segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

FOBIA SOCIAL

Meraldo Zisman (*)

Médico-Psicoterapeuta

…Não será de admirar, a epidemia da fobia social esteja se tornando nesse século XXI um dos maiores problemas médico-sanitários. Como a maioria das nosologias, a doença fóbica, vem se alastrando a ponto de muitos psicólogos considerá-la como epidêmica…

Desde que nascemos somos educados para vencer na vida. Os 15 minutos de glória são uma das nossas maiores metas. Assim fomos educados, criados e preparados… verdadeiros animais de competição.

Não será de admirar, a epidemia da fobia social esteja se tornando nesse século XXI um dos maiores problemas médico-sanitários.

Como a maioria das nosologias, a doença fóbica, vem se alastrando a ponto de muitos psicólogos considerá-la como epidêmica. Como qualquer doença é multifatorial: resultante de vários fatores, ou sejam: vulnerabilidade individual, aprendizado, ambiente familiar, cultural ou fatores psicológicos.

Ensinados, desde pequenos, a não errar, a criança do século XXI poderá desenvolver em uma das fases da vida, um tipo de fobia ou timidez, um medo terrível, denominada de Transtorno da Ansiedade Social.

O portador dessa síndrome carrega um excessivo acanhamento de ser foco de atenção de outras pessoas e enquanto está em cena, fazer algo que considere ridículo ou humilhante diante de “todo mundo”.

Será pertinente lembrar que normalmente temos alguma ansiedade em falar em público a pessoas recém conhecidas. Esses aumentos de ansiedade são considerados como normal, desde que não leve a pessoa a evitar situações que acarretar-lhe-ão grandes prejuízos e muitas vezes ser causas de várias moléstias.

Na ansiedade patológica muitas vezes acontecem fenômenos denominados de medos ou ansiedades antecipatórios. No momento em que a timidez social chega ao ponto de prejudicar sua carreira, sua vida, é hora de procurar auxílio profissional. Exemplos:

Você evita a ir a determinadas reuniões ou encontros embora sejam de importância para seu futuro. A sensação de ansiedade é tamanha que prefere a derrota, a perda, contando que a sensação mórbida possa ser evitada.

Quatro são os fatores do medo social que podem ser considerados não-patológicos:

1.Varia de intensidade de uma pessoa para outra ou até no mesmo indivíduo em determinadas circunstâncias.

2. Não leva as pessoas a evitarem ou frequentarem determinadas situações.

3. Não acarretam grandes prejuízos.

4. Não está associada a outras doenças.

Certamente a ansiedade antecipatória é uma boa bússola, se necessitamos de procurar ajuda especializada. Muito embora a ansiedade atinja o indivíduo em qualquer época da vida (7% das pessoas tem ou tiveram fobia social), ela se manifesta com maior intensidade dos 6 aos 10 anos, atingindo seu ponto de maior ocorrência em plena adolescência, principalmente do 14 aos 20 anos, tendendo a diminuir após os 25 anos.

Os tipos de fobia são os mais variados e, por ordem de grandeza, são elas: falar em público, conversar com autoridades, abordar o sexo oposto, conversar com estranhos, comer em público, sanitários públicos, ficar nu em público, falar ao telefone, notar que está sendo observado, ou levar uma reprimenda, principalmente em presença de outrem. Assim os psicoterapeutas dividiram as fobias sociais em dois grandes grupos clínicos: os que têm fobia social restrita (geralmente medo de falar em público), e a fobia social generalizada, que são as formas mais encontradas, têm medo de tudo.

Apesar de ser quadro muito angustiante, algumas pessoas conseguem viver driblando seus medos irracionais, muitas vezes com enormes prejuízos psicossociais.

No geral, os portadores de transtornos de ansiedade social casam-se menos, apresentam um desempenho acadêmico deficiente, suicidam-se em maior número, são isolados, dependentes de álcool ou drogas, depressivos e padecem de distúrbio de pânico. Geralmente esse pânico é que as leva à procura do tratamento.

Como psicoterapeuta de jovem, a síndrome ligada às fobias sociais é a mais comum entre os jovens que me procuram. Justo na adolescência, pois é nessa fase quando somos instados ao aprendizado de uma série de regras de intercâmbio social.

Não é exclusivamente a fobia em si, mas o medo da falta de habilidade nas interações sociais. Uma das queixas mais encontradas em meus pacientes é o não saber paquerar.

Devemos saber fazer o diagnóstico diferencial entre fobia e síndrome do pânico. Geralmente, essas últimas desenvolvem medos nos recintos onde a saída seja difícil, lugares cheios de gente onde possam passar mal, medo de não serem socorridos.

O maior medo do paciente fóbico, é se tornar o centro das atenções por isso eles não gostam de falar muito. O portador da síndrome do pânico desconhece o motivo do ataque. Deve estar ciente que o tratamento da fobia social é longo, envolvendo psicoterapia e algumas vezes associadas a medicações ansiolíticas além de certos treinamentos. Não devemos esquecer que o medo é uma força moderadora da Natureza sendo um dos gigantes da alma.

A fobia social é reconhecida como um transtorno altamente incapacitante. Entretanto, a maioria dos pacientes não procura tratamento. Isto também ocorre com a distimia (doença do mau-humor) em que um alto grau de incapacitação é acompanhado de ausência de tratamento.

