sábado, 30 de abril de 2022

CONVITE: Solenidade de Colação de Grau da Faculdade Rodolfo Teófilo – 2022.1

 

O Diretor Geral da Faculdade Rodolfo Teófilo (FRT), mantida pelo Instituto do Câncer do Ceará (ICC), Prof. Dr. Manfredo Luís Lins e Silva, convida para a Solenidade de Colação de Grau das primeiras turmas do Curso Superior de Gestão Hospitalar e do Curso de Bacharelado em Serviço Social.

Local: Auditório da FRT, na Av. do Imperador, n° 1.360 – Bairro Farias Brito – Fortaleza-CE.

Data: 30 de abril de 2022 (Sábado) Horário: 19h.

Traje: Esporte Fino.

Prof. Dr. Manfredo Luís Lins e Silva

Diretor Geral da FRT

Nota: Uso obrigatório de máscara.


MISSA DA RESSURREIÇÃO POR PROF. PAULO AUBER ROUQUAYROL

 


A família Rouquayrol convida demais familiares, colegas e amigos, para a missa de sétimo dia do Prof. PAULO AUBER ROUQUAYROL, a ser oficiada em sufrágio de sua alma, no sábado, dia 30/04/2022, às 18h30, na Igreja de N. Sra. das Graças, do Hospital Geral do Exército, situado na Av. Des. Moreira, 1.500 – Aldeota, Fortaleza-CE.

Agradecemos pelo apoio a esse ato de fé e piedade cristãs.

Família Rouquayrol

sexta-feira, 29 de abril de 2022

PANDEMIA E DISSEMINAÇÃO ESG

Por Lauro Chaves Neto (*)

A crise sanitária, desde o início da Pandemia de Covid-19, teve como um dos seus impactos uma maior velocidade na disseminação da Cultura ESG nas organizações públicas e privadas. A pandemia de Covid-19 fez o mundo vivenciar um dos conceitos mais básicos da sustentabilidade, ao perceber a sociedade de uma maneira integrada onde o que acontece em qualquer lugar tem algum tipo de impacto nas vidas e nos negócios.

Sigla importada do inglês, a cultura ESG defende a adoção de melhores práticas ambientais, sociais e de governança como estratégia tanto para gerar impactos positivos para a sociedade, como para agregar valor às organizações.

As companhias mundiais mais relevantes na administração de patrimônio caminharam nessa direção, sendo a gigante Black Rock uma das precursoras, inclusive com políticas institucionais de desinvestimentos em organizações sem nenhum compromisso com as práticas ESG.

O que antes, para muitos, parecia ser "apenas mais um modismo" hoje se mostra como uma mudança de valores e de paradigmas, uma profunda expansão do escopo do conceito de sustentabilidade.

Esse movimento passou a convencer líderes corporativos que talvez normalmente não se sensibilizariam com aspectos de governança, ambientais e sociais. Sempre sendo importante reforçar a profunda conexão do ESG com os princípios ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) previstos na agenda da ONU e com o sistema B e a necessidade do propósito como norte para as organizações.

O avanço da cultura ESG tem sido mais forte no G (Governança) e no E (Sustentabilidade). O S (Social) ainda recebe menos atenção! Esta realidade vem se transformando com novas ações vinculadas ao social (S) sendo progressivamente incorporadas ao mundo corporativo.

A cada dia fica mais claro que a adesão às melhores práticas sociais, ambientais e de governança, faz com que tanto as organizações estejam alinhadas aos anseios da sociedade e, principalmente, dos seus consumidores e colaboradores, como também essa agenda tem se refletido em fator de ganho de competitividade, geração de valor e maior retorno do capital. 

(*) Consultor, professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.

Fonte: O Povo, de 7/03/22. Opinião. p.18.

Crônica: “O centurião sem futuro!!!” ... e outro causo

O centurião sem futuro

Aproveitando a Semana Santa, lembrei algumas histórias da Paixão do Cristo segundo a mundiça. Como a do locutor matuto que, enviesado, começou a marmota anunciando o espetáculo a céu aberto na pracinha do Olho D'água, "beirando a noitinha", aos berros na radiadora:

- Não perdam, às sete horas, a Paxão de Cristo no Gináso Dão Pêdo! Vai ser chibata muuuuuita!!!

Tudo porque os atores da Paixão de Cristo de Olho D'água quiseram impor ares de veracidade máxima ao teatro e o espetáculo terminou, sim, em mão de peia. A crucificação do Nazareno, nas barbas da multidão, mostrava o ator no papel do Nazareno sendo colado à cruz de carnaúba com cola de sapateiro; braços, tronco e pernas com amarrados com a corda dum cacimbão.

Claro que eles fingiram colocar pregos nas mãos do filho de Maria, passando esparadrapo nos pulsos... O problema foi a cavação do buraco para ali posicionar o madeiro infamante, na vertical costumeira. Raso sobremodo. O Cristo-ator, de rabo de olho, percebeu que a cova estava miudinha demais, e deu um toque pro centurião, falando baixinho pra plateia não notar:

- Ei, macho! Cava mais uma coisinha! Senão a cruz cai e eu 'papóco' com linha e tudo!

O malvado comandante de centúria da Roma antiga não deu cabimento ao colega crucificado e o rebolou "apregado ao instrumento de suplício" no buraquinho de apenas palmo e meio de fundura. O povo foi às lágrimas. Aí um vento extemporâneo soprou nos peitos do Cristo e a cruz, por força também do peso do Messias-ator, foi derreando aos poucos para trás. Temendo cair de costas pesadamente, o Filho do Homem gritou desesperado:

- Centurião fí duma éééégua!!! Num falei que eu caiiiiir!!! Fulerage sem futuuuuuuro!!!

