quinta-feira, 30 de novembro de 2017

FRASE DO DIA: o homem bem-sucedido

O homem é bem-sucedido quando o whisky que ele bebe é mais velho que a mulher que ele come.
Fonte: Revista Forbes (atribuído). (Circulando por i-phones sem autoria clara).

 

Mais “Máximas e Mínimas” do Barão de Itararé! III


Apparício Torelly, (o "Barão de Itararé), que também usou o pseudônimo de “Apporelly”, era gaúcho de Rio Grande, nascido em 29/01/1895. Estudou medicina, sem chegar a terminar o curso, e já era conhecido quando veio para o Rio fazer parte do jornal O Globo, e depois de A Manhã, de Mário Rodrigues, um temido e desabusado panfletário. Logo depois lançou um jornal autônomo, com o nome de “A Manha”. Teve tanto sucesso que seu jornal sobreviveu ao que parodiava. Editou, também, o “Almanhaque — o Almanaque d'A Manha”. Faleceu no Rio de Janeiro em 27/11/71. O “herói de dois séculos”, como se intitulava, é um dos maiores nomes do humorismo nacional.
13. Palavras cruzadas são a mais suave forma de loucura.
14. A alma humana, como os bolsos da batina de padre, tem mistérios insondáveis.
15. O homem é um animal que pensa; a mulher, um animal que pensa o contrário. O homem é uma máquina que fala; a mulher é uma máquina que dá o que falar.
16. O homem que se vende recebe sempre mais do que vale.
17. O mal alheio pesa como um cabelo.
18. A solidez de um negócio se mede pelo seu lucro líquido.
19. Que faz o peixe, afinal?... Nada.
20. A sombra do branco é igual a do preto.
21. “Eu Cavo, Tu Cavas, Ele Cava, Nós Cavamos, Vós Cavais, Eles Cavam.” Não é bonito, nem rima, mas é profundo...
22. Tudo é relativo: o tempo que dura um minuto depende de que lado da porta do banheiro você está.
23. Nunca desista do seu sonho. Se acabou numa padaria, procure em outra!
24. Devo tanto que, se eu chamar alguém de “meu bem” o banco toma!
25. Viva cada dia como se fosse o último. Um dia você acerta...
Fonte: Extraído do livro “Máximas e Mínimas do Barão de Itararé”. Rio de Janeiro: Record, 1985. (Coletânea organizada por Afonso Félix de Sousa).

LANÇAMENTO DE “LITERAPIA” – Nº 23


A noite de ontem (29/12/17), no Espaço Cultural José Telles do Ideal Clube, ocorreu o lançamento do Nº 23 da Literapia, a mais prestigiada revista literária do Ceará, na atualidade, mercê do seu primor visual e da qualidade das contribuições, em verso e em prosa, de autores de escol.
A revista tem por editor o intelectual Pedro Henrique Saraiva Leão, membro das Academias Cearenses: de Letras, de Medicina e de Médicos Escritores, e projeto gráfico do jornalista e ilustrador Geraldo Jesuíno.
A atual capa, o atrativo primeiro de suas edições, mantém a tradição de exibir uma mulher com um livro. A apresentação da revista coube ao poeta e escritor Carlos Augusto Viana
Como Presidente da Sobrames/CE, tomei parte na mesa diretora da solenidade.
Participo, desse número, com o artigo intitulado: “A sentida partida do Príncipe Artur” (p.44-5).
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Presidente da Sobrames/CE

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

PROGRAMAÇÃO DOS 40 ANOS DA TURMA DR. JOSÉ CARLOS RIBEIRO


A Turma Dr. José Carlos Ribeiro, de médicos formados pela Universidade Federal do Ceará em 23/12/1977, comemorará os seus quarenta anos de formatura, conforme a programação abaixo:
30/11 – Quinta feira
19h – Missa de Ação de Graças Local: Paróquia São Vicente.
1/12 – Sexta Feira
14h – Check in: Welcome drink oferecido pelo hotel Dom Pedro Laguna.
17h30 – Chá das 5: Na Piscina do Hotel (Restaurante Al Fresco).
21h às 2h – Festa (Salão Brasil).
Obs.: Faremos o deslocamento do Jantar para o salão Brasil.  Banda: Big Balada (aprovada pela turma).
2/12 - Sábado
7h30 às 10h30 – Café da Manhã (Restaurante White).
12h30 às 15h00 – Almoço: Feijoada na Piscina (Restaurante Al Fresco).
16h – Sunset (Coqueirais) Banda: Olavinho no teclado.
19h30 às 22h30 – Jantar Livre: Incluso no pacote de hospedagem (Restaurante White).
3/12 – Domingo
7h30 às 10h30 – Livre - Café da Manhã (Restaurante White).
12h – Check out: 12h.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Médico UFC/Dez.77 e membro da Comissão Organizadora

MAPA DA INTOLERÂNCIA (2)

Por José Jackson Coelho Sampaio (*)
No Modelo Intolerância de nossa sociabilidade atual distinguem-se três tipos mistos: a) desconhecimento, insatisfação e desesperança; b) racionalização de reacionarismo e cultura autoritária; e c) produção paradoxal de intenções democrático-progressistas. Outros exemplos, em continuidade a artigo anterior:
Expulsão para Punir Comportamento – Em qualquer população os epidemiólogos esperam em torno de 2% de doenças mentais graves, de identificação mais clara, e em torno de 20% de transtornos mentais difusos, de cautelosa abordagem. Se uma mulher é agredida por um homem e o ato é logo identificado como machismo, um tipo ideal negativo, este será condenado, sem esforço de compreensão psicossocial do problema. Movimentos presenciais e eletrônicos se orientam para o anátema medieval do suposto pecador/criminoso, com ameaça de lapidação e demanda de expulsão sumária, sem o necessário exercício dos processos democráticos. A defesa do meu direito é impulsiva e narcísica, não contrabalançada pelo exercício do dever e da tensão direito/dever do outro.
A Morte e a Morte do Reitor Cancellier – A justiça como espetáculo, sem o pão da prova e muito circo de condenação prévia, por suspeita. A justiça de justiceiros, açulada pela denúncia de interessados e interesseiros, refém da luta interna dos micropoderes institucionais e até das vinganças medíocres de vizinhos, como nas ditaduras militares. A justiça ideologicamente partidarizada, que chega mais do que à não justiça (in-justiça), chega à contra justiça (antijustiça). Um processo de análise de convênio de gestão anterior à do reitor Cancellier, aparentemente referente a período anterior ao da criação da UAB, foram invocados para a prisão preventiva, a execração pública e a humilhação de um homem digno. Ele não resistiu. A mais sutil das torturas, a moral, não deixa uma unha arrancada, um edema de choque elétrico, apenas um corpo morto no saguão de granito ou mármore de um shopping center. Os gestores públicos brasileiros estão sob risco.
(*) Professor titular em saúde pública e reitor da Uece.
Publicado. In: O Povo, Opinião, de 7/11/17. p.12.