A fobia social se apresenta frequentemente associada a outros diagnósticos psiquiátricos, sendo a associação mais frequente à depressão. Algumas hipóteses sobre a associação entre fobia social e depressão, que procuram relacionar a fobia social e a depressão como variantes de uma mesma doença que aparece em tempos diferentes, não são as mesmas doenças e requererem tratamentos diversos. Estamos cansados de ver chegar ao nosso consultório paciente, principalmente adolescente, rotulado de depressivo, quando o seu distúrbio básico é o transtorno da ansiedade social.

(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE), da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES) e da Academia Recifense de Letras. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).

IDEOLOGIA E PRAGMATISMO

Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)

Para entendermos doutrinas e princípios inerentes à política, à economia, à história, dentre outras ciências, é fundamental possuir algum conhecimento das filosofias socrática, platônica e aristotélica. A ideologia pode ser vista como um conjunto de verdades definidas por uma pessoa ou grupo de pessoas. Já o pragmatismo é a interpretação das coisas mediante teses visando resultados nem sempre duradouros. A ideologia, quando verdadeira, encontra estratégias para vencer os obstáculos. Já o pragmatismo, procurando resultados de curto prazo, não consolida uma situação racional. A história nos mostra que as manifestações ideológicas, quando consistentes, levam-nos a caminhos pacifistas, éticos, de liberdade, de solidariedade e democráticos. Por outro lado, o pragmatismo de resultados poderá conduzir uma sociedade para desencontros de objetivos, bem como para regras de conduta moral duvidosas. Neste século XXI, os países, quer sejam desenvolvidos ou emergentes, estão em busca de melhores condições materiais, levando-se em conta, principalmente, o chamado processo de globalização. Tal quadro criou teorias confusas misturando teses liberais com teses autoritárias; propostas capitalistas com propostas socialistas; atitudes pacifistas com atitudes bélicas, até mesmo manifestações democráticas com manifestações totalitárias. Dentro deste quadro de referência, é sempre saudável ter a convicção de que a pior democracia é preferível a qualquer ditadura, como também, em qualquer país, o objetivo da atividade estatal deve ser o bem comum e não a vantagem de uma minoria ou de quem governa. As manifestações sinceras e coerentes de apoio e desaprovação a um governo constituem os pilares básicos de sustentação de um sistema democrático. São sinceras, quando não se aproveitam de fatores circunstanciais como também não buscam vantagens eleitoreiras ou de outra natureza, numa visão puramente tática. Por outro lado, são coerentes quando rejeitam o pragmatismo alienado e procuram propostas compatíveis com as diretrizes programáticas baseadas em ideias estratégicas. Ademais, é fundamental ter em mente a defesa de princípios éticos e morais, bem como a importância dos direitos individuais e sociais.

(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do Ceará.

Fonte: Diário do Nordeste, Ideias. 4/02/2022.

domingo, 27 de fevereiro de 2022

VIÚVA SOLITÁRIA PROCURA UM MARIDO

Uma viúva solitária, de 70 anos, decidiu que era hora de se casar novamente. Então, ela colocou um anúncio no jornal local, que dizia:

PROCURA-SE UM MARIDO:

DEVE ESTAR NO MEU GRUPO DE IDADE (70) E SER UM HOMEM QUE NÃO QUEIRA BATER EM MIM, NEM FICAR ANDANDO AO MEU REDOR, E AINDA DEVE SER BOM DE CAMA!!!!!

OS INTERESSADOS DEVERÃO CANDIDATAR-SE PESSOALMENTE.

No segundo dia, ela ouviu a campainha. Ela abriu a porta e, para sua surpresa (e consternação), viu um cavalheiro de cabelos grisalhos sentado em uma cadeira de rodas. Ele não tinha braços nem pernas.

A velha disse: “Você não está realmente pensando que vou levá-lo em consideração, não é? Apenas olhe para você ... você não tem pernas!

O velho sorriu: "Portanto, não posso ficar andando ao seu redor!"

Ela resmungou: "Você também não tem braços!"

Mais uma vez, o velho sorriu: "Portanto, nunca poderei bater em você!"

Ela levantou uma sobrancelha e perguntou atentamente: "Você ainda funciona bem na cama ???"

O velho recostou-se, deu um grande sorriso e disse: "Bem, eu toquei a campainha, não foi?"

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.

A APOSTA DA LOIRA

Uma loira lindíssima entra em um casino de Las Vegas e vai direto para a mesa de roleta. Ela sorri para os dois crupiês e aposta 20 mil dólares em uma única rodada.

"Eu espero que vocês não se importem...", diz ela aos dois em uma voz sonhadora. "Eu sinto que tenho muito mais sorte quando estou nua..."

A moça tirou todas as suas roupas, ficando completamente nua. "Vamos lá! Agora sim eu sei que ganho! A sorte está do meu lado!", diz a loira, batendo palmas e esperando a roleta girar.

A roleta para no número 13. "Eu ganhei! EU GANHEI!!!", grita a bela moça, dando pulos de alegria.

Ela recolhe os seus ganhos e suas roupas, dá um abraço em cada um dos crupiês e desaparece.

Os dois se entreolham, em estado de choque, até que um deles se recompõe e pergunta: "Ela apostou mesmo no 13?"

