal belíssimas, enfeitadas de bolas vermelhas e estrelas amarelas, com lâmpadas piscando e até neve. Chicó, passando por lá pra tomar uma bicada, viu a coisa e se encantou.

No dito dia 23/12/1969, tal como combinado pelo caucaiense humilde para trazer "as festas" dos patrões e pegar as dele, como foi ele recebido por vovó? Com uma "galinha cheia" (assada e cheia de farofa dentro). Chicó se espanta.

- Beisso, cumade Mariinha?

- Tua ave de Natal, Chicó!

- Mas eu falei áve!!!

- E a galinha é o quê?

- Uma ave!

- Ave de póbi é galinha, peru é pra povo rico!

- A áve que eu falei é que nem a da dona Eloísa!

Vovô, ouvindo a conversa atravessada, entendeu tudo. E foi comprar a árvore de Natal que seu Chicó tanto queria, na dona Eloísa.

Essa é do amigo Giovani Oliveira

Toinho, oito anos, morador do Tabuleiro, foi acompanhado da mãe, na véspera do Natal, à casa de sua madrinha, senhora conhecida por ser rica e muito mesquinha. Lá chegando, o menino toma a bênção e a madrinha, logo após, se retira por alguns instantes. O afilhado, pensando que ela havia ido buscar seu presente natalino, fica surpreso quando a observa com um pedaço de pão seco, e lhe entrega o mimo. A mãe de Toinho, que assistia a tudo, fala pro filhote:

- Toinho, meu filho, como é que a gente diz?

- Madrinha, não tem uma manteiguinha aí não?

Fonte: O POVO, de 24/12/2021. Coluna “Crônicas”, de Tarcísio Matos. p.2.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

DO ADVENTO AO RÉVEILLON NA VIGÊNCIA DA COVID-19

A solenidade do Natal foi introduzida no calendário litúrgico cristão pelo Papa Júlio I, que governou a Igreja de 337 a 352 (A.D.), fixando-a no dia do “Sol Invicto”, ainda durante o Império Romano, que obrigava a todos os povos sob o tação romano a celebrarem o renascimento do sol invencível, que era invencível, uma vez que morria, ao cair da noite, e renascia, ao se levantar na manhã seguinte.

No calendário litúrgico católico, o dia 28/11/2021 marca o início do Advento, período de quatro semanas que antecede ao ciclo natalino, cujo acme é alcançado em 25 de dezembro quando o cristianismo celebra o nascimento do Menino-Deus, ocorrido há pouco mais de dois milênios na “cidade do pão”, demarcando o que se convenciona rotular Anno Domini.

Em muitos países, especialmente no mundo ocidental, o Natal aponta para a prestes virada do ano-calendário, com a chegada do Ano-Novo, um feriado qualificado como o Dia Mundial da Paz. Nesse momento festivo, independente da profissão de fé, as pessoas, “grosso modo”, aproveitando um certo recesso laboral e estando envoltas no clima da confraternização universal, buscam estreitar ou criar laços de amizade, materializadas em festas de Réveillon.

O Réveillon, já de há muito tempo, tornou-se um objeto de consumo apropriado pela ganância dos interesses privados e pelo uso político da parte do poder público. A Prefeitura de Fortaleza, há alguns anos, vem investindo, muito pesadamente, em promover um feérico evento, para assinalar a passagem do ano.

Para tanto, lança mão de vultuosos recursos, sobretudo oriundos do seu próprio erário, em uma acerba disputa para se rivalizar com o Réveillon congênere da Cidade Maravilhosa, em termos de público presente, atraído por um longo show pirotécnico e por caras apresentações artísticas, e regado ao exacerbado consumo de bebidas alcoólicas, gerando entre algumas pessoas um espetáculo de contorcionismos que muito lembra a histeria coletiva em cidades europeias à época da Peste Negra.

Antes da pandemia da Covid-19, a Prefeitura da capital cearense estranhamente propagava a presença de mais de um milhão de participantes em um delimitado espaço físico, situado na Praia de Iracema, onde a festa se concentra. Sem entrar nos méritos das cifras arroladas, as imagens captadas nesses festejos locais e divulgadas na mídia identificam uma multidão bastante apinhada, naturalmente inviável à aplicação de medidas de distanciamento social.

Após dezoito meses de agruras dos fortalezenses, na convivência de ondas pandêmicas que se sobrepuseram, sem um claro intervalo entre elas, experimentam-se dois meses de certa acalmia dos números de óbitos, internações e casos de Covid-19, no mesmo compasso em que se avançou na cobertura vacinal contra o novo coronavírus.

O recente descenso da pandemia ensejou a flexibilização das medidas sociais restritivas, o que suscitou a mobilização para reativar o Réveillon municipal, algo que pode ser açodado tendo em conta a ressurgência da Covid-19, na forma de uma quarta onda, que começa a assolar alguns países europeus atualmente, conforme alertou a Dra. Mariângela Simão, diretora-geral adjunta da Organização Mundial da Saúde, na sua conferência da abertura do XI Congresso Brasileiro de Epidemiologia, em transmissão online a partir de Fortaleza, proferida em 22 de novembro de 2021.

