sexta-feira, 30 de junho de 2017

COMPOSIÇÕES POÉTICAS DE QUINTINO CUNHA I


Encontro das Águas 

Por Quintino Cunha
 

Vê bem, Maria aqui se cruzam: este

É o Rio Negro, aquele é o Solimões.

Vê bem como este contra aquele investe,

como as saudades com as recordações.
 

Vê como se separam duas águas,

Que se querem reunir, mas visualmente;

É um coração que quer reunir as mágoas

De um passado, às venturas de um presente.
 

É um simulacro só, que as águas donas

D'esta região não seguem o curso adverso,

Todas convergem para o Amazonas,

O real rei dos rios do Universo;
 

Para o velho Amazonas, Soberano

Que, no solo brasílio, tem o Paço;

Para o Amazonas, que nasceu humano,

Porque afinal é filho de um abraço!
 

Olha esta água, que é negra como tinta.

Posta nas mãos, é alva que faz gosto;

Dá por visto o nanquim com que se pinta,

Nos olhos, a paisagem de um desgosto.
 

Aquela outra parece amarelaça,

Muito, no entanto é também limpa, engana:

É direito a virtude quando passa

Pela flexível porta da choupana.
 

Que profundeza extraordinária, imensa,

Que profundeza, mais que desconforme!

Este navio é uma estrela, suspensa

N'este céu d'água, brutalmente enorme.
 

Se estes dois rios fôssemos, Maria,

Todas as vezes que nos encontramos,

Que Amazonas de amor não sairia

De mim, de ti, de nós que nos amamos!...  

 

Nublado 
 
Por Quintino Cunha 

O Sol quis ver a terra hoje. A invernia

Só uma nuvem formou no firmamento;

Queria vê-la, ao menos um momento,

Mas mesmo esse momento não podia.
 

Porque o sombrio, o torvo, o pardacento

Dessa nuvem ao Sol não permitia

Ver uma flor sequer. Passou-se o dia

Quase que num perfeito enlutamento.
 

Quis ver a terra, mas a tarde veio,

Depois a noite, que o ocultou no meio

Dos seus escuros e tristonhos folhos.
 

Maria, eu sou direito esse sol-posto:

Há dias em que a nuvem de um desgosto

Não quer que eu veja a terra dos teus olhos!...
 

 

Spes Única! 

Por Quintino Cunha
 

Morto, dentro da fria sepultura,

Sem te poder falar?

E tu que me amas, boa criatura,

Indo me visitar...
 

Banhada de suspiros, de soluços,

Desmaiada, talvez...

Muita vez reclinada, até de bruços,

Na altura dos meus pés;
 

Pedindo a Deus o meu viver eterno

Junto das glórias suas;

Que me livre das penas do inferno...

E a chorar continuas,
 

Lembrando nossa vida, a todo instante,

Repassada de dor...

A lembrar-te que fui o teu amante

- O teu único amor!
 

Mal pensando na horrífica caveira,

Em que me transformei,

Exausto de fadiga, de canseira,

Imaginar não sei...
 

Para evitar essa hora amargurada,

Esse quadro de dor tão verdadeiro,

Deus há de ser servido, minha amada,

Que tu morras primeiro!...
 

Fonte: Ceará Moleque.

 

quinta-feira, 29 de junho de 2017

NOTA DE PESAR: falecimento do Prof. Dr. Paulo Cesar Alves Carneiro


Por estar viajando ao exterior nos últimos dias, somente na tarde de hoje (29/06/2017) tomei conhecimento do falecimento do Prof. Dr. PAULO CESAR ALVES CARNEIRO, médico, filósofo e professor, desfecho acontecido em 18/06/2017, no Rio de Janeiro-RJ, cidade que o acolheu como residente, desde 1978, e onde exerceu o seu mister profissional.
Conheci Paulo Carneiro há mais quatro décadas, desde quando participávamos da representação estudantil nos órgãos colegiados do Centro de Ciências da Saúde, da Universidade Federal do Ceará (UFC), ao tempo em que cursávamos Medicina.
Paulo Cesar Alves Carneiro, nascido em Tabuleiro do Norte, no Ceará, em 1955, era médico graduado na UFC, mas fez carreira acadêmica e profissional no Rio de Janeiro, onde constituiu sua família, sendo pai da advogada Érica Carneiro.
Paulo fez sua pós-graduação no Rio, tendo realizado residência médica, especialização, mestrado e doutorado, tornando-se um exemplo singular de ser detentor de três diplomas de livre-docência.
Sua atuação na docência superior foi exercida na Universidade Federal do Rio de Janeiro, e na vida profissional, como médico do serviço público federal, foi lotado no Hospital de Bonsucesso, do Rio de Janeiro.
Paulo Carneiro era membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões – TCBC e da Sociedade Brasileira de Mastologia, entidades médicas de grande reconhecimento em suas respectivas especialidades.
Pertencia às seguintes academias na qualidade de membro titular: Academia de Medicina do Estado do Rio de Janeiro – ACAMERJ (antiga Academia Fluminense de Medicina); Academia Brasileira de Médicos Escritores – ABRAMES; Academia Brasileira de Medicina Militar – ABMM e Academia Cearense de Ciências Letras e Artes do Rio de Janeiro – ACCLARJ.
A missa de sétimo dia em sufrágio de sua alma ocorreu na Igreja de Nossa Senhora de Copacabana-RJ, em 24/06/2017.
Notas de pesar, por sua prematura morte, foram divulgadas pelo Colégio Brasileiro de Cirurgiões e pela ACAMERJ.
Descansa em paz, caro colega cabeça-chata.
Ac. Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Membro titular da ACM – Cadeira 18

