sábado, 31 de outubro de 2020

O PRIMEIRO INTERCURSO


A história do seu primeiro contato íntimo com o sexo oposto foi descrita por Eilson Goes de Oliveira em um dos seus livros de memórias.
Revelou ele suas fantasias amorosas, desde a primeira lancetada do instinto juvenil, quando, solidário, socorreu um colega de turma, às vésperas de uma prova, tirando dúvidas com aula de Física, que o fez entender bem.
Recebeu do seu aprendiz, como paga dos honorários, a sua primeira aula de anatomia humana, pelo método Braille, numa fêmea do cabaré “Tabariz”, homônimo da velha boate parisiense, no entorno da Secretaria da Fazenda.
Eilson ainda não sabia distinguir a missão dos mamilos pontiagudos e eriçados: se tinham papel lúdico e se destinavam a bolinar, malinar, buzinar, beliscar, se eram cones eróticos para acariciar, afagar e beijar, ou se apenas tinham a função de sobrevivência nutricional de dar de mamar.
Eis que a experiente professora de aula prática lhe ensina, sobre os seios fartos:
– Ei, lourinho, isto aí é pra chupar, não é pra morder, não!
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Presidente da Sobrames - Ceará
* Publicado, originalmente, In: SILVA, M.G.C. da. Contando Causos: de médicos e de mestres. Fortaleza: Expressão, 2011.112p. p. 15-6.
Fonte: SILVA, M.G.C. da. O primeiro intercurso. In: SOBRAMES – CEARÁ. Pontos de vista. Fortaleza: Sobrames-CE/Expressão, 2019. 352p. p.230.

O MENINO PRECOCE


Os irmãos do Prof. Eilson Goes de Oliveira, Suzana, Maria Amélia e Adbeel, como ele próprio, tinham verdadeira veneração pelo pai. O Dr. Luís era um homem simples, mas nem por isso, desprovido de classe. O porte ereto, o cuidado com a higiene e a indumentária, aliados à sua retidão de caráter e à cultura, de que era possuidor, faziam com que ele estivesse transitando, permanentemente, nos círculos sociais, entre artistas e políticos da época. O caçula Eilson era sua companhia frequente.
Um belo dia, o menino, aos cinco anos de idade, em meio a um evento político, na companhia do pai, subiu em uma cadeira, e, interrompendo a algazarra dos homens presentes, iniciou um discurso político em defesa do Senador Meneses Pimentel. E pasmem! Foi ouvido com atenção, aplaudido e convidado para repetir seu discurso, para o próprio senador, que o nomeou seu principal cabo eleitoral.
O certo é que o menino Eilson nunca se distanciou do adulto, Dr. Eilson; em que pese ter sido um estudioso sério e um cientista aplicado, a figura do menino jamais o abandonou, na intimidade, com a galhofa, a generosa risada, e a molecagem sadia norteando a sua vida e a dos seus irmãos.
Outro “causo” da infância aconteceu no dia que o pai daquele moleque tão politizado levou-o a um comício na Praça José de Alencar. O cantor Rui Ray era o responsável por animar a plateia. Em um determinado momento, ele começou a gritar o refrão “are, are, are...”, enquanto, num ponto da multidão, logo se formou uma nuvem de poeira. Foi quando o Dr. Luís deu conta do menino Eilson, lançando areia para cima, efusivamente. Perguntado porque fazia aquilo, ele respondeu convicto: – tô jogando areia...; o cantor tá pedindo!
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Ex-Presidente da Sobrames - Ceará
* Publicado, originalmente, In: SILVA, M.G.C. da. Contando Causos: de médicos e de mestres. Fortaleza: Expressão, 2011.112p. p. 13.
Fonte: SILVA, M.G.C. da. O menino precoce. In: SOBRAMES – CEARÁ. Pontos de vista. Fortaleza: Sobrames-CE/Expressão, 2019. 352p. p.229.

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

NOTA DE FALECIMENTO: Prof. Paulo Bonavides, da Faculdade de Direito

A Universidade Federal do Ceará comunica, com pesar, o falecimento, nesta sexta-feira (30/10/20), do Professor Paulo Bonavides, docente emérito da Faculdade de Direito.

Para conhecimento da comunidade acadêmica e da sociedade cearense, o corpo do catedrático será velado amanhã, 31 de outubro, das 9h às 14h30min, no Complexo Velatório Ethernus (Rua Padre Valdevino, 1688 - Aldeota). O velório, com o objetivo de seguir as recomendações de segurança sanitária, terá acesso controlado.

Já o sepultamento, a ser realizado na mesma data, será restrito à família. A UFC se solidariza com familiares, amigos, colegas e alunos neste momento de luto.

Gabinete do Reitor da UFC

FOLCLORE POLÍTICO XLVI

Abro a coluna com a verve popular...

Saudando presidentes

Juscelino Kubitschek, presidente da República, foi ao Ceará com Armando Falcão, ministro da Justiça. Sebastião Nery conta que Falcão, cearense, levou JK a um desafio de cantadores. Um cego estava lá, com sua viola, gemendo rimas. Juscelino chegou, cumprimentou-o. O cego respondeu na hora:

- Kubitschek, ai, meu Deus, que nome feio. Dele eu só quero o cheque porque do resto ando cheio.

Um ano depois, a mesma cena. Jânio Quadros, presidente, vai a Fortaleza, há um desafio de cantadores. Chega com os óculos grossos e longos bigodes, um cantador o vê, saúda:

- Vou louvar o meu patrão que já vem chegando agora. Engoliu a bicicleta e deixou o guidão de fora.

