quinta-feira, 30 de setembro de 2021

APRENDENDO A JOGAR

Por Sofia Lerche Vieira (*)

A festa da Olimpíada acabou. Passado o bastão de Tóquio para Paris, agora é esperar 2024 e dias melhores para todos. O sax do astronauta francês, Thomas Pesquet, tocando a Marselhesa do espaço promete.

Uma olimpíada tem sempre muito a ensinar sobre coisas que o ser humano precisa aprender. Resiliência é uma delas. Cair e levantar sempre.

Consciência de que a derrota pode abrir caminho para a vitória. Conhecer os limites do corpo e ir além. Saber que o cérebro está no comando. E que a saúde mental importa.

Comparado com desempenhos anteriores, o Brasil se saiu bem nessa olimpíada. Mostramos a cara de um país diverso, onde minorias revelam seu brilho no esporte.

Atletas que, sob condições as mais adversas, chegaram ao pódio inspiram uma juventude carente de exemplos e lideranças.

Em todas as esferas da vida, perder nunca é fácil. Mas é aprendizagem que se impõe. Os incontáveis testemunhos de brasileiros vencedores e vencidos, oferecem preciosas lições sobre a matéria.

Se para uns, o simples chegar à olimpíada é prêmio, para outros, a derrota tem amargo sabor.

Dentre tantos fatos memoráveis, fiquemos com dois: a vitória de Isaquias Queiroz na canoagem e a derrota de Gabriel Medina no surf. O primeiro expressou um Brasil que honra a si próprio, dedicando sua medalha aos que se foram ceifados pela Covid 19. Ganhou na raia e conquistou o coração de milhares de compatriotas, tão carentes de ídolos nesses tempos sombrios.

A performance do segundo, campeão mundial do surf, foi triste não apenas pelas ondas perdidas.

Sozinho com sua prancha, saiu de cena, sem se deter para prestigiar Ítalo Ferreira, que arrebatou a medalha de ouro. Sem sequer ter se vacinado, até mesmo da próxima etapa do mundial estará ausente.

Terminado o sonho, o retorno à normalidade se impõe. Passados os dias alegres, é retomar a CPI da Covid, o ácido sabor dos dias que correm e seguir em frente.

Lembrando que, como a resiliência, humildade na vitória e dignidade na derrota são sinais de sabedoria. Como nos versos cantados por Elis: "Nem sempre ganhando / Nem sempre perdendo / Mas aprendendo a jogar".

(*) Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Uece e consultora da FGV-RJ.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 16/08/21. Opinião, p.22.

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

A OLIMPÍADA DA VACINA

Por Henrique Soárez (*)

Terminadas as olimpíadas de Tóquio, a olimpíada da vacina parece estar entrando em uma nova fase. Há poucos meses os estados brasileiros estavam envolvidos em uma corrida de 100m rasos para vacinar toda a sua população. Naquele momento o desafio era disponibilidade do imunizante e capacidade logística de aplicação.

Não temos abundância de doses ainda. E segundo o consórcio de veículos de imprensa, hoje temos totalmente imunizados 19% da população cearense e 21% da população brasileira.

adesão espontânea à primeira dose no Ceará se aproxima dos 70% (ou seja, 30% dos convidados a se vacinarem não comparecem).

Portanto, em breve o desafio de vacinar toda a população se assemelhará a uma competição de ginástica artística, onde os desportistas precisam demonstrar destreza em várias modalidades distintas.

Nos Estados Unidos as populações de menor poder aquisitivo, as populações rurais, os profissionais que têm vários empregos e as famílias com crianças têm sido especialmente difíceis de alcançar.

Em uma categoria à parte estão aqueles que evitam a vacina por crenças políticas ou por serem vítimas de fakenews. Assim, a imunidade de rebanho parece cada vez mais difícil de alcançar.

Nossos governantes precisam encarar o novo momento. Há desafios de comunicação: já aprendemos que argumentos da ordem do medo ou da vergonha não funcionam, mas como mobilizar a população nos períodos calmos entre duas ondas da pandemia?

Há desafios logísticos: que tal enviar equipes de vacinação ao encontro de quem não pode deixar seu posto de trabalho?

E há desafios legais: o economista Richard Thaler (Prêmio Nobel de 2017) sugere que precisaremos de leis que dificultem o convívio social dos não-vacinados.

Para alcançar 100% será necessário vencer em todas as modalidades. Cada indivíduo só estará seguro quando todos estiverem seguros.

A maior semelhança entre a vacina e os Jogos de Tóquio está na perseverança: em ambos os certames o sucesso depende de anos de dedicação longe dos holofotes da mídia.

E nesse aspecto, infelizmente, nós brasileiros não temos um bom desempenho histórico.

(*) Engenheiro eletricista, diretor do Colégio 7 de Setembro e da Uni7

Fonte: Publicado In: O Povo, de 12/8/21. Opinião, p.18.

terça-feira, 28 de setembro de 2021

“A PLENOS PULMÕES”

Por Grecianny Cordeiro, Promotora de Justiça

“A Plenos Pulmões” é a 38ª Antologia da SOBRAMES – Sociedade Brasileira de Médicos Escritores, Regional Ceará, cuja honra a mim foi conferida em prefaciá-la.

O primoroso livro, coordenado pelo dr. Marcelo Gurgel, com a bela capa elaborada pelo dr. Isaac Furtado, é composto de textos escritos por um brilhante rol de colaboradores, a maioria, por Asclepíades que, nos momentos em que estão longe de seus consultórios, distantes dos hospitais, nos trazem com sua literatura alegria para a alma, esperança para o coração, alento para o espírito.