Da fé, da desconfiança e dos imponderáveis prognósticos


Por Paulo Elpídio de Menezes Neto (*)
Para Adão e Eva, não existia passado; e se houve, não era coisa que lhes dissesse respeito: o passado a Deus pertencia. O futuro, por sua vez, não passava de vaga suspeita que aos filósofos gregos e aos olhos dos apóstolos de Cristo tomaria forma e corpo em futuro remoto, remotíssimo. Tornados terráqueos, por castigo divino, viviam Adão e Eva felizes, aplicados à iniciação aos primeiros pecados, salvo o do adultério que as circunstâncias não o permitiam. Em seu favor, registre-se, entretanto, não lhes ter sido aconselhado a se desviarem dos perigos que correriam em seu desterro definitivo. Não foi fácil para o casal fundador dos humanos perceber a enrascada em que se havia metido. Com a proliferação da grei dos decaídos do Éden, não tardariam por despontar conflitos entre pessoas e interesses, dúvidas e convicções, abrigados, em nossa modernidade, sob o manto de nomenclatura complexa – conceitos, teorias e prédicas aliciantes –, criação engenhosa e paciente de filósofos, cientistas políticos e agentes da Fé e do Estado.
Nessas coisas de futuro e previsões, os gregos eram muito inspirados. Dizia Cícero, entretanto, que “nada se ganha em conhecer o futuro; e infeliz é quem se atormenta em vão”. E, Montaigne, nos primórdios do humanismo, séculos depois, cético: “Na realidade, em todos os governos sempre se entregou parte da autoridade ao acaso”. E conclui, falando sobre as suspeitas que lhe causa a busca de explicações de causas e eventos futuros: “… é um passatempo divertido para os espíritos sutis e ociosos, e acredito que quem adquire suficiente destreza para inventar e interpretar acha o que bem entenda em qualquer escrito”.
Os videntes modernos enfiaram-se na capa segura da ciência e dela fizeram uso como quem empunha um “guarda-chuvas” que protege dos erros veniais e garante a justeza das revelações. Já não são os ministros da fé os arautos da Revelação, os explicadores do futuro; em seu lugar despontaram novos atores midiáticos, empresários, agentes sindicais, homens públicos em seu desvelado apostolado cívico – e, por fim, os feiticeiros da Academia, destros pelejadores com suas teorias, apresadas por sutis cumplicidades ideológicas, fraseólogos melífluos, conquanto ágeis na retórica de suas lealdades contingentes. Tornaram-se “explicadores” incontinentes de tudo a que assistimos e das nossas angústias e vãs expectativas; mas não o fazem por mera compulsão, admitamos, e, sim, por incontornável viés profissional.
Por conta desse falar obscuro e vago, a que se referiu Montaigne, tornamo-nos, por fim, perscrutadores do imponderável de nosso destino coletivo: conseguimos realizar o que aos filósofos e homens de sabedoria parecia façanha improvável: fixar a imprevisibilidade do passado e tolerar o infortúnio do presente, diante das certezas ilusórias de nossas visões do futuro. E, assim, apagar as incertezas inspiradas pelo futuro e abandonar as suspeitas guardadas sobre o passado.
(*) Cientista político. Membro da Academia Brasileira de Educação e do Instituto do Ceará.
Fonte: O Povo, de 3/5/2017. Opinião. p.10.

quarta-feira, 28 de junho de 2017

CONVITE: Medalha Boticário Ferreira ao Dr. Sulivan Mota

O Presidente da Câmara Municipal de Fortaleza, vereador Salmito Filho, atendendo ao requerimento da vereadora Larissa Gaspar, convida para a Sessão Solene de entrega da Medalha Boticário Ferreira, ao médico e professor Francisco Sulivan Bastos Mota.

Data: 29 de junho de 2017 (quinta-feira), às 19h.
Local: Plenário da Câmara Municipal de Fortaleza, na Rua Thompson Bulcão, 830 / Bairro Patriolino Ribeiro.
Traje: Passeio completo.

terça-feira, 27 de junho de 2017

A UTOPIA DO AMOR

Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Viva o amor e pouco importa se é uma utopia.
O que a mente imagina torna-se realidade, pois, em um momento pode-se viver uma vida. Um instante de felicidade equivale a anos de vida.
Utopia, nome dado por Thomas Morus (humanista inglês, 1477-1535) a uma ilha imaginária, com um sistema sociopolítico ideal. Amor: forma de interação psicológica ou psicobiológica entre pessoas, seja por afinidade imanente, seja por formalidade social; atração afetiva ou física que, devido a certa afinidade, um ser manifesta por outro; forte afeição por outra pessoa, nascida de laços de consanguinidade ou de relações sociais; atração baseada no desejo sexual; afeição e ternura sentida por amantes. Derivação por extensão de sentido: relação amorosa, aventura amorosa; caso, namoro. (Dicionário Eletrônico Houaiss, 2011).
Meus leitores irão estranhar o fato de eu escrever sobre Utopia (ilusão, fantasia, quimera, sonho) em um texto que pretende falar do Amor. Esclareço. Enquanto a utopia é pura imaginação, o amor acontece. O amor acontece sob o olhar do presente, do diário, do cotidiano e pode tornar-se necessidade para que seja usufruído dentro da plenitude existencial do que é: o lugar comum onde o dia-dia-acontece…
Queiramos ou não, a história caminha rumo à utopia, levando-nos a esquecer, de quando em vez, do término da vida. Como na metafísica de Spinoza (1632-1677) — há a Substância, isto é, o ser absolutamente infinito que tem infinitos atributos. E os sábios, filósofos e até os poetas encontram-se no dilema de Todos os Tempos, a procurar uma maneira de evitar, de sonhar acontecer e poder explanar a realidade de um amor-utópico que acontece em uma sociedade não–utópica, menos perfeita e cada vez mais livre e egoísta.
Portanto, considero o amor entre os amantes uma ilha cercada pelo mesmo oceano que cerca a Utopia. Viável e Navegável e com Pontes, ligando o impossível ao possível. Apesar de crer ser o Mundo do futuro um mundo de tolerância e de aceitação do próximo, fico em dúvida… Sei que as pessoas jamais poderão aceitar incondicionalmente as diferenças. Creio que nascemos portadores de determinados preconceitos e desigualdades, sem com isso defender o fundamentalismo de todos os tipos ou gêneros e muito menos acastelar a passividade que obrigue a uma concordância total.
Assim como um amor utópico é impossível de acontecer e mesmo assim nele embarcamos, sabemos que amantes utópicos são impossíveis de sê-lo. O Amor Utópico, ou a Ilha da Utopia, é uma fantasia que nunca poderá ser concretizada. E isso faz parte do seu conceito: assim que ela se realize, deixa de ser — uma utopia. Não sei o motivo desta procura descomedida pelo amor de outra pessoa, se o amor, para que aconteça, nasce utópico.
Mas, apesar de tudo, escrevo: Ampliar a possibilidade de amar é ampliar os limites do possível, pois o amar será – sempre – um processo em construção. Mas para que se amofinar? Ora, “… o amor acontece na vida. Estavas desprevenida e por acaso eu também”, como cantam os que estão plenos de amor, através da música simples de Dorival Caymmi (1914-2008)?
 Parece que a utopia está mais próxima de nós do que imaginamos e se as coisas são inatingíveis… Ora! Não é motivo para não querê-las… Que tristes os caminhos, se não fora a presença distante das estrelas!” Mario Quintana (1906-1994). O amor vive de recordações, enquanto o ódio, para continuar existindo, necessita da realidade presente.
Viva o amor e pouco importa se é uma utopia. O que a mente imagina torna-se realidade, pois, em um momento pode-se viver uma vida. Um instante de felicidade equivale a anos de vida.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES). Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).