"Não sei", responde o outro crupiê. "Eu achei que você estava prestando atenção..."

Moral da história:

1. Nem toda aposta depende de sorte.

2. Nem todas as loiras são burras.

3. Mas os homens... São sempre HOMENS!

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.

sábado, 26 de fevereiro de 2022

COLETÂNEA DE HISTÓRIAS DE TÉCNICOS EM TI (II)

Apresentamos a seguir três historinhas divertidas envolvendo usuários de computadores e técnicos de TI (Tecnologia da Informação). Na verdade, quem de nós nunca se viu perdido com seu computador e uma infinidade de programas?

4. Uma senhora abriu um chamado porque não conseguia se conectar à Internet. Pedi que ela conectasse e desconectasse. Então perguntei se o wi-fi estava funcionando. Ela confirmou que sim, apesar da falta de conexão. Quando cheguei à mesa da usuária, o problema ficou claríssimo. O ícone do wi-fi indicava que ele estava desligado…

5. Uma senhora fazia backups regulares num disco rígido externo, o que era a coisa certa a fazer, mas um dia ele parou de funcionar. Quando abri o estojo para remover fisicamente a unidade de disco, uma bola de formigas caiu de dentro dele.

6. Cliente: “Quero importar minhas fotos para o iPhoto e não estou conseguindo.”

Técnico: “Você está seguindo o tutorial que passei mais cedo?”

Cliente: “Estou. Mas não funciona.”

[Uma hora depois o técnico chega à casa do cliente.]

Técnico: “Mas você nem tem o cabo para conectar ao computador!”

Fonte: Seleções Reader’s Digest.


COLETÂNEA DE HISTÓRIAS DE TÉCNICOS EM TI (I)

Apresentamos a seguir três historinhas divertidas envolvendo usuários de computadores e técnicos de TI (Tecnologia da Informação). Na verdade, quem de nós nunca se viu perdido com seu computador e uma infinidade de programas?

1. [Atendimento a um casal de idosos que ganhara um computador numa promoção, quando a máquina custava o preço de um carro.]

Cliente: “Meu computador não dá nenhum sinal.”

Técnico: “Aconteceu alguma coisa?”

Cliente: “A única coisa que fizemos foi tirar a poeira. Como ele estava muito empoeirado, nós o levamos para o jardim e o lavamos com a mangueira. Mas deixamos secar ao sol.”

2. Eu trabalhava no departamento de informática de um grande supermercado e recebi a ligação do gerente do açougue, desesperado, dizendo que tinha ligado o computador e apareceu a mensagem “no file”. Ele me disse que isso era impossível, pois o estoque estava cheio de filé mignon, filé de alcatra, contrafilé. Tentei explicar que a mensagem era “no file” (nenhum arquivo), mas ele estava tão nervoso que não conseguia entender!

3. Cliente: “A máquina não está funcionando.”

Técnico: “Aperte a tecla Command.”

Cliente: “Ok.”

Técnico: “Agora aperte a tecla Enter. O que aparece na tela?”

Cliente: “Era para ligar o computador?”

Fonte: Seleções Reader’s Digest.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

GRANDE WITZEL: CV turbinados

Citando Gilberto Amado, um beija-flor de vaidade, o professor Joaquim Falcão resumiu a patetada de Kassio Nunes ao turbinar seu currículo:

“Ser mais do que se é, é ser menos.”

Turbinar currículo é um vício recente. A mania pegou Dilma Rousseff, Damares Alves, Ricardo Salles, Marcelo Crivella, Carlos Alberto Decotelli e Wilson Witzel.

Nesse grupo, quem brilhou foi Witzel. Em vez de fraudar títulos de universidades comuns ou até chumbregas, mentiu grande e anunciou-se diplomado por Harvard, onde nunca pisou.

Em tempo: o ministro Celso de Mello, em cuja cadeira Kassio Nunes quer sentar, foi um dos maiores juízes da Corte. Era apenas advogado, sem mestrado nem doutorado.

Fonte: O Povo, de 11/10/2020. Opinião. Elio Gaspari. p.28.

Crônica: “O sonho de comer que só impingem” ... e outros causos

O sonho de comer que só impingem

Me lembro que se fosse há 50 e poucos anos, mamãe dando carão em quaisquer dos 10 bruguelos se acaso algum de nós inventasse de falar enquanto comia. E se fosse com a boca cheia de farofa, era cagaço dobrado, com direito a chinelada de currulepe no espinhaço. Era falta de educação, de modos, falta de peia, coisa de quem foi criado sem pai nem mãe. O rela que o sujeito levava era medonho:

- Coma de boca cheia não, peste! Mastigue e engula primeiro, depois desembucha!

E se o menino bodejasse alto, mastigando carne de segunda meio crua ainda, fazendo aquela zoadinha característica de não sei quê, o esbregue era federal:

- Paaaara, bicho do mato! Tá mastigando bosta, é?!?

Hoje, sabendo que falta dicumê em muita casa pelaí, imagino um pai de família correndo o olhar nos 10 bruguelos que botou no mundo, que nem mãe fazia com a reca dela, todos sentadinhos à mesa, sem um caroço de piqui pra roer, o bucho colado no espinhaço... Imagino o velho a torcer por uma falta de educação entre os seus.