Na mitologia grega, Asclépio era filho de Apolo e de Corônis, esta, fulminada por uma flecha certeira disparada pelo deus, furioso por ter sido rejeitado. Apolo salvaria o filho do ventre da mãe falecida e o entregaria para ser educado pelo centauro Quíron, que lhe ensinou a arte da cura e todos os segredos da medicina.

Assim, Asclépio se tornaria um talentoso e habilidoso mestre em curar doentes.

“Os mitos não morrem, ao contrário, se perpetuam no tempo, notadamente, por meio de suas representações simbólicas. A maior prova disso é que Asclépio, o deus/herói da arte da cura, jamais fora esquecido, e seu bastão com uma serpente enroscada é o símbolo da Medicina.

A medicina, uma das mais belas e imprescindíveis profissões, em especial, nessa época de pandemia gerada pelo Covid 19, tem se mostrado incansável na busca da cura da doença, na compreensão exata do vírus para o desenvolvimento de vacinas eficazes, de modo a permitir que possamos, o quanto antes, voltar à normalidade.

Mas a medicina, por meio de seus profissionais (…) vem contribuindo sobremaneira para a cura das dores da alma, para o enternecimento dos corações através da poesia, para o despertar da sensibilidade através da prosa, para o aprimoramento do intelecto por meio da escrita (…).

Da arte da cura à arte da poesia. De Asclépio a Apolo. Por tais caminhos iluminados passeiam os integrantes da SOBRAMES, Regional Ceará.

“A Plenos Pulmões”, embora não possa ser lida de um fôlego só, dado ao número de páginas, é um livro para ser lido como quem respira, num compasso natural e sincronizado.

Em tempos tão sombrios, em que milhares de vidas foram perdidas para uma pandemia nefasta, “A Plenos Pulmões” surge como um sopro de vida em uma época em que o ar faltou a tanta gente.

Que por meio do presente livro possamos inspirar prosa e poesia para nossas vidas, ao mesmo tempo em que possamos expirar tudo aquilo que nos faz mal.”

*Publicado In: O Estado CE, 27 de setembro 2021, Opinião. 

A TRAVESSIA DO RUBICÃO

Por Eloisa Vidal (*)

Bem-vindo à escola! Esta pandemia no Brasil foi marcada por um amplo conjunto de decisões erradas no âmbito do governo federal, cujos resultados se mostram nas mais de 558 mil mortes.

No meio disso tudo, os educadores conseguiram resistir e a maioria das escolas não retornou as atividades presenciais, o que poderia ter levado a um desastre de proporções maiores.

Esse foi o nosso Rubicão. Lutamos pela preservação da vida, e continuamos trabalhando mais do que nunca, mantendo nossos alunos conectados à escola.

Agora, com vacina no braço e recuo dos contágios, é possível pensar num retorno minimamente seguro. Depois de um ano e meio sem aulas presenciais, o que teremos na volta? São muitas as expectativas e maiores os desafios, segundo algumas pesquisas que vêm sendo feitas sobre esse momento de aulas online.

Construir um pacto de sociabilidade, retomando as regras de convivência, as relações de afeto, a comunicação direta sem a mediação de telas, o trato gentil com todos, atendendo aos cuidados sanitários ainda necessários.

A relação com o conhecimento escolar mudou, mas não se sabe quanto nem como, por isso, as primeiras semanas de retorno precisam ser dedicadas a levantamentos diagnósticos sobre a aprendizagem dos alunos nesse período de interrupção de aulas presenciais.

O que se prevê é uma variedade de possibilidades de aprendizagens, e numa mesma sala de aula, os professores vão se deparar com alunos cujos déficits de aprendizagem em relação ao currículo escolar prescrito varia de 10% a 100%.

E o que fazer? Se os docentes se reinventaram no momento da suspensão das aulas presenciais para poder continuar o processo educativo com seus alunos, agora uma nova demanda criativa vai exigir destes profissionais, novos desafios que se colocam em duas dimensões: o tempo e os conteúdos.

O tempo, porque é necessário pressa para que esse legado da pandemia não se estenda e prejudique uma geração e os conteúdos, porque vai ser necessário fazer escolhas sobre o contingente e o necessário, o relevante e o acessório, selecionando cirurgicamente, o que trabalhar em sala de aula para garantir os conhecimentos básicos para que todos possam seguir na caminhada.

(*) Professora da Uece. Doutora em Educação.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 5/08/21. Opinião, p.20.

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

A QUEM INTERESSA ESCONDER O PROCESSO ELEITORAL DO POVO?

Por Rev. Munguba Jr. (*)

Integridade é quem você é ou o que faz quando ninguém está observando. É o que somos no nosso íntimo, as respostas que damos a estímulos variados em nossa trajetória. A prestação de contas, a avaliação de resultados e uma vida transparente possibilita uma trajetória saudável e longeva.

Por que esconder o processo eleitoral do povo brasileiro? Por que tanta propaganda enganosa?

O nosso Ceará foi um dos primeiros a defender o voto secreto com a impressão desse voto, visualizado apenas pelo eleitor, depois depositado automaticamente em uma urna lacrada e com apuração pública.

Ciro Gomes levantou essa bandeira democrática com maestria e clareza. Aliás, o Ceará sempre sai na frente em nossa nação. Foi o primeiro Estado da Federação a libertar seus escravos, o primeiro a implantar a Oração da Madrugada e o primeiro a decretar o dia 7 de setembro como Dia Estadual da Oração da Madrugada.

Oramos todos os dias pedindo a Deus o que a Bíblia nos garante que vai acontecer, "a luz tudo revela". Sim, a luz sobre as eleições, não somente em 2022, mas sobre todas as próximas eleições.