E caiu... Com toda linha! Mão de tabefe pra mais de mil no Olho D'água!

Cambirimbas

Fortaleza, década de 30. O senhor Estevam Emygdio, comerciante de café (futuramente o genitor do amigo especialista em Logística Internacional Marcos De Castro), é chamado a "prestigiar" o enterro da mãe de um conhecido taxista. Sepultamento no São João Batista.

Ligeira missa de corpo presente é rezada. Carpideiras capricham da ladainha. Chororô ouvido no Sétimo Céu. Seu Estevam, um dos Irmãos Emygdio (os lendários "Homens de Branco"), estava ao lado dos coveiros, em posição de preparo do buraco (pra fazer descer o caixão), quando ocorre marmota que ora lhes repito.

Um sujeito até agora não-identificado irrompe do nada, sustando toda a movimentação funérea. Seria Willian Peter Bernard, poeta baudeleriano da cidade nossa descalça de antanho, como sempre melado? Seria Tertuliano, metido em indumentária de profeta, ele que se considerava um enviado de Deus? Não se soube. Certo é que, dissoluto, o sujeito falou:

- Parai, coveiros!!!

Todos se entreolham assustados. O intrometido audaz, mirando o céu e apontando para o taxista que perdera a mãe, vizinhos que eram nas Cambirimbas (bairro onde está o Mercado São Sebastião hodierno), dispara versejante:

- Esta nuvem que vai passando, meus amigos / Não é nuvem, é o braço dum macaco / A mãe deste nosso amigo, ontem nas Cambirimbas / Hoje neste buraco...

Fonte: O POVO, de 15/04/2022. Coluna “Crônicas”, de Tarcísio Matos. p.2.

quinta-feira, 28 de abril de 2022

SINTOMAS DE ESTRESSE, ANSIEDADE OU DEPRESSÃO (Coronavírus)

Meraldo Zisman (*)

Médico-Psicoterapeuta

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é o país com a maior taxa de pessoas com transtornos de ansiedade do mundo.
Conforme o levantamento da OMS, 9,3% dos brasileiros têm algum transtorno de ansiedade. E esse levantamento não inclui o recente aumento dos casos de ansiedades no nosso país, a partir de março do ano passado, quando a OMS declarou o estado de pandemia.

Pandemia é declarada quando qualquer epidemia de doença infecciosa contagia a população de uma grande região geográfica, como um continente ou até mesmo todo o mundo. Em apenas alguns meses a doença se espalhou pelo mundo de forma exponencial, em parte devido à demora dessa organização, responsável pela saúde mundial, em decretar o estado de Pandemia. Neste artigo tratarei apenas de como essa decretação pode atacar e perturbar a saúde mental.

Precisamos estar cientes do fato de que o coronavírus pode afetar psicologicamente. Destaco que uma parte dos indivíduos que sobrevivem à infecção pode apresentar distúrbios do sistema psíquico como parte da infecção pelo COVID-19. Os estudos mostram que menos da metade dos pacientes hospitalizados por COVID-19 grave apresentam sinais de ansiedade mais ou menos intensa. Mas as que a mostram podem vir a ser afetadas por algum ou vários dos seguintes motivos, que devem ser evitados:

1. Além da tensão causada pela epidemia, aqueles que assistem os noticiosos oficiais e sociais sofrem um aumento na sua ansiedade ao ver notícias sobre os danos causados pelo coronavírus. Evite assistir, ler ou ouvir notícias relacionadas ao tema.

2. Procure informações apenas para se proteger ou para se atualizar, de tempos em tempos. Ver notícias diariamente ou a todo momento pode provocar maiores preocupações.

3. Foque também nos fatos provenientes de sites oficiais e jornais com credibilidade de modo a fugir das “fake news” (notícias falsas).

4. É importante estar bem informado e cuidar da saúde mental para não se estressar. Evite ler ou ver notícias que causem estresse. É fundamental saber filtrar as informações recebidas, atentando para a qualidade e veracidade delas. Fuja também do bombardeio de notícias ruins ou desfavoráveis o tempo todo.

5. Durante períodos de crise ou quarentena, idosos, principalmente aqueles com idade mais atacante ou com demência, podem ficar mais agitados, ansiosos, brabos ou estressados.

6. É, portanto, importante receber apoio emocional através de familiares ou profissionais. Converse e mantenha contato com as crianças. Se a criança tem dúvidas sobre o novo coronavírus, esclarecê-las pode aliviar a ansiedade e manter uma comunicação honesta. Em tempos de crise, crianças observam o comportamento e emoções dos pais para entender como lidar com seus próprios sentimentos.

7. Compartilhe fatos positivos. Procure amplificar vozes, imagens e histórias positivas. Compartilhe a experiência de pessoas que se recuperaram do novo coronavírus (COVID-19) ou de quem ajudou uma pessoa próxima a se recuperar.

Então, nesse cenário, para evitar a ansiedade decorrente de ficar preso na própria residência, saia de casa (não esquecendo dos cuidados decretados), nem que seja só para melhorar a ansiedade. Agora, com esta nova guerra das vacinas, as ansiedades estão aumentando e suas sequelas podem vir a ser mais danosas do que a pandemia que estamos vivendo. Isso, sem falar nos efeitos da polarização política entre brasileiros.

