Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)
A despeito das raízes do
passado, as causas das desigualdades no Brasil encontram-se, principalmente,
nas limitações do processo de crescimento, nas tentativas fracassadas de ajuste
econômico e nas consequências pouco vantajosas do processo de reestruturação
econômica imposto pela globalização. Ao longo dos anos oitenta, o crescimento
econômico brasileiro foi prejudicado em razão da crise gerada pela dívida
externa, pelo progressivo déficit público e a consequente crise do Estado e da
administração pública, além da inflação decorrente e das tentativas
malsucedidas de estabilização econômica. Os resultados não poderiam ser outros
que não o agravamento dos problemas sociais, pois cresceu o contingente de
pobres e indigentes, acentuaram-se as desigualdades, tornando-se vulneráveis
vários segmentos da sociedade. Os efeitos também se fizeram sentir no nível de
desemprego em todo o País. O processo de urbanização foi muito veloz.
Formaram-se então os chamados “cinturões de
miséria” nas periferias das cidades,
acentuando a má distribuição de renda e abalando o crescimento econômico do
País. Na verdade, a perversa concentração de renda resulta no aumento do número
de pessoas vivendo em situação precária, sem acesso às mínimas condições de
saúde, educação e serviços básicos. Ademais, as desigualdades regionais
persistem. O Nordeste, por exemplo, ao longo do tempo, continua com um terço da
população brasileira e participa com apenas 13% a 14% do PIB. Faz-se necessária
a realização de investimentos compatíveis com o peso demográfico, de natureza
estrutural e não apensas circunstancial. Enquanto persistirem essas
desigualdades significativas, o Brasil não deixará de ser um país socialmente
injusto. Os brasileiros, democraticamente, esperam dias melhores, com eficácia
administrativa (boa gestão) e sem corrupção.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do
Ceará.
Fonte: Diário
do Nordeste, Ideias. 8/2/2019.
Nenhum comentário:
Postar um comentário