Flávio Venturini escreveu: "Clareia manhã, o sol vai esconder a clara estrela ardente, pérola do céu refletindo teus olhos. A luz do dia a contemplar teu corpo sedento, louco de prazer e desejos ardentes".

O sol da justiça irá raiar sobre o Brasil, contrastando com a bela mas fraca luz da lua, descortinando um povo sedento de justiça e integridade no processo eleitoral. Um povo que começa a gostar da luminosidade do sol e não se contenta mais com a penumbra.

Não é uma questão partidária, mas de clareza, de iluminação, de transparência e ética. A quem pode interessar a escuridão, o conchavo, o retrocesso, a falta de transparência e participação consciente do povo na grande festa da democracia? Essa é uma resposta que precisamos dar aos nossos filhos.

Somos cearenses e continuamos na luta certos da vitória do bem, da ética, do trabalho sério e focado em povo lindo e forte, que irá prosperar abundantemente nos próximos anos.

Se com a escassez de água já produzíamos rosas, cereais, leguminosas e frutas, imagine amanhã com terras irrigadas pelas águas do Velho Chico. Ninguém segura o Ceará.

(*) Pastor Munguba Jr. Embaixador Cristão da Coreia do Sul Para a Implantação da Oração da Madrugada e Erradicação da Pobreza no Brasil.

Fonte: O Povo, 7/08/2021. Opinião. p.20.

SUAS IDEIAS FAZEM FALTA

Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)

Há algum tempo ocorreu o trágico falecimento do Dr. Ulysses Guimarães. Pouco vem sendo lembrado. Lamentavelmente, nós, brasileiros, temos memória curta. Quantas biografias ilustres fazem-se apenas das circunstâncias: o senador, o deputado, o presidente... Na biografia de Ulysses Guimarães, a eminência do homem apaga o brilho das circunstâncias por maior coruscantes sejam as luzes destas. Ante Ulysses, carece de importância o ministro da Indústria e Comércio, deputado, presidente da Constituinte, presidente da República ou qualquer outro galardão da glória e do poder. O perfil de Ulysses Guimarães é o perfil do Brasil das liberdades. Sempre defendeu um Brasil rico, com justiça. A integridade pessoal, a coerência política, a coragem cívica e a obstinada tenacidade na construção de uma nação maior são os elementos de que se utilizou para compor, aos olhos dos brasileiros, a figura do gigante que se alteia sobre os outeiros da Pátria e projeta esperança no futuro. Lembro-me do Dr. Ulysses nos anos de 1984 e 1985, dando continuidade ao trabalho sério, com desprendimento e espírito público; de redemocratização do Brasil. Naquela época tinha a honra de governar o Estado do Ceará e participava de reuniões ao lado de Tancredo Neves, Aureliano Chaves, Ulysses Guimarães, Marco Maciel, Franco Montoro, José Richa e tantos outros políticos que representavam o desejo e a esperança da população brasileira. Ulysses e Aureliano eram os dois principais articuladores do movimento que originou a Aliança Democrática, garantindo a eleição do inesquecível Tancredo Neves para presidente da República. Há, porém, um instante ainda mais alto, o gesto é triunfante: a Constituição cidadã erguida, em 1988, no Plenário da Câmara dos Deputados. Eis pois Ulysses Guimarães: já História. É um monumento vivo entre nós, não do passado, das coisas já feitas. É, antes, a vanguarda de nossos sonhos do Brasil maior e democrático, que temos de construir. Não poderemos nunca deixar de homenagear e lembrar, em razão de suas ideias e do seu elevado espírito público, o maior líder brasileiro da segunda metade do século XX. Nossos jovens precisam conhecer a verdadeira história contemporânea do Brasil.

(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do Ceará.

Fonte: Diário do Nordeste, Ideias. 17/9/2021.

domingo, 26 de setembro de 2021

RESPOSTAS APENAS "Sim" ou "Não"

Essa história aconteceu em Mogeiro-PB.

Numa audiência, o promotor insistia que o interrogado respondesse apenas "sim" ou "não" à uma pergunta.

Aí o interrogado disse:

- Doutor, nem toda pergunta tem como resposta "sim" ou "não" apenas.

O promotor, irritado, então disse:

- O senhor está equivocado, pois, me faça uma pergunta que a resposta não possa ser "sim" ou “não”.

O interrogado parou, pensou e respondeu:

- Doutor, o senhor parou de dar o c..?

Silêncio geral...

Fonte: Internet (circulando por e-mail e i-phones). Sem autoria definida.

TENTANDO ENGANAR O PROFESSOR

Três estudantes não fizeram um exame, porque não estudaram. Eles elaboraram um plano; sujaram-se com graxa, óleo e gasolina e foram ao professor:

"Professor, pedimos desculpas. Não pudemos vir ao exame, pois estávamos num casamento e no caminho de volta o carro furou um pneu, por isso estamos tão sujos, como pode ver".

O professor entendeu e deu-lhes três dias para se prepararem. Após três dias, eles foram ao exame muito bem preparados porque tinham estudado.

O professor colocou-os em salas separadas e aplicou a prova que tinha apenas 4 perguntas:

1. Quem casou com quem?

2. Que horas o pneu furou?

3. Exatamente qual foi dos 4 pneus do carro o que furou e de que lado?

4. Qual é a marca do carro?

NOTA: Se as respostas forem idênticas, estarão aprovados.

Boa Sorte!

Ser honesto significa escolher não mentir, roubar, enganar ou trapacear de modo algum. Quando somos honestos, desenvolvemos a força de caráter.