segunda-feira, 26 de junho de 2017

TAXA DE CÂMBIO

Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)
Taxa de câmbio é o preço da moeda estrangeira (divisa) em termos de moeda nacional, ou seja, a relação existente entre duas moedas. Por exemplo, R$ (real) do Brasil comparado com o US$ (dólar) dos EUA. Pode-se dizer que por trás da demanda de divisas está o fluxo representativo da saída de recursos para o exterior, mediante operações como: importação de bens e serviços, turismo no exterior, pagamentos financeiros, empréstimos concedidos, amortizações de financiamentos, etc. Por outro lado, por trás da oferta de divisas tem-se o fluxo referente à entrada de recursos no país evidenciada por operações como: exportação de bens e serviços, turismo de estrangeiros no país, recebimentos financeiros e empréstimos oriundos do exterior, etc. Os formatos das curvas de procura e oferta de divisas, num modelo de mercado livre, são semelhantes aos esquemas tradicionais da teoria econômica, conforme o sistema cartesiano. A política econômica deve ser observada, detalhadamente, pois poderão ocorrer efeitos colaterais negativos, tais como: inflação, desemprego, aumento da taxa de juros, desajustes fiscais, queda de investimento, etc. Hoje, no Brasil existe uma grande expectativa em torno do câmbio. A taxa (R$/US$) caiu bastante nos últimos dez meses. Passou de aproximadamente 4 para 3, o que no momento foi bom. No entanto, “todo cuidado é pouco”. Os “policy makers” brasileiros devem permanecer atentos às conjunturas econômico-políticas, internacional e nacional, de modo a evitar especulações, desperdícios, bem como o perigoso risco de uma crise cambial, que poderia levar o país da “enfermaria” para a “UTI”.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste, Ideias. 24/2/2017.

domingo, 25 de junho de 2017

NAMORADA VELHA


Fonte: Circulando por e-mail (internet). Fotomontagem sem autoria explícita.

O QUE IRRITA AS MULHERES


Fonte: Circulando por e-mail (internet). Fotomontagem sem autoria explícita.

sábado, 24 de junho de 2017

CONVITE: Celebração Eucarística da SMSL - Junho/2017

A Diretoria da SOCIEDADE MÉDICA SÃO LUCAS (SMSL) convida a todos para participarem da Celebração Eucarística do mês de MAIO/2017, que será realizada HOJE (24/06/2017), às 18h30min, na Igreja de N. Sra. das Graças, do Hospital Geral do Exército, situado na Av. Des. Moreira, 1.500 – Aldeota, Fortaleza-CE.
CONTAMOS COM A PRESENÇA DE TODOS!
MUITO OBRIGADO!

Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Da Sociedade Médica São Lucas

IMPOSTO SOBRE SEXO


Chargista: Radicci.
Fonte: Circulando por e-mail (internet).

ESPOSA DISTANTE


Fonte: Circulando por e-mail (internet). Foto e texto sem autorias explícitas.

sexta-feira, 23 de junho de 2017

JOÃO E A JUSTIÇA

Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)
Antes de mostrarmos o envolvimento de João, o “pseudo-sabido”, com a justiça, apresentamos ao leitor a fábula de Esopo, “O corvo e a cobra”. “Ao avistar uma cobra dormindo num lugar ensolarado, um corvo faminto desceu voando e arrebatou-a, mas ela se voltou e lhe deu uma picada. Então ele disse, prestes a morrer: Pobre de mim! Encontrei esse achado e por causa dele, estou perdendo a vida”. A fábula mostra que, para achar um tesouro, uma pessoa pode por em perigo a própria vida. Pois bem, o “esperto” João, desde criança gostava de enganar os professores e amiguinhos nos estudos e nas brincadeiras. Em casa, não respeitava os pais, enfim era um menino problemático. Sua mentalidade, bem como a forma de agir não mudou com o tempo. Já homem, com profissão definida, gostava de tirar proveito em tudo e levar vantagens não éticas nos negócios empresariais e, posteriormente, na política. João era considerado muito inteligente e vocacionado para o sucesso. Todavia, em seu vocabulário esdrúxulo não existiam as palavras dignidade e honestidade. Vários puxa-sacos, nas duas atividades, consideravam João um homem de largo conhecimento. Era um vencedor contumaz nas disputas nas áreas empresarial e política. Ficou muito rico e detinha grande poder. No entanto, não se pode enganar sempre. As autoridades perceberam que havia algo estranho e descobriram as infrações e crimes cometidos por João. Foi denunciado, investigado, julgado e preso. A historia mostra que a ambição pelo poder e pelo dinheiro, pode levar uma pessoa a perder a liberdade, principio básico da cidadania.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste, Ideias. 17/2/2017.