Nunca mais ninguém levou presidente para ouvir cantador no Ceará.

Fonte: Gaudêncio Torquato (GT Marketing Comunicação). 

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

ACESSO E PREÇOS DE TESTES DA COVID-19

         No final de março de 2020, quando já decorria mais de um mês da confirmação do primeiro caso de Covid-19 em solo brasileiro e 15 dias do caso-índice cearense, chamava a atenção a pouca disponibilidade de testes diagnósticos para se fazer frente à pandemia que tomava fôlego no País, disseminando-se, com distintas velocidades, por todas as nossas unidades federativas.

O então Sr. Ministro da Saúde, o Dr. Luiz Henrique Mandetta, em suas quase diárias coletivas de imprensa, apresentava a marcha da Covid-19, anunciando os casos confirmados e as mortes ocorridas, e comunicava os esforços públicos para conduzir ao rotulado achatamento da curva epidêmica, ao tempo em que se disporia de meios que pudessem amenizar a pletora de atendimentos provocados pelo novo coronavírus, evitando um possível colapso da rede de saúde.

Dentre as preocupações do citado gestor máximo da saúde brasileira, ao lado do provimento de leitos hospitalares, especialmente os de Unidade de Terapia Intensiva, e da aquisição de respiradores em larga escala, constou a busca de testes diagnósticos da Covid-19. No tocante a esse último aspecto, o Sr. Ministro da Saúde ressaltava os esforços dos grandes laboratórios e centros de pesquisa públicos, como a Fiocruz, o Instituto Butantã, universidades etc., para comporem o pool de instituições que executariam tais exames, assim como as doações monetárias de empresas estatais e conglomerados econômicos para custearem esses exames em favor do Sistema Único de Saúde (SUS).

Em abril último, no Ceará, praticamente somente Fortaleza contava com meios diagnósticos laboratoriais para a Covid-19, com a produção concentrada no Laboratório Central de Saúde Pública da Secretaria de Saúde do Estado, subsidiariamente complementada por alguns laboratórios que possuíam uns lotes de kits de testagem. Nesse período, conseguir fazer o teste na rede pública parecia ser contemplado com um “prêmio”, mesmo que fosse à custa de muito padecimento associado à sintomatologia da pandemia ou por razões de exposição ocupacional, notadamente daqueles profissionais que estavam na linha de frente dos cuidados a pacientes acometidos da doença ou com suspeição de acometimento. Não menor era a dificuldade de se obter o exame na órbita privada pelo alto preço pago pelo serviço e pela demora no agendamento da data da coleta. Em ambas as esferas, em comum, estava a longa espera para a recepção do resultado diagnóstico, algo como quinze dias de aflição e de expectativas.

Na capital cearense, nos meses seguintes, essa situação de estrangulamento foi descomprimida com a inauguração de um amplo laboratório de virologia da unidade da Fiocruz do Ceará, dotada de elevada capacidade de testagem para Covid-19, o que permitiria efetuar exames em massa, e a chegada de novos ofertantes do serviço, com a entrada em cena de vários laboratórios clínicos e dos testes rápidos nas principais redes de farmácias aqui instaladas, conferindo maior capilaridade nos procedimentos de coleta.

Segundo levantamento feito em 13 estabelecimentos pesquisados pelo jornal O POVO e publicado por Irna Cavalcante em 14 de julho de 2020, para se fazer um teste para Covid-19 na rede particular em Fortaleza era preciso desembolsar entre R$ 120 e R$ 460, na dependência do local e da metodologia utilizada para se fazer o exame.

Havia, de conformidade com o jornal, também grandes variações dentro de uma mesma categoria, porquanto se mostrou, por exemplo, que, dentre os testes rápidos, a diferença de preços poderia chegar a 141,6%. Esse tipo de exame, mais rápido e menos complexo, feito a partir de uma gota de sangue, podia ser encontrado tanto em laboratórios, variando de R$ 280 a R$ 290, e em farmácias ou no próprio Serviço Social da Indústria (Sesi), com preços que variavam de R$ 120 a R$ 140.

Os testes do tipo sorológico, coletados por amostra de sangue, para identificar se a pessoa já teve contato ou não com a doença a partir da contagem quantitativa e qualitativa dos anticorpos, requerem estrutura laboratorial. Dentre os testes sorológicos, a maior variação de preços foi identificada nos exames executados via metodologia por quimioluminescência, da ordem de 62,5%, com valores entre R$ 240 e R$ 390. Já os sorológicos pela metodologia Elisa custavam entre R$ 290 e R$ 400, uma diferença de 37,9%.

De acordo com essa aludida matéria do jornal O POVO, os do tipo PCR, exemplificado pelo RT-PCR (do inglês: Reverse-Transcriptase Polymerase Chain Reaction) considerado o 'padrão ouro' e que identifica se o vírus está presente no organismo naquele momento, custavam em Fortaleza entre R$ 310 e R$ 460, variação de 48,3%, sendo que o mais caro se explicava pela comodidade da coleta ser realizada pelo laboratório no domicílio do interessado.

A variabilidade dos preços descarta que se estivesse ocorrendo cartelização dos preços para cima, em função da pouca oferta. Diversos fatores explicam a variação de preços dentro de uma mesma categoria. Desde a qualidade do exame oferecido, medida por suas propriedades diagnósticas (sensibilidade, especificidade, acurácia e valores preditivos), o fornecedor escolhido, a estrutura do estabelecimento, passando também pelo poder de negociação do laboratório ao efetuar suas compras. Assim é que laboratórios menores têm maior dificuldade de oferecer um preço mais competitivo no mercado. Comodidades oferecidas aos clientes, como coleta em domicílio ou drive-thru, também adicionam valores ao preço final do produto.