Vale recordar que o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (T.E.P.T.) continua a ser sentido pelos que estão severamente ansiosos por meses ou mesmo anos após o evento, contraindo ou não a doença. A psiquê humana age como uma divindade que representa a personificação da alma.

Pesquisa realizada pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) nos meses de maio, junho e julho de 2020 revela um aumento da ansiedade entre brasileiros durante a pandemia, indicando que 80% da população daquele estado tornou-se mais ansiosa. Nessa pesquisa foram consultadas 1.996 pessoas maiores de 18 anos e seus resultados permitem afirmar que neste período de pandemia as pessoas desenvolveram ou aumentaram – quem já tinha – sintomas de estresse, ansiedade ou depressão.

Cuidem-se…

(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE), da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES) e da Academia Recifense de Letras. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).

quarta-feira, 27 de abril de 2022

CONVITE: Lançamento de “VOX CLAMANTIS IN DESERTO”

 


A Faculdade Rodolfo Teófilo (FRT) do Instituto do Câncer do Ceará (ICC) convida para o lançamento deVox Clamantis In Deserto”, livro, contendo crônicas e ensaios, do advogado e professor André Bastos Gurgel, integrante do corpo docente da FRT.

A obra, prefaciada pelo etimólogo e frade franciscano Frei Hermínio de Oliveira, e o autor serão apresentados pelo Prof. Dr. Marcelo Gurgel Carlos da Silva, médico do ICC e docente da FRT.

Local: Auditório da FRT, na Av. do Imperador, n° 1.360 – Farias Brito.

Data: 28 de abril de 2022 (quinta-feira) Horário: 11h.

Traje: Esporte Fino.

Prof. Dr. Manfredo Luís Lins e Silva

Diretor Geral da FRT

Nota: Uso obrigatório de máscara.


DEVERÍAMOS TIRAR AS MÁSCARAS AGORA?

Por Lígía Kerr (*)

O cenário da Covid-19 vivido no Brasil depende e dependerá bastante do que está acontecendo em outros países e dentro do próprio país. Entre o final do ano passado e o início de 2022, a variante Ômicron promoveu um surpreendente aumento da Covid-19 em vários países.

A vacinação não é homogênea e, apesar de continuar protegendo contra infecções graves e óbitos, a vacina protege menos contra infecções. Muitos governantes retiraram o uso obrigatório das máscaras em ambientes abertos e/ou fechados. E mais, retiraram outras medidas importantes no controle, como o distanciamento físico, permitindo intensas aglomerações em grandes eventos.

A combinação desses fatores amplificou exageradamente a reprodução da Ômicron resultando em uma outra variante, a BA.2. Observamos, perplexos, as curvas de casos, internações e óbitos de vários países europeus e asiáticos subirem novamente.

Nos Estados Unidos, os casos e óbitos ainda não estão aumentando, mas o monitoramento recente do esgoto mostra 1.000% de crescimento da presença da nova variante nas últimas semanas, 40% de aumento na média de casos em Nova Iorque e a infecção pela BA.2 dobra a cada 7 a 8 dias em Connecticut.

Seria este contexto nacional e mundial o momento adequado para liberar o uso de máscaras, mesmo nos ambientes externos, seja no Ceará, no Brasil ou em outro país no mundo. Será que todos nós entendemos o mesmo sobre o que seja um ambiente aberto? É um ponto de ônibus similar a um estádio de futebol? Ficará a cargo de cada um definir o que é aglomerado ou não?

O uso das máscaras evitou milhões de casos de Covid-19, além de reduzir drasticamente outras Síndromes Respiratórias Agudas Graves, como a influenza. Os benefícios do seu uso são muito superiores aos incômodos que elas causam. E se muito mais pessoas, globalmente e no Brasil, estivessem vacinadas e persistido no uso das máscaras, o Sars-CoV-2 não teria tido todas as inúmeras oportunidades que vem tendo de se reproduzir e gerar esta diversidade de variantes que vem se disseminando e matando milhões de pessoas. Estamos errando feio em nosso aprendizado sobre esta pandemia.

(*) Médica epidemiologista e professora da UFC. Vice-presidente da Abrasco.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 26/03/2022. Opinião. p.18.

terça-feira, 26 de abril de 2022

A COVID-19 E OS ASSENTAMENTOS PRECÁRIOS

Por Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho (Doutor Cabeto) (*)

Em 15 de março de 2020, há exatos dois anos foi diagnosticado o primeiro caso de Covid-19 no Estado do Ceará. A primeira onda aconteceu precocemente em relação ao restante do Brasil e assumiu proporções gigantescas, inicialmente em Fortaleza devido à alta densidade populacional e ao grande número de assentamentos precários, eis que mais da metade da população vive miseravelmente em um só cômodo.

Dessa forma, a pandemia descortinou uma realidade perversamente escondida. A mortalidade foi muito maior nos pobres e nos idosos pobres. As mortes inicialmente permaneceram desconhecidas à maior parte da população mais abastada. Aos poucos o quadro se agravou, e outras classes e faixas etárias foram brutalmente acometidas.

Tudo só não foi pior devido à dedicação de trabalhadores da saúde incansáveis, principalmente nos órgãos públicos, que anônimos aos poderosos, foram responsáveis por mais de 95% do atendimento. As internações aconteceram em todas as unidades. Os hospitais foram transformados em unidades de Covid e as UPAs (Unidades de pronto atendimento) foram transformadas em hospitais. Em poucos meses foram criados cinco mil leitos extras, sendo mil e quinhentos de terapia intensiva, espalhados em todas as regiões do Estado.