terça-feira, 28 de novembro de 2017

SÃO FRANCISCO, O SANTO DA RELUTÂNCIA

Márcia Alcântara Holanda (*)

A Caravana de Maria Salgado até hoje é livre, abriga quem pode pagar sua comida e quem não pode

As romarias a São Francisco que vão de Fortaleza ou de outras paragens ao Canindé- CE acontecem neste mês de outubro. Nos anos de 1999 e 2000, palmilhei o percurso dessa romaria junto à Caravana Maria Salgado criada por ela em 1935. Seu Edson Salgado, hoje falecido, filho de D. Maria, era o coordenador dessa caminhada de amor, esperança e fé no Santo. Apresentei-me a ele dizendo de antemão que não tinha uma religião definida, mas andava, por meio de leituras, impressionada com o papel de São Francisco nas mudanças e aprimoramentos aplicados por ele a seres humanos e à natureza, e que aceitaria de bom grado todas as regras disciplinares da Caravana se ele me aceitasse como peregrina.
Sua resposta foi uma pergunta: “Por que você quer peregrinar conosco?” Continuou: “Nessa peregrinação se tem muito desconforto, bolhas pipocam nos pés, o corpo dói, e só se precisa comer para viver um dia; caminhará com pessoas das mais diversas índoles e classes sociais”, findou ele. Ao que respondi: “Quero me juntar a todos nesse enlevo coletivo, que é a exaltação ao humanismo histórico de São Francisco. Quero chegar à Basílica de São Francisco no Canindé a fim de homenageá-lo e agradecê-lo por ter cuidado tão bem dos desvalidos e da natureza, enquanto homem”. “São Francisco”, disse ainda Seu Edson, “é o Santo para tudo e de todos”. Apertou minha mão e disse mais: “Venha conosco dar glórias ao Santo de nossa devoção”.
A Caravana de Maria Salgado até hoje é livre, abriga quem pode pagar sua comida e quem não pode, o que possui tênis “booster” e quem só tem um par de chinelos, os que vão pagar promessas e os que querem apenas sentir a vida, ou conviver com as muitas diferenças humanas, por cinco dias e cinco noites, seguindo os passos de Dona Maria e seus caravaneiros.
Donald Spoto escreveu a mais bem documentada biografia de São Francisco no livro Francisco de Assis o santo relutante, de onde tirei o título deste breve artigo e a vontade de dizer a muitos o quanto se ganha no enfrentamento do desconforto e do breve e mais positivo relacionamento humano, que é o de conviver harmoniosamente com todas as diferenças no seguir da Caravana. A relutância de Francisco de Assis o fez ostensivamente procurar e encontrar o caminho do humanismo, ao experimentar as dores da depressão profunda que sofreu, mas encontrou, numa imagem de Cristo em uma igreja abandonada, a luz que provocou nele a vontade de cuidar daquele Cristo, simbolicamente querendo também dizer: cuidar da humanidade. E assim o fez.
(*) Médica pneumologista; coordenadora do Pulmocenter; membro da Academia Cearense de Medicina.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 26/10/2017. Opinião. p.11.

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM CANCEROLOGIA DO ICC - 2018


A Superintendência Geral do Instituto do Câncer do Ceará e a Superintendência da Escola Cearense de Oncologia, no uso de suas atribuições legais, tornaram pública a abertura das inscrições do Processo Seletivo para ingresso na Residência Multiprofissional em Cancerologia do Instituto do Câncer do Ceará - Hospital Haroldo Juaçaba, no ano de 2018, por meio do EDITAL DE INSCRIÇÃO 003/2017.
No período de inscrições, foram inscritos cerca de conto e setenta candidatos e validadas 132 inscrições. A prova de seleção foi aplicada na manhã deste domingo último (26/11/2017), com o comparecimento de 131 concorrentes, e ausência de apenas um dos registrados, configurando um absenteísmo inferior a 1%.
Na manhã de hoje (27/11/2017), foi protocolado um recurso relativo a uma das questões da prova, resultando em acolhimento desse pleito (Alteração do gabarito da questão 32, de “C” para “A”).
Os resultados dessa primeira fase e a convocação dos aprovados, com base nos termos estipulados no edital do certame, e a convocação dos candidatos habilitados para análise curricular e entrevista deverão ser postados, provavelmente, ainda na tarde de amanhã (28/11/2017) na Home Page do ICC http://www.icc.org.br/.
Prof. Dr. Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Coordenador do Processo Seletivo ICC/ECO

AMOR E DOR

Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)
Peço permissão ao leitor para dizer-lhe que somente a leitura de um bom livro e assistir a um jogo do Flamengo, na televisão e principalmente no Maracanã, são para mim diversões melhores do que um bom filme. Gosto muito de ir ao cinema. Todavia, nos últimos anos não acompanho, como acompanhava a projeção de películas nacionais e estrangeiras. Vivemos num ambiente tão complicado, precisando de mensagens de solidariedade, paz e esperança e não de guerras, ataques de extra-terrestres, armas mortíferas, destruição do mundo, conflitos inter-planetários, etc. Os efeitos cinematográficos podem até ser bem concebidos, mas o final, apesar de algumas vezes, ser a vitória do bem contra o mal, é apresentado de uma forma cruel, sanguinária e depressiva, deixando quem assiste dominado pelo sentimento da violência. Não que eu seja a favor dos chamados “pastelões” ou dos filmes “água com açúcar”. No entanto, no momento, é difícil uma boa comédia ou um bom drama. Por sua vez, respeito a opção de cada um. “Questão de gosto não se discute”, como diz a sabedoria popular. Porém, é bem melhor que os sentimentos sejam ordenados, que as flores apareçam sobre os escombros, as alegrias superem as tristezas e a sensação de felicidade fique acima do temor e das preocupações, prevalecendo o amor. Fiz estes comentários para enaltecer um filme que assisti no último fim de semana: “Uma razão para recomeçar” (“New Life”, no original). Uma história que envolve “Amor e dor”, mas mostra os sentimentos de solidariedade, caridade e doação. Na plateia cinco pessoas. Em outra sala, tive a curiosidade de ir ver um filme de violência: casa cheia. Assim é a vida.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste, Ideias. 27/10/2017.