- Nem que seja com a boa cheia d'água, meus bichim, fale! Pai num briga não!

Fala cearense em alta. Sempre!

Vi numa postagem do amigo Edmilson filho que um povo da academia fez estudo do cearensês abundante nos filmes que ele protagoniza, com a direção do igualmente genial Halder Gomes. Precisa de legenda, sim, pra entender esse verdadeiro dialeto que ainda haverá de superar em categoria o mandarim. A pedidos, vão aqui algumas expressões que poderão cair na prova do ITA.

- Cada vez mais frescando menos - Estado em que se encontra hoje o grandissíssimo moleque de ontem, cansado já de caçoar dos outros.

- Cair no gôto - Esgasgar-se com saliva ou água.

- Gargalejar - Gargarejar, "gurgulejar".

- Gigolô da macaca - O homem que ganha a vida às custas das cambalhotas de uma macaquinha vestida de mulher nas feiras-livres de ontem.

- Na casa do sem jeito... - Agora é tarde, babau! Sem solução!

- Não ter o dom dum urubu - Não saber fazer coisa alguma.

- Pagar o Ferreira - Defecar.

- Panela derrotada - Panela vazia.

- T'esconjuro, infeliz das costa ôca! - Sai daí, cão do mêi dos infernos! Chispa! Corre! Vai-te!

- Tinindo nos cascos - Brilhando, no ponto máximo - grau dez!

Tolice dele, parvoíce!

Educação é tudo de bom, não ter um celular com um mínimo de carga é tudo de muito péssimo demais. Quanto liberta saber e discernir e sentir. Quanto arromba a falta dum carregador na ora em que mais se necessita dum celular. Essa besteirada toda é pra falar dum povo de bom trato que conheço, gente do bem que de tudo sabe um pouco e mais quer saber. É a família do colega Nanu. Jantavam todos, vendo o telejornal, quando o narrador contou das "estultices" de um certo político. Nanu pergunta:

- Diabeisso? Estultice?

- Deve ser astutice, o apresentador errou. Coisa de caba astuto - retrucou Marlinda, irmã de Nanu.

- É não, é matutice, coisa de matuto... - esclareceu Joaquim, irmão de Nanu.

O narrador reiterou: "O líder, com suas estultices, ainda vai melar a..."

- Já que não tem dicionário de papel nessa casa, alguém tem um celular aí pra ver que marmota de palavra essa? - pede Nanu.

- Tá tudo descarregado. E os carregadô, distorado... - lamentou Biliu, tio de Nanu.

- Na minha mente é isturdia - ensinou a mãe de Nanu.

E a discussão acabou.

Fonte: O POVO, de 18/02/2022. Coluna “Crônicas”, de Tarcísio Matos. p.2.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

MAIORES GUERREIROS E GENERAIS DA HISTÓRIA

Os anais da história estão enriquecidos com homens e mulheres que ganharam grande renome por sua coragem e habilidade na batalha. Alguns lutaram por honra e admiração, outros pela coisa certa, e ainda alguns lutaram porque não havia emoção maior do que no campo de batalha. Aqui estão alguns dos maiores guerreiros e estrategistas da história, tanto heroicos quanto cruéis:

1. Átila, o Huno

Algumas pessoas são mais como um desastre natural do que um ser humano. Átila era apenas esse tipo de pessoa. Nós não sabemos muito sobre a vida de Átila, ou sobre os hunos em geral, mas sabemos que eles foram da Ásia Central para a Europa e varreram o Império Romano como uma praga. O próprio Átila morreu durante as festas de bebedeira depois de um de seus casamentos. Infelizmente, Roma e o Império Romano do Ocidente, que sofreram muitos danos, desmoronaram apenas 23 anos depois.

2. Aníbal

Aníbal Barca é conhecido como um dos mais brilhantes guerreiros e estrategistas por um bom motivo. Em suas campanhas em Roma, ele derrotou vários exércitos muito maiores do que os seus, simplesmente superando as rígidas legiões e colocando-as em posições onde seus números maiores não poderiam valer-se de sua vantagem.

3. Saladino

O sultão curdo do Egito era o homem que, sozinho, pôs fim às aspirações europeias no Levante durante as cruzadas, vencendo os estados cruzados em várias batalhas importantes, a mais famosa das quais foi a Batalha de Hatim, onde o exército dos cruzados foi totalmente dizimado e o rei de Jerusalém capturado. O mais impressionante é que ele fez tudo isso sem ganhar nada além de respeito dos observadores ocidentais, que o viam como a imagem do cavaleiro perfeito, que trata seus inimigos com respeito e honra.

4. Henrique V de Inglaterra

O jovem rei inglês foi tão impressionante que se tornou protagonista de três peças de Shakespeare que descrevem sua juventude e grandeza. Como rei, ele invadiu a França e conquistou-a, abatendo forças maiores na Batalha de Azincourt através de seu uso inteligente de arqueiros. Sua vitória sobre a França foi tão completa que o rei francês foi forçado a nomear Henrique como seu herdeiro ao trono. Entretanto, a coroação não chegou a acontecer, pois Henrique morreu de disenteria ou insolação antes que ele pudesse ser coroado.