As palavras de prudência do Gov. Camilo Santana e do seu secretário de saúde Marcos Gadelha sobre o citado Réveillon são dignas de encômios. Em 26/11/2021, o governador do Ceará anunciou decreto proibindo a feitura de megaeventos públicos em todo o território cearense, medida aplicável a todos os municípios, podendo ser realizados confraternizações de Réveillon limitadas a 2.500 e 5.000 pessoas, respectivamente, em locais fechados e abertos, com acesso condicionado à exibição de passaporte sanitário. O Prefeito de Fortaleza, por sua vez, em 27/11/2021, comunicou o cancelamento do Réveillon que se cogitava ser reativado no Aterro da Praia de Iracema.

Que as quatro velas do Advento, acesas a cada semana, tragam as inditosas lembranças das mais de seiscentos mil vítimas fatais da Covid-19 computadas no Brasil até então e protejam o povo brasileiro contra o provável aporte da variante Ômicron, dita como responsável por uma quarta onda, ou que, pelos menos, mitiguem os seus efeitos deletérios na Terra Brasilis.

Acad. Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Membro titular da ACM – Cadeira 18

* Publicado In: Jornal do médico digital, 2(20): 42-44, dezembro de 2021. (Revista Médica Independente do Ceará).


quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

COMPROMISSO COM A SEGURANÇA PÚBLICA

Por Henrique Soárez (*)

Tiquinho é marceneiro. Sua esposa foi assassinada e ele foi expulso de sua moradia. Viu os bandidos trocarem a fechadura da sua porta. Hoje mora de favor e se ressente de precisar pedir dinheiro. Nem espera ter a casa devolvida. Sabe que o Estado não tem como garantir a sua segurança.

Mesmo com todos os avanços em políticas públicas no Ceará das últimas décadas, o crime segue mais organizado que o estado. A importante série "Guerra Sem Fim", produzida pelo Grupo O POVO, expõe a triste realidade: as facções colocam fronteiras. Para ficar em um só exemplo: alunos de um território não podem assistir aula em outro.

Em um "bom" ano, 40% dos homicídios no nosso estado são solucionados. A média mundial é 63%. Defensores públicos advogam aluguel social para as famílias deslocadas. É razoável, mas a proposta evidencia o tamanho do problema: a moradia anterior não foi destruída por um acidente natural. Ela está lá, ocupada por um bandido, e o Estado propõe um paliativo.

Nós, a sociedade, abandonamos Tiquinho. Nos encontramos próximos à anomia social. Com toda a controvérsia que envolve o combate às drogas, não deveria ser difícil encontrar algumas unanimidades no campo da segurança pública: é vasta a convergência entre quem valoriza o direito à propriedade e quem coloca em primeiro lugar o direito à vida.

O problema do crime organizado é complexo. Soluções requerem coordenação entre todos os entes federativos: segurança pública é responsabilidade dos estados, que precisam prover especialmente visibilidade às forças policiais; os municípios precisam prover iluminação, cultura, esporte e educação; e a União deve orquestrar uma política nacional de segurança, além de oferecer meios para os demais entes enfrentarem organizações criminosas que podem ser internacionais. Tratar a doença requer também persistência. Como uma mola que não se opõe diante de uma ação externa, as organizações criminosas aguardam a intervenção cessar para seguir com suas atividades.

Meu voto para governador em 2022 e para prefeito em 2024 dará grande importância às propostas para lidar com o crime organizado e as facções. Quatro anos de trabalho não resolvem, mas um dia de inação torna o problema ainda mais entranhado. 

(*) Engenheiro eletricista, diretor do Colégio 7 de Setembro e da Uni7

Fonte: Publicado In: O Povo, de 2/12/21. Opinião, p.18.

JESUS CANCELADO NO NATAL

Por Pe. Vanderlúcio Souza (*)

Em muitos lugares e há muitos anos, o protagonista que deu origem à data é cancelado. Seu nome não é mencionado. Ele não aparece em comerciais de TV aberta, não ganha doodle na big tech de busca e nas decorações dos grandes centros comerciais, encontrá-lo é um acaso.

Existem aqueles que querem abolir a felicitação de Natal, substituindo-a simplesmente por um desejo de boa festa de fim de ano. O cancelamento de Jesus em seu Natal vem desde o seu nascimento. No relato bíblico, quando soube que aquela criança havia nascido na pequena Belém de Judá, o virulento Rei Herodes convocou secretamente os magos para saber o paradeiro do menino. Avisados em sonho, os magos não retornaram ao Rei, o que o deixou cheio de ira. Enfurecido, expediu decreto ordenando o massacre de recém-nascidos em toda a região da Judeia.

Mas por que o nascimento de uma criança assusta tanto, inclusive, governos e governantes até os dias atuais? Os discípulos de Herodes, ao longo dos séculos, não compreendem a manifestação da grandeza de Deus que se dá justamente ao abaixar-se. Não entendem, como escreveu Santo Agostinho, o fato de "o criador do sol ter-se feito sob o sol''. Impregnados das ilusões das coisas que passam, esquecem a contemplação do mistério da eternidade que veio ao tempo tocar e trazer uma mensagem de salvação que exige uma mudança de vida.

Quiçá, neste Natal, os homens acolham o Menino Deus que vem nos visitar e com a sua luz dissipar a noite da desesperança e do medo. Jesus cancelado insiste em vir até nós porque nos ama. Ele sabe que nossa felicidade consiste em amá-lo, em nos juntar aos magos na oferta de tudo o que temos e somos e aos pastores na mais profunda adoração.