domingo, 26 de novembro de 2017

NOVEMBRO AZUL E A SAÚDE DO HOMEM


Isabel Cardoso (*)

O mito existente com relação ao exame e a resistência encontrada na população masculina ainda são muito significativos

O Novembro Azul é uma campanha com ênfase na prevenção e diagnóstico precoce do câncer de próstata, segunda maior causa de morte dos homens em muitos países. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a estimativa em nosso país para 2017 é de 61.200 novos casos, acarretando em 13.772 mortes.
A campanha visa também quebrar o preconceito do homem de ir ao médico, desmitificando o tabu de realizar o exame de toque retal, procedimento que mexe com o imaginário masculino devido ao estigma social.
A incontinência urinária, a disfunção erétil e a perda da autonomia são “fantasmas” que assombram durante o tratamento do câncer de próstata. O medo, a ansiedade e a negação da doença geram distorção no processo de comunicação culminando em fantasias que provocam mais sofrimento.
As questões culturais envolvidas no diagnóstico do câncer de próstata estão relacionadas diretamente ao sentimento social de onipotência e virilidade masculina que se caracteriza como principal fator da pequena procura dos homens aos serviços de saúde.
A penetração é considerada como violação, quase sempre considerada uma experiência dolorosa. Ser tocado em sua parte inferior é um desconforto físico e psicológico associado a vivências homossexuais. Existe o medo da ereção durante o exame, pois em nossa cultura a ereção é associada unicamente ao prazer, não se consegue imaginá-la como uma reação fisiológica.
O mito existente com relação ao exame e a resistência encontrada na população masculina ainda são muito significativos. Os homens não gostam de ser considerados “fracos”, carentes de ajuda e têm dificuldade em expressar seus sentimentos e emoções.
As mulheres procuram mais consultas médicas, declaram mais suas doenças, tomam mais medicamentos e se submetem mais a exames que os homens. Devem se enxergar como promotoras do autocuidado, da estimulação a hábitos de vida saudáveis, incentivando a adesão de seus maridos, filhos, amigos etc. a consultas e exames periódicos.
Essas ações possibilitam o aumento da expectativa de vida e a redução dos índices de adoecimento e mortes por causas preveníveis e evitáveis na população masculina. O acesso a informação também pode ser um caminho para a procura do profissional de saúde, pois existem outras doenças relacionadas à próstata que não necessariamente são malignas. A hora de procurar o médico é agora!
(*) Psicóloga do Instituto do Câncer do Ceará (ICC).
Fonte: Publicado In: O Povo, de 18/11/2017. Opinião. p.11.

Celebração dos 73 anos do Instituto do Câncer do Ceará


O Instituto do Câncer do Ceará - ICC celebrou na manhã de anteontem, 24 de novembro de 2017, os seus 73 anos de fundação.
Marcando a programação dessa manhã, houve no Auditório Lúcio Alcântara: 1) Assembleia dos Sócios do ICC, quando os dirigentes institucionais apresentaram relatórios das atividades desenvolvidas nos últimos doze meses; e 2) Homenagens dos 73 anos do ICC e da Casa Vida: Foram homenageados, neste ano, com uma Placa de Reconhecimento, à Sra. Águeda Pontes Caminha Muniz, à professora Maria Vaudelice Mota e ao Sr. Clóvis Rolim Júnior.
Coube-me o encargo de apresentar um breve currículo de cada homenageado, salientando os seus atributos e os feitos que justificaram as respectivas outorgas.
Da Sra. Águeda Pontes Caminha Muniz pôs-se em evidência a sua notável atuação frente à SEUMA, pautada pela modernização e sistematização de processos e serviços, acelerando significativamente a emissão de alvarás, beneficiando a sociedade civil, assim como, o progresso dos empreendimentos do Instituto do Câncer do Ceará.
A professora Maria Vaudelice Mota exerceu papel significativo na Secretaria de Saúde do Município, garantindo aos pacientes da rede pública mais acesso e agilidade no diagnóstico e laudos patológicos, que passaram a ser realizados no Laboratório de Patologia do ICC.
De espontânea generosidade, o empresário Sr. Clóvis Rolim Júnior destinou inestimável doação para a equipagem do Anexo 2, contribuindo para o início do atendimento da expansão do Hospital Haroldo Juaçaba, que beneficiará os pacientes do Sistema Único de Saúde – SUS.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Coordenador do CEP/ICC

sábado, 25 de novembro de 2017

É AZUL DE BRIGADEIRO!


Lúcio Flávio Gonzaga Silva (*)
O câncer de próstata é a neoplasia maligna mais comum do homem idoso na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil
A ideia é vestir de azul as cidades brasileiras. O homem, normalmente pouco zeloso por sua saúde, tem neste novembro a oportunidade de despertar para uma questão essencial: a prevenção do câncer de próstata.
Assim, o mês de novembro, em sua cor azul, no Brasil tem um significado especial. Ele simboliza o esforço da medicina brasileira, especialmente da urologia, para sensibilizar a sociedade ao enfrentamento dessa neoplasia bastante prevalente na população.
O propósito é conscientizar os homens para os cuidados de prevenção de doenças. Além do câncer de próstata (objetivo maior da campanha deste mês de novembro), que pode ser curado quando diagnosticado no seu começo.
É importante também lembrar outros dois tipos de neoplasias malignas urológicas que podem ser absolutamente preveníveis: o câncer de pênis, ainda presente – o qual pode ser evitado com medidas simples de higiene (um bom banho diário) -, e o câncer de bexiga (lembrem-se: parar de fumar é uma medida preventiva inteligente).
Porém, como o foco do mês é o câncer de próstata, fica a pergunta: há mesmo razão para um novembro azul?
A resposta é simples e afirmativa: o câncer de próstata é a neoplasia maligna mais comum do homem idoso na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil, que tem estimativa para de 61,82 casos para 100 mil homens, superior até mesmo que o câncer de mama (56,20 para 100 mil mulheres).
Ademais, essa neoplasia maligna é a segunda causa de morte dentre os homens. Para o brasileiro com 50 anos de idade e expectativa de vida, hoje, maior do que 25 anos, a probabilidade de morrer por câncer de próstata é 3%. A excelente notícia é a possibilidade real de diminuí-la com medidas de prevenção.
A Sociedade Brasileira de Urologia recomenda o exame retal digital e a dosagem sérica de PSA, anualmente, a partir dos 50 anos para todos os homens e a partir de 45 anos para aqueles com histórico familiar positivo (pai, irmão e tios portadores da doença).
Assim, tudo o posto, o novembro azul tem especificamente uma missão: chamar a atenção do homem para o cuidado com a sua saúde, para sua corresponsabilidade na luta pelo que lhe é de mais precioso: a defesa da vida. E como disse Sêneca, o grande escritor e intelectual romano, “é parte da cura o desejo de ser curado”.
Consta que um velhinho, bem velhinho, bateu na porta dos céus. São Pedro a abriu e perguntou: “Por que só chegou hoje? Esperávamos você há muitos anos”. Ele respondeu ao santo: “Cheguei, assim, muito tarde, somente hoje, porque todos os anos eu fazia minha prevenção do câncer de próstata”.
(*) Professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e conselheiro do Conselho Federal de Medicina.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 18/11/2017. Opinião. p.11.