5. Boadiceia

A mulher britânica que ousou desafiar Roma é lembrada como uma heroína nacional da Grã-Bretanha por sua espirituosa rebelião e vitórias na guerra sem esperança contra o Império Romano, derrotando uma legião romana e saqueando duas cidades fortificadas. Embora em última análise, sem sucesso, sua tentativa de libertar seu povo e defender a honra das mulheres britânicas tornou-se lendária.

6. Gengis Khan

O jovem Temujin não parecia destinado à grandeza quando criança. Seu pai morreu envenenado, ele perdeu o controle sobre sua tribo para os usurpadores, teve sua noiva raptada por inimigos e foi traído por seu melhor amigo e irmão de sangue. Temujin conseguiu superar suas condições, uniu todas as tribos mongóis e pisoteou quase todos os reinos da Ásia sob os cascos de seu grande exército, criando o maior império terrestre da história da humanidade.

7. George Patton

George S. Patton não era um bom homem. Enquanto lutava na Sicília, o severo general atirou pessoalmente em duas mulas que bloqueavam uma rota de retirada e, em seguida, começou a espancar o dono civil das ditas mulas porque eles reclamaram. Mais tarde, ele publicamente bateu em dois soldados que exibiram sinais de estresse pós-traumático. Mas a gentileza não ganha guerras. Quando jovem, Patton foi um talentoso esgrimista e atleta e participou dos Jogos Olímpicos de 1912. Como general, atraiu a ira de muitos generais aliados por sua natureza rude e pelo medo de seus inimigos nazistas, que o chamavam de "aquele vaqueiro maluco".

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.

A UECE E EU

Por Vladimir Spinelli Chagas (*)

A legislação me obriga a me aposentar até o dia 26 de agosto, quando completarei, se ainda aqui, 75 anos de idade, lúcido e produtivo. Até lá continuarei comprometido como nos 46 anos de convivência com a Uece, desde quando participei do seu até hoje respeitado Vestibular, em 1976, para uma profissão de tanta relevância: Administração.

Em 1982, já graduado, fui contratado como Professor Assistente, por indicação da professora Rosila Cavalcante de Albuquerque ao então Reitor, Padre Luis Moreira. Comecei, de fato, no segundo semestre de 1987, por ter estado cedido ao governo do Ceará, em funções de Secretário de Estado.

Em sala de aula, assumi a disciplina de Administração Mercadológica I (hoje Marketing), enquanto acumulava com a representação do Estado no Conselho Diretor da mantenedora, a Funece. Foram 60 turmas, 2.694 alunos inscritos e um grande cabedal de conhecimentos apreendidos, pela máxima de que o professor aprende a cada vez que se dedica, de fato, a ensinar.

Permaneci com a carga de 20 horas semanais, embora assumindo outros desafios, entre 2006 e 2020, seja como Pró-reitor de Planejamento, Chefe do Gabinete da Reitoria ou Diretor do Centro de Estudos Sociais Aplicados.

No Cesa, no período de 2012-20 foram criados quatro doutorados e defendidas 848 dissertações e teses e 742 monografias de especialização, e produzido portfólio com nossas expertises para o desenvolvimento do Ceará.

Afora atividades intrínsecas, pude participar de inúmeras realizações desta notável instituição, orgulho dos cearenses, como da implantação do Núcleo de Inovação Tecnológica e a consecução da Rede dos Núcleos de Inovação Tecnológica do Ceará - Redenit-CE e a representação na Câmara de Inovação da FUNCAP. Fui, ainda, membro dos Conselhos Universitário e de Ensino Pesquisa e Extensão.

Outra participação efetiva foi nas tratativas que permitiram a parceria com a Fundação CDL para a reforma e uso partilhado do prédio da 25 de Março, um ícone da Uece. São flashes de uma convivência que me é tão cara. Afinal, ao me afastar terei estado vinculado à Uece por mais de 60% do meu tempo. Uma vida.

(*) Professor da Uece, membro da Academia Cearense de Administração (Acad) e conselheiro do CRA-CE.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 31/01/22. Opinião, p.20. 

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

AS REVELAÇÕES DE UM ATELIÊ

Historiadora dedicada ao estudo das vestimentas, inglesa Lucy Adlington recria os dramas de um ateliê em Auschwitz

Após mais de meio século do fim da 2.ª Guerra Mundial (1939-1945) continuam a vir à tona fatos impressionantes sobre os horrores promovidos pelo regime nazista. A história contada no recém-lançado livro da inglesa Lucy Adlington, "As Costureiras de Auschwitz", best-seller do New York Times, que acaba de chegar ao Brasil pela Editora Planeta, surpreende ao falar sobre a criação de um ateliê de alta-costura dentro de um campo de extermínio, que produzia de forma primorosa as roupas das esposas do mais alto escalão nazista.

"Para que a história faça algum sentido, precisamos entender a importância das roupas para o movimento nazista que transformavam peças neutras em uma declaração de princípios. Os uniformes e o símbolo da suástica nazista eram a mensagem para se diferenciar, fabricavam divisões e enfatizavam o elemento 'nós' da coesão, tirando proveito do poder do pertencimento quando grupos vestem uniformes", conta a autora, em entrevista de sua casa, no interior do Reino Unido.