(*) Jornalista e Coordenador do Setor de Comunicação da Arquidiocese de Fortaleza. Sacerdote recém-ordenado.

Fonte: O Povo, de 24/12/2021. Opinião. p.22.

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

TRABALHO: Saúde e Segurança sempre necessárias

Por Lêda Maria Feitosa Souto (*)

Acompanhamos uma época em que a informação alcança parte das incertezas causadas pela pandemia da Covid-19, clareando as interrogações não só técnicas, mas emocionais, relacionadas a saúde, segurança, processos de aprendizagem e transformações diversas. Ideias permanecem apoiadas na evolução da tecnologia, e feliz é aquele que consegue a harmonização.

Na próxima segunda, 29/11, O POVO, avançando na realização de projetos educativos, executa o webinar "Saúde e Segurança no Trabalho", desenvolvendo temas capazes de mostrar como investir na construção do trabalho seguro em tempos de crise, em tempos de Covid-19. Como ter cuidado com as pessoas e respeitando seus direitos e impulsionando seus deveres. Agrupa nesta programação profissionais renomados e dispostos a abrir o leque de dados e teorias para abastecer este mundo novo, formando-se e exigindo do ser humano a disponibilidade para se despir de velhos conceitos e vestir indumentária nova e tão forte como o linho criado entre fios de algodão capaz de receber frio e calor, sol e sombra.

A programação tem em seu primeiro painel "Os desafios da execução do trabalho seguro em tempos de crise", e como palestrante o desembargador Francisco José Gomes da Silva, do TRT 7ª Região, e Mirella Cahú, juíza do Trabalho. Depois, o segundo painel mostrará a "Importância do Ambiente de Trabalho no desenvolvimento de atividades saudáveis", com os palestrantes Alexandre de Lima Santos, médico do Trabalho, e Paulo Régis Botelho, desembargador e corregedor do TRT 7ª Região.

De posse dos dados alarmantes sobre acidentes e doenças no ambiente de trabalho, o evento ampliou-se, chegando agora para iluminar as interrogações em torno da legislação, enfermidades, protocolos e dúvidas multiplicadas no pós-pandemia. Daí nasceu o terceiro painel, que terá Mariana Pereira Serra, médica do Trabalho do Grupo 3Corações e Sérgio Torres Teixeira, desembargador do TRT 6ª Região, professor e escritor. Eles tratarão sobre "A prevenção de acidentes e doenças ocupacionais". Todos os temas são direcionados aos muitos profissionais dos mais diversos segmentos contemplados pela riqueza do temário desse webinar interativo e envolvente. 

(*) Jornalista; colunista de O Povo; membro da Academia Fortalezense de Letras.

Fonte: O Povo, de 27/11/2021. Opinião. p.16.

NATAL: tempo de renascer

Por Pe. Eugênio Pacelli SJ (*)

Todos os anos é possível observar casas, lojas e ruas decoradas, anunciando a proximidade do Natal. Contudo, uma pergunta me inquieta: qual o real sentido desta festa? Acredito não ser o único a trazer essa inquietação no coração. Penso que muitos sentem que a superficialidade chegou à celebração deste evento da agenda cristã, tão sufocada por interesses consumistas e a vergonhosa manipulação e distorção dos símbolos religiosos. São excessos e despropósitos que maculam o verdadeiro sentido do Natal.

O secularismo e o consumismo obscurecem no coração humano o sentido e o desejo de celebrar. Afinal, como celebrar o mistério de um Deus feito homem, numa sociedade que vive praticamente de costas para Deus e destrói a dignidade do seu rosto presente em cada ser? Para muitos, pouco importa crer ou não que Cristo nasceu. Sua vida segue do mesmo jeito. Será? Muitos parecem não necessitar de Deus e não acreditar que a proximidade com Ele mude algo em sua existência.

Há muito tempo, alguns filósofos falaram da “morte de Deus”. Não será que a morte de Deus arrasta consigo, também, “a morte do homem”? Penso que isso possui uma relação direta. Quando se tira Deus do horizonte humano, abre-se espaço para que a dignidade humana seja violentada em toda a sua amplitude e se reduz a existência humana a nada. O Natal não pode ser a festa dos que se sentem distantes de Deus. O Deus que se aproxima nos atrai ao seu coração bom e misericordioso. No coração desta festa, há uma chamada para que absolutamente todos se aproximem de Deus, que se mostra na fragilidade de uma criança.

O Deus inacessível se fez humano e sua proximidade misteriosa nos envolve. No menino nascido em Belém, a verdade e a bondade de Deus pelas criaturas aparecem de maneira mais terna e bela. Não necessitamos do renascimento de Deus em nós? Que Sua luz brote em nossas consciências, que abra caminho em nossos conflitos e contradições.

Ele pode nascer em cada um de nós. Felizes os que, diante do barulho e de todos os apelos do mundo, ousam abrir o coração ao Deus Emanuel e O acolhem no presépio de seu coração sedento e agradecido. Esses viverão o Verdadeiro Natal...

(*) Sacerdote jesuíta e mestre em Teologia. Diretor do Seminário Apostólico de Baturité.