quinta-feira, 22 de junho de 2017

NANOMEDICINA

Pedro Henrique Saraiva Leão (*)
Tornou-se modernamente reconhecida a função premonitória da Literatura na Ciência. (Ótimo título para um ensaio!). Como se aquela profetizasse esta. Exemplos irrefragáveis (incontestáveis) estão no francês Jules Verne (+1905): “Vinte mil Léguas Submarinas”, e nos ingleses H(erbert) G(eorge) Wells (+1946): “A Máquina do Tempo” (1895); “Os primeiros Homens na Lua” (1901) e Aldous Huxley (+1963): “Admirável Mundo Novo”, este (1932) adivinhando o bebê de proveta.
Quando menino e mancebo, abismava-me, boquiaberto ante as histórias fantásticas de ciência/ficção de seus cultores exponenciais, como estes “plus” Asimov, Arthur Clarke, Robert Heinlein. Realmente, os robôs invadiram nosso planeta, e alongadamente temos discorrido aqui em “Dr. Robô” (20/1/1992), “Doutor Internet” (12/XI/2008), “Transhumanismo” (06/1/2013), e “Robô da Vinci” (23/2/2016). Deles já nos dera ciência a Literatura, esta, em parte, imemorial. Aludidos engenhos semelhando pessoas biônicas, autômatos androides ou ginecoides (tais quais homens ou mulheres) começaram mencionados no livro XVIII da “Ilíada”, (atribuída a) Homero. Ali compunham um exército arregimentado por Hephaestus, o deus do fogo (Vulcan, entre os romanos) para o herói Achiles.
Estes petrechos só em 1920 foram denominados “robôs” pelo escritor tcheco-eslovaco Karel Capek. Nas línguas dessa região, “robota” significava “trabalho forçado” (faz sentido!). Já na aurora dos tempos as mitologias chinesa, grega e egípcia disso se ocuparam. E no século XVI Leonardo da Vinci desenhara robôs humanoides, como atestam seus cadernos, redescobertas em 1950. Assim, a ficção veio-se fazendo fato nas novelas de Arthur Clarke, e nos contos dos mais de 500 livros de Isaac Yudovich Asimov (+1992), Máxime em “Viagem Fantástica” (1966), em que robôs percorrem o interior do corpo humano. Portanto – salientado eclesiasticamente pelo lusitano Pe. Antônio Vieira (+1697) – “Nihil sub sole novum”. Robôs bípedes já nos substituem na Indústria, na Medicina, e até nos campos de batalha, comportando-se qual “Wild Cat” (gato selvagem) (“In” revista INFO, XI/2013).
É a nanomedicina que se agiganta, cujo prefixo significa “anão” em grego. Impressiona sobremodo o desempenho destes nano-robôs – medindo tão somente 1 bilionésimo de metro, ou 6 x menos do que um glóbulo vermelho – quando injetados por via parenteral (vascular). Destarte, facilitam diagnósticos precoces, administram drogas anticancerígenas de maneira dirigida (poupando tecidos sadios), e tratam o diabetes e outras doenças.
Nano-robôs cirurgiões existem nos EUA desde 1990 e surgiram nos quirófanos (salas de operação) brasileiros em 2008. Lemos também que há pouco (2014) foram documentados agindo em organismos vivos, na Universidade da California (EUA) (San Diego). Em verdade, representam a realização dos sonhos e cerebrações dos norte-americanos Kim Eric Drexler (1955) e Richard Feynmann (1988), verdadeiros “míssilnários” da bioengenharia molecular. Eia, o futuro dobrou a esquina, aventando-se até mesmo cérebros artificiais daqui a dois anos, precedendo os “cyborgs” (homens/máquinas), e a inteligência robótica prevista para 2045. (Sugerimos ler/reler nosso artigo aqui divulgado em 27/3/2013). Pasmem! “Ereiupe”! (bem-vindos), diziam nossos índios.
(*) Professor Emérito da UFC. Titular das Academias Cearense de Letras, de Medicina e de Médicos Escritores.
Fonte: O Povo, 17/05/2017. Opinião, p.10.

quarta-feira, 21 de junho de 2017

COM CORRUPÇÃO OU SEM CORRUPÇÃO

Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
A UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – aprovou, no dia 02.05.17, que Jerusalém não pode ser a capital do Estado de Israel. Proposta apresentada pelos seguintes países: Argélia, Egito, Líbano, Marrocos, Omã, Qatar e Sudão. Essa aprovação não causa nenhuma espécie no cenário político Internacional dada a posição habitual, frequente e repetitiva da Organização das Nações Unidas contra o Estado de Israel.
O que surpreende a nós, brasileiros, é mesmo a mudança ocorrida no Brasil, olhe, leia, veja a postura do nosso Ministério do Exterior – Itamarati - agora, não mais comandada por vieses ou simpatias ideológicas.
A decisão do governo Michel Temer de aprovar essa resolução da UNESCO, apoiando que os judeus não possuem laços históricos com o Monte do Templo e o Muro das Lamentações, em Jerusalém, é que surpreendeu a muitos brasileiros.
Sejam esses, alguns mais ligados à Política Internacional, e que, apesar desta nossa situação de crise político-econômica interna atual, permanecem atentos para o que está acontecendo pelo Mundo e não entendem tal posição dúbia do Itamaraty.
A resolução é antissemítica, - é prudente lembrar que antissemitismo - agora antijudaísmo - metamorfoseou-se e se expressa nessas posturas antagônicas ao Estado de Israel. Compará-lo ao nazifascismo, apartheid dos brancos contra os negros na África do Sul, é desejar que ele seja destruído como País, varrido do mapa mundial ou afogado no mar Mediterrâneo.
Mas, voltando ao voto brasileiro, ele é de tal maneira atabalhoado que mostra até que ponto a demência racista e do ódio é capaz de chegar às instâncias internacionais em nossos dias. Lamentações de nada irão adiantar, porém a capacidade de se indignar não deve ou não pode ter limites.
Exerço meu direito de opinar, apesar de minha crença pessoal de continuar tentando acreditar que o Mundo mudou e não necessitar recorrer a argumentos transcendentes e tralalás.
Aceitar o voto brasileiro é semelhante a dizer que os cristãos não possuem laços históricos com Roma ou que os muçulmanos não os possuem com Meca e Medina.  Esse consagro internacional brasileiro não representa os princípios de minha Nação e muito menos honra a memória de alguns membros do Itamaraty, que arriscaram sua carreira ao salvar tantas vidas do Holocausto.
Como?
Fornecendo vistos para refugiados de origem judaica para o Brasil, ousando e desobedecendo assim às ordens contrárias e desumanas do governo ditatorial de Getúlio Vargas. Destaco, entre eles, o mineiro Guimarães Rosa, médico, diplomata, escritor, reconhecidamente salvador de tantos refugiados judeus, perseguido pelo nazifascismo, antes da Segunda Grande Guerra e durante ela.
Infelizmente a humanidade, se mudou, mudou muito pouco desde o tempo do campo de concentração de Auschwitz (1940-1945).
Com corrupção ou sem corrupção, devemos ter cuidado com os populismos de qualquer das ideologias ditas ultrapassadas ou que possam vir a renascer, como o preconceito do antijudaísmo. Cuidado! Eles, os preconceituosos, tomam as mais engenhosas formas, vestimentas e disfarces, jamais imagináveis, contra a Humanidade.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES). Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).