Lucy é uma historiadora e pesquisa a linguagem pelo modo de como nos vestimos nos últimos 200 anos. Ao se deparar com a inacreditável história do ateliê de alta-costura dentro de Auschwitz, se debruçou em uma minuciosa pesquisa para decifrar os acontecimentos e o papel da roupa em um ambiente desumano. "Os uniformes tinham uma importância estrutural, que minimizava as diferenças óbvias entre classes, dando a impressão de igualdade dentro do grupo étnico. Além disso, os homens que o usavam pareciam inebriados por sua própria fantasia de poder psicológico", completa.

Em total sintonia com seus pares, as mulheres dos oficiais de alta patente da SS também queriam manter seu status, poder e unidade por meio das roupas que usavam. A ideia de um ateliê de alta-costura veio à tona por causa dos desejos da sra. Hedwig Höss, esposa do comandante Rudolf Höss, chefe do campo de extermínio de Auschwitz. Hedwig precisava da melhor mão de obra, no caso, a das costureiras judias, para realizar seus sonhos macabros de imagem de grande dama traduzido em roupas bem construídas e com acabamento impecável. Costureiras judias talentosíssimas, que estavam na fila das câmaras de gás ou em trabalhos forçados no campo, tinham suas profissões descobertas e eram levadas para esse espaço idealizado por Hedwig onde construíam roupas dos sonhos para as esposas de seus algozes. O estoque de tecidos e acessórios era ilimitado, vindo quase inteiramente das roupas das pilhagens ou de lojas judaicas roubadas. As peças eram reformadas e transformadas pelo ateliê.

A família Höss morava a poucos metros das chaminés do campo, onde as cinzas com cheiro de corpos se espalhavam diariamente pelo jardim. A casa, chamada por Hedwig de paraíso, era onde compartilhava a vida em família com seus cinco filhos, todos impecavelmente vestidos com roupas criadas pelo ateliê.

A imagem das roupas bem-feitas com tecidos nobres trazia a mensagem de uma família alemã ariana ideal e a procedência das peças era conhecida pela dona da casa, que mandava suas costureiras "fazerem compras" semanais nos grandes depósitos que se formavam com os pertences roubados dos mais de 1,3 milhão de judeus escravizados em Auschwitz.

"A história de união e os laços de profunda amizade, confiança e compaixão entre as costureiras/prisioneiras mostram um poderoso contraste com relação ao dogma nazista de 'sobrevivência do mais apto'. Instintos naturais de ajuda mútua formaram a realidade daqueles anos", conclui Lucy, nos brindando com um livro necessário e potente. (Agência Estado)

Fonte: O Povo, de 20/2/22. Vida & Arte. p.8.

TERCEIRA(S) ONDA(S)

Por Sofia Lerche Vieira (*)

Quando a Covid-19 começou a varrer o mundo, em março de 2020, a humanidade não tinha noção de que a convivência com o vírus seria tão sofrida e extensa.

O ano de 2022 começou com a chegada de uma terceira onda que, devido a seu alto poder de propagação, configurou-se como novo desafio a enfrentar. Identificada na África do Sul, a variante Ômicron surge em um contexto de exaustão dos profissionais de saúde e de sobrecarga das redes hospitalares, devido à intensiva demanda e oferta de serviços. O que fazer se os hospitais voltarem a ter superlotação, motivada sobretudo pela parcela da população não vacinada?

O processo de vacinação no Brasil sofreu tropeços iniciais e constantes ameaças por parte de algumas autoridades públicas. A cultura de vacinação e o Sistema Único de Saúde, contudo, viabilizaram um percentual razoável de adultos vacinados. Agora, começam a ser vacinadas crianças de 5 a 11 anos.

A pergunta que merece ser feita é: o que virá depois? Ao refletir sobre o tema, não deixa de ser tentador lembrar que a expressão terceira onda foi antes utilizada por Alvin Toffler, autor dos anos oitenta do século XX, best-seller no campo de previsões sobre o futuro da humanidade.

Reconhecendo a existência de três ondas, o mesmo associava a primeira à revolução agrícola, a segunda à revolução industrial e a terceira à era da informação. Nessa terceira onda, o capital essencial da humanidade seria a mente, a capacidade de inovação e o uso da tecnologia.

Algumas das previsões de Toffler foram confirmadas e aprofundadas por outros. Um deles foi Manuel Castells, cientista político espanhol que, na obra A Era da Informação, publicada entre 1996 e 1998, apresenta alguns argumentos na mesma direção. Embora mais recentemente outros pensadores tenham se debruçado sobre o tema, grandes dúvidas sobre o futuro do planeta persistem.

Afinal, por que, apesar de tantos avanços, as economias dominantes mundiais não foram capazes de prever a chegada e o grau de destruição provocada pela Covid-19? Por que não foi possível deter as ondas da pandemia? São perguntas que pedem respostas.

(*) Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Uece e consultora da FGV-RJ.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 31/01/22. Opinião, p.20.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

ORA, PLÍNDOLA

Por Romeu Duarte (*)

À memória de Pedro Henrique Saraiva Leão

Pois é, poeta, partiste, mas teus poemas ficaram. Densos, metafóricos, crus, polissêmicos, concretos, vazados em línguas diversas e numa alegria triste. A meu juízo, sempre foste por estas bandas aquele que melhor compreendeu a lição magistral de Pound contida no seu ABC da Literatura e estruturada em três palavras estranhas: fanopéia, logopéia e melopéia. Abro o belo livro que me deste e esta tríade está presente na dedicatória: "Avec my echo, my shadow and me". Dentro da brochura acho um bilhete amarrotado, lembrança de uma vez em que quase voaste para o outro lado, no qual se lê na garatuja: "Quem tem cu, tem medo". Poesia e medicina, difíceis ofícios que soubeste, como poucos, manejar, remédios para a alma e o corpo, na ponta dos dedos...