Os testes rápidos são mais baratos porque sua forma de produção e de análise dependem menos da intervenção humana. Neles se trabalha com kits pré-prontos, que dão uma resposta mais rápida, mas com menor precisão. Como são produzidos em grande escala, há uma redução do preço ao consumidor.

No caso das farmácias comerciais e do Sesi, ainda que por se tratar de compras nacionais, ou seja, em maior quantidade, por conta da capilaridade do setor, há uma facilidade maior de negociação com os fornecedores deste tipo de produto, comportando lembrar que o tipo de kit adquirido também influencia na conta.

Segundo a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), os estabelecimentos farmacêuticos estão ao alcance de milhões de brasileiros e, nesse período de pandemia, eles detêm “um papel fundamental de esclarecer dúvidas, orientar a população e auxiliar na detecção da doença, contribuindo para desafogar o sistema de saúde. Os exames são feitos por farmacêuticos capacitados e os resultados são gerados por meio de laudos laboratoriais.”.

Dados da Abrafarma apontavam que este tem sido um mercado promissor para o setor. Em dois meses, tinham sido aplicados pelas farmácias quase 200 mil testes rápidos no Brasil. A quantidade de procedimentos realizados no período de 29 de junho e 5 de julho de 2020, de cerca de 52 mil, era 36% superior à da semana anterior e 82% em relação à semana retrasada.

Nos idos de julho, em números absolutos, o Ceará era o quinto estado que mais realizava testes em farmácia comerciais. Em setembro passado, os testes rápidos estavam disponíveis em 1.848 farmácias localizadas em todos os estados, sendo 67 no Ceará, onde foram feitos, de maio até o fim de agosto, 22.094 exames.

Até o momento, as grandes redes do varejo farmacêutico nacional já realizaram mais de 700 mil testes rápidos para detecção do novo coronavírus. A previsão é superar a marca de um milhão até o fim do ano em curso.

Agora, outubro de 2020, passados seis meses de tempos marcados por óbices que travavam a fácil realização de testes para o novo coronavírus, a situação presente melhorou bastante, ainda que não seja a ideal, de modo que a disponibilidade e o acesso a tais exames não mais configuram problema de monta, tanto no setor público como no privado. De fato, em Fortaleza, pode se dizer que que há vários locais de coleta de amostras disponíveis na rede pública de saúde, incluindo praças de grande circulação de pessoas, e o agendamento em laboratórios clínicos particulares e farmácias comerciais resulta mais da necessidade de otimização e de manutenção do distanciamento entre cidadãos do que de uma lista de espera por exames.

Diga-se, de passagem, que a Agência Nacional de Saúde (ANS) determinou a obrigatoriedade dos prestadores de serviços integrantes da Saúde Suplementar assumirem o ônus da testagem para Covid-19 aos seus usuários, independente dos planos de saúde conterem cláusulas de não cobertura desse procedimento. Tal medida da ANS ampliou as opções de obtenção dos exames e gerou também um certo alívio aos usuários do SUS, indiretamente beneficiados pelo escoamento de parte da demanda para outra raia.

Por oportuno, convém ponderar que os valores em pecúnia atrelados à feitura dos testes laboratoriais para o diagnóstico da Covid-19 estão distantes da realidade financeira da maior parte da população brasileira. O valor mais barato de um exame do tipo PCR, por exemplo, é pouco mais da metade do valor do auxílio emergencial de R$ 600 oferecido, mensalmente, pelo governo federal nos primeiros meses da pandemia.

Embora hoje muitos testes já sejam produzidos no Brasil, boa parcela dos seus insumos é importada, o que torna a operação mais cara. Mas a tendência é que, consoante as tecnologias forem avançando e mais empresas produzindo, os preços também se tornem mais acessíveis.

Espera-se que essa benesse não chegue depois da pandemia se dissipar do nosso Brasil.

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Médico-sanitarista e economista da Saúde

Das Academias Cearenses de Medicina e de Saúde Pública

*Publicado In: Jornal do médico digital, 1(6): 94-98, outubro de 2020. (Revista Médica Independente do Ceará).

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

A QUALIDADE DO DISPÊNDIO PÚBLICO

Por Lauro Chaves Neto (*)

As consequências sociais e econômicas da combinação da pandemia com a redução da atividade econômica mostraram que o Estado possui um papel determinante na promoção de políticas públicas para o desenvolvimento inclusivo e sustentável.

Torna-se fundamental e urgente um debate sobre a qualidade do dispêndio público, a fim de elevar sua eficiência em retorno para a sociedade. Deve ser implantada uma análise da eficiência de programas e mesmo da estrutura de ministérios, de estatais e de tantos penduricalhos pelos quais a sociedade paga sem saber quais os seus resultados efetivos e, assim, melhorar a qualidade da prestação de serviços, priorizando o atendimento às camadas mais vulneráveis, pois não são raros os casos em que o gasto público leva, proporcionalmente, mais benefícios para as classes A e B.

A principal pergunta para determinar a eficiência de uma política pública é se o objetivo esperado foi atingido, mas, muitas vezes, nem os objetivos nem os impactos de certas políticas são claros e transparentes. Nas últimas décadas, o Brasil melhorou a produção de dados socioeconômicos, falta usá-los para fazer avaliações contínuas e frequentes. É necessário decidir quais políticas beneficiam os grupos sociais mais vulneráveis, contribuem para erradicar a pobreza extrema e reduzir as desigualdades, tanto as sociais como as territoriais, assim como definir as áreas em que o setor privado deve atuar mais intensamente.

