quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

HOSPITAL DE MARACANAÚ (E SUA "ESTAÇÃO DE RÁDIO")

Por Paulo Gurgel Carlos da Silva (*)

O Hospital de Maracanaú foi fundado em 4 de junho de 1952 como Sanatório de Tuberculose, vinculado ao Ministério da Saúde. Em 1982, passou à condição de hospital geral e, na década de 1990, assumiu o nome de Hospital Municipal de Maracanaú. Em 2000, foi municipalizado e, em 2008, em homenagem a um ex-diretor, seu nome passou a ser Hospital Municipal Doutor João Elísio de Holanda. Ele é uma unidade integrante do Sistema Único de Saúde (SUS), classificado como uma unidade pública de médio porte e nível de complexidade secundária. Entre os anos de 2000 a 2010, os serviços hospitalares foram ampliados para ambulatoriais, também de nível secundário de assistência, com as unidades: Centro Integrado de Reabilitação (CIR), Policlínica de Maracanaú e Centro de Testagem e Aconselhamento Sorológico em DST/AIDS (CETAS). Dessa expansão, veio o nome Complexo Hospitalar e Ambulatorial de Maracanaú Doutor João Elísio de Holanda.

Disponível em: http://www.maracanau.ce.gov.br/hospital-municipal-joao-elisio-de-holanda/. Acesso em: fev.2024.

No período de 17 de janeiro a 23 de fevereiro de 1972, fiz uma pós-graduação em Pneumologia (incompleta), no Sanatório de Maracanaú, em convênio com o Serviço Nacional de Tuberculose. Éramos quatro os participantes desta atividade sob regime de residência: Tarcísio Diniz, Geraldo Madeira, Elenita Maria e eu.

Lembro-me de que, todos os dias, uma kombi bem cedo nos levava de Fortaleza a Maracanaú. À tarde, pegávamos o trem na estação que fica em frente ao Sanatório (bendito aquele que um dia teve a ideia de construir o ramal ferroviário para Maracanaú) e voltávamos para a capital. Quanto a mim, descia na estação ferroviária de Otávio Bonfim, que ficava bem perto da minha residência. A tempo de pegar um ônibus que me levasse à Casa de Saúde São Raimundo, onde eu acompanhava o Prof. Paulo Marcelo em suas atividades clínicas.

Em 27 de fevereiro, após desligar-me do curso, viajei para o Rio de Janeiro-GB com a finalidade de iniciar o meu Curso de Formação de Oficial Médico.

Nos anos seguintes, trabalhei nas seguintes instituições militares: Hospital Central do Exército, no Rio de Janeiro-GB, Hospital de Guarnição de Tabatinga, em Benjamin Constant-AM e Hospital Geral de Fortaleza (HGF). Certo dia, recebi um convite do Dr. Abelardo Soares, então diretor do Sanatório de Maracanaú, para atuar em sua administração como médico substituto. Fazendo ambulatório e enfermaria, participando como vogal da junta médica e dando plantões de 24 horas no HGF, não tinha tempo disponível. E declinei do convite.

Nas décadas de 1980 e 1990, estive por diversas vezes no Sanatório de Messejana para participar de suas reuniões clínicas. Eram realizadas aos sábados e contavam com uma palestra inicial no auditório, seguida de uma agradável confraternização e churrasco em um espaçoso caramanchão. No período de 5 de maio a 2 de junho de 1987, estive outras vezes no Sanatório, a convite do diretor Dr. Luiz Carlos Saraiva, para ministrar o curso "Reorganização da Seção de Arquivo Médico e Estatística" aos funcionários do setor.

Em seu discurso de posse na direção do Sanatório, a minha companheira (de profissão e de poesia), Dra. Lucíola Rabelo, fez esta citação:

O deserto por palmilhar.
Mas o que é o deserto senão a orla de um oásis?
Irei convosco, pois. Seremos dromômanos, manos sob o olhar complacente dos djins de fogo. Suportaremos manos, nós, o peso das mochilas, fardos da temporalidade. E deixaremos profundas, fundas pegadas na vastidão arenosa, que o vento, acumpliciando conosco, por certo não as apagará.
Assim, saberão os pósteros que estivemos aqui, ali / & ontem, hoje / em busca do poema, seus mananciais.
Porque amanhã em Aldebarã, a estrela.

É a última parte do meu poema "Proemial", que entrou de prefácio no Livro "Em busca de poesia", do médico e escritor Dr. Dalgimar Menezes. Quanta honra, Lucíola! (agradeci-lhe naquele festivo dia do discurso). Pois bem, Dra. Lucíola tomou posse, administrou a instituição e, algum tempo depois, transferiu-se para o Distrito Federal. Desde então, não tivemos novos contatos.

A propósito de amizades, foi em Maracanaú que conheci: Drs. Alarico Leite (meu confrade em "Verdeversos"), Abelardo Soares e Ana Margarida, viúva do renomado Prof. José Rosemberg, e até hoje uma grande amiga. Outros, como os Drs. Amauri Teófilo, seu primo Abner Brasil, Ana Maria Dantas, Elizabeth, Tânia Brígido, Memória Júnior e Glauco Lobo (Filho), vim a conhecê-los no Hospital de Messejana, embora fossem também do corpo clínico do Hospital de Maracanaú.

