segunda-feira, 31 de março de 2025

A SANTA CASA E A SAÚDE PÚBLICA

Por Vladimir Spinelli Chagas (*)

Em diversos momentos, neste espaço e em outras oportunidades, vimos falando sobre a questão crucial de termos novamente a Santa Casa em pleno funcionamento, por tudo aquilo que ela representa para a sociedade cearense, desde o longínquo 1854, quando foram iniciadas as tratativas para a sua criação, concretizada em 14.03.1861, com sua instalação.

Durante esses anos, a Santa Casa funcionou como Maternidade, administrou uma Funerária e continua contando com o Hospital da Santa Casa, o Hospital Psiquiátrico São Vicente de Paulo, a gestão do Cemitério São João Batista e a Clínica Eduardo Salgado.

A crise atual, agravada durante a pandemia, é mais uma das muitas que as filantrópicas, via de regra, padecem por conta do subfinanciamento das atividades clínicas e cirúrgicas sob a Tabela SUS, com mais de 20 anos de defasagem.

As formas de solucionar o problema já foram também continuadamente expostas e resultaram em reunião no Ministério da Saúde, em setembro de 2024, de onde se saiu com o compromisso de ações, como o aporte emergencial de recursos e a cobertura do déficit mensal hoje existente.

Lamentavelmente, em início de fevereiro, voltou-se à estaca zero, alegando-se que as medidas haviam sido em caráter ad referendum, carecendo, portanto, de serem reiniciadas, causando tristeza e mal-estar entre todos os que acompanham a situação e se esforçam por solucioná-la.

Lembramos que, em 01.10.1895, pela Lei no. 278, o governo estadual autorizou o elevado aporte de 37.000$000 (em réis da época) para o resgate da dívida da Santa Casa. Em outros momentos, novos aportes foram feitos, porquanto os serviços são sempre remunerados abaixo dos reais valores.

Continuamos com a força e a resiliência em mantê-la aberta, em prol da população mais carente, mas reivindicamos a complementação dos valores da Tabela SUS e outras formas de transferência de recursos. Nos últimos anos, a Santa Casa vinha realizando em média 50 cirurgias por dia, podendo, com extensão de turnos, duplicar esse número, ajudando a reduzir as trágicas filas de hoje no Ceará.

Vamos continuar salvando vidas? A Santa Casa sabe como. 

(*) Professor aposentado da Uece, membro da Academia Cearense de Administração (Acad) e conselheiro do CRA-CE. Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 24/02/25. Opinião. p.20.

AINDA ESTAMOS AQUI

Por Sofia Lerche Vieira (*)

As últimas imagens de "Ainda estou aqui" costumam se confundir com uma plateia comovida e silenciosa. A experiência de ver o filme é única. A um só tempo, individual, coletiva e reverente. O que desperta tal sentimento?

São muitas as razões para aplaudir o filme de Walter Salles. O tema do trauma político nacional tem um sentido universal. Rubens Paiva expressa um caso brasileiro de tortura e morte durante a ditadura. Alexei Navalni, dissidente político russo, morto sob circunstâncias obscuras em 2024, foi reverenciado por mais de mil pessoas em 16 de fevereiro deste ano por ocasião do aniversário de sua morte.

É oportuna a forma escolhida para abordar o tema: a vida de uma família antes e depois da tragédia do assassinato de sua principal figura. A reconstrução através de imagens de luz e alegria, sombra e tristeza expressam um tratamento preciso de imagens onde se misturam flashbacks e cenas do contexto político. Sobre dessas duas realidades, paira a busca incessante da verdade que tem na figura de Eunice Paiva sua âncora. O drama pessoal se mescla, assim, com o contexto político ditatorial, entrelaçando os diferentes níveis de aproximação à realidade.

Outro destaque da obra é a economia de gestos e a inexistência de recursos e efeitos apelativos visível na controlada dor de Eunice e dos seus; nos gritos nos porões da ditadura; e, nos rastros de sangue que se procura expurgar pela lavagem do chão. Imagens grotescas são explícitas apenas nos personagens caricaturescos que levam Rubens Paiva preso para nunca mais voltar. O entrelaçamento entre o dito e o não dito, resulta em uma trama precisa, real e infinitamente triste.

A família, que não perde a capacidade sorrir mesmo em meio a tal adversidade, é o grande esteio da sobrevivência e superação. É exemplo de uma fé na vida que sequer os grilhões de uma ditadura torturante podem conter.

Contrapondo-se aos avanços de um crescente totalitarismo no Brasil e no mundo, a arte é a resposta singular de que, apesar de tudo, como Eunice e sua família, ainda estamos aqui. Venham ou não os Oscars, o filme já venceu!

(*) Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Uece e consultora da FGV-RJ.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 24/02/25. Opinião. p.20.

domingo, 30 de março de 2025

Obras de Michelangelo que todos deveriam conhecer IV

7. Moisés

Localizado na deslumbrante Basílica de San Pietro in Vincoli, em Roma, Moisés foi originalmente encomendada em 1505, pelo Papa Júlio II, como parte de seu monumento funerário, mas não foi concluída até depois de sua morte. Esculpida em mármore, esta escultura é notável pela inclusão de um par de chifres na cabeça de Moisés – o que se acredita ser o resultado de uma interpretação literal da Vulgata, uma tradução latina da Bíblia - e foi feita para ser acompanhada por outras obras, incluindo o Escravo Morrendo e Escravo Rebelde, alojados no Louvre, em Paris.