O auxílio emergencial já beneficiou mais de 70 milhões de brasileiros, ou seja, aproximadamente um terço da população. Segundo a Fundação Getúlio Vargas, em junho, a proporção de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza extrema nunca foi tão baixa nos últimos 40 anos, reforçando a importância de uma defesa da renda mínima. A Saúde, após a pandemia, deverá ter uma demanda crescente de recursos; outras demandas, socialmente justas, como na Educação e na Infraestrutura, já acontecem.

Assim, além das trágicas perdas de vida, a pandemia pode deixar de legado tanto a retomada do papel do Estado na promoção do desenvolvimento sustentável e inclusivo, quanto à universalização da avaliação da qualidade do dispêndio público! 

 (*) Consultor, professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.

Fonte: O Povo, de 10/8/20. Opinião. p.14.

terça-feira, 27 de outubro de 2020

A PACIÊNCIA TUDO ALCANÇA

Por Pe. Reginaldo Manzotti (*)

No mundo tereis grandes tribulações". E, nesse ano de 2020, estamos enfrentando tribulações, como os efeitos da pandemia, a crise financeira, e ainda outras enfermidades. Além de outras preocupações.

"O que fazer quando tudo passar?". Ninguém sabe! O que sabemos é o que nos disse Jesus: "Coragem, eu venci o mundo!" (cf. Jo 16,29-33). Mas, para ter essa perseverança corajosa é preciso um ingrediente especial, uma virtude, um importantíssimo fruto do Espírito Santo: a paciência.

Ela é um antídoto contra a ira, o descontrole, a ansiedade e o desequilíbrio emocional. É o esforço humano e a graça divina fundamentais para suportar as ofensas, as cobranças, as diferenças e as coisas contrárias à nossa vontade.

Na vida espiritual, é saber esperar a hora de Deus. Quem cultiva a paciência não se revolta contra Deus. Você pode até estar se perguntando, "mas quem é louco de se revoltar contra Deus?". Muitos que perdem uma pessoa querida. No meio dessa pandemia muitas famílias perderam prematuramente os seus para a Covid-19. E, no momento de dor, se revoltaram contra Deus. A revolta faz parte das fases do luto, tem que ser vivida e trabalhada.

A paciência e a perseverança são primas-irmãs. São Paulo nos diz que a tribulação produz a paciência, a paciência prova a fidelidade e a fidelidade, quando comprovada, produz a esperança. A paciência gera perseverança (Rm 5,3-4). A paciência nos faz aprender a esperar em Deus, a confiar sem perder a esperança, e nos faz entender que o silêncio de Deus não é a ausência d'Ele. O silêncio é o tempo em que Deus está caprichando na graça, é o tempo que Ele está nos preparando para recebê-la, mas nunca será ausência.

Deus é paciência. Muitas vezes na vida de todos nós, quando em algum momento nós merecíamos levar uma bordoada, Ele teve paciência para conosco.

A paciência é a virtude dos fortes, dos santos. E, esse mês, nós temos um grande exemplo - até por isso escolhi esse tema. Santa Mônica, que rezou durante 20 anos pela conversão do filho Agostinho.

Aprendamos a ter a paciência de Santa Mônica que, em nove meses no ventre, gerou o filho Agostinho para a vida e, durante 20 anos em oração, o gerou para a graça.

Deus os abençoe.

(*) Fundador e presidente da Associação Evangelizar é Preciso e pároco reitor do Santuário Nossa Senhora de Guadalupe, em Curitiba (PR).

Fonte: O Povo, de 15/8/2020. Opinião. p.14.

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

PADRE ANTÔNIO VIEIRA

Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)

O padre Antônio Vieira nasceu no dia 6 de fevereiro de 1608, em Lisboa, e faleceu na Bahia, no dia 17 de julho de 1697, com 89 anos de idade. Dividiu seu coração com Portugal e o Brasil, sendo reconhecido por muitos estudiosos e intelectuais, inclusive Fernando Pessoa, como o maior filósofo, teólogo, intelectual e orador luso-brasileiro de todos os tempos. Além de 200 sermões e mais de 500 cartas, produção reunida em 16 e 3 volumes, respectivamente, na edição de Coimbra (1925-1928), redigiu o “Clavis Prophetarum”, livro de profecias inconcluso. O Sermão da Sexagésima, ou do Evangelho, dentre alguns que tivemos a oportunidade de ler, evidencia a forma barroca de sua linguagem, consubstanciando conceitos religiosos baseados na Filosofia Escolástica, como também na consciência pós-renascentista. A contribuição literária e as atividades do padre Antônio Vieira levaram em consideração temas relevantes para Portugal e o Brasil, tais como: a defesa dos cristãos novos (judeus que não eram aceitos pela Inquisição); oposição rigorosa à Inquisição; a luta contra os holandeses, visando manter a integridade do território brasileiro, notadamente, de Pernambuco e Bahia, regiões desejadas em razão da grande produção de açúcar; proteção aos índios do Maranhão, que o chamavam de “Paiaçu” (Grande pai, em tupi), e aos escravos africanos mantidos, de forma desumana, na Bahia. Missionário da Companhia de Jesus, teve ainda papel significativo como conselheiro político dos governantes da nação portuguesa. Vale destacar, em suas obras, o seu sólido pensamento teológico e filosófico. Sempre que lemos o Sermão da Sexagésima, lembramo-nos dos Evangelhos de São Lucas, 8, 11 e de São Mateus, 13, 3: “Semen est verbum Dei” (A semente é a palavra de Deus) e “Ecce exiit qui seminat seminare (Eis que o semeador saiu a semear), respectivamente.