Um fato curioso no Hospital de Maracanaú foi ter surgido por lá a Rádio Gasosa. Uma iniciativa dos próprios pacientes, que participavam de um curso de rádio técnico que existia no Sanatório. Havia uma grande necessidade de comunicação entre eles e, por isso, montaram sua "estação de rádio" (foto 2). Funcionava no terceiro andar do prédio e apresentava as mesmas características das rádios da época: oferecimento de músicas, recados, transmissão de programas educativos em saúde e até mesmo ao organizar shows presenciais com Moacir Franco, Ayla Maria, Irapuan Lima e Luiz Gonzaga. Sobre esse nome, "Gasosa", foi devido a um tratamento muito comum na época, o pneumotórax terapêutico, que consistia em encher o espaço pleural de ar a fim colapsar o pulmão afetado pela tuberculose.

Referências

BARBOSA, Maria Abreu (coord.) et al. Hospital Municipal de Maracanaú: reflexos das políticas nacionais de saúde em meio século de história. Brasília, Ministério da Saúde, 2004. ISBN 85-334-0844-7

http://gurgel-carlos.blogspot.com/2017/07/radio-gasosa.html

(*) Médico pneumologista, escritor e blogueiro.

Postado por Paulo Gurgel em 29/02/2024 e postado no Blog Linha do Tempo em 29/02/2024.

https://gurgel-carlos.blogspot.com/2024/02/hospital-de-maracanau-e-sua-estacao-de.html


Nova indústria Brasil, um avanço e grandes desafios!

Por Lauro Chaves Neto (*)

Hoje o mundo vive em um cenário turbulento, agravado pela emergência climática e pela pressão por descarbonização; pela transformação digital e pelo acirramento geopolítico. Quando se analisa a indústria e a própria economia brasileira dentro desse contexto, salta aos olhos a perda de competividade.

Analisando os 10 anos, de 2012 a 2022, o Brasil cresceu, em média, apenas 0,5% ao ano, sendo 2,7% na agropecuária, 0,8% nos serviços e uma queda de 1,4% na indústria de transformação. Esta, que hoje participa com 15,1% do PIB, representou 30% na década de 1980. O Brasil tem a 16° maior indústria de transformação do mundo, quando já fomos a 10°.

Tudo isso é agravado pela perda de competitividade, sendo o custo Brasil estimado entre 15% e 20% do PIB, tendo uma redução da complexidade tecnológica da pauta de exportações, onde a participação dos bens não industriais cresceu de 39,6% para 47,8% em 10 anos, no mesmo período os bens de alta e média complexidade tecnológica reduziram a sua participação de 21,6% para 14,5%. Nos últimos 20 anos a produtividade do trabalho na indústria de transformação caiu 23%!

O plano prevê R$ 300 bilhões em linhas de crédito e subsídios a empresas. Visa incentivar a inovação tecnológica, o desenvolvimento produtivo, alavancar a participação do Brasil no mercado internacional, investir em uma indústria verde, com a descarbonização, a economia circular e a redução de resíduos. Priorizando setores como agroindústria, saúde, infraestrutura, transformação digital, bioeconomia e tecnologia de defesa.

Ano passado os EUA divulgaram a sua política industrial com investimento previsto de US$ 1,9 trilhão, foco na transição energética e transformação digital, já a União Europeia divulgou também a sua com US$ 1,7 trilhão. O Brasil reservou R$ 300 bilhões, aproximadamente US$ 60 bilhões.

Garantir os recursos previstos, evitar corrupção e desperdícios, manter a responsabilidade fiscal e não permitir que as exigências de conteúdo nacional promovam um atraso tecnológico semelhante ao ocorrido em iniciativas semelhantes anteriores, são os maiores desafios do Plano.

(*) Consultor, professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.

Fonte: O Povo, de 5/02/24. Opinião. p.16.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

POSSE DO DR. GILSON DA COSTA MOREIRA NO INSTITUTO DO CEARÁ

 

Alguns sócios na solenidade de posse do consócio Gilson da Costa Moreira no Instituto do Ceará em 27/02/24. (Foto cedida por Dra. Angelita Aníbal de Castro)

O Instituto do Ceará (Histórico, Geográfico e Antropológico) realizou na noite de ontem (27/02/24), no Palacete Jeremias Arruda, a solenidade de posse do seu novo sócio efetivo, o Dr. Gilson da Costa Moreira.

A saudação ao novo sócio foi proferida por Grecianne Carvalho Cordeiro, que traçou o seu elóquio os exibíveis predicados intelectuais do enegenheiro eletrônico e escritor Dr. Gilson da Costa Moreira, eleito, por unanimidade, para ocupar a vaga no quadro social do Instituto do Ceará, anteriormente preenchida pelo economista Eduardo Bezerra de Castro Neto.

O sócio recém-empossado abriu seu discurso enaltecendo os dotes dos três consócios que foram os proponentes da sua candidatura ao Instituto do Ceará, a saber: Osmar Diógenes, Grecianne Cordeiro e Seridião Montenegro, aos quais fez constar a imensa gratidão a eles devotada.

Na sequência, o perlustrado icoense discorreu sobre os seus antepassados, realçando os vínculos remotos da sua ancestralidade à antiga Vila do Icô, desde a época provincial, expondo a sua aproximação com os estudos, mormente na esfera da genealogia.

De modo pujante, o novo consócio cuidou de elencar os principais atributos e as contribuições cultrais e profissionais legadas por seu antecessor, confessando que fora por ele instado a ingressar no Instituto do Ceará, apenas jamais imaginara que isso ocorreria na própria vaga, então surgida pelo desaparecimento desse associado que lhe era um tão caro amigo.

Ao término de sua fala, assumir o compromissoa de se esforçar para atender o que dele se espera como novo associado do Instituto do Ceará, comportando nomear cada consócio, explicitando, um a um, a atuação profissional dominante.

A solenidade, dirigida pelo general Júlio Lima Verde Campos de Oliveira, atual Presidente do Instituto do Ceará, teve a participação de um grande número de consócios e amigos do empossado, notamente constituído de seus confrades da Academia de Ciências, Letras e Artes de Columinjuba (ACLA).