“A honestidade não é para poucos, tem que ser um dever de todos”

Seja honesto em qualquer situação da sua vida, até nas mais simples!

Fonte: Internet (circulando por e-mail e i-phones). Sem autoria definida.

sábado, 25 de setembro de 2021

FERNANDO VASCONCELOS POMBO: presença marcante da Urologia na Academia Cearense de Medicina

 

Fernando Vasconcelos Pombo nasceu em Fortaleza em 23 de abril de 1942; filho de João Luiz Oliveira Pombo e de Angélica Vasconcelos Pombo.

Fez os estudos primário e ginasial no Ginásio 7 de Setembro, atualmente denominado Colégio 7 de Setembro, dirigido pelo notável educador cearense Edilson Brasil Soárez, e o Científico no Colégio São João, até o 2º ano, isto é, até novembro de 1959, quando faleceu seu pai. Cursou o 3º ano científico no Colégio Juruena, na Praia de Botafogo, no Rio de Janeiro, morando com o seu avô e tia maternos; a esse tempo, preparava-se para o vestibular no Curso de São Salvador, no período noturno.

Em novembro de 1960, Fernando Pombo retorna para Fortaleza e no início do ano presta, com êxito, o disputado vestibular para Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, conquistando uma preciosa vaga. Iniciou o curso médico em 1961, vindo a concluí-lo em dezembro de 1966.

No 4º ano da sua graduação, quando fazia a cadeira de Urologia, que já naquela época funcionava na Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza, decidiu-se por essa especialidade, formando uma firme amizade com Dr. Antonio Mota Pontes, um dos professores assistentes, que o orienta nos primeiros passos na especialidade escolhida; após este período, continua frequentando o referido serviço.

Ainda no mês de dezembro de 1966, partiu para o Rio de Janeiro, para fazer Residência Médica na 14ª Enfermaria da Santa Casa de Misericórdia, no Serviço do Prof. Paulo Albuquerque, onde conheceu e fez grande e duradora amizade com o Chefe de Clinica, o Prof. Geraldo Terreri, chegando a auxiliá-lo em várias de suas cirurgias.

Complementou a sua formação de urologista cursando a pós-graduação nessa especialidade na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) em parceria com o Instituto de Pós-Graduação Médica Carlos Chagas, no Rio de Janeiro, em 1967; obteve o Título de Especialista em Urologia conferido pela Sociedade Brasileira de Urologia em 1978. É filiado também à Confederação Americana de Urologia (CAU) e Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).

De volta à Fortaleza, após o término da Residência Médica, Dr. Fernando Pombo assumiu o Serviço de Urologia do IPEC (Instituto de Previdência do Estado do Ceará, o atual ISSEC) e também o chamado na época SAMDU, como era conhecido o serviço de pronto-atendimento e urgência pública da capital.

Com a inauguração do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), em 23 de maio de 1969, como hospital federal do antigo INAMPS, o Dr. Ary Ramalho assumiu a chefia do Serviço de Urologia e convidou o Dr. Mota Pontes e o Dr. Fernando Pombo para fazerem parte do “Staff” que iniciou a Urologia naquele nosocômio.

Dr. Fernando Pombo permaneceu, então, no ISSEC e no HGF/INAMPS até sua aposentaria, estando atualmente em seu consultório particular realizando consultas e agendando cirurgias.

Exerceu por dois biênios a Presidência da Sociedade Brasileira de Urologia – Secção Ceará (1984-1985 e 2006-2007) e foi o 1º secretário as Sociedade Brasileira de Urologia em 1983, quando da realização, pela primeira vez, do Congresso Brasileiro de Urologia em Fortaleza.

Casado, desde dezembro de 1965, com Vania Maria Barreira Pombo, de cujo consórcio geraram os filhos Fernando (Empresário), Flávio (Administrador de empresas) e Fabrício (médico especialista em cirurgia cardiovascular).

Atualmente, o Acad. Fernando Pombo é Membro Titular da Academia Cearense de Medicina (ACM), empossado em 14/05/1999, ocupando a cadeira 43, patroneada por José Ossian de Aguiar; nessa academia exerceu os cargos de 1º e de 2º Tesoureiro em duas gestões. É, também, por força de dispositivo estatutário, Membro Titular-Honorário da ACM, porquanto seu pai, médico otorrinolaringologista, formado pela Faculdade Nacional de Medicina, na Praia Vermelha, no Rio de Janeiro, em 1931, é patrono de uma das cadeiras desse sodalício; no caso, a cadeira 30, presentemente ocupada pelo confrade otorrinolaringologista Dr. Sebastião Diógenes Pinheiro.

Acad. Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Titular da cadeira 18 da ACM

*Publicado In: Jornal do médico digital, 2(17): 37-39, setembro de 2021. (Revista Médica Independente do Ceará).

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CONVITE: Celebração Eucarística da SMSL - Setembro/2021

 


A Diretoria da SOCIEDADE MÉDICA SÃO LUCAS (SMSL) convida a todos para participarem da Celebração Eucarística do mês de Setembro/2021, que será realizada HOJE (25/09/2021), às 18h30min, na Igreja de N. Sra. das Graças, do Hospital Geral do Exército, situado na Av. Des. Moreira, 1.500 – Aldeota, Fortaleza-CE.

CONTAMOS COM A PRESENÇA DE TODOS!

MUITO OBRIGADO!

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Da Sociedade Médica São Lucas

Nota: Serão aplicadas as medidas preventivas recomendadas pelas autoridades sanitárias, sendo obrigatório o uso de máscara por todos os fiéis presentes.