(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do Ceará.

Fonte: Diário do Nordeste, Ideias. 2/10/2020.

domingo, 25 de outubro de 2020

CINCO MIL TÍTULOS NO CURRICULUM VITAE

         Na vigência do distanciamento social, por pertencer a grupo de risco da Covid-19, tomei a decisão de observar um isolamento mais ampliado, optando pelo teletrabalho (homework), que me tem deixado bastante ocupado.

Em cumprimento à recomendação de permanecer em casa, esse distanciamento social foi iniciado por mim em 17 de março de 2020 e se estende ao longo de mais de sete meses, ainda que tenha sido levemente mitigado quando se completaram cinco meses de sua duração.

Ao lado das múltiplas atividades profissionais desenvolvidas de forma virtual, necessitei efetuar a atualização do meu currículo na Plataforma Lattes, fruto da solicitação da Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Estadual do Ceará (PPSAC/Uece), tendo em conta a avaliação da Pós-Graduação no Brasil, de responsabilidade da Capes, referente ao quatriênio 2017-2020.

Para esse compromisso, era mandatório ultimar a atualização do meu Curriculum Vitae (CV), registrando-o primeiramente em arquivo do word, no Windows, para ulterior preenchimento do CV Lattes.

Na ingente busca documental processada, foi possível levantar mais de sete centenas de títulos que não estavam efetivamente incorporados ao meu CV. Tive o cuidado de inserir os itens em planilhas do Excel, o que proporcionou quantificar os títulos, segundo diferentes capítulos, seções e categorias, observando suas especificações.

A situação atualizada desse CV na data de hoje (25/10/2020) contabilizou 5.000 (cinco mil) títulos, indicando, em termos quantitativos, uma vida repleta de muito trabalho.

Longe de desejar aqui incorrer em vitupério, a presente comunicação expressa a minha vontade de compartilhar um feito que precisar ser encarado como uma responsabilidade de um cidadão cônscio de suas obrigações públicas.

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Professor titular do PPSAC/Uece

UM JUIZ HONESTO

Um réu em um processo envolvendo grandes somas de dinheiro estava dizendo ao advogado: "Se eu perder este caso, ficarei arruinado".

"Está nas mãos do juiz agora", disse o advogado.

"Ajudaria se eu mandasse uma caixa de charutos para o juiz?" perguntou o réu.

"De jeito nenhum!" disse o advogado. "Esse juiz é um defensor do comportamento ético. Uma atitude como essa o colocaria contra você. Ele pode até achar você está desrespeitando a corte. Na verdade, você nem deveria sorrir para o juiz!"

"Entendo, é bom saber." disse seu cliente.

Eventualmente, o juiz proferiu uma decisão a favor do réu. Quando o réu saiu do tribunal, disse ao advogado: "Obrigado pela dica sobre os charutos".

"Tenho certeza de que teríamos perdido o caso se você os tivesse enviado", disse o advogado.

"Mas eu os enviei." disse seu cliente.

"O que você fez?" perguntou o advogado chocado.

"Sim, foi assim que vencemos o caso."

"Eu não entendo", disse seu advogado.

"Fácil. Enviei os charutos mais baratos que pude encontrar ao juiz, mas com o cartão de visitas da outra parte."

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.

IDE, ESTA É A MISSÃO!

Por Pe. Reginaldo Manzotti (*)

Outubro é o mês dedicado às missões. Por isso, neste artigo vamos abordar o nosso compromisso batismal de discípulos missionários. Mas como se formam os discípulos missionários? No encontro pessoal e comunitário com Cristo. E a Eucaristia é o ponto alto e o ápice da evangelização. A participação na Celebração Eucarística forma-nos na escola de Jesus. Porém, muitos não valorizam a Santa Missa, não aproveitam esse dom da presença de Jesus, porque não compreendem a estrutura da celebração.

Recebo partilhas de pessoas dizendo que não gostam de ir à missa porque acham que é sempre a mesma coisa, uma repetição, uma "chatice". Digo que é preciso conhecer cada parte, cada gesto e entender o seu significado para perceber a beleza dessa liturgia.

A missa é simultaneamente sacrifício de louvor e de ação de graças. É o memorial da paixão, da morte e da ressurreição do Senhor Jesus. Desde o seu início até a bênção final ela é importante, por isso a necessidade de se chegar antes de seu começo e só sair depois da bênção final.

Por isso, na próxima celebração que participar perceba cada gesto e postura e os seus significados e importância. Dos Ritos Iniciais, no canto e procissão de entrada, ato penitencial, hino de louvor; passando pela Liturgia da Palavra, com as leituras, Salmo e homilia; na Eucarística, Comunhão e Ritos Finais, cada reflexão e reverência é uma atitude não só de oração, mas de compromisso com a evangelização.

Mas um dos maiores gestos e de grande importância é depois de cada celebração, quando devemos voltar ao nosso ambiente levando o próprio Jesus em nosso sacrário interior. Temos a missão de testemunhá-Lo, anunciá-Lo e irradiar a Sua luz. Que possamos viver em nosso dia a dia àquilo que celebramos. Louvando a Deus por tudo que somos e temos; acolhendo; perdoando como somos perdoados; vivenciando e anunciando a Palavra refletida e respondendo com gestos e atitudes concretas ao que Deus nos pede. Sejamos no mundo discípulos missionários promotores da paz, da igualdade, da fraternidade, da partilha, da justiça e do serviço doação. 