Fonte: O Povo, de 18/12/2021. Opinião. p.18.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

BRANQUEAMENTO DO POVO BRASILEIRO e ANTISSEMITISMO

Meraldo Zisman (*)

Médico-Psicoterapeuta

No Brasil a repercussão do discurso eugênico-nazista permanece significativa

As imigrações dos últimos 150 anos para o Brasil são perceptíveis na formação do País. Muitas comunidades de imigrantes trouxeram consigo, nas suas culturas, elementos antissemitas do imaginário popular, principalmente aquelas oriundas da Europa Central e Oriental. Em alguns locais dessas regiões só recentemente os judeus foram plenamente incluídos na comunidade, podendo agora enterrar seus mortos em cemitérios cristãos.

Movimentos racistas no Brasil, preconizados por grupos denominados neonazistas, os têm como um de seus alvos, ao lado de afrodescendentes, nordestinos, homossexuais e outras minorias como os mendigos, pobres, sem teto, meninos de rua e outros socialmente marginalizados.

Afora os judeus que vieram com os portugueses a partir do descobrimento, é a partir de meados de 1875 que se dá a vinda das primeiras famílias judaicas para o País. A extração da borracha no Norte do Brasil foi um dos principais atrativos. No início do século XX, na tentativa de fugir da miséria causada na Europa após a Primeira Grande Guerra, uma terceira leva de judeus começou a chegar ao território brasileiro, todos convictos de que esse seria o País da tolerância religiosa e também do enriquecimento rápido: café, borracha, fabricação de tecidos e insipiente produção industrial.

À época, a intenção do governo brasileiro era a de atrair novos contingentes populacionais para o incremento da produção agrícola, a ocupação efetiva do território e o suprimento de força de trabalho qualificada para as indústrias nascentes. Os judeus que eram provenientes do Leste Europeu instalaram-se em grande parte nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, os dois maiores centros urbanos dos pais. Muitos desses judeus eram comerciantes, mas também havia aqueles que se dedicavam ao setor de serviços, ao artesanato ou ainda ao trabalho fabril.

Já os judeus que chegavam da Rússia se instalaram no Rio Grande do Sul e, por conhecerem técnicas agrícolas, logo se alojaram nas colônias que eram fundadas pelas instituições de ajuda a esses imigrantes. Até a década de 1930 o que se pensava no Brasil a respeito da imigração era que essa contribuísse para a formação racial e cultural da sociedade, especialmente se estivesse influenciada pelos ideais do branco europeu.

A partir de então, essa forma de ver e de pensar o imigrante transformou-se num discurso nacionalista e nativista, o que levou à criação de uma lei que restringia a entrada de alguns estrangeiros no país, destacando-se os judeus.

Na esfera das teorias raciais europeias que adentraram o país durante as primeiras décadas do século XX, a ideia do branqueamento racial teve um forte impacto na mentalidade social brasileira

O intuito dessa política era de “preservar a raça brasileira”. Para atingir esse objetivo foi elaborada, no ano de 1934, uma lei que definia a estratégia de controle da imigração. A partir de então o governo brasileiro passou a ter autoridade total sobre a entrada de imigrantes judeus no Brasil. Alguns exemplos são os textos que trataram de compreender detalhadamente fatos como o da chegada dos portugueses, do processo da mestiçagem e do começo do período republicano, englobando as teorias e a crítica cultural que surgiram ao longo do século XX.

Silvio Romero, por exemplo, foi um dos intelectuais que – simpatizante das ideias nacionalistas que na época eram propagadas – queriam encontrar uma identidade “autóctone” para a população brasileira. O autor rompe com a visão romântica e propõe que se faça a elaboração de estudos da cultura do Brasil, partindo das concepções evolucionistas e raciais construídas pelos europeus.

Na esfera das teorias raciais europeias que adentraram o país durante as primeiras décadas do século XX, a ideia do branqueamento racial teve um forte impacto na mentalidade social brasileira. Voltados para as questões da formação racial, cultural e até religiosa do Brasil, esses pesquisadores procuravam descobrir como a sociedade brasileira agia e pensava com relação à chegada dos imigrantes.

Percebendo uma certa insuficiência nos estudos que remontassem à história da imigração judaica brasileira e os diversos aspectos e causas que ela trouxe consigo, sentimos a necessidade de tentar compreender a trajetória dos imigrantes judeus no Brasil no século XX, mais especificamente nos anos 20 e 30, identificando a representação do grupo na sociedade e também nos discursos promovidos por uma determinada classe intelectual.

Alguns estudiosos denunciaram o antissemitismo no cenário político brasileiro, fundamentando-se em cartas, documentos oficiais e periódicos. Elementos como o racismo e o preconceito passaram a fazer parte da história política e social do Brasil. Embora (seguindo) a mesma linha dos autores que se dedicaram ao estudo da questão judaica no Brasil, resolvemos debruçar nossos esforços um pouco mais além da problemática imigratória dos judeus no país, buscando analisar os discursos raciais e políticos no final do século XIX e das primeiras décadas do século XX, tendo o judeu como elemento discriminado central dessas ideias, baseadas no nacionalismo alemão da era nazista. Na Alemanha, a partir de 1933, no período da 2.ª Guerra Mundial, a eugenia passou do discurso à prática.

No Brasil a repercussão do discurso eugênico-nazista continua significativa.