Tudo foi planejado em poucos meses e, assim, evitou-se uma tragédia anunciada de um sistema de saúde abandonado pelas autoridades. Pois, no início da pandemia, o sistema contava somente com pouco mais de 400 leitos de UTI, já havia um déficit de décadas.

A força de trabalho contou com a dedicação inesquecível de todos. As enfermeiras cumpriram além do juramento, as fisioterapeutas fizeram o impossível. Entre os médicos, principalmente os mais jovens e pouco experientes fizeram a maioria. Aceitaram o desafio sem pestanejar.

Alunos anteciparam a formatura e assumiram postos no front, mesmo sem o treinamento adequado. Esses fizeram a diferença!

Mas, infelizmente, foram milhares de mortes, entre jovens e idosos, famílias decepadas por inteiro, inúmeros órfãos de pai e mãe. Em 18 de maio faleceram no Ceará 267 pessoas por Covid. Poderia ter sido ainda pior, já que os números apontavam para aproximadamente 400 mortes por dia. Foi para nunca mais esquecermos...

(*) Médico. Professor da UFC. Ex-Secretário Estadual de Saúde do Ceará.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 17/03/2022. Opinião. p.19.

segunda-feira, 25 de abril de 2022

ECONOMIA E CULTURA

Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)

Segundo Adonias Filho, não houve no Nordeste brasileiro o romance modernista, mas sim o ciclo pré-modernista e o pós- modernista. O primeiro, de Franklin Távora e Domingos Olympio, colocava em plano secundário os elementos sociais e na fase principal da cena, de forma invulgar, a chamada ação episódica. No segundo, com destaque, entre outros, para a querida e incomparável Rachel de Queiroz e para José Américo de Almeida, os elementos sociais superam a ação episódica, traduzindo com rigor o documentário. “Mas, ao fechar-se o segundo ciclo, Graciliano Ramos abre a terceira fase: acrescenta ao documentário, sem anular a irradiação social, as indagações psicológicas”. Por trás das obras dos autores mencionados, existem componentes políticos, econômicos e religiosos compatíveis com os momentos em que foram escritas. A literatura nordestina, com certeza, é a que apresenta com maior realismo as características de um povo que mata e reza para não morrer. A visão do intelectual, além de ser abrangente, é caracterizada por conter, na maioria das vezes, sentimentos sociais, diferentemente daquilo que pensam muitos tecnocratas. A produção literária do Nordeste precisa ser levada em consideração pelos formuladores de políticas econômicas globais. Talvez seja mais importante a leitura de “O Quinze”, “A Bagaceira”, “Vidas Secas” e tantos outros livros do que de compêndios estrangeiros de economia política, mesmo de alguns mestres famosos como Friedman, Hansen, Ackley, Leftwich etc. O Nordeste tem suas peculiaridades e também suas vantagens comparativas que precisamos transformá-las em vantagens competitivas. Da maneira como não tivemos no romance a fase modernista, segundo Adonias filho, podemos, mediante prioridades concretas para a educação e a tecnologia, entrar mais rapidamente na fase pós- informática. Precisamos dar um salto de informação e de conhecimento. Os economistas, em particular, necessitam aprender com os verdadeiros literatos, para que possam ler e escrever o romance do nordeste desenvolvido. Não basta a educação formal, mas também a educação comportamental. A não conexão entre a teoria socioeconômica e a realidade cultural é o motivo principal do impasse do futuro, não só para o Nordeste mas para as regiões e países subdesenvolvidos do mundo.

(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do Ceará.

Fonte: Diário do Nordeste, 25/03/2022. Ideias.

domingo, 24 de abril de 2022

UM “GENTLEMAN” EM CASA

Depois de aposentado, o Prof. Newton Gonçalves não perdeu o hábito diário de, após o café matinal, arrumar-se, impecavelmente, de paletó e gravata, como se fosse para a universidade, ou estivesse esperando visitas já agendadas. Na verdade, ele andava apenas uns poucos passos para ficar no seu aconchegante gabinete, repleto de estantes de livros valiosos, sendo alguns de notável valor estimativo, onde se comprazia, por horas a fio, com a prazerosa leitura de suas preciosas obras, não se dando conta da marcha do tempo. No turno vespertino, essa prática prosseguia, deixando-o absorto, imerso em tantas leituras.

Nas imediações de sua casa havia uma clínica psiquiátrica, para atendimento, e até internamento, de pacientes portadores de transtorno mental. Não raro, alguns desses pacientes, possivelmente por efeito-demonstração de um primeiro visitante ter sido bem acolhido por esse gentil-homem, passaram a bater em sua porta, para trocar um dedo de prosa com o Prof. Newton. A bem da verdade, eles sempre foram recebidos pelo anfitrião, com urbanidade e polidez, traços tão caros ao insigne mestre. É o caso de se dizer: “quem foi rei, será sempre majestade”.

* Publicado, originalmente, In: SILVA, M.G.C. da. Contando Causos: de médicos e de mestres. Fortaleza: Expressão, 2011. 112p. p.97-98.

Fonte: SILVA, M.G.C. da. Um “gentleman” em casa. In: SOBRAMES – CEARÁ. Sopro de luz. Fortaleza: Sobrames-CE/Expressão, 2020. 364p. p. 245.

TAMPONAMENTO INUSITADO

Em janeiro de 1954, o jovem, mas já famoso cirurgião carioca José Hilário, tido como um dos pioneiros da cirurgia cardíaca no Brasil, a convite do Prof. Newton, veio a Fortaleza, a fim de ministrar um curso prático de cirurgia cardíaca, para um seleto grupo de professores da Faculdade de Medicina, marcando esse evento o início dessa especialidade, no Ceará.