(*) Fundador e presidente da Associação Evangelizar é Preciso e pároco reitor do Santuário Nossa Senhora de Guadalupe, em Curitiba (PR).

Fonte: O Povo, de 24/10/2020. Opinião. p.16.

sábado, 24 de outubro de 2020

CONVITE: Celebração Eucarística da SMSL - Outubro/2020

A Diretoria da SOCIEDADE MÉDICA SÃO LUCAS (SMSL), aós nove meses de suspensão de suas missas mensais à conta da presente pandemia, convida a todos para participarem da Celebração Eucarística do mês de Outubro/2020, que será realizada HOJE (24/10/2020), às 18h30min, na Igreja de N. Sra. das Graças, do Hospital Geral do Exército, situado na Av. Des. Moreira, 1.500 – Aldeota, Fortaleza-CE.

CONTAMOS COM A PRESENÇA DE TODOS!

MUITO OBRIGADO!

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Da Sociedade Médica São Lucas

Nota: Serão aplicadas as medidas preventivas recomendadas pelas autoridades sanitárias, sendo obrigatório o uso de máscara por todos os fiéis presentes.

A PROFESSORA DE CATEQUESE PARA CRIANÇAS

Eu fui a um encontro às cegas com uma garota que conheci online.

Quando fui buscá-la, não estava esperando muito, provavelmente alguém sem graça nem senso de humor.

Ao abrir a porta, surgiu uma beleza de 1,70, olhos bem azuis e cabelos loiros, simplesmente lindos. Eu não podia acreditar na minha sorte.

Perguntei o que ela fazia da vida. Ela disse que lecionava catequese na escola dominical. Eu nunca tinha me encontrado com uma garota cristã, mas tenho a mente aberta, então a levei para jantar.

No caminho, acendi um baseado e perguntei se ela fumava.

"Oh, Deus, não, o que eu diria às minhas crianças da escola dominical?"

Eu disse "tudo bem" - afinal, ninguém é obrigado a gostar. Levei-a para o melhor restaurante que eu conhecia. Pedi um filé, ela pediu uma lagosta. Pedi para o garçon trazer o segundo vinho mais caro do menu mas ela disse que não bebia.

Eu disse "você não bebe?!?"

"Oh, Deus, não, o que eu diria às crianças da escola dominical?"

Comida excelente, conversa fascinante, mas eu estava preocupado. Não sabia o que fazer com uma garota como aquela.

Então, ao levá-la para casa e passar por um motel barato, pensei, "bem, o que tenho a perder?"

Então, perguntei: "Que tal ir num motel e transar até ficar sem fôlego?"

Ela diz: "Eu pensei que você nunca perguntaria!"

Eu digo: "Sério? O que você vai dizer aos seus alunos da escola dominical?"

Ela diz: "A mesma coisa que digo a eles toda semana. Você não precisa beber nem usar drogas para se divertir!"

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Crônica: "Ô macho azalado!" ... e outro causo

Ô macho azalado!

Estudos da ONU não deixavam dúvidas: só havia uma e somente uma possibilidade de a "mutuca graúda dos quartos arriados e taba do queixo dismastriado sem juízo da Papua Nova Guiné" fazer uma vítima entre 7 bilhões de seres viventes do planeta. Pelo menos é o que consta da pesquisa "Só quem pisou em rastro de corno sabe que fulerage é essa", página 346. Eu li!

Pois Zé Galope foi "mordido" no primeiro terço do mole do "fucim" pela mutuca graúda dos quartos arriados e tá morre num morre em Iguatu. Os sintomas, os mais estranhos que um bicho de urêa poderá apresentar:

- cheira a macaco morto a tapa, mesmo asseando o sovaco com creolina;

- provoca feito uma guariba a água que bebe com caroços de milho inteiros, sem os haver comido;

- engole areia com tomate de vez, compulsivamente, ouvindo a Voz do Brasil;

- tem pesadelos com Rihanna, montados num jumento gabinete a caminho da Reriutaba.

Como essa mutuca rara chegou a Iguatu se só havia esse espécimen no planeta? Que nem o segredo da Esfinge a resposta está espalhada nalguma linha da missiva que enviou ao compadre Jair de Moura Morais - o Poeta dos Cachorros. Acompanhe as numerações ao final de cada sentença e descubra o porquê.

"Querido Poeta, agora estou pebado. E um homem despombalizado fica sem sustança, desprovido de forças até pra babar (1-2).

"Sempre fui uma pessoa assim, aliás, mais assim que assada. Mãe dizia que não era bem bom-ão do juízo (34-22).

"O pau que dá em Chico é o mesmo que dá em Francisco, desde milenovecentos e me esqueci. Obro mais que um boi e isso me infelicita (6-71).

"Fui inventar de seguir sete passos para não melar a vara em público, do Dr. Mandioca, e olha como eu fiquei (7-5)!

"Ainda tenho aquela bodega sortida, especializada em ovos caipira, limpeza de vírus em computador e fossa, lixa, querosene e bola Rivelino (10-2).

"Por fim, o maior sinal de que está perdendo a audição é quando você fica mouco. E eu estou mouco das oiças" (9-1).

Entenderam por que Zé Galope é um macho por demais azalado?

Se ela se fizer de doida eu abarco!