(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE), da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES) e da Academia Recifense de Letras. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).


domingo, 26 de dezembro de 2021

É TEMPO DE ESPERANÇA

Por Pe. Reginaldo Manzotti (*)

No dia 12, celebramos Nossa Senhora de Guadalupe. As aparições da Virgem Maria oficializadas pela Igreja sempre deixaram profundas marcas na história, na alma e no coração dos fiéis. As impressionantes provas da aparição de Nossa Senhora ao índio Juan Diego até hoje desafiam a ciência.

Na imagem do manto, Nossa Senhora aparece como uma jovem recém-saída da adolescência, com pele morena e rosto ovalado, cujo semblante sugere uma atitude de profunda oração, amor e ternura. Fenômenos inexplicáveis do ponto de vista da ciência e das técnicas de pintura conhecidas pela humanidade também estão presentes na imagem de Nossa Senhora e fazem os estudiosos concluírem por sua origem milagrosa.

Um deles, descoberto por um pesquisador após a ampliação dos olhos da imagem de Nossa Senhora de Guadalupe com aparatos tecnológicos, é a constatação de que sua íris reflete uma cena em que aparecem várias figuras, o que seria inviável dado o espaço diminuto, incluindo um índio sentado com a pernas cruzadas; o bispo; outro espanhol, que, como se sabe, servia de intérprete para o bispo; uma mulher negra, chamada Maria, que trabalhava na sede episcopal; uma família com seis pessoas, entre elas, crianças; o próprio índio Juan Diego com a tilma esticada contendo a imagem e para onde estão voltados os olhares dos demais.

Também não poderia deixar de destacar neste mês a Festa do Natal, que, depois da Páscoa do Senhor, é a festa mais importante para os católicos. O Natal do Senhor trata-se do cumprimento da promessa de Deus. É o próprio Deus que vem ao nosso encontro.

Todos os anos, a graça e o sentido do Natal se renovam. José e Maria procuram um lugar para Jesus nascer e batem à nossa porta. Façamos da nossa família um presépio e de nosso coração uma manjedoura para acolher o Menino Jesus. É esse o lugar em que Ele mais deseja nascer.

Deus Menino vem a nós com um forte apelo de paz, união, solidariedade e esperança. Então, mais do que nunca, depois de tudo o que passamos e ainda estamos passando nessa pandemia, Natal é tempo de renovar a esperança, de exercitar a caridade, o perdão e viver em toda sua plenitude essa experiência do amor de Deus, porque Natal é amor.

Uma luz brilhou para nós, nasceu-nos um Menino, um Salvador, o Emanuel. Por amor, Deus visitou o Seu povo e entre nós fez Sua morada! Feliz e Santo Natal a todos!

(*) Fundador e presidente da Associação Evangelizar é Preciso e pároco reitor do Santuário Nossa Senhora de Guadalupe, em Curitiba (PR).

Fonte: O Povo, de 4/12/2021. Opinião. p.22.

sábado, 25 de dezembro de 2021

TU VENS, EU JÁ ESCUTO OS TEUS SINAIS...

Por Pe. Eugênio Pacelli SJ (*)

Iniciamos mais um Advento: tempo de preparação para o Natal. Palavra latina que significa aproximar-se, vir aos poucos, "Ele vem para junto de nós". No primeiro advento, Ele veio para junto de Maria, José e dos pastores. Já no segundo adventum, Ele veio como Senhor absoluto de toda a história e estará ao nosso lado, com todo o fulgor. E assim seremos vistos sem medo, nem condenação, com um olhar de amor. O olhar do Cristo glorioso!

O Advento não é somente uma convenção da igreja, mas uma atitude profunda que remete à esperança, acende as lâmpadas da espera, abre os ouvidos da escuta, e dispõe nosso espírito para o acolhimento. É o tempo de feliz espera!

Segundo o poeta, "Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos".

Em tempos tão desafiadores, de ressignificações provocadas pela pandemia da Covid, de corações tão ansiosos, sufocados por interesses consumistas, que manipulam o sentido e os símbolos religiosos, somos convidados a recuperar o real sentido do Advento. Façamos um novo esforço por viver e celebrar esse tempo como uma oportunidade e um momento novo e intenso para aprofundar o mistério da fé. Não nos deixemos levar por este microclima que ofusca o aniversariante e sua proposta salvífica.

Como cristãos autênticos, alimentemos sonhos, semeemos esperança e priorizemos as relações importantes, familiares ou não. É tempo de redimensionar o coração para o que realmente é essencial, pois onde estiver o teu coração aí estará a tua prioridade.

O tempo que se gasta para Deus nunca será perdido. Portanto, o Advento nos encaminha para a gruta de Belém, onde Deus se faz criança e mostra sua simplicidade e doçura na família. Faz-se humano para nos fazer divinos. Preenche nossos corações da certeza de que, por mais que estejamos na noite escura do sofrimento, podemos contar com a luz que Ele acendeu definitivamente sobre a humanidade.

Esta Luz é Jesus que veio para o meio de nós! Feliz Advento! 

(*) Sacerdote jesuíta e mestre em Teologia. Diretor do Seminário Apostólico de Baturité.

Fonte: O Povo, de 27/11/2021. Opinião. p.16.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

FOLCLORE POLÍTICO LXVI: Porandubas Políticas 620

Abro a coluna com duas historinhas do Paraná contadas por Sebastião Nery.