terça-feira, 20 de junho de 2017

VIAGEM A ISRAEL

Por José Jackson Coelho Sampaio (*)
O Banco do Nordeste, o Governo e a Assembleia Legislativa do Ceará, cinco das sete universidades públicas cearenses, entre elas Uece, UVA e Urca, dois órgãos de imprensa, a Fiec e jovens inovadores com a experiência de startups de sucesso uniram-se numa viagem muito especial, a Israel, para visitar coworkings, bancos inteligentes, empresas baseadas em tecnologia e inovação, a autoridade em ciência e tecnologia do governo israelense e, ao fim, motivo principal, para participar de seminário internacional da Universidade Ben Gurion, articulando Ceará/Brasil com Jiling/China.
Debateram-se captação e reúso de água, dessalinização e prevenção do desperdício de água, sistemas de contenção de desertificação, biotecnologia e TIC, por entre labirintos de modernidade e globalização, no caso de Tel Aviv, de tradição histórica e sacralidade múltipla, no caso de Jerusalém, ou por entre labirintos de paz precária, sobre permanente infraestrutura de guerra, em todos os lugares: desde a sensação de que qualquer estalo pode gerar reações cirúrgicas de contenção até repaginações do ancestral humor judaico: um universitário de Beersheva, ao ser perguntado sobre a distância para Gaza, respondeu que seriam 40min de carro, 10min de bimotor e 10seg de míssil.
Mas a preparação desta viagem, para mim, revelou situações surpreendentes. Algumas, protetoras, com súplicas de, por favor, não vá, o que você vai fazer no meio daquelas guerras e terrores? Outras, radicalmente políticas, clamando que eu não fosse ao encontro de vítimas de holocausto, hoje responsáveis pelo holocausto palestino.
Sei que toda sociabilidade humana precisa ser compreendida, que além e aquém da geopolítica e das formas de exploração, estão cenários, pessoas, arte, cultura e biografias, resistindo em grandeza ao passar dos governos e das castas político-econômicas. Ao encontro da inteligência humana, entre o Mediterrâneo, o mar Morto e o deserto de Neguev, eu fui, como irei a Ramallah, na primeira oportunidade.
(*) Professor titular em saúde pública e reitor da Uece.
Publicado. In: O Povo, Opinião, de 23/5/17. p.12.

segunda-feira, 19 de junho de 2017

A FLOR E O MUNDO

Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)
A flor de lótus é uma planta aquática que nasce na lama, em lagos sujos e turvos ou em rios poluídos de baixa correnteza. No entanto, floresce sobre a água apresentando um aspecto de limpeza e beleza, bem como desabrochando em busca da luz e de vida. Realmente, é algo fantástico. O fenômeno ocorre com maior intensidade nos países do oriente, especialmente Índia, Japão e China. Nos ensinamentos do budismo e do hinduísmo a flor de lótus simboliza a vida, o crescimento espiritual e a pureza do coração e da mente. A consciência ecumênica, leva a que todos possam admitir que o importante é a verdade interior e não apenas os valores materiais e temporais. Por outro lado, analisando-se os desafios do mundo, percebemos um ideal decadente e a falta de perspectiva das novas gerações, criando um clima de perplexidade. Ganância, falta de solidariedade, violência, problemas sociais, corrupção, crises éticas e comportamentais, fundamentalismo religioso, etc..., são características inaceitáveis prevalecentes hodiernamente. Aonde vamos? Qual o futuro da humanidade? O avanço cientifico e tecnológico não proporcionou melhores condições para todos. Não somos contra o progresso, pelo contrario, todavia não concordamos com a expansão do numero de pessoas excluídas e oprimidas. Assim disse Santo Tomás de Aquino: “Há homens cuja fraqueza de inteligência não lhes permite ir além das coisas corpóreas”. Por sua vez, seria bom meditar: “Enquanto há vida, há esperança”– (Eclesiastes 9:4). Ah, bem que o mundo poderia ser uma flor de lótus! Utopia!
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste, Ideias. 10/2/2017.

domingo, 18 de junho de 2017

ELEITORES BANANAS


Chargista: Ignorado.
Fonte: Circulando por e-mail (internet). Autoria desconhecida.

DESCARGA SENATORIAL


Fonte: Circulando por e-mail (internet). Fotomontagem sem autoria explícita. Texto José Simão.

sábado, 17 de junho de 2017

CHIFRE EMAGRECE


Fonte: Circulando por e-mail (internet). Fotomontagem sem autoria explícita.

PECADO UNIVERSAL


Fonte: Circulando por e-mail (internet). Foto sem autoria explícita.

sexta-feira, 16 de junho de 2017

BULLYNG - Violência Escolar

Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Bullying é um termo inglês empregado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, que são praticados seja por uma pessoa, ou seja por um grupo de "valentões", com o objetivo de intimidar e/ou agredir uma ou várias pessoas incapaz (es) de se defender.
Por não existir uma palavra equivalente na língua portuguesa, capaz de expressar todas as situações possíveis de bullying, registro, a seguir, algumas ações que estão relacionadas a esse tipo de violência: colocação de apelidos, humilhações, ofensas, discriminações, assédios, gestos violentos, agressões, empurrões, chutes, tapas, ferimentos, destruição de pertences, intimidações, entre outros.
Uma pesquisa realizada pelo Institute Warwick Medical School, da University of Warwick, Coventry, na Inglaterra, e que foi publicada no Arch. Gen. Psychiatry, em 2009, concluiu que as vítimas das agressões acima citadas se tornavam mais susceptíveis de apresentar sintomas psicóticos, no início da adolescência. Neste sentido, das 6.437 crianças estudadas desde o nascimento, e submetidas anualmente a avaliações física e psicológica, aquelas que haviam sofrido agressões, por parte dos colegas, apresentaram uma propensão, quatro vezes maior, de desenvolver sintomas psicóticos - alucinações, delírios e distúrbios de pensamentos - na pré-adolescência, quando comparadas com as crianças que não sofreram violências (o grupo de controle).
Mesmo aquelas que não foram vitimizadas, e, apenas, presenciaram as cenas de vandalismo em relação aos colega(s), temendo vir a se tornar a próxima vítima, estavam mais propensas a ser pessoas desajeitadas, do ponto de vista social, e mais susceptíveis de ser alvo de chacotas, quando adultos, principalmente em âmbito profissional. O mesmo resultado foi encontrado em uma pesquisa realizada com gêmeos monozigóticos, que frequentaram educandários distintos: aquele que sofreu agressões de seus pares apresentou dificuldades sociais, ao passo que seu irmão (ou irmã), que não vivenciou tal situação, não apresentou qualquer dificuldade social.
De forma geral, então, a violência escolar deveria ser um alvo de maior interesse, em se tratando da prevenção e intervenção precoce à saúde mental e à profilaxia das psicoses. E, se 10% das crianças inglesas sofreram ou virão a sofrer algum tipo de agressão, por parte dos seus colegas, imaginem os(as) leitores(as), em nosso país, o percentual de casos que existe entre as crianças das populações marginalizadas.
Arrematando: o bullying aumenta, sobremaneira, a probabilidade de as crianças desenvolverem transtornos psiquiátricos, a exemplo da esquizofrenia e da depressão na adolescência, estendendo-se isso à vida adulta. Por sua vez, as crianças e adolescentes que são abusadoras(es), no presente, também estão propensos a desenvolver comportamentos antissociais no futuro. Portanto, qualquer tipo de violência na idade escolar, deve ser encarado como um sério problema, agora e sempre.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES). Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).