Cabôco & seus Papudos, a melhor banda de forró barroco da Vila - 17 anos só de ensaios. O band-leader, Cutruco, espécie de Mick Jagger depois duma capoeira de chato, é pálido, oião estofado, um esmeril em contato com um celular da pôde. Quer matar ele e colegas? Dê uma passadinha no Centro Social entre 7 e 18 horas. Haja desafinação! Quando falta cana, corre sacolinha pra "apurar" moedinhas até de um centavo. Chegam a comprar de um "pingo de cana" pra melar o bico.

Segunda passada faltou grana total pra meiota. A vontade de "calibrar" os nervos ia bater na lua. Vendo que não havia apelação, zero de doações, o jeito foi armar plano mirabolante: roubar todo o conteúdo da caixinha do pessoal do frigorífico do Aguiar (COLABORE COM O NATAL DOS FUNCIONÁRIOS).

- Quando acabar, nós devolve a caixa fechada - defendeu o baterista Ringo Papangu.

No que aparteou o falante Cutruco:

- Negatofe! A gente não samo meliante! Nossa porção Papai Noel impõe que deixemos lá dois centavo de indês...

Fonte: O POVO, de 29/11/2019. Coluna “Crônicas”, de Tarcísio Matos. p.2.

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

A SAÚDE NO CEARÁ APÓS A COVID-19

O novo coronavírus fez, oficialmente, no Brasil, a sua primeira aparição na capital paulista em fevereiro de 2020. No Ceará, o primeiro caso se deu em 15/03/2020. De princípio, o vírus atingiu pessoas que tinham realizado viagens internacionais, notadamente as oriundas da Itália, cenário em que o vírus teve um impacto assustador, pondo em genuflexão cidadãos de opulentas nações europeias. Daí porque atingiu inicialmente bairros ditos nobres de Fortaleza.

O Ceará esteve na vanguarda dos estados brasileiros na transmissão comunitária, especialmente em sua capital, que observou um crescimento avassalador de casos e de óbitos, alcançando o pico epidêmico, nos idos de maio, e a partir daí notou-se uma desaceleração na ocorrência entre os habitantes de Fortaleza, ao tempo em que se assistiu o avanço da Covid-19 no hinterland cearense.

Hoje (15/10/2020), decorridos sete meses do caso-índice, quando se experimenta a tendência de declínio da incidência e da mortalidade por Covid-19, o Ceará carrega o duro fardo de mais de 260 mil casos confirmados e de mais nove mil tombados, cujas mortes foram atribuídas ao SARS-Cov-2.

As cifras ostentadas da Covid-19 na Terra da Luz, quando cotejadas com as de outras unidades federativas, são pouco alentadoras; contudo, há um consolo público, mas não entre os que perderam seus entes queridos, de que os nossos resultados poderiam ter sido mais dantescos.

A nosso favor, amainando as nefastas consequências dessa pandemia, pode-se creditar a infraestrutura de serviços de saúde, erigida nas gestões governamentais, a começar pelo Governo Lúcio Alcântara, a qual, bem gerida por Camilo Santana, que soube liderar os gestores municipais, alargando e aproveitando a capacidade assistencial instalada, sem se descuidar dos aspectos preventivos da epidemia.

Enquanto não se dispõe de uma vacina efetiva e segura contra a Covid-19, árduos desafios se deparam adiante, pois os coestaduanos terão que conviver com um problema agudo não debelado concomitante às demandas da saúde que foram represadas em função da avalanche de casos da Covid-19.

Que Deus se apiede dos Seus filhos platicéfalos no porvir.

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Professor titular de Saúde Pública-Uece

* Publicado In: O Povo, de 22/10/2020. Opinião. p.18.

NÃO SOMOS ANÔNIMOS. SOMOS LIVRES

Por Rev. Munguba Jr. (*)

Em uma democracia, o pressuposto básico é a convivência pacífica dos contrários. É a aceitação da opinião da maioria, mesmo não concordando com o teor do que foi aprovado. Aceitar não é assinar em baixo sem um exame periódico do que está sendo implementado. Corrigir rotas é um dos pilares da sabedoria.

No Brasil vivemos uma democracia pujante e alicerçada nas garantias das liberdades individuais. Uma democracia que consegue conviver com um relator de uma CPI que quer calar jornalistas, sites, blogs e em todas as redes sociais, estabelecer censura com roupagem de liberdade, um membro do Partido Comunista para mediar discursões sobre a liberdade de expressão e de imprensa.

Papel aceita tudo, mas a convivência harmônica entre os três Poderes da República depende das decisões sólidas que tomamos no dia a dia.

Na igreja cristã não vivemos uma democracia. Temos uma teocracia onde recebemos das Escrituras Sagradas as diretrizes e os princípios que devemos seguir. Dentro dos ensinamentos de Cristo temos o respeito e o amor pelos que discordam e não se submetem a doutrina bíblica. Como em um clube podem ser respeitados, mas isso não significa que possam se tornar pastores, padres ou bispos. Gravitar em uma igreja sem seguir os princípios bíblicos é como assistir um filme que exibe uma chuva forte molhando uma terra seca.

Sinto que a democracia é um desafio muito maior do que viver em uma teocracia. Na teocracia obedecemos a Deus e seguimos Seus princípios; na democracia precisamos aprender a respeitar o que pensa diferente e até mesmo os que sem educação expõem suas ideias. Caso alguém se sinta ofendido ou desrespeitado em sua honra pode apelar para a justiça para dirimir as controvérsias e punir as infrações.