Na latitude

Pedro Liberty, vendedor de loteria, elegeu-se deputado estadual pelo PTB. Foi à tribuna fazer um discurso contra o prefeito de Curitiba:

– As ruas estão esburacadas, sem luz, e, à noite, os cachorros soltos, numa latitude que não deixa ninguém dormir.

Xaxixo

Antônio Constâncio de Souza, deputado pelo PSP, pediu um aparte a Armando de Queiroz, líder de Ney Braga na Assembleia.

– Não dou o aparte, não. V. Exa. não está à altura de participar dos debates. V. Exa. não é capaz de citar uma palavra com 3 x. – Sou, sim. Xaxixo.

Queria dizer salsicha.

Fonte: Gaudêncio Torquato (GT Marketing Comunicação).

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

ONDE ESTÁ O DINHEIRO?

Por Rev. Munguba Jr. (*)

Nos últimos anos recebemos, pelos meios de comunicação, notícias de pessoas que devolveram dinheiro - e muito dinheiro - aos cofres públicos. O mais interessante é que essas pessoas foram inocentadas pela justiça. Como devolvem milhões e milhões de reais e, mesmo assim, são inocentes? Será que são filantropos? Corações bondosos? Pense comigo. Todo roubo é terrível e execrável. Mesmo que esse dinheiro fosse revertido para a criação de empresas, empregos e ações proativas para geração do crescimento econômico, o ato cometido continuaria sendo errado. Mas a maior dor é saber que a maioria dos recursos desviados nunca será utilizada. Funcionam como uma segurança doentia, guardados em paraísos fiscais ou escondidos em apartamentos mofados.

Cada centavo desviado significa morte de brasileiros de bem. Morte na ausência de hospitais, UTIs e políticas públicas na prevenção de doenças; morte nas estradas inacabadas e sem manutenção; morte no boicote indouto a tudo que se chama progresso.

No nosso Nordeste, a falta de respiradores ocasionou mortes durante a pandemia. Aparelhos encomendados a empresas que trabalham em ramos bem diferentes do que chamamos saúde foram apenas encomendados e nunca entregues. Uma empresa de "muita sorte", em sua segunda nota fiscal, faturou milhões e milhões de reais.

Ora, se a justiça brasileira recebeu de volta tanto dinheiro de "inocentes", imagine o volume de dinheiro subtraído da nossa nação. Como é triste ler na música Reunião de Bacana, de Ari do Cavaco: "Se gritar 'pega ladrão', não fica um, meu irmão". Um certo galileu, ativista político, vendeu seu melhor amigo por 30 moedas de prata. Depois percebeu que, mesmo tendo "bons motivos", a morte tinha sido implantada. A dor do seu coração o levou a um sentimento de culpa que culminou em suicídio. As moedas foram devolvidas, mas a vida já tinha sido ceifada.

Oro para que nossos compatriotas tenham tempo hábil para reconhecer seus erros.

Todos podem errar e devolver tudo aos cofres públicos e realinhar sua vida em prol da vida de todos. No caso do galileu traído e morto, ele ressuscitou, está vivo hoje e traz vida para todos que o recebem. Mas nossos queridos que partiram só os encontraremos no céu. 

(*) Pastor Munguba Jr. Embaixador Cristão da Coreia do Sul Para a Implantação da Oração da Madrugada e Erradicação da Pobreza no Brasil.

Fonte: O Povo, 20/11/2021. Opinião. p.20.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

A MÃE DA MEDALHA MILAGROSA

Por Pe. Reginaldo Manzotti (*)

São inúmeras as devoções marianas. A Igreja e o povo de Deus, de forma abundante e generosa, podem contar com a especial ação d'Aquela que é, ao mesmo tempo, Mãe de Jesus e nossa também.

Em 27 de novembro de 1830, na capela das Irmãs Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, na França, a noviça Irmã Catarina Labouré teve uma visão de Nossa Senhora. Em seu relato, Catarina Labouré afirmou que a Mãe de Deus baixou os olhos e disse, no íntimo de seu coração: "Este globo que vês representa o mundo inteiro (...) e cada pessoa em particular". Irmã Catarina também ouviu de Nossa Senhora o pedido para que cunhasse uma medalha e a garantia de que todas as pessoas que a trouxessem com devoção receberiam muitas graças.

Sofremos por muitas catástrofes climáticas e muitos profetizam um mundo fadado ao caos. De fato, é possível que o ser humano, por mal-uso de sua liberdade, acabe destruindo nossa casa chamada Terra, mas não por vontade de Deus.

Ao se revelar a uma noviça, na França, Nossa Senhora das Graças enfatizou sua missão incessante ao lado de seu Filho. De acordo com o relato da visão, a Virgem trazia em uma das mãos um globo terrestre que Ela oferecia ao Senhor, indicando as maravilhas de Sua criação, na qual cada pessoa é obra desdobrada de Sua natureza. Os raios luminosos que emanavam de suas mãos, por sua vez, indicavam ser Nossa Senhora intercessora das graças de que tanto necessitamos.

Nossa Senhora das Graças mostrou, por meio de sua aparição, que o mundo pertence a Deus e a vitória já foi conquistada por seu Filho na Cruz Redentora.