Para viabilizar a empreitada, o Dr. José Hilário fez-se acompanhar de parte de sua equipe: o anestesista e a instrumentadora, aqui contando com os Prof. Newton Gonçalves, Haroldo Juaçaba e Paulo Machado, que se revezavam, como seus cirurgiões auxiliares. Como a Faculdade de Medicina do Ceará não dispunha de numerários, a vinda dos convidados foi patrocinada por alguns mecenas locais que pagaram as passagens, enquanto a hospedagem e as despesas do curso ficaram garantidas pelos professores e médicos envolvidos no treinamento.

Com o fito de ratificar a conhecida hospitalidade cearense, após o término do curso, os convidados foram levados para passar o final de semana em Guaramiranga, onde foram, com toda fidalguia, muito bem anfitrionados por Raul Carneiro e Carlos Jereissati, cunhados do Prof. José Carlos Ribeiro, responsável pela logística do Hospital Geral Dr. César Cals, local de realização do treinamento.

O Prof. Newton Gonçalves, em seu livro “Prosa Dispersa” (p.331-2), reconta que na volta desse passeio, um pedregulho “feriu” o carter de um dos dois carros que os transportavam, causando um ameaçador vazamento de óleo.

Parados no meio da estrada, eles não sabiam o que fazer.

Dr. José Hilário, acostumado com a surpresa das hemorragias, falou:

– Só tamponando, imediatamente. Talvez se possa alcançar um lugarejo próximo e pedir ajuda.

– Mas, tamponar com o que? – Perguntou o cardiologista Dr. Antônio Jucá.

Foi então que Isabel, a hábil instrumentadora cirúrgica, não vacilou na pergunta:

– Um “Modess” serve, professor?

As senhoras da comitiva, diante da insólita indagação, entreolharam-se surpresas, pois sequer havia anúncios ou reclames de absorventes femininos nos meios locais, àquela época. Coisas de mulher jamais seriam expostas, com tanto despudor, era o que pensavam. O que valeu, no entanto, foi que o “Modess” cumpriu, a contento, a sua nova e imprevista indicação.

Com esse artefato, e tal artifício, foi possível alcançar outra condução, chegando todos a Fortaleza, trazendo na lembrança a inusitada utilidade do famoso produto íntimo da “Johnson & Johnson”, que, de tão folclórico, tornou-se motivo de sérios risos no grupo de convivas.

Se houvesse publicitário vanguardista, bem à frente daqueles tempos, o absorvente poderia até ganhar um slogan bem apropriado: “Modess não escolhe. Vai de carro a mulher, com a maior garantia”.

* Publicado, originalmente, In: SILVA, M.G.C. da. Contando Causos: de médicos e de mestres. Fortaleza: Expressão, 2011. 112p. p.96-97.

Fonte: SILVA, M.G.C. da. Tamponamento inusitado. In: SOBRAMES – CEARÁ. Sopro de luz. Fortaleza: Sobrames-CE/Expressão, 2020. 364p. p. 243-244.

sábado, 23 de abril de 2022

FOGO NO MEC

Por Sofia Lerche Vieira (*)

Criado em 1930, o Ministério da Educação (MEC) é o órgão máximo de formulação de políticas federais de educação. Longe de constituir-se em instância de decisão técnica, tem-se configurado em espaço político e vitrine de prioridades governamentais.

Exemplo nesse sentido pode ser visualizado pelo total de dirigentes que passaram pela pasta ao longo da história. Examinando apenas as administrações eleitas desde a transição para a democracia, verifica-se que entre 1985 e 2022, período correspondente ao mandato de oito presidentes da república, foram 23 os titulares desta pasta. Ou seja, para cada governo, em tese, teríamos tido algo em torno de 3 ministros.

Longe de materializar meras trocas administrativas, os ministros da educação expressam as caras dos governos a que servem. As marcas de cada gestão são asseguradas pela presença, ausência ou ainda destruição de políticas que, muitas vezes, levaram décadas para serem construídas.

escândalo mais recente, que envolve a figura do ministro de educação de plantão no governo atual, é uma ilustração da deplorável situação a que chegamos no âmbito federal.

dirigente do MEC nega a acusação de favorecer lobby com verbas da educação. O loteamento e desvio de recursos capitaneado por pastores e direcionados a obras em áreas de sua atuação, entretanto, traduz uma face do clientelismo desocultada pelo jornalismo investigativo de dois grandes veículos de informação no país (os jornais Estado de São Paulo e Folha de São Paulo).

Fere não apenas o princípio de que os recursos públicos deverão ser destinados â educação pública, como também o da laicidade do ensino. Uma lástima! Um trabalho de décadas na educação foi e continua sendo destruído sob a batuta dos ministros que passaram pelo MEC desde 2019.

Para além dos grandes desafios já existentes e aprofundados pela pandemia da Covid 19, ao governo que se inicia em 2023 caberá o imenso desafio de restaurar a credibilidade e a capacidade de atuação do executivo federal. Não é tarefa trivial. Há de requerer uma concertação nacional que parece impossível vislumbrar em nossos dias.

(*) Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Uece e consultora da FGV-RJ.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 28/03/22. Opinião, p.22.

CONVITE: Celebração Eucarística da SMSL - Abril/2022

A Diretoria da SOCIEDADE MÉDICA SÃO LUCAS (SMSL) convida a todos para participarem da Celebração Eucarística do mês de Abril/2022, que será realizada HOJE (23/04/2022), às 18h30min, na Igreja de N. Sra. das Graças, do Hospital Geral do Exército, situado na Av. Des. Moreira, 1.500 – Aldeota, Fortaleza-CE.