Após a sessão solene de posse, foi oferecido, pelo recipiendário, aos convidados um coquetel nos majestosos salões e sacadas da Casa do Barão.

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Sócio do Instituto do Ceará


terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Na terra do Padre Cicero, o pedaço de chão para morar ainda é sonho

Por Fabiana Arrais (*)

As políticas econômicas do ano de 2023 foram determinantes para resgatar a autoconfiança do mercado financeiro, e com a redução da taxa Selic ao patamar de 11,75% ao ano, consolidam-se as expectativas de retorno do crescimento de alguns mercados que desde o período pandêmico atravessaram duras recessões de investimento e expansão.

Para a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) as decisões do Governo Federal em aumentar os recursos de moradias para R$ 10 bilhões, assim como a reintegração de novas faixas de renda mensal para o financiamento "Minha Casa, Minha Vida" (habitações urbanas na Faixa 1 com renda mensal bruta de até R$ 2.640 e habitações rurais para aquelas de até R$ 3.680) impulsionam o mercado imobiliário, a construção civil e o crescimento econômico.

É importante frisar que o setor da construção civil impacta diretamente o somatório do Produto Interno Bruto (PIB), tendo em vista que é um importante setor para a geração de empregos e renda, como também na absorção de investimentos privados e públicos.

A Região Metropolitana do Cariri - em especial Juazeiro do Norte - retomou desde o final do segundo semestre de 2022, conforme a Secretaria de Infraestrutura, o processo intenso e contínuo de expansão do mercado imobiliário fato evidenciado pelo aumento de 37% no ano de 2023 de ordens de habite-se.

Juazeiro é um canteiro interminável de obras, os recortes dos espaços abrem caminhos não somente para os novos empreendimentos, há intensas transformações socioeconômicas evidenciadas pelo aparato de infraestrutura destinado pelos agentes econômicos a determinados espaços (saneamento básico, coleta de lixo, asfalto, segurança, supermercados, confeitarias, universidades, saúde etc.), influenciando o surgimento de novos centros urbanos e habitacionais acarretando a curto e médio prazo uma supervalorização no preço do metro quadrado (R$ 6 mil reais na área Lagoa Seca) tal qual uma capital nordestina

Diante deste cenário o imóvel próprio torna-se um sonho, e caro! O aluguel é uma alternativa plausível, porém nos espaços (bairros) em que se percebe maiores investimentos em infraestrutura os preços dos aluguéis inflacionam obrigando os moradores a se distanciarem dos centros urbanos em direção as periferias

É importante a discussão sobre a participação do poder público no que se refere aos investimentos em infraestrutura com a finalidade de promoção dos grandes empreendimentos fomentados pela iniciativa privada, posto que uma parcela significativa da população juazeirense que reside nas periferias e se encontram socialmente vulneráveis não são inclusas nessas melhorias urbanas.

(*) Economista.

Fonte: O Povo, de 19/01/24. Opinião. p.17.


segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Leis contra o indivíduo e contra a coletividade

Por Pedro Jorge Ramos Vianna (*)

Não sou jurista. Mas este assunto muito me preocupa.

Na legislação brasileira existem leis específicas contra os crimes que afetam não um só indivíduo, mas uma coletividade?

Quando uma pessoa é assassinada, ou roubada, ou estuprada etc., os efeitos atingem o indivíduo. No máximo, a sua família.

Mas, quando há um roubo de fios de cobre em uma zona qualquer, não é um indivíduo que sofre, mas toda uma comunidade.

Imaginemos que há um roubo de cabos elétricos em uma rua e que nessa rua há um hospital. A falta de energia causada por este roubo pode ocasionar a paralisação do centro cirúrgico e várias pessoas podem morrer por isso.

E quando alguém destrói uma floresta, seja por queimadas, seja pela exploração ilegal de madeira, que causa graves problemas para o meio ambiente, prejudicando várias coletividades, isso é o mesmo que uma invasão de fazenda?

Ou quando há um saque contra o erário, que determinará falta de recursos para a política social ou para investimentos em infraestrutura, isto é tratado como um assalto a uma empresa qualquer?

Li um trabalho da advogada Cristina Tontini, onde há uma classificação dos crimes na legislação brasileira.

Nessa classificação não encontrei o que estou chamando "crime contra a coletividade". O que me leva a crer que os crimes acima citados são tratados como "crimes comuns".

O meu problema é que não julgo certa tal classificação. Será que a minha ignorância jurídica não me deixa ver que não há diferenças entre eles?

Por que ainda não se acabou o roubo de fios de cobre? Encontrar quem corta os fios deve ser difícil porque esses ladrões agem no escuro, em lugares pouco frequentados. Mas os receptores são comerciantes, têm endereço e, talvez, até CNPJ. Será, tão difícil, assim, encontrá-los? Prisão imediata e pena de longo prazo, sem apelação, tenho certeza, reduziria a incidência desses crimes.

Diz-se que a justiça brasileira é lenta, precária e "injusta". Por que isso acontece? Porque a legislação permite, ou por que o Congresso não se interessa em mudá-la, ou por que os magistrados (alguns deles) são coniventes com os desonestos?

Ou será porque a justiça brasileira além de cega e lenta é, também, a justiça da conivência? A justiça do desamparo social? Ou a justiça dos desonestos de gravata?

Crimes contra a coletividade deveriam ser tratados sem os diversos "caminhos" que levam à impunidade.

Hoje a praia de Iracema sofre com a poluição dos esgotos clandestinos. A imprensa atualmente está dando ênfase a esse problema. Quantos há em Fortaleza? Fala-se em 300.