Na nossa mesa de bar vária e alongada cabia todo tipo de conversa. Gostavas dos chistes espirituosos, dos complexos jogos de palavras, de citar os poetas da tua vasta erudição. Tomaste, meu caro, um caminho contrário aos dos teus colegas contemporâneos, encharcados de latinidades, preferindo a poesia nas dicções inglesa e francesa, mais aquela do que esta, concretismo e beat poetry à frente. Lembro-me da deliciosa história que contaste sobre uma noite boêmia que curtiste na companhia de Lawrence Ferlinghetti, expoente da Beat Generation, e do anjo azul Marlene Dietrich, em San Francisco. Coesia tua: "o meu sonho é um)agulha descosturando o passado e bordando o esboço do porvir, quando na multidão de nós dois nos encontraremos entre as sombras"...

Pediste-me, certa vez, uma leitura analítica de "Plíndola", teu último trabalho. Como Quintana, penso que "a poesia não se entrega a quem a define". Apraz-me senti-la ("Sinta quem lê", diria Pessoa), degustando suas imagens, sons e jogos mentais. Este motivo e os afazeres da vida, que determinam nosso rumo, transformando-nos em taxistas de nós mesmos, me impediram de cumprir a tua solicitação. Dizem que a exclamação "Plíndola!" foi retirada de uma montagem teatral do Macunaíma de Mário de Andrade e até hoje ninguém sabe o que o vocábulo significa. Será que uma palavra, para existir, precisa de um sentido? Para mim, é sinônimo de uma fina coleção de poemas teus, bem assim: "Tenho um lírio na consciência e uma rosa no passado: ainda queres?".

"O tempo é sempre outro que não este; aranhas tecem teias no meu canto; troçam, as traças, do meu tempo; mas, embora sempre outro que não este; este foi o tempo que me deste". Como disse, e bem, no prefácio desta tua seleta poética o professor Pedro Paulo Montenegro (que deve estar contigo agora compondo anagramas), todo lirismo é confessional. Neste "Plíndola", abriste-nos teu museu particular, comungando a tua e as nossas vidas, vez que "o poema é uma obra sempre inacabada, sempre disposta a ser completada e vivida por um novo leitor", não é, Octavio Paz? Fecho com este: "Q o poema seja destro ou canhoto; mas com gesto certo; com luz de relâmpago mas gume de bisturi; poema contra a corrente feito piracema". Plíndola! Até um dia, poeta.

(*) Arquiteto. Professor da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Fonte: Publicado In: O Povo, de 21/02/22. Vida & Arte, p.2.

OS RISCOS DA INFLAÇÃO!

Por Lauro Chaves Neto (*)

O processo inflacionário atual, tanto no Brasil como mundo afora, tem sido tratado, pelas autoridades monetárias e pela maior parte dos analistas econômicos, como um fenômeno transitório. Defendem que os preços dos serviços tendem a recuar após o consumo reprimido, como consequência da pandemia e das suas respectivas medidas de combate, choques de oferta, como a desestruturação das cadeias produtivas e de logística, alta das commodities, especialmente alimentos e petróleo, entre outros.

A sociedade brasileira está sentindo no bolso os efeitos da inflação, EUA, Alemanha, Japão e até a China são outros exemplos de países afetados por esse movimento que toma proporções globais. A grande questão que deve ser debatida é na hipótese do comportamento ascendente da inflação se tornar persistente e não transitório, estariam as autoridades monetárias e fiscais dispostas a usar as ferramentas necessárias e na intensidade adequada?

Se os agentes econômicos mantiverem as expectativas de que a inflação continuará com comportamento crescente e persistente, suas decisões serão afetadas. Aqueles que se encontram fora do mercado de trabalho, desempregados e desalentados, passarão a aceitar oportunidades de subempregos e precarização, as famílias que conseguiram manter suas rendas vão antecipar o consumo de bens essenciais para fugir da elevação dos preços e vão restringir ainda mais o consumo de algum bem ou serviço não essencial, as empresas vão antecipar reajustes para tentar defender suas já achatadas margens e investidores fugirão de ativos nominais.

Antigamente, os Banco Centrais tinham o papel principal, e as vezes quase único, de zelar pela estabilidade na economia, hoje, a exemplo do Banco Central Europeu, existem outros objetivos como os relativos a mudança climática, a sustentabilidade e as desigualdades no mercado de trabalho.

O controle do processo inflacionário tenderá a ter mais sucesso quanto maior for a credibilidade das autoridades monetária e fiscal, a estabilidade obtida após o Plano Real foi condição necessária, porém não suficiente, para o ciclo de desenvolvimento que o Brasil teve nos 16 anos de FHC e de Lula. Várias políticas públicas foram exitosas, mas, se tivesse permanecido um cenário de inflação elevada, com períodos de hiperinflação, provavelmente os resultados teriam sido outros.