CONTAMOS COM A PRESENÇA DE TODOS!

MUITO OBRIGADO!

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Da Sociedade Médica São Lucas

Nota: Serão aplicadas as medidas preventivas recomendadas pelas autoridades sanitárias, sendo obrigatório o uso de máscara por todos os fiéis presentes.

Sociedade Médica São Lucas


sexta-feira, 22 de abril de 2022

FOLCLORE POLÍTICO LXXIV: Porandubas Políticas 629

Abro a coluna com Tancredo Neves.

São Geraldo

Geraldo Rezende, editor político de O Diário, sábio e santo, conversava com Tancredo no final da campanha para o governo de Minas, em 1960, contra Magalhães Pinto:

– Tancredo, você precisa ter fé. Dê uma passada no Santuário de São Geraldo, em Curvelo, que São Geraldo não esquece seus devotos.

Tancredo foi lá. Perdeu as eleições para Magalhães. Telegrafou a Geraldo:

– Geraldo, São Geraldo esquece seus devotos.

Meses depois, Jânio renuncia, assume Jango. Tancredo é primeiro-ministro. Geraldo telegrafa a Tancredo:

Tancredo. São Geraldo não esquece seus devotos.

Fonte: Gaudêncio Torquato (GT Marketing Comunicação).

quinta-feira, 21 de abril de 2022

ALMA. CONSCIÊNCIA. CONHECIMENTO.

Meraldo Zisman (*)

Médico-Psicoterapeuta

… anunciam que neste novo ano de 2021 as neurociências testarão duas teorias para esclarecer quando e onde a consciência é gerada no encéfalo (que é o centro do sistema nervoso em todos os animais vertebrados e alguns invertebrados).

Alma é um dogma espiritual do Homem, que se opõe ao corpo, embora seja dele inseparável. Consciência já faz parte da atividade psíquica da pessoa e, sendo emoção intuitiva, é influenciada por todas as outras criaturas da cultura em que a pessoa esteja inserida. Conhecimento é aqui entendido como a maneira que o Homem adota para viver/sobreviver no seu considerado mundo.

Os avanços do conhecimento são modificados ou aumentados pelas descobertas científico-tecnológicas, daí derivando a capacidade de perceber e controlar o conteúdo mental das pessoas. No entanto, anunciam que neste novo ano de 2021 as neurociências testarão duas teorias para esclarecer quando e onde a consciência é gerada no encéfalo (que é o centro do sistema nervoso em todos os animais vertebrados e alguns invertebrados).

Argumenta-se que quanto mais os neurônios do cérebro de uma pessoa interagem entre si, mais o ser se sente consciente. Por outro lado, as partes do cérebro humano onde a conectividade neuronal é mais complexa são as áreas de processamento sensorial. Outra suposição é estar o centro gerador da consciência situado na parte posterior ou anterior do encéfalo, onde a consciência se situaria, enquanto outros afirmam que a consciência envolve uma rede de áreas cerebrais.

Até agora, só existem provas de que o córtex pré-frontal (anterior) é capaz de gerar sentimentos de consciência que – enfatizo – é o termo que significa conhecimento acumulado, percepção, honestidade.

Noticiam que esses experimentos mais aprofundados serão conduzidos em 500 voluntários utilizando as técnicas: 

1. Ressonância magnética;

2. Magnetoencefalografia (MEG), (que é um procedimento de mapeamento da atividade do cérebro por meio da detecção de campos magnéticos produzidos pela variação das correntes elétricas que existem naturalmente no cérebro).

Esse novo aparelho permitiu a identificação de áreas de maior ou menor atividade do cérebro e auxiliou na localização de regiões responsáveis pela epilepsia em alguns indivíduos, é usado também como teste para o diagnóstico do Alzheimer e desmentiu o mito do uso de apenas 10% do cérebro. Tenho certeza de que sua importância clínica fará com que a neurociência dê um grande passo à frente, muito embora deverá permanecer desconhecido o local onde o cérebro constrói os sentimentos e as emoções humanas.

Acredito que quando descobrimos que somos ignorantes em um determinado assunto, este fato passa a ser um grande incentivo para a ampliação do conhecimento. Porém, que o importante é o uso que se faz do conhecimento e não seu endeusamento. Aguardemos.

(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE), da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES) e da Academia Recifense de Letras. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).

quarta-feira, 20 de abril de 2022

A POLÍTICA E OS TAMBORES DE GUERRA

Por José Jackson Coelho Sampaio (*)

Não sou cientista político, mas, como pesquisador da Saúde Coletiva, necessito da Ciência Política. Não se pode conceber política de saúde, sem conceber a economia que estabelece determinantes-chave do processo saúde/doença nas populações, a Sociologia que permite entender a sociedade demandante e destinatária das políticas e a ciência política que desnuda o Estado, definidor das opções e ator das decisões, além de permitir a observação de como se constrói/distribui o poder por trás dele.

Então leio, desde Maquiavel, grande e complexo intelectual do Renascimento, considerado o pai da Ciência Política, até Manuel Domingos Neto, este pensador piauiense-cearense, instigante e criativo, que estuda as guerras por ter ódio a elas, passando por Antônio Gramsci e Norberto Bobbio.