Particularmente, tenho imensa devoção por Nossa Senhora das Graças e sua medalha milagrosa. Conforta-me saber que, por intercessão de Maria, uma "torrente de luz" é derramada sobre um mundo de trevas, onde a guerra, a fome e a violência obscurecem a harmonia e a paz. A serpente calçada por Nossa Senhora das Graças é uma alusão à força real do Inimigo de Deus que tenta manter-nos fora do Paraíso, assim como fez com nossos pais, Adão e Eva. Por outro lado, enche-nos de esperança saber que a serpente é inofensiva para aqueles que têm Maria como mãe e seguem seu caminho para Jesus. 

(*) Fundador e presidente da Associação Evangelizar é Preciso e pároco reitor do Santuário Nossa Senhora de Guadalupe, em Curitiba (PR).

Fonte: O Povo, de 6/11/2021. Opinião. p.20.

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

MÁSCARA

Por Márcia Alcântara Holanda (*)

"Um Pierrô apaixonado, que vivia só cantando, por causa de um Colombina acabou chorando acabou chorando..." (Noel Rosa 1932). Desde 1935 que os carnavais são animados pelos trios amorosos fantasiado de Pierrôs, Colombinas e Arlequins, numa sátira à Comédia Italiana Dell' Arte, que representou encontros desse triângulo amoroso, no século XVI. Personalizavam: o desalento de Pierrô rejeitado por Colombina e a alegria de Arlequim que a amava e era correspondido por ela. Gostei muito de usar a máscara negra da Colombina, que conquistava sempre algum Arlequim, nos bailes carnavalescos dos anos de 1960 e 1970.

Nos carnavais ou festa de Halloween, máscaras sempre foram catalizadoras de encontros expectantes, mas até de contestações e proteções identitárias pessoais ou sociais de todas as épocas. O Coringa, o Joke, do filme de mesmo nome, de 2019, apresenta-se travestido de Palhaço e protagoniza muitos crimes como reflexo de sua vida pouca significante, por ter sua identidade ofuscada por doença, doença da mãe, desprezos do pai e da sociedade para com sua existência.

Nossos ancestrais fincaram nas pedras desenhos rupestres de si, usando máscaras lembrando animais que caçavam, parecendo desejar, serem superiores àqueles. Já as máscaras dos Super-heróis, têm o poder de exibir elementos de comportamento justiceiro, transformadores daquilo que não se é, para o que se quer ser. Recentemente, A Marvel Comics, ajustou seus super-heróis a pessoas comuns, apresentadas no documentário "Marvel por trás da máscara" de Michael Jacobs, 2021. Gerou assim, mais simpatia do público, mostrando-os, como bons filhos, trabalhadores, estudiosos, amorosos. Por isso, ganharam mais simpatia do público.

As máscaras sempre tiveram suas funções, de acordo com as circunstâncias. Hoje, o mundo todo as usa, não para entretenimento ou mesmo contestações, mas para livrar-se do mais mortal dos vírus que já habitou entre nós. Usamos as mais poderosas de todas as máscaras conhecidas até então, pois aliviam e controlam o medo, o sofrimento e a morte pela Covid-19.

É uma das mais poderosas ferramentas que junta com o distanciamento social, higiene das mãos e adoção das vacinas, estão garantindo um estado de bonança saudável, que ora grassa sobre a humanidade. Mantenhamo-nos "mascarados", até que esses tempos sejam apenas história. 

(*) Médica pneumologista; coordenadora do Pulmocenter; membro da Academia Cearense de Medicina.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 11/11/2021. Opinião. p. 19.

CÂNCER INFANTIL - inimigo de todos

Por Eduardo Jucá (*)

Lucas parou de ir à escola. Laurinha tem dores intensas. Tiago esteve internado durante um mês. Os pais de Bianca não estavam preparados para a despedida. Todas essas narrativas têm em comum o impacto do câncer na vida de crianças e suas famílias.

Neste 23 de novembro, celebra-se o Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantojuvenil. O câncer apresenta características específicas na faixa etária pediátrica. Muitos deles são mais agressivos nos mais jovens justamente porque as células ainda em desenvolvimento apresentam maior potencial de multiplicação. Os tratamentos também são específicos, e toda uma estrutura direcionada ao atendimento das crianças é necessária em um contexto multidisciplinar.

Os tipos de câncer mais comuns na infância são as leucemias e os tumores cerebrais. Os sintomas mais importantes e que devem levar a família a procurar atendimento o mais breve possível são palidez, fraqueza, dores de cabeça, no abdome ou nos membros, aparecimento de nódulos, vômitos e perda de peso. Apesar dos estigmas e da carga emocional que a doença traz, as chances de cura são altas quando há acesso precoce aos cuidados e ao tratamento.

No sistema nervoso, além de representarem risco ao desenvolvimento neurológico, os tumores implicam a necessidade de cirurgias no cérebro ou na medula espinhal, com potencial risco de sequelas neurológicas. É fundamental, portanto, que existam estruturas muito bem equipadas e que contem com a atuação articulada de oncologistas pediátricos e neurocirurgiões com formação específica e dedicação ao atendimento de crianças. Os tipos de tumores e a localização preferencial no cérebro, inclusive, são totalmente diferentes do que ocorre quando se trata de adultos.

O combate ao câncer infantil envolve histórias de muita luta, mas também de vitórias cada vez mais frequentes à medida que a ciência avança e o acesso ao tratamento é facilitado. Profissionais de saúde, gestores e sociedade civil precisam intensificar esforços e articulações para proteger os seres humanos mais frágeis da doença mais desafiadora. 