(*) Consultor, professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.

Fonte: O Povo, de 13/12/21. Opinião. p.20.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

UECE COM INTERIORIZAÇÃO HISTÓRICA

Por Hildebrando dos Santos Soares (*)

A Universidade Estadual do Ceará é instituição de referência em ensino, pesquisa e extensão. A Instituição figura, hoje, em diversos rankings regionais, nacionais e internacionais que atestam a qualidade do serviço prestado ao povo cearense, como bem público.

Multicampi e interiorizada, a Uece tem compromisso com a inclusão social e com a formação qualificada de profissionais para as diversas áreas. Atualmente, são 13 campi em 10 municípios cearenses. Com atuação em 7 das 8 áreas do conhecimento, oferece a possibilidade de formação verticalizada, com um vasto portfólio de pós-graduação.

É essa grande instituição que está na Política de Expansão e Interiorização do Ensino Superior no Ceará, a maior da história das IES estaduais cearenses. Política de Estado, a expansão é um acerto estratégico, pois amplia os espaços de atuação da Universidade enquanto instituição pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada, especialmente no interior.

Mais que as (significativas) vagas ofertadas para cursos de graduação, são muitos os impactos positivos na educação, na economia e na cultura da região em que a Universidade chega: é desenvolvimento inclusivo, econômico e social para o interior do Estado. Há uma mudança cultural significativa, a partir do fortalecimento da cultura universitária, com valores muito caros à democracia: liberdade de criar, de fazer ciência, de ensinar e de aprender; responsabilidade social e o desenvolvimento de um pensamento crítico e reflexivo para a juventude interiorana.

Na expansão da Uece, temos a garantia de realização do maior concurso público da história, para 365 professores efetivos. Assim, todos os campi e cursos no interior já iniciam suas ofertas com professores que têm uma perspectiva de longo prazo na Instituição.

Milton Santos aponta o conceito de territórios luminosos como aqueles que acumulam maiores densidades técnicas e informacionais e que, portanto, estão aptos a atrair mais atividades econômicas e tecnológicas. A Universidade, enquanto bem da sociedade cearense, em o potencial de iluminar espaços e de trazer desenvolvimento à vida das pessoas.

O momento que a Uece vive é de celebração. Celebramos a possibilidade de inclusão social e do compromisso com o desenvolvimento da sociedade, do interior e do Estado.

(*) Reitor da Universidade Estadual do Ceará (Uece).

Fonte: Publicado In: O Povo, de 20/02/22. Opinião, p.19.

SETEMBRO AMARELO E SUICÍDIO DE MÉDICAS

Meraldo Zisman (*)

Médico-Psicoterapeuta

… as médicas têm maior taxa de mortalidade por autocídio do que os seus colegas do sexo masculino, embora os casos de suicídio sempre tenham sido mais prevalentes nessa área profissional, quando comparados à população denominada de Educação Superior…

As médicas têm maior taxa de mortalidade por suicídio do que os médicos. A promoção “Setembro Amarelo” é um alerta para todos quanto à prevenção do suicídio. O aviso é para que cada um de nós passe a ouvir/ dialogar com mais empatia com pessoas de todos os ofícios. Sim, porque, por ironia, nesta era da comunicação estamos cada vez mais apartados, já mesmo antes dessa ‘quarentena pandêmica’.

Um dos poucos fatos mencionados neste tal mês de setembro agora colorido de amarelo é o de que as médicas têm maior taxa de mortalidade por autocídio do que os seus colegas do sexo masculino, embora os casos de suicídio sempre tenham sido mais prevalentes nessa área profissional, quando comparados à população denominada de Educação Superior.

O fato não é novo. Desde 1980 as taxas de mortalidade por suicídio têm sido mais altas entre as médicas e mais baixas entre os médicos, segundo demonstram os resultados de revisões sistemáticas das mais diversas pesquisas clínicas realizadas por publicações médicas. Se computadas as ocorrências de “automutilação” como aviso/sinal/ do autocídio, a cifra de prenúncios do suicídio é ainda maior.

Estimativas precisas das verdadeiras taxas de suicídio entre médicas podem ainda escassear ou carecer de notificação, seja por subnotificação ou preconceito, mas as consequências são amplas, pois a saúde mental passou a ser o fator mais importante e prevalente na Saúde Coletiva, principalmente após os endeusados avanços tecnológicos. Assim, o aumento das patologias ditas psicossomáticas, justo neste momento de crise (Covid-19), assoalha, mostra, grita, demonstra o que foi ou estava camuflado, escondido da vista da maioria.

O suicídio avulta de importância em relação a outras causas de mortalidade entre médicos. Portanto, as pesquisas sobre as características de suicídio médico devem ser direcionadas à definição de políticas de proteção a esses profissionais.

A Medicina é uma ciência da incerteza e uma arte da probabilidade, dizia o Dr. William Osler (1849-1919), médico canadense considerado o pai da Medicina Moderna. A incerteza leva à insegurança da profissão médica, o que é altamente estressante. Como veterano professor de medicina, digo:

– Médico, não se esqueça de cuidar de você mesmo! Sobretudo da sua saúde mental.

(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE), da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES) e da Academia Recifense de Letras. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha). 

 

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