Marx sonhava com a internacionalização do trabalho e que os trabalhadores do mundo, unidos, criariam justiça social e paz. O século XIX viu nova escala de internacionalização do capital e das ambições geopolíticas por território e matérias primas, sob a roupagem da missão insurgente de levar liberdade, igualdade e fraternidade aos povos, conspurcado lema da Revolução Francesa.

O séc. XIX viu indústrias bélicas nacionais conduzirem guerras sob o véu de grandes construtos ideológicos: 1- os impérios estabelecidos dispunham-se a conter os arcaísmo otomano e austro-húngaro e a deter o expansionismo germânico na 1ª GM, oferecendo oportunidade de libertação nacional para povos subjugados; 2- as potências ditas democráticas, incluindo a estranha democracia instalada na União Soviética, enfrentaram o cruel totalitarismo nazifascista na 2ª GM; e 3- as democracias liberais do dito mundo livre, enfrentaram a ameaça coletivista ao capital, identificada como a também totalitária cortina de ferro.

O capital financeiro e as comunicações se globalizaram em velocidade e simultaneidade ímpares. Por toda parte erige-se o totem dos pixels e do pix, mas as contradições voltam à crueza do séc. XVIII, quando se esfumava a guerra em nome de deus. O império ocidental enfrenta os impérios orientais, e tudo é geopolítica, território, negócio e dinheiro no sacrifício dos povos de fronteira. A bandeira a unir forças humanistas e progressistas é, portanto, já, paz e democracia, sem adjetivos.

 (*) Professor titular de Saúde Pública e ex-Reitor da Uece.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 17/03/2022. Opinião. p.19.

terça-feira, 19 de abril de 2022

COVID-19, o que teremos pela frente...

Por Luciano Pamplona (*)

Em 11 de março de 2022 completamos dois anos do anúncio de pandemia feito pela Organização Mundial da Saúde. Quem apostaria, lá em dezembro de 2019, que aqueles casos na China tomariam proporções tão desastrosas e duradouras? E no Ceará, o que aprendemos? O que sabemos ou achamos que sabemos?

Em Fortaleza, passamos por três ondas chegando a quase 1 milhão de casos notificados e 11 mil vidas perdidas. Nessa última onda, tivemos um tsunami de casos com, proporcionalmente, muito menos óbitos. Mas, em se tratando de vidas, cada uma vale muito, e, para muitas famílias, não deu certo.

Passamos por períodos sem vacinas, períodos em que fomos privados de sair de casa até para ir à escola, ficamos sem ver nossos familiares e, pior que isso, tivemos momentos em que não pudemos, sequer, participar do funeral de nossos entes queridos.

Tempos difíceis! Mas aprendemos! Espero. Vimos uma evolução da compreensão sobre os possíveis medicamentos e o sucesso das vacinas em reduzir internações e óbitos. Aprendemos que a máscara é, sim, uma boa medida de proteção individual. Usamos de todos os tipos: as de pano, de crochê combinando com a roupa, as mais baratas, outras não tanto.

Mas, como pai, fico apreensivo quando vejo as crianças se arrumando para ir à escola e colocando a máscara como se fizesse parte do fardamento, da rotina, da vida normal. Quanto prejuízo para socialização, vocalização, audição! Mas sei que isso foi necessário em algum momento e, coletivamente, os benefícios justificaram os prejuízos. Mas, depois de dois anos, estamos cansados dela.

Vimos tantos falarem bobagens "em nome da ciência". Ou usando a "ciência" como pano de fundo para seus propósitos. Mas aprendemos que existe algo chamado Medicina Baseada em Evidências e que, de acordo com o método científico utilizado, podemos ter resultados que são mais conclusivos que outros, pois apresentam maior nível de evidência.

E o que esperar? Infelizmente, a pandemia segue. Entretanto, por aqui, com uma taxa de positividade dos testes muito baixa e que nos permite ensaiar uma volta à vida normal, com muito mais conhecimento.

(*) professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará

Fonte: Publicado In: O Povo, de 16/03/2021. Opinião. p.18.

segunda-feira, 18 de abril de 2022

A REDENIT-CE EM NOVA GESTÃO

Por Vladimir Spinelli Chagas (*)

Já comentamos aqui sobre a concepção, desenvolvimento e implantação da Rede dos Núcleos de Inovação Tecnológica do Ceará – Redenit-CE, a partir das experiências do NIT da Universidade Estadual do Ceará.

Também lembramos que, inicialmente, com o apoio da Finep, do BNB e do INPI, pôde-se constituir uma equipe de apoio que pudesse disseminar conhecimentos e agregar de fato as instituições em uma rede acolhedora, "com o mesmo espírito de congregação democrática e visão clara da importância da Ciência, da Tecnologia, da Inovação e do Empreendedorismo", como dissemos então.

Quando uma nova gestão assume a Redenit-Ce é conveniente destacar pontos que demonstram o acerto da sua criação, e chamar a atenção para a busca constante de estímulo às parcerias, com eventos como o iTec Roadshow, Mostra de Pesquisas de NITs, Oportunidades de Negócios em Biotecnologia e Encontro de Cooperação em Rede para a Inovação – Transfnit, todos em conjunto com a Fiec.

Foram também produzidos relatórios, visando auxiliar a organização e gestão da Redenit-CE, melhorar suas ações de planejamento e detectar o grau de maturidade dos NITs, na sempre presente ideia de que cada um tem importância fundamental, para o todo.

As reuniões, os eventos promovidos ou dos quais participaram representantes da Rede, as visitas técnicas, as buscas de anterioridade, as tecnologias expostas, os boletins de oportunidades distribuídos, as oficinas e cursos produzidos, patrocinados ou disponibilizados, a interligação com a Anprotec e a Fortec e os prêmios recebidos são também expressão de partilhamento.

