Por Lauro Chaves Neto (*)
A desigualdade
extrema permanece como uma das maiores mazelas do Brasil, manifestando-se de
forma territorial, econômica e social, com agravantes relacionados à cor e ao
sexo.
Socialmente,
escancaram a exclusão e a vulnerabilidade para uma parcela expressiva da
sociedade brasileira. Economicamente, constituem um gargalo ao desenvolvimento,
ao reduzir o potencial do mercado interno.
O Observatório
Brasileiro das Desigualdades monitora a sua evolução. Seu relatório de 2025
aponta que, dos 43 indicadores acompanhados, 25 apresentaram avanços, três
tiveram retrocessos e oito permaneceram estagnados.
Em 2024, o
rendimento médio cresceu 2,9%, alcançando R$ 3.066. Ainda assim, as mulheres
receberam apenas 73% do rendimento dos homens. O percentual de crianças de 0 a
3 anos matriculadas em creches subiu para 34,6%.
O Ensino Médio
atingiu 74% de escolarização, enquanto o Ensino Superior chegou a 22,1%. A taxa
de analfabetismo funcional entre pessoas de 15 a 64 anos manteve-se estagnada
em 29,4% entre 2018 e 2024, o que limita a possibilidade de ganhos mais
expressivos de produtividade para a economia brasileira.
As desigualdades
regionais persistem. A violência letal contra jovens continua concentrada nas
regiões Norte e Nordeste, que também enfrentam os maiores índices de pobreza,
insegurança alimentar, mortalidade infantil, déficit de acesso à água e
saneamento.
Em 2024, o 1%
mais rico da população ganhou, em média, 30,5 vezes mais que os 50% mais
pobres, com a maior disparidade registrada no Nordeste (32,0) e a menor no Sul
(23,3). O sistema tributário aprofunda o problema da concentração de renda.
A elevada carga
de tributos indiretos, com a reforma tributária estabelecendo a alíquota do IVA
como uma das mais altas do mundo, tende a agravar esse quadro. A estrutura
regressiva penaliza as famílias mais pobres.
Apesar de alguns
avanços, os indicadores revelam que um Brasil marcado por desigualdades estruturais
e regionais, que afetam diretamente áreas como saúde, educação, segurança e
condições de vida, exigindo políticas públicas consistentes, integradas e de
longo prazo.
(*)
Consultor, professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de
Economia.
Fonte: O Povo, de 15/09/25. Opinião. p.22.
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