Na minha opinião os indivíduos que assim agem não têm amor pela população. E por isso devem ser punidos!

(*) Economista e professor titular aposentado da UFC,

Fonte: O Povo, de 14/01/24. Opinião. p.18.

domingo, 25 de fevereiro de 2024

O ENCONTRO COM UM DENTISTA!

Um homem e uma mulher se conhecem na praia. Eles se dão tão bem que decidem ir pra casa dela...

Após alguns drinques, ele tira a camisa e então lava as mãos. Logo após, ele tira a calça e, novamente, lava as mãos.

A garota, que estava observando, fala:

"Você é um dentista, certo?"

Ele, surpreso, diz:

"Sim! Como você sabia?"

"É fácil" ela responde, "Você parece muito preocupado com a higiene das suas mãos".

Uma coisa leva à outra, e eles vão para a cama. Quando terminam, a garota diz:

"Você deve ser um dentista ótimo!"

O homem, com o ego lá em cima, diz:

"Lógico que eu sou um bom dentista, como você sabia?"

E a garota responde:

"É que eu não senti nada!"

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.

UM ÓTIMO INVESTIMENTO

Um advogado de São Paulo que representa um rico colecionador de arte ligou e pediu para falar com seu cliente. "Jorge, tenho boas notícias e más notícias."

O colecionador de arte respondeu: "Sabe, tive um dia horrível, Fernando, então vamos ouvir as boas novas primeiro."

O advogado disse: "Bem, encontrei-me com sua esposa hoje, e ela me informou que investiu apenas R$ 5.000 em duas belas fotos que ela acha que renderão algo entre R$ 15 e R$ 20 milhões ... e acho que ela pode estar certa."

Jorge respondeu com entusiasmo: "Caramba! Muito bem! Minha esposa é uma mulher de negócios brilhante, não é? Você acabou de fazer meu dia."

"Agora, sei que posso lidar com as más notícias. O que é?"

"As fotos são de você e sua secretária."

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.

sábado, 24 de fevereiro de 2024

UM BÊBADO NA CONSULTA MÉDICA...

José era o bêbado mais conhecido do bairro, e alguns o chamavam de ‘Zé da Pinga’, pois estava sempre nos bares da vizinhança. Um dia, ele acordou sentindo-se meio mal e foi ao médico. Chegando lá, o médico fez alguns exames e, depois, o chamou para conversar:

—José, o senhor tem abusado demais da bebida! 

E ele ainda leva na piada:

— Não abuso não, doutor, vou abusar de quem eu gosto?

E o médico continua:

— Não brinque com isso, José! O seu fígado está abalado! O senhor precisa parar de beber para deixar o seu fígado se regenerar.

— Ah, doutor... Então me dá um remédio qualquer e está tudo em ordem.

— O melhor remédio para o senhor é... parar de beber. José nem pensa nessa hipótese e dá risada.

— Poxa, doutor. A medicina está tão avançada, não tem outra forma? Então o médico tem uma ideia:

— Vamos fazer um acordo: o senhor para de beber por quatro meses, fazemos um novo exame e conversamos sobre beber moderadamente. O que o senhor acha?

— E nesses quatro meses eu vou beber o quê? — pergunta José, indignado.

— O senhor vai beber leite! É um bom tratamento.

— Leite? Outra vez?

— Como assim? O senhor já fez esse tratamento?

E José responde:

 — Sim... nos primeiros meses de vida!

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.


CONVITE: Celebração Eucarística da SMSL - Fevereiro/2024

 

A Diretoria da SOCIEDADE MÉDICA SÃO LUCAS (SMSL) convida a todos para participarem da Celebração Eucarística do mês de Fevereiro/2024, que será realizada HOJE (24/02/2024), às 19h, na Igreja de N. Sra. das Graças, do Hospital Geral do Exército, situado na Av. Des. Moreira, 1.500 – Aldeota, Fortaleza-CE.

CONTAMOS COM A PRESENÇA DE TODOS!

MUITO OBRIGADO!

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Da Sociedade Médica São Lucas


sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Crônica: “Tirando sabugo da boca de jumento” ... e outros causos

Tirando sabugo da boca de jumento

Sabe o que é isso, o estado modorrento do homem socialmente lascado, com interferências diretas e robustas no tecido sutil do espírito? LISEIRA pra mais de metro, dessas que pegam pelo telefone, chegando ao ponto de subtrair a “espiga de milho sem os grãos” da boca de um irmão nosso da família dos equídeos. É assim o estado de ânimo frequente de Joãozinho de Marilaque, sujeito articulado, simpático, bem-intencionado, mas muito sem noção e devedor de quase todo o bairro. Quase.

A Zé de Lima ele ainda não pediu dinheiro emprestado. Então vamos à casa do futuro “agiota amigo”. A indicação para ir pessoalmente lá foi de um compadre de Joãozinho, aparentado do tal “Zé cheio da pila”, que deu um toque, antecipadamente, preparando terreno: “Receba esse póbi cristão, gente fina, não ofende um pinto. Só é liso”. Frente a frente com o ricaço, de poucas palavras, mas alargado entendimento acerca da alma humana padecente de recursos...

- É seu Zé de Lima, caba bom de quem ouvi falar maravilhas?

- Diga!

- Me deram seu contato, aqui estou.

- Diiiiga!

- Foi um familiar seu, cumpade meu, que contou da alma boa do colega abonado.

- Diiiiiiiiga!

- Curto e grosso: preciso de 1.000 reais emprestados! Rola?

Zé de Lima, sabedor de quem se tratava e realmente compadecido e querendo ajudar de alguma maneira, contrapropôs:

- Vou lhe dar 200!