CONVITE: Celebração Eucarística da SMSL - Novembro/2017


A Diretoria da SOCIEDADE MÉDICA SÃO LUCAS (SMSL) convida a todos para participarem da Celebração Eucarística do mês de NOVEMBRO/2017, que será realizada HOJE (25/11/2017), às 18h30min, na Igreja de N. Sra. das Graças, do Hospital Geral do Exército, situado na Av. Des. Moreira, 1.500 – Aldeota, Fortaleza-CE.
CONTAMOS COM A PRESENÇA DE TODOS!
MUITO OBRIGADO!
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Da Sociedade Médica São Lucas

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

DEMOCRACIA JUSTA

Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)
A política é mutável ou dinâmica, já a moral é permanente. O importante é compatibilizar a política e a moral dentro de bases éticas que respeitem a liberdade, a democracia, a estrutura legal e a justiça social. Vale lembrar Bacon: “Como é estranho ambicionar o poder e perder a liberdade”. Alcançaremos a verdadeira governabilidade mediante o atendimento das reais necessidades e carências do povo e não fazendo concessões e acordos que possam prejudicá-lo, objetivando a manutenção do poder. A rigor, é difícil imaginar soluções para os problemas de uma sociedade; enquanto as pessoas não tiverem consciência crítica ela não evolui. Buscar um mandato eletivo ou exercer uma atividade pública significa muita responsabilidade. Por outro lado, a coerência programática e de ideias, abrangendo indicadores políticos, administrativos, econômicos e sociais, nos leva ao caminho da justiça e da liberdade. A atividade estatal deve buscar o bem comum e não a vantagem de uma minoria ou de alguns que estão temporariamente no governo. O objetivo da política, todos sabemos, é a conquista, a expansão e a preservação dos espaços de poder. O embate e os jogos dos contrários constituem a essência dos sistemas democráticos, respeitando-se os princípios éticos e morais, bem como evitando-se emboscadas e conluios. É claro que a situação socioeconômica, notadamente nos países emergentes, incluindo-se o Brasil, ainda é muito grave, porém a desejada independência e harmonia dos poderes constituídos, a liberdade de imprensa e a consciência dos direitos e obrigações das pessoas, são pontos básicos para a consolidação da democracia.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste, Ideias. 20/10/2017.

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

BULLYING EM PERNAMBUCO

Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Acontece um reboliço em nossa cidade. Bullyng é a sua manchete. Seria, por acaso, alguma nova pandemia da gripe suína? Calma, leitor. Deixe-me explicar. O verbete inglês bullying (intraduzível palavra para o nosso vernáculo) é empregado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticado por um indivíduo considerado “valentão”, que utiliza o mesmo idioma; ou por um grupo de alunos, com o objetivo de intimidar ou agredir outro(s) colega(s) incapaz(es) de se defender no ambiente escolar.
Os pais estão apavorados com mais esta violência e, os professores, desorientados e temerosos. Pessoas competentes na área de Educação, donos de colégios, políticos, autoridades, pediatras, psiquiatras, psicólogos, professores e magistrados são mobilizados, quando o fato aparece em estabelecimentos de ensino. Em escolas públicas ou privadas, a maioria dessa violência passa despercebida, para quem não deseja enxergar o óbvio. Há sinais, indiretos e diretos, denunciadores. Tal modalidade de selvageria sempre existiu, apenas é subnotificada, seja por pretextos de ordem política, pública ou privada.
Um episódio do bullying veio à tona, envolvendo um conhecido educandário, e uma jornalista me telefonou, indagando: “O que o senhor acha, como psicoterapeuta de jovem, sobre a sentença de um Juiz, punindo severamente um desses agressores? O jovem mal completou 14 anos e o que vai acontecer se ele for preso junto com drogados e homicidas?
Ao que lhe respondi: “Em decorrência da complexidade do tema, eu não poderia emitir uma opinião e aprendi que sentença de Juiz é para ser cumprida e, depois, discutida”. Com essa postura frente à matéria, a jornalista omitiu o meu nome, e tampouco publicou minha explanação improvisada. Esta é, portanto, a razão da presente croniqueta.
Via de regra, o(s) Magistrado(s) procura(m), em primeira instância, afastar o(s) agressor(es) do ambiente onde vive(m). Ao mesmo tempo, não desconhecem a precariedade das atuais regras penais. Por dever de oficio, são vinculados a aplicar uma pena correcional ao(s) criminoso(s)/infrator(es), em reposta/defesa/profilaxia à sociedade, como pessoa(s) da Lei, apesar de, a maioria, estar ciente da precariedade correcional da pena aplicada.
Cabe ressaltar, no entanto, que jovens com condutas antissociais são frutos da sociedade em que estão engajados. É ela a responsável pela criação dos seus marginais. Sendo assim, faz-se necessária uma discussão ampla e pontual sobre o bullying. Tal discussão precisa ser mais que multidisciplinar, eu diria, tem que ser transdisciplinar dos saberes existentes. Apenas importar soluções de outros países, ou mesmo, de outros Estados, sem as devidas adequações, é bastante temeroso, uma vez que existe toda uma cultura local, com suas especificidades.
Portanto, devemos trabalhar para obter uma reposta para estes casos, dentro de nossa realidade. Devemos permanecer permeáveis, ainda, às medidas praticadas nas demais latitudes. É isto que o Diário de Pernambuco está procurando realizar, com seu Grupo de Estudos Contra a Violência, dentro dos muros das escolas, bem como nas periferias em que elas penetram. Muito em breve, creio eu, deverá surgir uma indefectível Organização Não Governamental (ONG) especializada em violência escolar!
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES). Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

CONVITE: Lançamento da Revista Anual da ACEMES


A Diretoria da Academia Cearense de Médicos Escritores (ACEMES) convida para o lançamento da sua Revista anual.
A obra, contendo a produção literária dos confrades desse sodalício, será apresentada pelo Presidente da ACEMES, o médico, escritor e professor José Maria Chaves.
Data: 22 de novembro de 2017 (quarta-feira).
Horário: 20h.
Local: Terraço Cultural José Telles – Ideal Clube, em Fortaleza-CE.
Traje: Esporte fino.

terça-feira, 21 de novembro de 2017

PAI DOS BURROS

Pedro Henrique Saraiva Leão (*)

É assim como alguns o chamam. Jocosamente. O respeitado escritor paulista Mário da Silva Brito, contudo, afirmava – com arrojo (atrevimento) ou certa imodéstia - ser o léxico (dicionário) “o pai dos inteligentes: os burros dispensam-no”. A seu respeito, Graciliano Ramos, alagoano de Quebrângulo (1892), um dos sóis da literatura brasileira no Nordeste (“São Bernardo”, “Angústia”, “Vidas Secas”) reconheceu: “não poderíamos trabalhar sem eles, como ( ) sem couro ou tijolos se fossemos sapateiros ou pedreiros”.