Como cristãos que somos, como maioria absoluta de cristãos no Brasil, precisamos colocar claramente os valores da família, da vida, da liberdade, dos direitos individuais e da liberdade de expressar opinião e ser responsável por ela.

Não somos anônimos. Somos livres. 

(*) Pastor Munguba Jr. Embaixador Cristão da Coreia do Sul Para a Implantação da Oração da Madrugada e Erradicação da Pobreza no Brasil.

Fonte: O Povo, 8 de agosto de 2020. Opinião. p.12.

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

COVID-19 CONTAGIA, SUICÍDIO TAMBÉM

Por Márcia Alcântara Holanda (*)

O suicídio de Manu, no final da quarentena instituída no Brasil, para controle do contágio maciço entre pessoas pelo Sars-CoV-2, abalou profundamente sua amiga Rita. Nomes fictícios para histórias reais, mais próximas do que imaginamos. Ela entrou num estado de luto torpe, pela desoladora perda daquele ente muito querido. Manu não deixara carta, havia se queixado de estar vivendo imensa tristeza, solidão, e de ser "um velho que só servia para pegar doença". Pois não é que, alguns dias depois, Rita zapeou para mim algo muito preocupante. Falou: "Não sei o que faça da vida, Manu estava certo: não dá para aguentar essa tristeza, o medo e a solidão. Penso que é melhor mesmo sair do mundo."

Os idosos na quarentena sentiram-se velhos e alguns se tornaram solitários e invisíveis. Às vezes, quase parando de funcionar, por causa de sua maior vulnerabilidade, do que a dos demais seres. Lembrei-me, de novo, dos ensinamentos de Andrew Solomon, em Um crime da solidão, que diz que o suicídio é contagiante. Citou um estudo do CDC (Control Disease Center), dizendo que no mês seguinte ao suicídio do ator Robin William, a taxa de mortes por essa causa nos Estados Unidos subira 10%, numa clara relação entre o exemplo de Robin e a atitude de copiá-lo por muitos que, provavelmente, já haviam idealizado suicidar-se.

Rita contagiou-se com o suicídio de Manu. Era o contágio de momento, em que o desejo de morte se apresenta por causas externas, resolvíveis, como o luto, por exemplo. Seria então preciso ajudá-la para preveni-la de um desenlace pior, cuidando de: acreditar nela, escutá-la com atenção, afastá-la de possíveis situações sedutoras da morte, acolhê-la sem restrições, dissuadi-la de culpa e oferecer-lhe acesso à terapia apropriada. A cartilha da Fiocruz com o tema Suicídio na pandemia da Covid-19, de 26/05/2020, oferece esses caminhos para evitar o contágio por suicídios.

Foi pela fala que Rita abriu então sua alma e disse muito sobre sua bela e intensa relação com Manu. Relatou muitos fatos sobre tal, chorou e se riu deles, liberou as emoções, sentiu a vida e amenizou o luto. Resolveu então, depois de alguns dias de terapia da palavra, retornar aos encontros virtuais com seus grupos de WhatsApp, que havia interrompido, e a vida continuou diferente, mas livre do contágio pelo suicídio. 

(*) Médica pneumologista; coordenadora do Pulmocenter; membro da Academia Cearense de Medicina.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 23/9/2020. Opinião. p.21.

terça-feira, 20 de outubro de 2020

O QUE APRENDEMOS COM A PANDEMIA?

Por Erasmo Miessa Ruiz (*)

Não somos indiferentes ao que ocorre a nossa volta. Seja por livre vontade, seja por imposição da realidade, temos que buscar novas maneiras de viver, novos estilos de vida, novas formas de pensar o mundo.

A pandemia atingiu a todos. Alguns milionários isolaram-se em alto mar em seus iates. Outros arriscaram suas vidas para manter hospitais, fábricas e o abastecimento de produtos de consumo. Muitos, entretanto, permaneceram em casa obedecendo as regras de distanciamento social.

Começamos então a desenvolver hábitos "estranhos" como o de lavar as compras ou transformar a entrada da nossa casa numa "sapataria" para os calçados utilizados quando saíamos.

Intensificamos o uso das redes sociais e plataformas de reunião, seja para educação formal, seja na tentativa de manter rituais como festas de aniversários, velórios e até cerimônias de casamento.

Muitos descobriram que trabalhar em casa poderia ser algo que nos afastava do estresse do trânsito e da violência urbana. Pessoas mudaram hábitos alimentares e constituíram estilos de vida mais saudáveis para aumentar a imunidade. Famílias tiveram que aprofundar a comunicação e assim superar problemáticas de relacionamento.

Livros esquecidos nas estantes puderam ser lidos e aquele velho filme que marcou a vida pode agora ser revisto. A natural necessidade de contato humano pôde fazer as pessoas redescobrirem o quanto banalizavam as grandes amizades agora que tudo era temperado com o gosto agridoce da saudade de abraços e beijos.

Mas não sejamos ingênuos. Viver em contenção nos apresentou nova magnitude de conflitos. Intensificou a violência doméstica, agudizou problemáticas de saúde mental, fez aumentar o consumo de álcool, colocou em xeque a capacidade de aprender das nossas crianças, desafiou trabalhadores do aprofundamento da precarização das condições de trabalho.

É o momento de colher e manter os bons frutos da mudança. Também é o momento de construir resiliência para enfrentar os enormes desafios desse admirável mundo novo que se descortina depois que a pandemia passar. 

(*) Psicólogo, mestre e doutor em Educação e professor associado da Universidade Estadual do Ceará. Diretor da Editora da Uece.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 3/10/2020. Opinião. p.16.

 

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