A resposta de Joãozinho de Marilaque, muito sem noção:

- Não, meu amigo! Posso perder 800 não!

Se prestar, serve!

Gutemberg é “corretor particular de imóveis”. O escritório, um celular potente. Focado, mas ainda analógico, pediu a um sobrinho bom de tecnologia dicas de como se dar bem na modernidade, e assim facilitar-lhe os negócios. O menino, um danado.

- Tio, o lance é IA – Inteligência Artificial!

- Diabedez?

- Um campo de estudo multidisciplinar super abrangente!

- Vai me servir na venda de casas e apartamentos?

- Serve pra tudo que é área do conhecimento! Quer ela pra ajudar nas suas vendas?

- Se quero!?! Até um burro eu quero, se for inteligente!

Pelamô!

João Gago terminantemente proibido pelo médico de tocar em álcool, por um ano, lascado do fígado. Mas acabou cedendo ao convite insistente do padre Bira, que, por fina força pediu a companhia dele pra tomarem umas bicadas no Bar do Ganso, antes da missa das 19 horas. Para tanto, liberou João após 12 Pai Nossos e 12 Ave Marias rezados. Passava das 18h30 e o religioso já bem “bonitinho”, contando piada, olhou pro relógio de algibeira e pediu mais uma rodada.

Com o figueiredo pedindo penico, sem, no entanto, querer constranger o santo sacerdote, o jeito foi Joãozinho telefonar pra mulher à busca de providência.

- Socorro, venha me buscar ligeiro pra gente ir à missa, antes que padre Bira me convide prum forró!

Fonte: O POVO, de 12/01/2024. Coluna “Crônicas”, de Tarcísio Matos. p.2.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

AS ROSAS: Uma poesia de dom Edmilson da Cruz, o atravessador de tempos II

Por Cláudio Ribeiro (*)

A poesia abaixo é uma das que estarão no novo livro:

"AS ROSAS"

Contempla o mundo com amor. As rosas.
Vê como são. Sente o seu ser. Tão belas!
Sépalas verdes e apagadas. Nelas
Pousa a corola as pétalas ditosas.

O seu perfume é natural. Vistosas,
Variegadas suas cores. Pelas
Graças tão puras que apresentam, vê-las
Faz bem à gente, pois são tão mimosas!

Sustenta-as o pedúnculo. Apertadas,
Jamais se atritam. Expandem-se irmanadas
Da corola no abraço doce e forte.

Imagens da eternal Comunidade:
Três pessoas divinas na Unidade
De comunhão do Amor que vence a morte!

(D. Edmilson da Cruz)

(*) Jornalista de O Povo.

Fonte: O Povo, de 30/12/2023. Cidades. p.21.


A poesia de dom Edmilson da Cruz, o atravessador de tempos

Por Cláudio Ribeiro (*)

Ele é decano da Igreja Católica no Brasil, o bispo mais idoso no País. Na sua inquietude, segue tocando projetos. No dia do seu aniversário de 100 anos, em 3 de outubro de 2024, pretende lançar mais um livro. De poesias

Aos 99 anos de idade, dom Manuel Edmilson da Cruz é serelepe. Não há pecado em chamar assim um sacerdote quase centenário. Ele se antecipa: “É Manuel com U. E é 'Da Cruz', não esqueça o Da”. Não é um detalhe, é o nome. Quando estendo a mão e lhe peço a bênção, me corrige com seu carisma e pede que eu lhe abençoe antes. Fui surpreendido. Digo que não ousaria, ele insiste: “Você que me abençoe”. Tomo o gesto como um acolhimento, transparência. Beijo-lhe a mão respeitosamente.

A linha desta coluna se propõe a falar sempre de personagens desconhecidos ou histórias anônimas, escondidas entre as nossas rotinas, nossas cegueiras imperdoáveis sobre todas as importâncias. Mas aqui cabe dom Edmilson e sua grandiosidade. Por toda a obra. Principalmente por estarmos atualizando a linha de nosso tempo, novo ciclo. É alguém que nos faz refletir.

Bispo emérito de Limoeiro do Norte, dom Edmilson é o decano da Igreja Católica no Brasil. É hoje o bispo mais idoso no País. Diz já ter sido informado sobre isso, a partir dos registros da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). “Sou eu”, balança a cabeça confirmando, dentro da modéstia.

Em 5 de dezembro, completou 75 anos de sua ordenação presbiteral. Suas lembranças ainda trançam alguns momentos daquele jovem que saiu de casa cedo, do distrito de Aranaú, município de Acaraú, para ir estudar no seminário em Sobral. De lá deu sequência à sua vocação. Ou missão: “Sempre vou ser padre”.

Dom Edmilson é um atravessador de tempos. Dos sete arcebispos da história da Arquidiocese de Fortaleza, foi contemporâneo de seis deles. Desde dom Antônio de Almeida Lustosa (1941–1963), hoje alçado ao posto de venerável — etapa que antecede uma possível beatificação ou canonização —, até dom Gregório Paixão, recém-chegado. Compareceu à missa de posse do novo no início deste mês, na Catedral Metropolitana. Por sua relevância, foi citado três vezes no discurso.

Mesmo 25 anos depois de ter deixado a titularidade da diocese (1994–1998), dom Edmilson não para. Nunca parou. É um inquieto sem perder a ternura e a serenidade jamais.

A disposição impressiona. Diariamente, lê “todas as páginas” do jornal — faz questão da edição impressa. Antes disso, já tem feito as orações, pessoais e silenciosas. Preserva sua devoção. Os livros, procura ler “em mais de um idioma, para não perder a prática e aprender”. Latim, italiano, espanhol, inglês, “podia ler em grego, mas perdi o hábito”. Está estudando alemão.