Penso assim também. Há muito estão meus dedos calejados de tanto abrir e folhear dicionários. Sempre cortejei-os, e – geralmente – fui recompensado. Aqui se impõe o advérbio, pois a palavra procurada, às vezes, ali não está.
Mesmo assim, nesses casos (raros) deparamos (encontramos) seus sinônimos ou correlatos. Ressalte-se, por igual, a prestimosidade destes livros, eis que respondendo nossas perguntas definem outros termos, acima e embaixo, nos dirimindo (anulando) outras dúvidas vernaculares, i.e., relativas à língua. Este é mais um dos seus encantos, estimulando maior conhecimento dos consulentes (quem consulta). O português originou-se do latim, e – consoante historiadores fidedignos os romanos ocuparam demoradamente a Inglaterra (do ano 55 antes de Cristo ao 6º século) ali inseminando esse idioma. Sua importância para os utentes (usuários) do português foi explicitada por um certo senhor Brander Mttheus, ao asseverar (assegurar, declarar): “não é preciso saber latim, mas devemos, pelos menos tê-lo esquecido”.
Com menos vocábulos contribuíram os gregos, sendo dos helênicos (da Hélade, ou Grécia Antiga) a formação da palavra “epicaricácia”, termo estrambótico (estapafúrdio ou bizarro, excêntrico) pouco conhecido. Vinda até nós pelos ingleses, “epicaricácia” não se encontra no Aurélio ou no Houaiss, mas na internet (Wikipedia). Deriva de “epi” = sobre + “chara” = alegria + “kakon” = mal, traduzindo-se por “alegria pela infelicidade de outrem”. Talvez seja mais conhecida em Alemão: “Schadenfreude” (“Schaden” = prejuízo; “Freude” = alegria) (In “Dictionary of Early English”. Joseph T. Shipley, Editor: Littlefield, Adams & Co. Paterson, New Jersey, EUA, 1963). Segundo o escritor norte-americano Gore Vidal, o fracasso dos amigos seria uma forma de felicidade. Já fui vítima dessa desfeita, perpetrada (cometida) por um colega, ex-estagiário, alegado “amigo–irmão”. “Hélas”!
Alguns leitores acusam-me de usar “palavras difíceis”, embora logo a seguir as defina. Faço-o, entretanto, para enriquecer-lhes o patrimônio vocabular, atualmente minguado pela falta de leitura, pela TV e pela internet. Recomendo ler/reler meu artigo “Vox barbara”, no O POVO, 14/10/2009. O primeiro léxico de Português foi a “Dictionarium Lusitanico in Latinum Sermonen”, por Jerónimo Cardoso, publicado em 1569.
Concluindo, tirante os dois acima mencionados, exemplifico com os clássicos Morais Silva (12 volumes), 1954; Laudelino Freire (5 volumes), 1940; Cândido de Figueiredo (2 volumes), 1945, além daqueles de Francisco Fernandes (Verbos e Regimes; Sinônimos e Antônimos; Regimes de Substantivos e Adjetivos). Lembro ainda os dicionários Latino – Português e Português – Latino, de Francisco Torrinha (Porto, 1942), além de inúmeros outros que tais, venerandos habitantes da minha biblioteca. 
(*) Professor Emérito da UFC. Titular das Academias Cearense de Letras, de Medicina e de Médicos Escritores.
Fonte: O Povo, 13/09/2017. Opinião, p.14.

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

GLORIOSO BRASIL

Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)
A Divina Comédia é um poema épico e teológico da literatura mundial, escrita pelo italiano Dante Alighieri (1265-1321). É formado por três partes: inferno, purgatório e paraíso, relatando em versos a história da conversão do pecador a Deus. É claro que nossa intenção, neste pequeno texto, é estimular o leitor a ler a obra de Dante e fazer uma analogia com o que vem ocorrendo nos últimos anos no Brasil e em muitas regiões do mundo. Jamais teria a audácia de em 22 linhas analisar o mencionado poema, que é apresentado em centenas de páginas. Todavia, Dante percorreu, na imaginação, o inferno e o purgatório acompanhado por Virgílio, escritor de Eneida no século I a.C., representando a Sabedoria Humana, e, ao lado da mulher amada Beatriz (Sabedoria Divina), percorreu o paraíso. Em síntese, Dante passou por lugares do pecado e da purificação e alcançou o reino da beatitude, ou seja, foi do inferno ao paraíso. Não desejamos tanto, para o mundo e para o Brasil. Mas almejamos, compatibilizando razão e fé, alcançar padrões de vida compatíveis com uma situação onde prevaleçam a paz, a correção comportamental, a ética, a justiça, enfim o amor. Particularmente, o nosso querido Brasil está atravessando uma crise sem precedentes. Não estamos discutindo e debatendo os reais problemas do povo. Porém, casos bizarros relacionados com determinadas pessoas e grupos. O Brasil sempre deverá ser democrático, com governos em que o povo exerça a soberania. As elites brasileiras, em todos os setores de atividade, precisam ler e interpretar, se possível, A Divina Comédia para que se encontre um contexto sem corrupção, justo e glorioso.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste, Ideias. 13/10/2017.