quinta-feira, 15 de junho de 2017

SENHOR, fazei o nosso coração semelhante ao Vosso

Por Pe. Reginaldo Manzotti (*)
Estamos no mês dedicado ao Sagrado Coração de Jesus, o coração que tanto nos amou e nos ama. O Sagrado Coração de Jesus é a fonte da santidade. É a fonte da misericórdia, a fonte dos sentimentos bons, a fonte dos pensamentos bons.
Um coração de onde emanam todas as virtudes, em especial a humildade e a mansidão, virtudes que devemos estar em constante aprendizado, como o próprio Jesus nos recomendou: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”.
O sentido da devoção do Sagrado Coração de Jesus tem uma mensagem muito profunda, que é adequar o seu coração, o meu coração, o nosso coração ao Sagrado Coração de Jesus. Isso significa conformar, fazer com que o Coração do Cristo pulse junto ao meu, e o meu coração pulse junto ao Coração de Jesus. Significa revermos a nossa vida interior, porque, quando falamos a palavra coração, não é coração órgão; é coração interior, é coração afeto.
O nosso interior pode ser uma alavanca de crescimento, mas pode ser um poço de tristeza e, se não tivermos coragem de lidar com esse mundo interior, nos pensamentos e sentimentos, tendo atitudes diferenciadas, nós podemos viver perdidos, viver num emaranhado, numa teia que não termina nunca e cada vez mais vai nos afundando.
Adequar nosso coração ao Coração de Jesus é observarmos se os nossos pensamentos, o nosso falar, o nosso pensar e agir está de acordo com os dEle. É percebermos se os nossos sentimentos e ações são próprios de quem tem um coração como o de Jesus.
É dizermos para nós mesmos: Jesus não teria esse pensamento, eu também não terei. Jesus não teria esse sentimento; eu também não terei. No coração de Jesus não cabe amargura; então, eu não vou carregar amargura. No coração de Jesus não cabe ódio; então, não vou carregar ódio. No coração de Jesus, que é amor, não cabem mágoas; então, não vou cultivar mágoas, intrigas, discórdias e desavenças, porque vou conformar o meu coração ao dEle.
Evitemos cultivar o que nos mata, nos destrói. Tiremos o coração machucado, endurecido e coloquemos um coração de misericórdia, de amor, como é o de Jesus. É bom repetir: não se trata de um órgão, mas do nosso ‘eu’ mais profundo.
Devemos ter a lógica de Jesus, e não a do mundo. Uma lógica tão diferente que chegou a olhar para a mulher prostituta e ver nela a possibilidade de conversão. Um coração que foi capaz de olhar para Zaqueu e dizer: “Hoje vou à tua casa”, porque tinha liberdade interior, tinha um coração livre, puro. É esse coração que devemos ter.
Peçamos, então: “Tira, Senhor, nosso coração de pedra, incrédulo, duro, desacreditado, decepcionado e nos dê um coração igual ao Teu, misericordioso, compassivo, manso, humilde, pacífico, puro, santo e construtor da paz”.
(*) Fundador e presidente da Associação Evangelizar é Preciso e pároco reitor do Santuário Nossa Senhora de Guadalupe, em Curitiba (PR).
Fonte: O Povo, de 12/6/2017. Opinião. p.23.

quarta-feira, 14 de junho de 2017

VACINA, NEM MORTA

Márcia Alcântara Holanda (*)
A frase acima foi proferida por uma paciente que acabara de receber o diagnóstico de sua doença pulmonar, como sendo a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (Dpoc). Por ser crônica e também progressiva, não tem cura, mas tem controle. Sendo a causa principal o hábito de fumar.
A fim do controle os pacientes com Dpoc devem: parar de fumar, usar corretamente a medicação adequada, de modo contínuo, praticar atividades físicas orientadas por especialista nesse tipo de terapia, que é a Reabilitação Pulmonar e vacinar-se contra a gripe.
O uso da vacina antigripal reduz em até 80% todas as gripes que o paciente iria ter durante um ano. Por sua vez reduz também em até 80% as infecções respiratórias e até as pneumonias, nesses pacientes.
Essa e outras frases, semelhantes as da paciente, são ditas por muitos que não aderem à vacinação impetrada pelo Governo Federal.
Perguntada sobre porque rejeitava tanto a vacina, até a morte, a paciente respondeu: “Porque já me disseram que dá reação forte, não serve para nada, é perigosa e causa até outras doenças”. Perguntada ainda sobre onde havia tomado conhecimento daquelas afirmações, a resposta foi: “Dizem por aí”.
Essa é uma ocorrência que leva muitos a não se vacinarem. Observemos a pesquisa “Denyng to the Grave: why we Ignore the Facts that will Save Us?”. Traduzindo: “Negando até a morte: por que nós Ignoramos os Fatos que Irão nos Salvar?” Essa é uma publicação dos doutores em Saúde Pública: Sara e Jack Gorman, filha e pai respectivamente, que escrevem sobre saúde global e encontraram como sendo fatores culturais os que mais influenciam na percepção do risco real de tomar vacina. Isso ocorre com indivíduos inteligentes ou não, e até com médicos. Não sendo, pois, a ignorância o que pesa nessa recusa em receber uma proteção vacinal, como fez a referida paciente, mas à cultura do disse, me disse: os boatos. Os cientistas acima recomendam em seus escritos, que os coordenadores das campanhas vacinais melhorem a comunicação científica, utilizando as evidências sob a forma de apelos emocionais éticos, tipo apelo popular convincente à adesão vacinal, como esse que criei agora, por exemplo: “Não espere morrer para tomar sua vacina contra gripe, depois de morta ela realmente não serve para nada”.
Ainda falta a adesão de muitos de nós ao apelo do Ministério da Saúde. Por isso: Que tal tomarmos nossa vacina hoje!
(*) Médica pneumologista; coordenadora do Pulmocenter; membro da Academia Cearense de Medicina.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 30/05/2017. Opinião. p.11.