Às 18 horas, fora situação muito excepcional, celebra missas na capelinha da casa da Congregação das Irmãs Josefinas, onde mora, no bairro de Fátima. Uma delas diz sem confidência: “Ele não para mesmo”.

E agora tem mais um feito pronto para apresentar em 2024: pretende publicar mais um livro. Só de poesias. São mais de 90 inéditas. É mais uma das frentes do seu repertório de delicadezas e lucidez, duas das palavras que ajudam a descrever seu perfil. Também lhe cabem o ousado, o forte, o justo, o corajoso, o vocacionado, homem de fé. E generoso. Gosta de repetir: “Diga-me o que sabes e te direi quem és”.

O livro se chamará “Ritmo Pascal”. Ainda não sabe se usará todos os versos, se dividirá em mais de uma edição. Sem lamuriar, busca os apoios financeiros e editoriais necessários. Tem uma impressão “caseira” já feita, mas merece acabamento melhorado. São escritos que vem lapidando de muito tempo. A ideia é lançar no dia do seu aniversário de 100 anos, 3 de outubro. A data merece celebração digna e condizente com a dimensão de dom Edmilson.

O corpo franzino, envergado pela escoliose, e a voz baixinha, não silente, são sua armadura — mas não para guerras, ele é contra qualquer uma delas. Seu lema na Igreja é "verbum caro factum" ("palavra feito carne", em latim). Mesmo quando o físico já lhe é mais frágil que o mental, segue com planos para a vida. Não há por que esperar, ora! “Me sinto privilegiado”. Ao me despedir, voltei a beijar sua mão. Em agradecimento.

(*) Jornalista de O Povo.

Fonte: O Povo, de 30/12/2023. Cidades. p.21.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

PRA DIZER ADEUS

Por Ana Miranda (*)

Andamos dizendo adeus aqui, ali, um adeus a cada dia, cada instante, cada coisa. Adeus dia, adeus noite! Adeus fim de semana, adeus domingo! Adeus lua cheia, adeus chuva, adeus florzinha murchando. Adeus, amor! Adeus é uma palavra perturbadora, complexa, sutil; quer dizer na nossa língua uma separação longa, ou para sempre, encomendando algo a Deus, entregando algo em Suas mãos. Tão diferente de tchau, Até mais, Até breve, Até amanhã! Fique com Deus, que Deus te acompanhe, significa a palavra adeus; mas também pode ser uma expressão de lamento numa perda, numa lembrança, Adeus juventude! Adeus férias! Adeus paraíso! Ou alívio: Adeus sapato apertado, Adeus solidão!

Dizer adeus pode ser um recomeço. Pode ser um gesto de coragem, ou de generosidade, ou mesmo um gesto de amor. Se digo adeus a algo bom, a algo que amo, a algo que desejo, é um adeus triste; mas se digo adeus a uma tristeza, o adeus é não apenas bom, como precioso. Há adeuses e adeuses.

A primeira música que aprendi ao violão, eu tinha uns doze anos, foi "Adeus, amor, eu vou partir"... E uma das minhas preferidas canções na adolescência, "Adeus, vou pra não voltar e onde quer que eu vá sei que vou sozinho" (Torquato e Edu); eu a ouvia como uma música de amor perdido, Vem! Nem que seja só pra dizer adeus. Dizem que Torquato estava se despedindo da vida.

Sei que é muito difícil dizer adeus ao que amamos. Minhas despedidas dos netos que moram lá no fim do mundo sempre foram emocionais. Vovó I love you! Gritaram do outro lado do aeroporto e ainda escuto, até hoje, tantos anos depois. Queremos ter todos conosco, mas o mundo e nossos corações andam a cada dia mais repartidos em pedaços. Adeus, Amsterdã, estou voltando para o Brasil.

Tão bom quando um amigo nos abraça e diz que nunca vai nos dizer adeus, Se depender de mim, nunca vamos nos separar. Muito bom imaginar algo perene, invertendo o sentido da natureza, da vida. Acreditar que nada muda, nada passa. Mas também é bom ir adiante, renovar, recomeçar, reencontrar... Tem gente que vai logo dizendo adeus, com medo de ouvir alguém lhe dizer adeus. Tem gente que diz adeus e repete, adeus, uma vez apenas não basta.

Na hora do adeus, você pode dizer: Este adeus é pelos últimos dez mil anos. Do mundo nada se leva. Para onde for, levarei teu olhar, levarás minha saudade. Este é um adeus ou uma curva do caminho? Não se preocupe comigo, adoro ficar só. Não saberei nunca dizer adeus. Nada resta de mim que seja meu. Viajo com o meu coração. Minhas velas ao mar. Adeus.

Diga adeus, se não quiser mais ver a pessoa. Ou diga, Até logo, na esperança de um reencontro. Deixar nossa casinha, deixar nossa vidinha, nossa rotina, enfrentar uma viagem, uma mudança de rua, bairro, de amor, desejo, emprego, de um vestido velho confortável, de praia, livro, todo adeus é difícil. Estou aqui dando adeus a meus leitores, meus colegas de jornal, meu ilustrador, vou parar de escrever crônicas por um tempo, não sei quanto. Aproveitarei os novos dias para desenhar ou escrever um livro, pode ser romance, poesia, memórias... um caderno de sonhos... Abraços a todos.

(*) Escritora. Colunista de O Povo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 27/01/24. Vida & Arte, p.2.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

CAMINHOS DO CEARÁ: Aurora tem um queijo-manteiga...