domingo, 19 de novembro de 2017

CONDUTA CTA


O Professor Geraldo Gonçalves, regente da disciplina de Reumatologia da Faculdade de Medicina, era também o responsável pelo Ambulatório dessa especialidade, no Hospital das Clínicas da UFC.
Suas aulas práticas eram muito concorridas, mercê da sua competência e bem-querência, associada ao trato humanitário que dava aos sofridos pacientes que ali chegavam.
Em 1969, Paulo Gurgel, aluno do quarto ano, estreava nesse ambulatório, um serviço caracterizado pela agilidade no atendimento e pelo aprendizado propiciado a vários acadêmicos, simultaneamente, sob a direta orientação do Prof. Geraldo.
Certa vez, depois que o acadêmico Paulo fez a anamnese, o paciente foi examinado pelo professor, sob os olhares atentos dos seus alunos. Concluso o exame físico, o docente indaga ao estudante Paulo:
– Enfim, qual é a sua impressão diagnóstica?
– Penso que, de acordo com a história clínica e também com os achados do exame físico, esse senhor tem artrite reumatoide – respondeu Paulo.
– Parabéns! O seu diagnóstico está correto. Mas qual será a sua conduta nesse caso, meu rapaz?
– Acho que devo prescrever anti-inflamatórios e corticoides – explica o estudante.
– Você está no rumo certo; porém, o mais apropriado é a “Conduta CTA” – estimula o professor.
– “Conduta CTA”? Desconheço tal conduta, mestre. É algo novo que ainda não está no nosso livro-texto?
– Isso não é teórico, meu filho; mas, uma questão prática, bem adequada à nossa realidade.
Nisso, o Prof. Geraldo Gonçalves levanta-se e vai até o armário para retirar algumas amostras para entregar ao paciente, e pontifica com toda a sua espirituosidade:
– “Conduta CTA” significa “Conforme Tenha no Armário”.
Para bem guardar na lembrança, o querido mestre juntava as amostras grátis, recebidas dos propagandistas de remédios, que, com regularidade, o visitava em sua clínica particular, para suprir o seu precioso armário do Ambulatório de Reumatologia do Hospital das Clínicas, os quais eram dispensados aos enfermos despossuídos. Não era ele um Robin Hood, tirando dos ricos para dar aos pobres, mas, movido por seus caros princípios da caridade cristã, guardava para distribuir com quem nada tinha, o que vinha às suas mãos, de graça e sem nenhum favor.
Fonte: SILVA, M.G.C. da. Conduta CTA. In: SOBRAMES – CEARÁ. À flor da pele. Fortaleza: Sobrames-CE/Expressão, 2017. 384p. p.234-4.
* Publicado, originalmente, In: SILVA, M.G.C. da. Contando Causos: de médicos e de mestres. Fortaleza: Expressão, 2011.112p. p.28-9.

CARMEM DE BIZET?


O Professor Geraldo Wilson da Silveira Gonçalves, quando diretor do Centro de Ciências da Saúde da UFC, recebeu em seu gabinete, uma dona, de boca carnuda e longas madeixas negras, que assim se apresentou:
– Muito prazer, Prof. Geraldo. O meu nome é Carmem.
– O prazer é todo meu – acusou o Prof. Geraldo, que para animar a conversa e fazer uma referência à famosa ópera-cômica em quatro atos do compositor francês Georges Bizet, arrematou:
– É a Carmem de Bizet?
– Não, professor! É de Oliveira. O meu nome completo é Carmem Felino de Oliveira.
– Oh, desculpe-me, senhora! Não sei de onde tirei esse sobrenome.
– Por nada, foi um enorme prazer conhecê-lo, Prof. Geraldo. Até mais ver!
– Até mais, moça!
E enquanto ela se retirava, ele começou a assobiar trechos da “Havanaise” ou “Habanera”, lembrando que o amor é livre como um pássaro rebelde, e falou baixinho:
– “La voilà! Voilà la Carmencita!”
A propósito, ela nem dissera a que viera, o que intrigou ainda mais o professor, que passou a imaginar ter visto a assombração de uma morena andaluza, com um xale nos ombros, batendo as castanholas e deixando espalhados no ar, sopros da tão conhecida Ópera Carmem.
Abrindo bem os olhos, nada restava ali, a não ser uma lembrança leve do cheiro de azeite de oliva, evocando o sobrenome da “gata” que, por acaso, tinha também um Felino, para acompanhar aquela aparição repentina, que tal como entrou, acabou saindo, deixando no rastro a ilusão de um contato de primeiro grau com “une femme fatale”.
Fonte: SILVA, M.G.C. da. Carmem de Bizet?. In: SOBRAMES – CEARÁ. À flor da pele. Fortaleza: Sobrames-CE/Expressão, 2017. 384p. p.233-4.
* Publicado, originalmente, In: SILVA, M.G.C. da. Contando Causos: de médicos e de mestres. Fortaleza: Expressão, 2011.112p. p.27-8.

sábado, 18 de novembro de 2017

GALINHA CHOCA


O Professor Geraldo Wilson da Silveira Gonçalves, pioneiro da reumatologia no Ceará, ministrava uma aula prática no Ambulatório do Hospital das Clínicas da UFC, no final dos anos sessenta, quando entrou, para atendimento, uma senhora procedente do interior cearense, lá das brenhas, como se diz.
A mulher apresentava problemas articulares, queixando-se de “reumatismo” nas pernas.
Nisso, um dos acadêmicos de Medicina, sequioso por fazer logo um exame de flexibilidade dos membros inferiores da paciente, impõe:
– Acocore-se, senhora!
– “Cuma”? – indagou, desentendida, a mulher.
Outro estudante, tentando ser mais explícito, fala à enferma:
– Agache-se, por favor!
– “Cuma” é, doutorzinho? – perguntou a paciente, ainda sem entender o que fazer.
Foi, então, que o Prof. Geraldo Gonçalves, percebendo a dificuldade de comunicação, na relação médico-paciente, zeloso e sempre muito afável, rogou:
– Minha senhora, por favor, fique do jeito de uma galinha choca.
– Ah, sim! É isso o que queriam? Disse ela – pondo-se de cócoras, ou como queiram, agachada sobre as pernas arqueadas.
Isto posto, o exame físico pretendido pode ser assim realizado e a mulher, que nem era de Quixadá, mas soube imitar, com perfeição, aquela obra da natureza, apelidada de Galinha Choca, na terra dos monólitos, onde, de vez em quando, segundo os ufólogos, um OVNI risca o céu, saiu lépida e fagueira, ainda que aqui e acolá, soltasse um ai, por conta da artrose identificada no seu joelho direito.
De volta aos “cafundós do Judas”, onde morava, ela teria muito a contar, principalmente, que um certo doutor mandara que ela se baixasse e fizesse que nem a sua galinha de pescoço pelado, que ciscava lá no terreiro. Só não pediu foi que ela também botasse um ovo. Aí, não tinha como obedecer. Era demais!!!
Fonte: SILVA, M.G.C. da. Galinha choca. In: SOBRAMES – CEARÁ. À flor da pele. Fortaleza: Sobrames-CE/Expressão, 2017. 384p. p.232-3.
* Publicado, originalmente, In: SILVA, M.G.C. da. Contando Causos: de médicos e de mestres. Fortaleza: Expressão, 2011.112p. p.26-7.