(*) Médico neurocirurgião pediátrico, professor, pesquisador e palestrante.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 23/11/2021. Opinião. p.18.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

COVID-19, MOMENTO ATUAL E RISCO ÔMICRON

Por Thereza Maria Magalhães Moreira (*)

Quase dois anos de pandemia e ela continua sendo assunto na sociedade: devemos comemorar Natal, Réveillon e Carnaval? Comemorar sim, mas festejar com aglomeração não. Depois de tanto tempo trancados, afastados e amedrontados, devemos SIM comemorar por estarmos vivos, saudáveis, vacinados e também o aniversário daquele que nos ajudou a chegar até aqui: Jesus!

Isso é motivo suficiente para alimentar nossa certeza e fé de que essa história terá um final, mas ele ainda não chegou. Então, devemos manter uso de máscara, álcool 70º e continuar evitando aglomerações, como o carnaval. Estar vacinado ou testar negativo pra Covid-19 nas últimas 24-48 horas não dá 100% de certeza de não contaminação pelo SARS-CoV-2.

Prudência nunca fez mal e será benéfica nos próximos meses. É verdade que, no nosso Estado, o risco atual de Covid-19 é maior na capital cearense que no interior, pela maior quantidade e aproximação entre as pessoas, mas ainda há risco em todo lugar, em maior ou menor proporção, pois o vírus ainda circula e aprendemos com os países que nos antecedem na curva dessa doença que, mesmo com poucos casos, a onda pode recrudescer, sobretudo com a variante Ômicron.

O risco é maior para os não-vacinados e para aqueles que burlam o uso da máscara. O cenário epidemiológico revela 100% dos cadastrados e 90% da população absoluta do município como vacinados com, pelo menos, uma dose de vacina anti-Covid-19.

Fortaleza é a quarta capital do Nordeste e oitava do país em vacinados com duas doses. Isso é relevante na prevenção de casos da variante Ômicron, já confirmada no país. A grande lacuna é quem falta ser vacinado? Por que ainda não se vacinou? Os não vacinados estão no território municipal/estadual de forma concentrada? As duas primeiras respostas orientam o planejamento de ações de saúde para alcançar esse público e a última resposta elucida o real risco da Ômicron em Fortaleza e no Estado.

Assim, a decisão de iniciar a vacinação da terceira dose naqueles abaixo de 60 anos merece congratulações, assim como a adesão dos escolares à vacinação, que deveria inspirar os demais a ajudar a vencer esse jogo. Desse modo, o desafio repousa na adoção efetiva de medidas de mapeamento e inclusão dos ainda não cadastrados/vacinados. E que venha um 2022 mais tranquilo!

(*) Enfermeira, advogada, pesquisadora do CNPq e professora da Universidade Estadual do Ceará (Uece).

Fonte: Publicado In: O Povo, de 20/12/2021. Opinião. p.21.

EDUCAÇÃO

Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)

Os países emergentes, principalmente, vêm, apresentando ao longo do tempo, baixos índices educacionais. No Brasil, por exemplo, os níveis fundamental, médio e superior, apesar de algumas melhorias pontuais, ainda permanecem num estágio pouco satisfatório. Entra governo e sai governo, percebe-se que a educação brasileira continua baseada numa prioridade retórica e não em ações objetivas visando à realização de investimentos, nas múltiplas dimensões do acesso, equidade e qualidade. Todos sabem que uma estrutura de ensino eficaz é fundamental para melhorar as condições de vida do povo, nos aspectos do emprego, da saúde, da violência, dentre outros. Segundo o professor Albert Fishlow, conhecedor profundo da problemática dos países emergentes, “investir na educação é uma forma mais eficiente para se conseguir uma melhor e mais justa distribuição de renda”.  A pessoa com maior nível de escolaridade tem melhor possibilidade de acesso ao mercado de trabalho em constante evolução, característica desta era de globalização. Com o aperfeiçoamento da mão de obra há mais atração de investimentos, qualificação de empregos e dinamização do consumo. De fato, a educação melhora a qualidade de vida do cidadão; o que permite torná-lo um consumidor mais consciente e exigente. Com o desenvolvimento de novas tecnologias e métodos produtivos são requeridos novas aptidões. Não basta acompanhar as transformações, há que se ter a capacidade de antecipá-las daí a necessidade da educação ao longo de toda a vida. No Brasil já ouvimos falar em “choque de capitalismo”, “choque de crescimento”, “choque de esperança”, “choque de socialismo”, dentre outros, no entanto acreditamos ser o mais importante o “choque de educação”. Através do caminho da educação encontramos o verdadeiro desenvolvimento humano abrangendo a solidariedade, a liberdade e a igualdade de oportunidades. P.S. “Só há um problema nacional: a educação do povo” (Miguel Couto). A educação dos sentimentos e pensamentos garantem a felicidade (Gonzaga Mota).

(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do Ceará.

Fonte: Diário do Nordeste, Ideias. 10/12/2021.

Nota: O Dr. Luiz Gonzaga Fonseca Mota está de recesso de final de ano e somente voltará a publicar no DN em 14/01/22. Nesse período de sua ausência, o espaço das suas crônicas inclusas neste Blog será ocupado por crônicas do Prof. Meraldo Zisman.