Assim, continuando na busca dos seus objetivos, com a mesma tenacidade com que iniciou essa meritória, embora árdua missão na defesa de um pensamento criativo, provocativo e inovador, o que esperamos e confiamos é que "em 2030 a Redenit-CE será uma catalisadora dos NITs com o Sistema de Inovação do Estado, tendo reconhecimento local, regional, nacional e internacional o que colocará o Ceará entre os principais estados brasileiros em desenvolvimento, implementação e exportação de tecnologias inovadoras" como estabelece sua Visão.

(*) Professor da Uece, membro da Academia Cearense de Administração (Acad) e conselheiro do CRA-CE.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 28/03/21. Opinião, p.22.

PENSAMENTO POLÍTICO

Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)

A ganância de determinados países motiva uma desconfiança que prejudica o entendimento, de um lado, e gera desigualdades e desequilíbrios políticos, econômicos, sociais e culturais, de outro. Nessa linha de raciocínio, surgem a exploração desordenada dos recursos naturais não renováveis, a miséria crescente de milhões de pessoas, a corrida armamentista, a falta de solidariedade humana, a ausência de uma paz estável, dentre outros problemas. O radicalismo tem influenciado de forma negativa as alterações de comportamento e de organização social, nos países socialistas e capitalistas. Crises decorrem de movimentos radicais que não buscam soluções, mas modelos errôneos do ponto de vista socioeconômico e político. Observando-se pensamentos de filósofos clássicos, neoclássicos e modernos, como Pitágoras, Aristóteles, Platão, Max Weber, Kant, Heidegger, Hengel, Marx e mais recentemente de Satre e Maritaim, nota-se uma preocupação básica com a verdade e a existência. Por isso, todos foram verdadeiros formadores de escolas que serviram e ainda servem de orientação a muitas pessoas. Apesar das controvérsias, todos buscaram formas para justificar, de acordo com suas teses e convicções, o sentido da vida, da moral, da ética etc. Segundo Shakespeare, “A política está acima da consciência”. A hipocrisia é a chaga maior dessa atividade. A coerência programática, baseada em princípios cristãos, é o único remédio capaz de combater com eficácia essa doença. De acordo com Jacques Maritain: “O Cristianismo ensinou aos homens que o amor vale mais do que a inteligência”. A arte de pensar é o segredo da vida. Conforme Spencer, “É a mente que faz a bondade e a maldade. Que faz a tristeza ou a felicidade, a riqueza e a pobreza”. Procuremos o sucesso, mediante o pensamento positivo, isolando as ideias inerentes aos sentimentos de ódio, de inveja, do desamor, dentre outros, e não apenas digitando números e letras nem também procurando, sem esforço mental, informações existentes numa máquina. Lembremo-nos de Victor Hugo: “Amo as pessoas que pensam, mesmo aquelas que pensam de maneira diferente de mim”. P.S. O pensamento é a base de qualquer doutrina, numa análise filosófica.

(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do Ceará.

Fonte: Diário do Nordeste, 25/03/2022. Ideias.

domingo, 17 de abril de 2022

A VINGANÇA DE SAINT KLAUS

Os professores Newton Gonçalves e Haroldo Juaçaba, acompanhados de suas respectivas consortes, foram a um congresso de cirurgia em um país escandinavo, e aproveitaram a oportunidade para conhecer a Lapônia, região situada no extremo norte, mais precisamente no Polo Norte. Essa é, simbolicamente, a terra de Saint Klaus, e não apenas o território dos lapões, daí o interesse em chegar até onde vive o imaginário Papai Noel.

Os dois casais foram jantar em um restaurante típico da Lapônia. O Prof. Newton, um pouco mais afoito, quis experimentar um prato mais exótico, para os padrões tropicais, e solicitou uma suposta iguaria, um prato feito com carne de rena, considerando que aquela seria uma oportunidade ímpar, para conhecer o sabor que tinha a carne desse grande cervídeo, ali apresentado como “pièce de resistence”.

Nenhum dos seus companheiros de viagem aceitou compartilhar do inusitado repasto, fazendo com que o Prof. Newton comesse sozinho a refeição por ele solicitada. Mas o resultado final do “lauto banquete” foi deveras desanimador para o solitário comensal, que ficou obrigado a permanecer recolhido no hotel, durante um dia, acometido de profusa diarreia e intensas cólicas intestinais, que solaparam os bons passeios que poderiam ter feito naquela fria região.

É até provável que o quadro de intoxicação alimentar possa ter sido uma “vindetta” do Santa Claus, pela ousadia que o acarauense tivera de ingerir a carne de um animal tão prestativo e que, chegado o Natal, cruza os quatro cantos do mundo para levar os presentes do bom velhinho às crianças ansiosas e crédulas de que serão recompensadas pelo bom comportamento dos últimos dias.

Daí para a frente, por certo, nunca mais o Dr. Newton quis saber de renas. Para ele, já era bastante vê-las nos cartões natalinos, puxando o trenó do Papai Noel.

* Publicado, originalmente, In: SILVA, M.G.C. da. Contando Causos: de médicos e de mestres. Fortaleza: Expressão, 2011. 112p. p.95-96.

Fonte: SILVA, M.G.C. da. A vingança de Saint Klaus. In: SOBRAMES – CEARÁ. Sopro de luz. Fortaleza: Sobrames-CE/Expressão, 2020. 364p. p. 242-243.

 

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