Por Izabel Gurgel (*)

Tenho em casa uma caneca com uma linha de Carlos Drummond de Andrade no rodapé. O poeta, um desenho em preto, anda sobre seus próprios versos em vermelho: No meio do caminho tinha uma pedra/ tinha uma pedra no meio do caminho/ tinha uma pedra/ no meio do caminho tinha uma pedra... Ao final do poema, a logo IMS - Instituto Moreira Salles, o traço simples, preto, fazendo uma casa sobre o fundo branco. Da casa, da caneca, do café, do mais cotidiano, vamos para a rua, a estrada. Como um lápis a escrever salta para a linha seguinte.

Somos a Rádio Estrada. A viagem é caminho e destino. De Fortaleza, uns 175 km em direção à barra do Rio Mundaú, fizemos mais de uma vez em até nove horas de carro. As garças desfilam sobre as águas também às segundas. Para uma lagoa, parece que é melhor quando a gente não está por perto.

A Rádio Estrada tem muitas vozes. Se juntos em ramalhete, seus pontos de emissão seriam tipo vazão de açude, a do Orós, uma vez que estamos a caminho de Icó, entrando no sul do Ceará como as boiadas um dia passaram, passo a passo. Cada viajante, uma conversa com a estrada. Três em um automóvel, congresso com o cinema ao redor. Não é sobre, é de dentro do filme.

Caju-ameixa da agricultura familiar do Sítio Boa Água, Cascavel. Prateleiras de churrascaria em Chorozinho. Você também lê rótulos? Cafezinho leva açúcar, como o doce. É cortesia da casa.

A proximidade de Quixadá, de onde quer que se venha e veja, é longa-metragem em tempo onírico. Tão concreta não quer dizer real. Um espanto sempre aquele céu sobre nossas cabeças. Vai na bolsa de mão um livro de bolso com três contos. Mário de Andrade, Guimarães Rosa e Garcia Márquez. Encontro que só um livro, ou a leitura, torna possível. Abro em "São Marcos", depois de querer contá-lo, como se falasse de um sequilho antes de oferecê-lo. Leio, então, as últimas linhas, Guimarães Rosa dizendo algo como "sobre as prateleiras do monte cintilam três qualidades de azul". São Marcos começa no tempo em que o narrador não acreditava em feitiço.

Havíamos passado da entrada de Guassussê. Siga as placas, não siga a lógica me ocorre sempre quando anoitecemos na estrada. Já era Lima Campos? Ouvimos, via rádio de Icó, a procissão do Senhor do Bonfim. O carro-andor se aproximando da igreja. Eu havia contado mil e uma vezes e outra mais sobre as bombas do primeiro dia do ano em Icó, milhares, feitas a mão, dias e dias, para queimarem em efeito dominó, quando o Santo chega de volta ao patamar do santuário. Aquilo ali não é nuvem, Izabel, será a fumaça das bombas? Abro a janela para ouvir o que icoenses mais velhos chamam de bombardeio. O vento zum zum vruum sobre nosso susto. A rádio sai do ar. Não fosse a viagem como destino, jamais veríamos dali as bombas, um conhecimento centenário trazido até nós pelo mestre Bonfim e mulheres e homens de sua família. Entrar na cidade depois do maior dia dela fica para sempre. Pegamos as últimas porções de paçoca do Deca.

O queijo de Aurora fica para a próxima. Só uma linha aqui para anunciar Dona Maria Leonor e Seu Germano Gonçalves fazendo no Sítio Cabôco, há mais de 45 anos, o queijo-garça que transforma qualquer dia em domingo. Provei depois de uma procissão em Juazeiro do Norte, quando nas despedidas, romeiros fazem refulgir a cidade, como na chegada. Imagine a Rádio Estrada da Nação Romeira.

(*) Jornalista de O Povo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 21/01/24. Vida & Arte, p.2.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

NOSSAS BIBLIOTECAS

Por Ana Miranda (*)

Muita gente há de se lembrar do Carlos Castello Branco, o maior jornalista político da nossa história. Um dos sujeitos mais inteligentes deste mundo, excelente pessoa, piauiense. Tive a sorte de ser sua amiga, apesar da diferença de idade. Ele morava em Brasília, e numa das vezes em que foi ao Rio me fez uma visita. Entrou no meu apartamento com as mãos para trás e aquele ar de perspicácia, captando detalhe por detalhe. Logo estava em meu escritório, onde se localizava a minha biblioteca.

Eu tinha tanto orgulho daquela biblioteca! Ocupava uma parede inteira, com uns dois mil livros arrumados em ordem alfabética. Era uma biblioteca reunida com sacrifício - um vestido que deixei de comprar, um batom, uma peça de teatro perdida... Tardes e tardes vasculhando livrarias... Escolhas difíceis... Aqueles livros tinham sido lidos por mim, marcados com anotações. Eram amados como mestres. O Castello olhou tudo em volta, e perguntou: Onde está a sua biblioteca?

Muita gente ri quando eu conto essa história. Claro que era o comentário de um homem pelos oitenta anos que colecionara uns trinta mil livros, acho que era essa a média de livros dos intelectuais amigos do Castello. Mas a pergunta que ele fez é eterna. Todos devem se fazer a si mesmos: Onde está a minha biblioteca? Eu tenho uma biblioteca? E uma biblioteca interior? Quantos livros eu li, como eu os li, o que guardo dentro de mim? O quanto ainda posso aprender com os livros?

Está na moda doar bibliotecas. Eu mesma andei doando mais de mil livros para a associação dos pescadores, na Peroba. Muitos dizem que é melhor ver os livros sendo lidos, do que feito múmias em uma catacumba. Sei que dá trabalho guardar livros. Além da sabedoria, juntam poeira. É preciso limpar, arejar de vez em quando as páginas, vigiar mofo, traças, cupins, formigas... Mas eles são uma companhia valiosa!