Sociedade Médica São Lucas


sexta-feira, 24 de setembro de 2021

CEARÁ LIXÃO ZERO, AS AÇÕES DO GOVERNO

Por Artur Bruno (*)

A campanha Ceará Lixão Zero quer sensibilizar a população para um grave problema: há mais de 300 lixões no Ceará, que poluem o ar, o solo e o lençol freático, prejudicando a saúde das pessoas e o meio ambiente. Para tanto, é fundamental priorizar a educação ambiental.

A iniciativa parte da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), Secretaria das Cidades (SCidades), Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia, Assembleia Legislativa do Ceará, Associação dos Municípios do Estado, Associação das Gestões Ambientais Locais do Ceará e Núcleo e Tecnologia e Qualidade Industrial do Ceará.

O Estado faz sua parte, com a "política pré-aterro", também chamada Coletas Seletivas Múltiplas: reduzindo os resíduos, e, consequentemente, a área do aterro e o custo de instalação e manutenção, pois só irá para o aterro sanitário o rejeito, ou seja, o que não é possível de ser reciclado.

Isso passa pela coleta seletiva, valorização econômica de resíduos, compostagem de orgânicos, recuperação dos resíduos de construção civil e logística reversa. O governo do Estado valorizou também grandes parceiros neste processo. O programa Auxílio-Catador remunera com 1/4 de salário-mínimo 2.486 catadores pertencentes a 73 associações de 70 municípios.

A Sema já entregou, desde 2015, os Planos Regionais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos para os 184 municípios. Da entrega dos Planos de Coletas Seletivas Múltiplas se formaram 21 consórcios municipais, integrando 167 municípios.

A Secretaria das Cidades, por sua vez, atua na infraestrutura e na logística para a destinação final adequada dos resíduos. Para tanto, organizou o consórcio da Região Metropolitana de Sobral, construindo uma central regional de tratamento de resíduos (CTR) e 18 centrais municipais de reciclagem (CMR), atendendo os municípios da região.

Na zona Jaguaribana, outra CTR está sendo construída em Limoeiro, englobando 13 municípios daquele consórcio regional, também contemplados com CMR, como a de Morada Nova, recentemente inaugurada.

Além destas, em breve deverá ser contratada a operação, por meio de PPP, do consórcio na Região Metropolitana do Cariri, envolvendo a construção de outra CTR, 10 CMR e estações de transbordo, atendendo 10 municípios.

É um novo momento na gestão de resíduos sólidos do Ceará, que deverá valorizar cada vez mais o meio ambiente.

(*) Secretário do Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMA) do Estado do Ceará. Sócio do Instituto do Ceará.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 15/7/21. Opinião, p.19. 

Crônica: “ Afinal, de onde veio a sopa?” ... e outros causos

Afinal, de onde veio a sopa?

Juízo 'friviando de poblema' (modernidade, pandemia, política enviesada, liseira e caé estão arrombando), o amigo Mainha Monteiro buscou o concurso das terapias alternativas para resistir bravamente aos achaques depressivos - e se deu bem. A ferramenta terapêutica? Meditação. Foi onde se reencontrou consigo.

Devidamente orientado sobre o que e como fazer, começou a prática há dois anos e hoje cremos curado, logrando muitíssimo bom êxito em todas as empreitadas mergulhativas interiores que faz, ao contatar seu eu profundo em altas buscas interiores. Mas há algo que o encabula Mainha.

Ele relata que quando se encontra em plena viagem astral, embalado por mantras hindus dos mais catárticos, ao ver-se aproximando-se de si, fala com relativa tristeza para ele mesmo:

- Arre égua! Lá vem eu de novo!

A emenda...

Sábado lembra o quê? Feijoada, respondemos todos que amamos um feijãozinho no gabarito. E lá eu fui com uma 'réca' de gente pro restaurante recém-inaugurado. 'Éramos em 12'; seis porções dariam - uma pra cada dois bichos de urêa. Após longa espera, pratos chegam, e começamos a matar quem nos matava.

Ocorre que na travessa de Raimundo Nonato havia um cabelo de tamanho médico - três centímetros, digamos, e o desconforto na mesa foi generalizado. Raimundo, uma fome medonha, grita pela garçonete e verbera já meio esverdeado:

- Olhe aqui, dona Maria! Um cabelo! Arre ema!

- Bem, senhor... É! Peço desculpas... - falou a moça, sem saber onde botar a cabeça.

- E agora? Hein? E agora?

- Bem, senhor... É! Peço desculpas... - reforçou a moça

Que sai do salão com o prato de feijoada na mão em busca da cozinha. Daqui a pouco ela está de volta. Mas, ao tentar explicar o fato pouco higiênico de há pouco, piora ainda mais a situação do restaurante, em matéria de fama.

- Senhor, não sei o que aconteceu, sinceramente!

- Pois é - disse mais calmo Raimundo. Nem eu!

- Fui à cozinha reclamar e posso lhe garantir: nosso cozinheiro é careca!...

Enciclopédia da Fala Cearense

O livro de nossa autoria com tudo da fala cearense (após 44 anos de fuçando a paciência do povo) tá saindo por esses dias. Enquanto engomo a calça, vamos - a pedidos - adiantando duas ou três coisinhas para o conhecimento de vocês:

- Camisa com medo de peido - Camisa que fica lá em cima dos quartos do usuário.

- Falso que só tábua de fojo - Pessoa que não é das mais autênticas. [Fojo é a armadilha de pegar preá; na abertura da geringonça, à pisada leve do roedor, a tala de madeira se desloca facilmente pra baixo, e o bicho cai lá dentro.]

- Fazer ouvido de sentina de trem - É a conversa da pessoa lá, entrando por um ouvido e saindo pelo outro do interlocutor; não estar nem aí, não dar a mínima.