ANOS (IN)ENFESTADOS


Em 2003, algum tempo após as celebrações do Jubileu de Prata da Turma José Carlos Ribeiro, acontecidas em dezembro de 2002, dei uma carona ao patrono de nossa turma, o Prof. Geraldo Gonçalves, da Reitoria da UFC até sua residência, quando travamos o diálogo seguinte:
– Você precisa rezar para que eu viva mais cinco anos – rogou-me o querido professor.
– O senhor está nas minhas intenções, dentre aqueles amigos a quem peço ao Pai para que vivam muitos anos entre nós – eu retruquei – mas por que cinco anos?
– É porque eu gostaria de vê-lo ingressar em nossa Academia de Medicina.
– Não entendo porque esperar mais cinco anos, se já integralizei os vinte e cinco anos de formatura exigidos para admissão na Academia Cearense de Medicina.
– É porque mudamos, recentemente, o nosso estatuto, passando de vinte e cinco para trinta anos o tempo mínimo de formado em Medicina, como requisito para ingresso na ACM.
– Qual foi a razão para essa mudança, Prof. Geraldo?
– Bem! Nós achamos que, atualmente, com vinte e cinco anos de graduado, os médicos encontram-se, em geral, no pico da atividade profissional, muito ocupados em ganhar o pão, para sustentar à família ainda em formação, e, por isso, não dispõem de tempo para a Academia.
– É uma pena para mim, porque, há anos, cultivava a possibilidade de ingressar na ACM, tão logo quanto possível. Mas não será por esse motivo que rogarei a Deus que lhe dê mais cinco de anos de existência terrena.
– Você sabe qual é a minha idade, Marcelo?
– Sei que o senhor ingressou nos oitenta, há dois anos – respondi-lhe prontamente.
– Na verdade, eu prefiro dizer que tenho quarenta e um anos enfestados. Você sabe o que são anos enfestados? – indagou-me ele, ao perceber que não teria entendido o significado daquela expressão.
Com efeito, como sanitarista, imaginei que talvez o meu interlocutor tivesse querido usar uma parônima, fazendo lembrar, com essa expressão, a derivada da acepção Infestação, que, na terminologia própria da Epidemiologia, pode ser entendida como o alojamento, desenvolvimento e reprodução de artrópodes na superfície do corpo ou nas roupas de pessoas ou animais. Procurando intuir alguma associação com o processo infeccioso, na chamada relação agente-hospedeiro, não encontrei a devida guarida, e daí, pronunciei, laconicamente:
– Não!
– Como não?
– Confesso que não afinei para o que sejam anos enfestados, da forma como o senhor colocou.
– Mas você sabe o que é um tecido enfestado, Marcelo? – perguntou-me, como se desejasse me explicar, aos poucos.
Na hora matei a charada, ao recordar do tempo em que era comum encomendar a feitura de roupas às costureiras de bairro, quando os armazéns e lojas de tecidos ofereciam peças de tecido cuja medição era duplicada, porquanto vinham dobradas ao meio. Prontamente, lhe disse:
– Sei, sim! A medida do tecido era em dobro.
– Pois é, Marcelo. Cada ano vale dois. Dizendo desse modo, pareço mais novo, não é?
Pensei, comigo mesmo, que, usando desse recurso, a diferença entre a minha idade e a dele, beirava os dezesseis anos enfestados, muito pequena, por sinal, em termos paradoxais, considerando à jovialidade de espírito do professor Geraldo Gonçalves.
Fonte: SILVA, M.G.C. da. Anos (in)enfestados. In: SOBRAMES – CEARÁ. À flor da pele. Fortaleza: Sobrames-CE/Expressão, 2017. 384p. p.231-2.
* Publicado, originalmente, In: SILVA, M.G.C. da. Contando Causos: de médicos e de mestres. Fortaleza: Expressão, 2011.112p. p.24-5.

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

CARIDADE

Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)
Os sentimentos de solidariedade e amor com vista à busca da felicidade e ao propósito da vida são muito importantes. Por outro lado, o ódio, a falsidade, a inveja e a ambição, dentre outros, são comportamentos incompatíveis com uma existência saudável. Ademais, é mediante a oração e a meditação que se encontram estados mentais positivos e se afastam os negativos. O que somos é consequência do que pensamos. O que alcançamos decorre de nossa fé em Cristo e da força da esperança. Como seria bom se nos dias de hoje os líderes mundiais e as pessoas que decidem e formam opinião, seguissem o pensamento de São Francisco(mensageiro da paz e da humildade). Sem dúvida, poderíamos afirmar que os direitos individuais se baseariam no princípio da liberdade, enquanto os direitos sociais seriam alicerçados na igualdade de oportunidades. A violência em todas suas formas – como o desemprego, a fome, a corrupção, o analfabetismo, a discriminação, a indiferença – leva a sociedade a um clima de perplexidade e apatia, motivando mais violência, mais injustiça e mais supervalorização dos bens materiais, o que conduz à constituição de famílias desajustadas, onde a admiração e o respeito foram substituídos muitas vezes pela falta de amizade, de carinho e de compreensão. “É nos momentos de infortúnio que se pode confiar nos pais. Nossos pais nos amam porque somos seus filhos, e este é um fato inalterável”, assim disse Bertrand Russel(1872-1970). Acreditamos, ainda, ser a caridade a mais significativa das três virtudes teologais (fé, esperança e caridade), pois nela está implícito o amor a Deus e ao próximo.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste, Ideias. 6/10/2017.

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

MAPA DA INTOLERÂNCIA (I)

