quinta-feira, 16 de outubro de 2025

A DESIGUALDADE, O SOCIAL E O ECONÔMICO

Por Lauro Chaves Neto (*)

A desigualdade extrema permanece como uma das maiores mazelas do Brasil, manifestando-se de forma territorial, econômica e social, com agravantes relacionados à cor e ao sexo.

Socialmente, escancaram a exclusão e a vulnerabilidade para uma parcela expressiva da sociedade brasileira. Economicamente, constituem um gargalo ao desenvolvimento, ao reduzir o potencial do mercado interno.

O Observatório Brasileiro das Desigualdades monitora a sua evolução. Seu relatório de 2025 aponta que, dos 43 indicadores acompanhados, 25 apresentaram avanços, três tiveram retrocessos e oito permaneceram estagnados.

Em 2024, o rendimento médio cresceu 2,9%, alcançando R$ 3.066. Ainda assim, as mulheres receberam apenas 73% do rendimento dos homens. O percentual de crianças de 0 a 3 anos matriculadas em creches subiu para 34,6%.

O Ensino Médio atingiu 74% de escolarização, enquanto o Ensino Superior chegou a 22,1%. A taxa de analfabetismo funcional entre pessoas de 15 a 64 anos manteve-se estagnada em 29,4% entre 2018 e 2024, o que limita a possibilidade de ganhos mais expressivos de produtividade para a economia brasileira.

As desigualdades regionais persistem. A violência letal contra jovens continua concentrada nas regiões Norte e Nordeste, que também enfrentam os maiores índices de pobreza, insegurança alimentar, mortalidade infantil, déficit de acesso à água e saneamento.

Em 2024, o 1% mais rico da população ganhou, em média, 30,5 vezes mais que os 50% mais pobres, com a maior disparidade registrada no Nordeste (32,0) e a menor no Sul (23,3). O sistema tributário aprofunda o problema da concentração de renda.

A elevada carga de tributos indiretos, com a reforma tributária estabelecendo a alíquota do IVA como uma das mais altas do mundo, tende a agravar esse quadro. A estrutura regressiva penaliza as famílias mais pobres.

Apesar de alguns avanços, os indicadores revelam que um Brasil marcado por desigualdades estruturais e regionais, que afetam diretamente áreas como saúde, educação, segurança e condições de vida, exigindo políticas públicas consistentes, integradas e de longo prazo.

(*) Consultor, professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.

Fonte: O Povo, de 15/09/25. Opinião. p.22.

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