- Idade de bater bosta - Idade avançada, senilidade.

- Igual à mãe de São Pedro pra entrar no Credo - Quando a pessoa quer entrar à força no quer que seja, de modo forçado.

- Madrinha de apresentar - A que sustenta a criança (e segura a vela) no ato do batismo.

Fonte: O POVO, de 20/8/2021. Coluna “Crônicas”, de Tarcísio Matos. p.2.

quinta-feira, 23 de setembro de 2021

NOVAS E NOVOS, SEMPRE

Por Tales de Sá Cavalcante (*)

Nelson Motta, aos 76 anos, em "O Globo", destacou o vigor de Mick Jagger, 79, Keith Richards, 77, Sir Paul McCartney, 79, Bob Dylan, 80, Ney Matogrosso, 80, e dos irmãos Marcos Valle, 77, e Paulo Sérgio, 81. "O tempo não se mede pelo calendário, mas pela intensidade", pontuou Motta.

Entre outros, também são citáveis minha mãe, Hildete, que viveu 83 anos e dizia rejuvenescer ao conviver com os jovens alunos; Oscar Niemeyer, que nos deixou aos 104; a Sra. Maria Fiuza, ícone da nossa sociedade que, aos 100, é quem energiza sua família a incentivar passeios e viagens; e o cearense José Coelho de Souza, que partiu aos 133 anos, talvez como o mais velho do mundo.

Pessoas assim, provavelmente dotadas de benefício genético, acordam diariamente a ter seus desejos e planos, não se entregam e intensamente vivem o presente, sem pensar na partida final.

No passado, o grande médico George Magalhães me revelava que a notável Sra. Lúcia Dummar não ficava idosa porque não admitia tal possibilidade. Mais um exemplo por ela dado.

Alguns temem a fragilidade ocasionada pela senilidade, mas a medicina aí está para evitar tal dissabor. Walter Isaacson lançou recentemente "A decodificadora", biografia de Jennifer Doudna, ganhadora do Prêmio Nobel de Química de 2020 em companhia de Emmanuelle Charpentier.

O autor mostra que Doudna "começou uma revolução que permitirá curar doenças, prevenir infecções virais e vislumbrar futuras gerações mais saudáveis", e seu método já é utilizado em vacinas contra a Covid-19.

Ela e parceiros descobriram algo que transforma a vida humana: uma ferramenta de manuseio simples, capaz de editar a estrutura do DNA. O CRISPR, como foi batizada, abriu um novo mundo de milagres da medicina com questões éticas.

O poder aquisitivo deve dar aos pais a chance de mudar a altura, a estrutura muscular ou o QI de seus filhos? Segundo George Church, amigo de Doudna e geneticista de Harvard, não é uma ameaça à saúde pública ou à moral eliminar uma deficiência de uma criança, dar-lhe olhos azuis ou aumentar seu QI em 15 pontos.

E você, prezada leitora ou caro leitor, qual a sua opinião?

(*) Reitor do FB UNI e Dir. Superintendente da Org. Educ. Farias Brito. Membro da Academia Cearense de Letras.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 29/7/21. Opinião, p.18.

MAIS MÉDICOS ou MAIS MEDICINA

Meraldo Zisman (*)

Médico-Psicoterapeuta

Vocês representam quase 500 mil profissionais e meu compromisso não é de campanha, é de brasileiro preocupado e responsável pelo futuro dessa classe tão importante”, assinalou o presidente da República. Segundo disse, o Congresso tem outorga para fazer alterações na MP, mas entende que os parlamentares devem preservar a proposta como foi encaminhada pelo Executivo. O presidente Bolsonaro ressaltou em mais de uma oportunidade que a atuação no Brasil de profissional formado em medicina em outros países deve estar condicionada à sua aprovação no exame de revalidação de diplomas. “Quem fez o Revalida, se for aprovado, tudo bem”, destacou. Conferirhttp://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=28465:2019-10-04-18-19-28&catid=3

Será que adianta apenas revalidar um diploma médico (estrangeiro ou obtido fora de uma Faculdade de Medicina situada no Brasil, mesmo que o portador seja de nacionalidade brasileira} para praticar corretamente a Medicina? Como perguntar não ofende: os formados em nossas escolas médicas também não deveriam ser avaliados?

Explico com mais detalhes:

O Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos (Revalida) é uma prova criada pelos Ministérios da Educação e da Saúde para simplificar o processo de reconhecimento de diplomas de medicina emitidos por instituições de ensino estrangeiras para atuação como médico no Brasil. A primeira edição do Revalida foi em 2010 como projeto piloto e o exame tornou-se oficial a partir de 2011.

No entanto, dada a grande demanda de inscrições de portadores de diplomas médicos estrangeiros, o exame entrou em crise em 2017, quando recebeu 1.337 ações judiciais de candidatos que tiveram a inscrição negada por falta de entrega dos documentos no prazo determinado. Isso ocorreu, na maioria das vezes, por demora na obtenção dos documentos necessários das universidades estrangeiras onde se graduaram.

Basta dizer que o resultado do Revalida de 2017 somente foi publicado em 2019. E, pasmem: dos 7.379 inscritos, 389 (5,27%) conseguiram revalidar seu diploma médico! Algo de mais profundo deveria estar acontecendo com o processo avaliatório ou com os examinandos ou com ambos... Isso demandou uma reforma do processo de revalidar os diplomas, na maioria das vezes emitidos em países vizinhos... com suas deficiências e facilidades conhecidas.