terça-feira, 13 de junho de 2017

ACADEMIA CEARENSE DE MEDICINA

Pedro Henrique Saraiva Leão (*)
Esta quase quarentona sociedade (12/5/1978) encontra-se atualmente a braços com a organização do seu XVII congresso anual. Aludidas reuniões bianuais vêm se repetindo desde 1983, sempre versando temas de interesse médico, sobremaneira da nossa população. Sendo o conhecimento do passado, a compreensão do presente e a premonição do futuro exercícios constantes da mente, esses encontros recordam procedimentos antigos, e auscultam o porvir, analisando os progressos tecnológicos no diagnóstico e no tratamento de velhas e novas moléstias.
Embora algo desatenta da necessidade de divulgação de seus eventos, cumpre ressaltar, desde aquela época, algumas significativas intervenções suas na Medicina cearense. Entre vários de seus mais relevantes cometimentos, destacam-se competentes abordagens, por especialistas, das infecções, da tripanossomíase americana (doença de Chagas), da esquistossomose mansônica e das epidemias de cólera entre nós. Atenção especial amiúde despertaram as contribuições históricas de especialidades como a Clínica Médica (base de todas), a Patologia, a Microbiologia, a Imunologia, a Neurologia, a Otorrinolaringologia e a Dermatologia. Como chamativo percentual de seus membros são professores, responsáveis pela formação de novos facultativos, a Academia Cearense de Medicina dedica singular cuidado ao Ensino Médico, neste valorizando as inalienáveis implicações deontológicas (éticas) na prática profissional, e nas pesquisas. Embora formadas por saldados defensores e propugnadores da vida, a morte é ali um tema vivo, e dissecada em profundidade nos seus aspectos existenciais, e particularmente tanatológicos.
Na bienal promovida há dois anos, priorizou-se o estudo acurado das prescrições médicas, da respectiva mas insuficiente e muita vez omissa vigilância sanitária, e da indiscriminada mercantilização dos remédios no Brasil. Esse concorrido simpósio – coordenado pelos acadêmicos drs. Iran Rabelo e Eduilton Girão, e prestigiado por conferencistas de outros Estados – culminou com a redação de um documento oficial (“Carta de Fortaleza”) acerca da real e pouco ortodoxa situação dos produtos terapêuticos disponíveis no País.
Antenada em preocupações da nossa comunidade, para maio vindouro, essa quadragésima instituição programou sua XVII Bienal – a realizar-se no Hotel Sonata de Iracema – motivada pela discussão das arboviroses no Brasil de hoje, notadamente dengue, chikungunya e zika; tais são aquelas viroses transmitidas por mosquitos.
A esperada promoção será presidida pelo professor Manassés Claudino, coordenada pelo professor Djacir Figueiredo, atual vice-presidente – daquele grêmio científico. Homenagens especiais serão prestadas aos mestres Joaquim Eduardo Alencar e Gilmário Mourão Teixeira, este nos seus pujantes 98 anos. Destarte, o colegiado reverencia seus componentes, reverdecendo sua memória.
A conferência de abertura será sobre “Arboviroses no Brasil” (dr. Eurico Arruda Neto, de São Paulo) e as demais sessões terão como relatores os doutores infectologistas Adriana Oliveira, de João Pessoa (Paraíba), e os cearenses Fernanda Araújo, Márcia Medeiros, Luciano Pamplona, Ivo Castelo Branco, Anastácio Queiroz, André Pessoa e Antônio Afonso Bezerra. Para maior brilho desse fórum, a alocução (discurso) final, às 10h30min do dia 19 de maio próximo, será proferida pelo eminente professor Jorge Kalil, da Universidade de São Paulo, internacionalmente reconhecido como figura solar da Imunologia. Com tão eruditos participantes fica, portanto, garantido o êxito do evento.
(*) Professor Emérito da UFC. Titular das Academias Cearense de Letras, de Medicina e de Médicos Escritores.
Fonte: O Povo, 19/04/2017. Opinião, p.10.

NEM SÓ DE GREVE VIVE A UECE

Por João Bosco Nogueira (*)
Uece lembra greve, disse-me certa vez um vestibulando. De fato, por motivos diversos, têm ocorrido, com excessiva frequência, longas greves nessa instituição. No entanto, nem por isso ela sucumbe. Como seu professor há anos, e que já integrou sua administração superior, posso atestar que se trata de uma das mais vivas e mais dinâmicas universidades públicas.
A Uece é como nosso semiárido, aparentemente morto, mas internamente pleno de vida, potente, capaz de ressurgir vigoroso com poucas chuvas. É assim nossa Universidade, milagrosa, apesar de seus parcos recursos orçamentários. No sábado 27 de maio, o cearense pôde constatar no Centro de Eventos sua capacidade de realizar prodígios, ao exibir sua portentosa Orquestra Sinfônica, acompanhando o talentoso e internacionalmente consagrado José Carreras. Não sei quem brilhou mais!
Durante o lindo espetáculo, eu pensava: por que nossas autoridades não prestigiam essa Orquestra em outros grandes eventos, a exemplo do Réveillon? Com o que se paga a um único artista ou banda de mau gosto, de música apenas para o corpo, talvez se pudesse pagar os salários dos membros dessa Orquestra por meses.
E que tal também música para a alma? E como o Brasil precisa de música para a alma! Que pena ver a música brasileira contaminada de mau gosto, mau gosto fronteiriço à violência! A música é tão forte que determina a cultura de um povo, e é por isso que precisa ser elaborada de bom gosto, também para a alma. A predominante no Brasil de hoje mostra nossas pobres realidades, inclusive a política.
Com sua magnífica Orquestra Sinfônica, a Uece mostra que não vive só de greves, e como se pode mudar para melhor o Brasil, mudando, pela música, o gosto do povo.
(*) Professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece).
Publicado. In: O Povo, Opinião, de 6/6/17. p.10.