Por José Jackson Coelho Sampaio (*)
No Modelo Intolerância de nossa sociabilidade atual distinguem-se três tipos mistos: a) desconhecimento, insatisfação e desesperança; b) racionalização de reacionarismo e cultura autoritária; e c) produção paradoxal de intenções democrático-progressistas.
Exemplos:
Escola sem Partido – O processo ensino/aprendizagem é atravessado por teorias, técnicas, ideologias e subjetividades. Somos seres humanos formando seres humanos e o que as democracias denegam é catequese, proselitismo, cooptação. Como se forma um cidadão crítico evitando sua exposição ao debate das visões de mundo que orientam nossas práticas sociais? Recusar conteúdos oriundos de ideias de Freire, Morin, Marx ou Paulo de Tarso e Inácio de Loyola é tirar do aluno ferramentas problematizadoras. Havendo distorção, debatam-se na Escola os alcances e limites.
Censura à Arte – A experiência da nudez é tão antiga como a de vestir, para proteger os genitais de dentes e espinhos. Civilização que foque na liberdade tende a expor o corpo, o que gera senso estético, no geral, dessexualizador. Civilização que foque na repressão das espontaneidades tende a camuflar o corpo, acentuando, perversamente, a relação entre nudez e sexualidade. Vide a estatuária grega mutilada pelo Cristianismo ou pelos Otomanos. O menino que tome banho nu, com os pais nus, não se importará com a nudez de estátua ou pessoa, mas, a proibida da experiência, sim.
Cura Gay – Hétero, bi e homo são expressões da complexa e diversa sexualidade humana, somente vividas dolorosamente se entram em jogo repressão, humilhação, opressão. Qualquer uma pode resultar de constrangimento e levar a sofrimento. Também pode resultar de tendências familiares, sociais e culturais assumidas serenamente. A maior parte de nossa sexualidade é probabilística, em elo com potências genéticas, morfológicas, fisiológicas e psicossociais. Assim, mais de 95% das vivências de nossa sexualidade expressam descobertas e construções, não cabendo a rubrica de doença e intervenções curativas.
(*) Professor titular em saúde pública e reitor da Uece.
Publicado. In: O Povo, Opinião, de 31/10/17. p.10.

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

O “COR BOVIS” DO CAPELO


O Departamento de Fisiologia e Farmacologia deveria passar por uma ampla reforma; quando a Prefeitura da Universidade confirmou a demolição dos muitos compartimentos, o Professor Recamonde Capelo, de pronto, cogitou a possibilidade de construir uma “maloca” para uma prestadora de serviços.
Tratava-se da mais necessitada servente da Fisiologia, com seis filhos e sem um teto onde morar; para o popular Capelo, seria fácil obter dos escombros o material, reciclando-o, a fim de construir uma casinha para dita senhora. Com uma “vaquinha”, corrida entre os docentes, e o reaproveitamento dos entulhos da Prefeitura da UFC, o Prof. Capelo pode erguer uma casinha, em um pequeno terreno por ela “grilado”, localizado no bairro Siqueira. A casa era coberta com telhas e possuía três cômodos, e até uma cacimba foi escavada para garantir o suprimento de água.
A posse do novo imóvel foi o bastante para a servente mudar de “status” social, que, de imediato, “casou-se” com um soldado da Polícia Militar. Como consequência, o Departamento viu-se privado do serviço da trabalhadora, para a quem o trabalho já não convinha, por se sentir com uma certa estabilidade, ainda que sem emprego.
Depois de algum tempo de ausência, o Prof. Capelo solicitou à secretária do Departamento, para que readmitisse a servente. A razão do retorno foi porque o “marido” permutara a casa por um “fusquinha 66”, e, voltando de uma farra, os ocupantes do veículo despencaram da ponte sobre o rio Siqueira, pondo fim no único bem material do casal. Tudo voltou ao que era e, de novo, o “cor bovis” socialista do Prof. Capelo quebrou lanças para a reintegração da ex-empregada, o que de fato ocorreu.

Fonte: SILVA, M.G.C. da. Capelo, o mão-aberta. In: SOBRAMES – CEARÁ. Semeando cultura. Fortaleza: Sobrames-CE/Expressão, 2016. 320p. p.234.
* Publicado, originalmente, In: SILVA, M.G.C. da. Contando Causos: de médicos e de mestres. Fortaleza: Expressão, 2011.112p. p.75-80.

terça-feira, 14 de novembro de 2017

A exceção confirma a regra. Mais Médicos?

Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Notícia: Mais três novos cursos de medicina - agora são 256.
Dizem por aí que notícias nunca derrubam o mundo. O que derruba o mundo são os fatos. Vou falar do programa "mais médicos", que, pelo esquecimento midiático, parece ter acontecido nos tempos do Brasil colônia.
Assim mesmo, de quando em vez aparece uma apagada notícia como foi o caso do médico cubano que quer ou quis se casar com uma brasileira. Mas, de Medicina nada. Nem pioras nem melhoras. Mas vamos aos fatos.
Temos, cada vez mais, Escolas Médicas que formam mais pessoas do que o número de vagas para médicos recém-formados. Quanto à sua qualidade acadêmica, muito poucas delas podem ser acreditadas de mínima competência.
Mesmo assim, como o problema é de raiz (desde o início e qualidade do ensino primário, médio ou profissional, etc., etc.), não é necessário insistir na situação do ensino médico (para ficar na minha praia).
Tudo isto não impede de aparecer o fato da Saúde Mental, que acaba faltando, tanto no sentido ético como no moral aos jovens que são agredidos (quando não psiquicamente traumatizados), para poderem ser aceitos nas residências médicas para que obtenham alguns pontos a mais de vantagem para aprovação. Para isso, constrangidos são/foram ao passarem 12 longos meses em ambulatórios, onde falta de tudo, atendendo à população sem qualquer orientação. Imagine o nível do ensino nesses ambulatórios. Muito embora o salário seja integral e não enviado 70% para Cuba. Dinheiro não é tudo... para quem quer aprender.
Enquanto isso três novos cursos de Medicina (privados) foram reconhecidos em 03.07.15. Os valores das mensalidades desses cursos, por ordem crescente são: Faculdade UNIRG-UNIRG - Gurupi/TO R$ 3.014,55 - Faculdade São Leopoldo - Campinas R$11.706,15 (para pagamento em dia R$9.130,82). Bastaria ler o que diz o médico Bráulio Luna Filho, 61, presidente do Conselho de Medicina da São Paulo no artigo Ensino médico em crise, pacientes em risco (06.03.15): "Das 42 escolas do Estado de São Paulo, 30 participaram da avaliação. As 20 piores colocações ficaram com as instituições privadas, que cobram mensalidades entre R$ 6.000 e R$ 9.000, mas não oferecem em contrapartida formação adequada àqueles que investem no sonho de ser médico... dos formados nas escolas particulares. Houve um curso cujos alunos não ultrapassaram 13% de acertos". Quem desejar pode conferir: http://www.escolasmedicas.com.br/mensal.php
Concluo dizendo do perigo das transparências para os que desconhecem os fatos. Pensar que números significam saber e que não são facilmente manipuláveis.
Socorro-me de clichê, lugar comum e aproveito para escrever esta minha opinião, justo quando uma dessas três novas escolas (sem desmerecer e desconhecer as demais) é vinculada ao Hospital Israelita Albert Einstein, uma das melhores Instituições médicas do Continente.
Quando se junta verdade com mentira, fica muito difícil separar uma da outra. A exceção confirma a regra.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES). Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).
 

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