Por certo, deveríamos primeiro examinar o aumento exagerado de escolas médicas no território brasileiro ao ponto de sermos, em números, somente ultrapassados pela Índia (Índia: 392 escolas médicas para 1.210.569.573 habitantes/ Brasil: 336 escolas médicas para 201.032.714 habitantes); enquanto nos Estados Unidos existem 184 faculdades de medicina para uma população de 317.641.087 milhões de habitantes. Isso sem falar da China onde, com seus 1.354.040.000 milhões de habitantes, estão registradas apenas 158 Faculdades de Medicina.

Entendo que a falta e a má distribuição de serviços de Medicina são enormes, mesmo nas grandes cidades brasileiras. O povo pede, na sua linguagem “Mais Médicos” e não Mais Medicina, o que é dessemelhante. Medicina engloba pessoas que trabalham nichos de tecnólogos em radiologia, agentes de saúde pública, entre outros. O POVO não pediu mais Faculdades ou Escolas Médicas, mas foi isso que recebeu. Um desequilíbrio ultrajante para eles (POVO). Um escárnio para a Medicina.

Às vezes temos de recorrer ao poeta Manuel Bandeira (1993) quando diz:

A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros. Vinha da boca do povo na língua errada do povo/Língua certa do povo/Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil/Ao passo que nós/O que fazemos/É macaquear/A sintaxe lusíada”.

Brasília não entende ou faz de conta que não entende. De uma coisa entendo eu: assim como um médico sozinho não faz milagres, centenas de faculdades de medicina atrapalham, em vez de ajudar...

(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE), da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES) e da Academia Recifense de Letras. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).

quarta-feira, 22 de setembro de 2021

O OFÍCIO DA PESQUISA

Por Sofia Lerche Vieira (*)

Em tempos de sequestro do pensamento, assegurar a produção sustentável do conhecimento é tarefa imprescindível. O Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq, criado em 1995, registra a vitalidade do coletivo nacional de pesquisadores vinculados a instituições de ensino superior, em sua maioria universidades públicas.

Nosso grupo de pesquisa Política Educacional, Gestão e Aprendizagem (GPPEGA), da Universidade Estadual do Ceará (UECE), é um dos integrantes dessa grande árvore do saber. Celebrando seus 26 anos de trajetória, acaba de publicar uma trilogia de livros que compõem a coleção Política Educacional no Ceará, disponível para download na Biblioteca Virtual da Associação Nacional de Política e Administração da Educação (ANPAE) pelo link https://seminariosregionaisanpae.net.br/BibliotecaVirtual/index.html.

Se na seara da terra, há "tempo de plantar" e "tempo de colher" (Eclesiastes, 3:1-8), em pesquisa semeadura e colheita podem ser simultâneas. Estamos sempre preparando o solo, semeando, adubando, podando e colhendo. Se um doutorando conclui seu processo de formação, há um bolsista de iniciação científica começando. Quando uma pesquisa termina, há outra em planejamento. Este eterno recomeçar é parte da fascinante lógica da produção científica coletiva.

Em pesquisa não há improvisos. Tudo é fruto de trabalho pensado, organizado e desenvolvido passo a passo. É uma atividade, ao mesmo tempo, simples e complexa. Dito em poucas palavras, é um processo que envolve pensar, planejar, observar, registrar, organizar, analisar, relatar e disseminar. Conjugar esses verbos de forma articulada é empreitada que requer paciência, constância, clareza de propósitos e vontade política de compartilhar saber e experiência.

É certo que no percurso de construção do conhecimento, por vezes, damos voltas. Retrocedemos e voltamos ao ponto de partida. Vislumbramos novas paisagens, sendo surpreendidos pela necessidade de ver melhor, ir mais longe e continuar pesquisando. Na caminhada, os segredos da realidade a desocultar são desvendados. Este é o desafio da ciência e o ofício do pesquisador. 

(*) Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Uece e consultora da FGV-RJ.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 19/07/21. Opinião, p.18.

A VARIANTE DELTA E O FUTURO DA COVID-19

Por Lígía Kerr (*)

A vacinação contra a Covid-19 está crescendo no país, embora muito aquém do que vimos há 11 anos quando o país, único no mundo, vacinou 88 milhões de brasileiros em 3 meses contra o H1N1.

Após 6 meses do início da vacinação, temos cerca de 18% de brasileiros completamente vacinados. Não faltaram obstáculos impostos pelo governo federal na aquisição das vacinas.

Apesar dos percalços, resultados positivos podem ser vistos através da queda de casos e óbitos na maioria dos estados brasileiros, em especial no Ceará.

Estes resultados, provavelmente, são frutos tanto da vacinação, como também de medidas de distanciamento, uso de máscaras e fechamentos parciais ou quase totais em diferentes momentos da economia.

Entretanto, tudo indica que ainda não vencemos a pandemia. Temos que olhar o que está acontecendo no mundo, pois, sem dúvidas, pode afetar o Brasil.

Algumas experiências apontam para o que pode acontecer no futuro próximo. Os EUA, por exemplo, têm doses suficientes para vacinar mais de 2 vezes sua população e não conseguem passar dos cerca de 50% vacinados.

Fake News sobre as vacinas, atingindo especialmente apoiadores do ex-presidente Trump, e a desigualdade social, maior entre negros e latinos, praticamente paralisaram o avanço da vacinação neste país.

O governo liberou precocemente o uso de máscaras dentro e fora dos ambientes. Os casos de Covid-19 cresceram 70% em uma semana, as internações 36% e os óbitos 26%.

Mais de 50% dos casos são pela variante Delta. Este crescimento também foi ocorreu em outros países que abriram totalmente a economia e abandonaram o uso de máscaras, como Israel e Holanda.