segunda-feira, 12 de junho de 2017

DIÁSPORA DE IDEIAS

Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)
A palavra diáspora, no sentido tradicional, significa fuga ou dispersão coletiva de povos pelo mundo, muitas vezes sem rumo, por questões políticas, étnicas ou religiosas. São sempre mencionadas, dentre outras, as diásporas judaica, africana, armênia e chinesa. Verdadeiras migrações humanas, ao longo do tempo, causando níveis elevados de sofrimento por falta de compreensão. Hoje, além da persistência de algumas diásporas (fugas) humanas, existem aquelas relacionadas com ideias. A ideia que estamos nos referindo diz respeito à intencionalidade e não ao simples sinônimo de conceito. Vários filósofos estudaram e outros continuam analisando o termo ideia, no sentido lato. Segundo o filósofo inglês liberal John Locke (1632-1704), “É mediante as ideias que o ser humano exprime o pensamento objetivo”. A rigor, em razão da ganância, da intolerância e da tendência isolacionista, poderão surgir entre as nações dificuldades que impeçam ideias pacifistas, éticas, de liberdade e democráticas, complicando o pensamento político. Ou seja, quanto mais conflitantes sejam as ideias, aumenta o risco de não se conseguir harmonia entre política, paz e justiça. Ademais, atividades radicais e preconceituosas influenciam de forma negativa as perspectivas de comportamento e de organização social. A coerência programática baseada em princípios do ecumenismo secular poderá permitir a reconciliação e a libertação, evitando tanto a dispersão humana como a fuga de boas ideias. Recentemente, com sabedoria, o Papa Francisco ressaltou que “precisamos construir pontes e não muros” visando o sentimento da solidariedade.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste, Ideias. 3/2/2017.

domingo, 11 de junho de 2017

Pensamento do Dia: Mudar o Mundo


Autor: DJ Katarina?
Fonte: Circulando por e-mail (internet). Montagem de provável autoria explícita.

HOMEM BRAVO


Fonte: Circulando por e-mail (internet). Fotomontagem sem autoria explícita.

sábado, 10 de junho de 2017

Salão de Beleza Ortográfico


Fonte: Circulando por e-mail (internet). Fotomontagem sem autoria explícita.

REGRAS DA CASA


Fonte: Circulando por e-mail (internet). Montagem sem autoria explícita.

sexta-feira, 9 de junho de 2017

CONVITE: XII Semeando Cultura da Sobrames-CE


A Diretoria da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – Regional Ceará (O palestrante) convida para o 12º SEMEANDO CULTURA, evento bimestral promovido pela Sobrames-CE, a realizar-se no dia 12/06/2017, às 19h30, no Espaço Cultural Dra. Nilza dos Reis Saraiva, na Av. Rui Barbosa, n° 1.880, Aldeota.
O palestrante do evento será o médico, escritor e professor Dr. José Maria Chaves, que abordará o tema: LITERATURA DE CORDEL: uma riqueza do nosso folclore. O expositor é membro da Sobrames-CE, da Academia Brasileira de Médicos Escritores e atual presidente da Academia Cearense de Médicos Escritores.
Contamos com a nobre participação dos colegas, amigos e familiares neste aprazível momento cultural.
Dr. Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Presidente da Sobrames-CE

EM DEFESA DE UMA CERTA ANSIEDADE

Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
A ansiedade pode ser sinal de coisa boa?
Desde que o mestre Sigmund Freud afirmou ser a causa das neuroses, ela passou a ser vista como maligna, quando deveria ser considerada como uma das defesas para a perpetuação da espécie.
Os dicionários definem ansiedade como uma sensação de aflição, receio ou agonia, sem causa aparente; inquietação ou impaciência acarretada por desejo ou vontade, traduzido por um estado afetivo penoso, pela expectativa de algum perigo que se revela indeterminado e impreciso, e diante do qual o indivíduo se julga indefeso. A maioria dos psicólogos considera a ansiedade como uma atitude emotiva concernente ao futuro, marcada por vaivém entre o medo e a esperança.
Acredito que qualquer que seja o conceito atribuído, ele deveria ser encarado de outra maneira, antes de ser tido como patologia. A ansiedade muda com o “espírito da época”, ou seja, com o conjunto da atmosfera intelectual e cultural vigente, em determinada fase da História. Os exemplos são numerosos. No século passado, por exemplo, a ansiedade estava associada ao problema do holocausto atômico - o Day After, tema que atemorizava a todos.
Passada a Guerra Fria, a ansiedade ficou associada à questão do desemprego, das crises econômicas, dos terremotos, do aquecimento global, da poluição, do terrorismo, da violência, das migrações, das guerras localizadas, entre outros problemas que sensibilizam ou venham a sensibilizar. E os meios de comunicação, em particular, sabem como ninguém comandar as ansiedades da ocasião.
Considerando-se a ansiedade, por si só, creio que, para o homem das cavernas, o medo do aparecimento do tigre de dentes de sabre deve ter sido bem mais estressante, do que hoje, o medo dos assaltantes e bandidos. O mecanismo referente ao estresse permanece o mesmo. Em outras palavras, diante do perigo, todos nós somos iguais. O grau de resposta é que varia de uma pessoa para outra.
No século XVI, o maior medo era o de ser queimado vivo, por problemas de crenças religiosas (como a Inquisição), dívidas, ou doenças como a peste negra. Quanto aos açoites e torturas, estes permanecem no tempo. O medo de errar, de se sentir culpado, frustrado ou envergonhado, fazem parte da condição humana. Desconheço civilização onde alguém sobreviva sem sentir algum grau de ansiedade. Contudo, ela passa a ser um problema quando atinge um estado psíquico de intranquilidade permanente, de agitação, de temor diante de uma ameaça real ou imaginária. Ainda assim, só será problema para quem acha que ela é um problema. E esses não estão adaptados para viver a vida de uma maneira menos ansiosa (devido a causas psíquicas ou fisiológicas). Será que os evolucionistas não percebem que, na luta vital contra os predadores, a presença de indivíduos, apontados como ansiosos, foi decisiva? A ansiedade foi e continua sendo uma necessidade adaptativa à sobrevivência da espécie. O problema é saber delimitar seu diagnóstico. Faz-se necessário cuidado com as rotulações do poder médico. Quantos gênios não estariam confinados em manicômios, se a ansiedade fosse considerada uma patologia?
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES). Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).
 

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