E lindamente decorativos, dão uma sensação de aconchego a qualquer ambiente. Tenho um livro, At home with books, sobre como certos amantes de livros convivem com suas bibliotecas. Ambientes fantásticos, inesperados, repletos de livros. Uma sala de jantar com as paredes cobertas de livros; um sótão revestido de livros; um jardim de inverno com uma poltrona florida e uma cesta de livros; uma cozinha com a presença saborosa de livros entre bules e xícaras.

Nesse livro vemos bibliotecas de escritores, poetas, lordes, arquitetos, comerciantes... Uma delas é a do Keith Richards, guitarrista dos Rolling Stones. Ele diz que nada lhe dá mais satisfação do que deitar no sofá da sua biblioteca agarrado com um livro. Ninguém entra ali. É seu refúgio, onde ele se encontra consigo mesmo. Pela biblioteca, você pode saber muito sobre a pessoa. A maioria dos livros de Keith Richards é de romances do século 19. Quem poderia imaginar! E livros de espionagem, história e arte.

Uma antiga lareira repleta de livros. Uma escada sobre prateleiras aproveitadas para guardar livros. Um corredor que é biblioteca. Uma pequena estante com livros no banheiro... Todo lugar pode ser bom para livros. Uma casa sem livros me dá a sensação de um deserto.

(*) Escritora. Colunista de O Povo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 20/01/24. Vida & Arte, p.2.Bibl

domingo, 18 de fevereiro de 2024

Faculdade de Medicina da UFC. Funcionários dos Níveis Médio e Elementar

Por Paulo Gurgel Carlos da Silva (*)

PERÍODO DE 1966 A 1971

Além das inesquecíveis recordações que ainda temos de nossos mestres na Faculdade de Medicina, convém nos lembrarmos também de seus funcionários dos níveis médio e elementar. Não poucos, no exercício de suas atividades-meio, muito contribuíram para que as missões de ensino e pesquisa da Universidade pudessem ser adequadamente conduzidas.

Seu Joaquim (Anatomia)

Um profundo conhecedor das estruturas anatômicas, que tirava as nossas inquietantes dúvidas, especialmente quando se aproximavam as datas de aplicação das gincanas.

Irilinda (Cirurgia)

A ingênua e prestativa Irilinda, responsável pela arrumação das salas de alguns mestres. Quando ouvia o Prof. Newton Gonçalves se queixar de uma bursite que recorrentemente o afligia, Irilinda já vinha com uma solução na ponta da língua: "Desligue este ar-condicionado, Dr. Newton. Só assim o senhor melhora."

Gerôncio (Diretório Acadêmico XII de Maio)

Um rapaz de nome Gerôncio era quem cuidava dos bens do Diretório. Ele tocava um violão meio "quadrado", aplicando vigorosas batidas em suas cordas de aço. 

Isabel (Maternidade Escola Assis Chateaubriand)

Uma técnica de enfermagem e experiente parteira, da qual se dizia ser a segunda pessoa em mando na MEAC (apenas subordinada ao Diretor Galba Araújo). Lembro-me de seus “freios de arrumação” na sala de espera dos ambulatórios, quando a balbúrdia estava passando da conta.

Milton (Fotografia)

Na Faculdade de Medicina, o Sr. Milton Nascimento, cujo laboratório fotográfico ficava incrustado junto à entrada da Biblioteca, fazia as fotografias dos eventos científicos e sociais ocorridos na instituição e os slides para as aulas e palestras dos professores. E que, quando precisávamos apresentar nossos temas livres em jornadas e congressos, também o contratávamos para a feitura de nossos diapositivos.

PERÍODO DE 1972 A 1977

Tendo participado do corpo discente da instituição, no período de 1972 a 1977 (quando já não estávamos mais na Faculdade de Medicina), Marcelo Gurgel nos ajudou com a lembrança dos nomes de outros funcionários que possivelmente estivessem trabalhando em nosso tempo:

"Seu Damasceno", apelidado de "Bronco" por sua semelhança física com o personagem do ator Ronaldo Golias, no Programa de TV "Família Trapo". Detentor de um "sorriso do tipo 1001", decorrente das exodontias de seus incisivos mediais e laterais, "Bronco" era a alegria dos alunos, que um dia choraram rios ao vê-lo transferido para o campus do Pici.

Marcelo também cita Seu João, Seu Duarte, Seu Francisco "Melanoma", a histotécnica D. Hercília e o funcionário "Mosquito" (MEAC), entre outros. Não deixando de lembrar os barbeiros do Hospital das Clínicas, Antenor e Lauro, e os livreiros José Valdo e Girão que, embora não pertencessem ao quadro de funcionários da UFC, "facilitavam a aquisição dos livros didáticos pelos estudantes que não tinham folga de dinheiro".

Fontes

Silva, Marcelo Gurgel Carlos da. MEDICINA DA UFC 1977 - 2022: 45 anos de formatura da Turma Prof. José Carlos Ribeiro. Fortaleza: Edição do Autor, 2022 (p. 64-73). ISBN 978-65-996963-2-9
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2022/11/movimentos-apendiculares.html
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2017/07/o-diretorio-academico-xii-de-maio.html
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2021/07/nos-tempos-heroicos-das-apresentacoes.html

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(*) Médico pneumologista, escritor e blogueiro.

Postado por Paulo Gurgel em 18/02/2024 e postado no Blog Linha do Tempo em 18/02/2024.

https://gurgel-carlos.blogspot.com/2024/02/faculdade-de-medicina-da-ufc.html


 

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