Os aumentos predominam entre os não vacinados. Mas vacina não é um escudo com 100% de proteção e previnem melhor a internação grave e o óbito.

Com a variante Delta as vacinas têm reduzido a proteção contra a infecção pelo SARS-CoV-2. Assim, mesmo um indivíduo vacinado pode ter uma doença leve, mas estará transmitindo para outros.

Estamos atrasados. Pouco mais de 1% da população de países pobres está vacinada. O enfrentamento da Covid-19 requer ação conjunta e coordenada entre os países.

Enquanto houver países com explosões de casos, novas variantes podem ser gestadas e produzir um vírus que vença totalmente a proteção natural de quem já teve a infecção, ou a adquirida pela vacina.

A hora é de cuidado e de máscaras... sempre!

(*) Médica epidemiologista e professora da UFC.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 9/8/2021. Opinião. p.23.


terça-feira, 21 de setembro de 2021

JOÃO ALVES DE MELO, uma história de vida

Por Vladimir Spinelli Chagas (*)

Tive o privilégio de fazer a apresentação do livro "João de Melo, o BNB e o Desenvolvimento do Nordeste: uma história de vida" que retrata o cearense João Alves de Melo, ex-presidente do BNB, ex-secretário municipal e estadual e atual presidente da Academia Cearense de Administração - Acad.

Desde sua infância no interior, marcada pelo trabalho em tenra idade, mas com uma orientação familiar e uma vontade própria de mudar os rumos da vida pelos estudos, Melo dá exemplos preciosos de abnegação e tenacidade.

Jovem, partiu para a Escola Agrícola São Sebastião, em Jaboatão-PE, um Aspirantado Salesiano que oferecia hospedagem e alimentação, com contrapartida em trabalhos agropecuários ou domésticos.

Melo não se assustou com a mudança em sua vida e seguiu com determinação, aplicando-se com afinco, até que a distância da família, a dura lida diária e, principalmente, a inauguração de um ginásio em Iguatu motivaram seu retorno ao lar.

Completado o ginásio, e já funcionário concursado do BNB em Campos Sales, incentivou ali a criação de uma Escola Normal para assim poder se habilitar ao vestibular. Graduou-se em Economia e em Administração, sendo hoje Mestre pela Universidade Estadual do Ceará - UECE e Doutor pela centenária Universidade de Coimbra.

No BNB, destacou-se por suas excelentes contribuições e, como chefe de gabinete da presidência e diretor, preparou-se para depois assumir, com brilho, a sua presidência e aprofundar essas contribuições, agora de forma mais ampla e profunda.

Foi o mentor de projetos que ainda elevam o nome do BNB, como o Programa de Desenvolvimento do Turismo - Prodetur e o Programa de Geração de Emprego e Renda - PROGER. Destaco ainda a sua atuação nos bastidores, de fundamental importância para a inclusão do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste - FNE, na Carta Magna de 1988.

São apenas alguns detalhes, pelo espaço deste artigo, que ressaltam este exemplo digno de um cidadão voltado para o aprender e o compartilhar, como o fez em sua vida no BNB, na Prefeitura de Fortaleza, no Governo do Estado e por onde passou e vai passar. Parabéns, Melo!

(*) Professor da Uece, membro da Academia Cearense de Administração (Acad) e conselheiro do CRA-CE.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 19/7/21. Opinião, p.18.

ENEM REMOTO, POR QUE NÃO?

Por José Lima de Carvalho Rocha (*)

Em 2021, a quantidade de inscritos no Enem diminuiu aproximadamente 40%. Existem muitas hipóteses para tentar explicar o fenômeno.

Durante a maior parte dos anos letivos 2020 e 2021, os alunos do Ensino Médio apenas realizaram avaliações remotas; em vista disso, passam, agora, a apresentar dificuldades para responder na forma presencial.

Ao final de vários cursos do nível superior, alunos são submetidos ao Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), aos exames de Ordem, concursos etc.

Esses candidatos também participaram, nos últimos dois anos, de exames remotos que avaliavam seus estudos teóricos. Certamente, no final de 2021, também terão dificuldades com provas presenciais.

Uma vez que é aceitável e legal para as instituições de ensino e seus alunos, proponho que, ao final de 2021, todos os estudantes da Educação Básica que desejem se submeter ao Enem e ao Pisa (Programme for International Student Assessment), quando for o momento, bem como os alunos do Ensino Superior que venham a participar de concursos, Enade e outras provas, que o façam de forma remota, dentro do conforto do seu lar.

As regras de segurança agora utilizadas pelas instituições de ensino seriam rigorosamente utilizadas pelos responsáveis pela aplicação dos exames. Entendo que, desse modo, o nível dos resultados será bem superior ao dos anos pré-pandemia.

Amigo leitor, se você entende que esta proposta é risível, eu concordo com você, pois é esta a situação vexatória que as instituições de ensino sofrem no momento.

Avaliações remotas aplicadas com o atual nível tecnológico não permitem boa fidedignidade. Aulas remotas associadas a avaliações fidedignas farão parte do cotidiano educacional pós-pandemia. Por que, então, não aplicá-las já?

A atual taxa de transmissibilidade do novo coronavírus diminuiu bastante. Precisamos ser autorizados a convocar todos os nossos alunos para participar de avaliações presenciais, seguindo os protocolos sanitários.

Caso exista a terceira onda, as escolas serão, mais uma vez, impedidas de funcionar normalmente. Precisamos oferecer, enquanto é possível, melhor serviço educacional. 

(*) Médico e pedagogo. Reitor de Medicina da UniChristus.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 6/08/2021. Opinião. p.22.

 

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