8. A crucificação de São Pedro

Este foi o afresco final que Michelangelo pintou durante sua vida. Ele reside na Cappella Paolina do Palácio do Vaticano e foi originalmente encomendado pelo Papa Paulo III, em 1541. Em contraste com muitas outras representações do santo da era renascentista, o trabalho de Michelangelo se concentra em um assunto muito mais sombrio - sua morte. Um projeto de restauração iniciado em 2004, de cerca de 12 milhões de reais, durou cinco anos e revela um aspecto muito interessante do afresco: os pesquisadores agora acreditam que uma figura vestida de turbante azul no canto superior esquerdo da pintura é, na verdade, o próprio artista. Se correta essa teoria, essa pintura seria o único autorretrato de Michelangelo de que se tem notícia.

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.


Obras de Michelangelo que todos deveriam conhecer III

5. O Tormento de Santo Antônio

O Museu de Arte Kimbell, no Texas, tem a honra de possuir o Tormento de Santo Antônio - a primeira pintura conhecida de Michelangelo - que teria sido pintada quando o artista tinha apenas 12 ou 13 anos de idade. Criado sob a tutela de seu velho amigo Francesco Granacci, este quadro foi citado por artistas e escritores do século XVI - Giorgio Vasari e Ascanio Condivi - primeiros biógrafos de Michelangelo - como uma obra realizada que embelezou criativamente a gravura original de Schongauer, e alcançou amplo reconhecimento.

6. Tondo Doni

Esta é a única pintura de painel sobrevivente feita por Michelangelo. Foi feita para o rico banqueiro florentino Agnolo Doni, que provavelmente comemoraria seu casamento com sua esposa Maddalena, filha da proeminente família nobre da Toscana, a Strozzia.

Ainda em sua moldura original - uma bela peça de madeira ornamentada e projetada também por Michelangelo - a obra reside na Galleria degli Uffizi desde 1635, e é a única pintura de Michelangelo que pode ser encontrada em Florença, na Itália.

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.



sábado, 29 de março de 2025

.Obras de Michelangelo que todos deveriam conhecer II


3. Baco

A primeira escultura em grande escala de Michelangelo, Baco, é, ao lado de Pietà, uma das poucas que sobreviveram desde seus primeiros dias em Roma. É também um dos poucos trabalhos que ele fez com foco nos pagãos, em vez de assuntos cristãos.

A estátua que retrata o deus romano do vinho em estado de embriaguez, foi originalmente encomendada pelo cardeal Raffaele Riario, mas ele a rejeitou. No entanto, no início do século 16, a obra encontrou um lar no jardim do palácio romano do banqueiro Jacopo Galli.

Desde 1871, Baco reside no Museo Nazionale del Bargello, em Florença, e é exibido ao lado de outras obras do mestre, incluindo seu busto Brutus e sua escultura inacabada, David-Apollo.

4. Madona de Bruges

Esta foi a única escultura de Michelangelo que saiu da Itália durante sua vida; foi doada para sua atual residência, Onze-Lieve-Vrouwekerk (Igreja de Nossa Senhora), em Bruges, em 1514, depois que os Mouscrons - uma família de comerciantes de tecidos belgas - compraram a obra em algum momento do início do século XVI. Em duas ocasiões, a escultura foi removida da igreja, primeiro durante as Guerras Revolucionárias Francesas, posteriormente devolvida em 1815, e logo depois saqueada novamente por soldados nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.


Obras de Michelangelo que todos deveriam conhecer I

 

1. O teto da Capela Sistina

Quando falamos em Michelangelo, um trabalho que instantaneamente vem à mente é o seu deslumbrante afresco pintado no teto da Capela Sistina, na Cidade do Vaticano. Encomendado pelo Papa Júlio II e criado entre 1508 e 1512, este trabalho, que descreve nove histórias do Livro de Gênesis, é considerado uma das maiores obras do Alto Renascimento.

Aparentemente, Michelangelo relutou em empreender este projeto porque ele acreditava ser melhor escultor do que pintor, mas ele obviamente estava sendo muito modesto, pois este trabalho continua a encantar com cerca de 5 milhões de pessoas que visitam a Capela Sistina todos os anos para ver essa magnífica obra-prima.


2. Davi

A escultura Davi é possivelmente a mais famosa do mundo. Foi esculpida ao longo de três anos, começando quando o artista tinha apenas 26 anos de idade. Ao contrário de muitas representações anteriores do herói bíblico que retratam Davi triunfante após sua intensa batalha com Golias, a escultura de Michelangelo mostra-o em uma posição tensa e alerta antes de sua luta lendária.

Originalmente posicionado na Piazza della Signoria, em Florença, em 1504, a escultura de 4 metros foi transferida para a Galleria dell'Accademia em 1873, onde permanece até hoje.

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.


Incríveis obras de Michelangelo que todos deveriam conhecer

Mais de 450 anos após sua morte, Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni continua sendo um dos artistas mais famosos do mundo. Ele é, sem dúvida, uma das figuras mais influentes da arte ocidental. Abaixo, vamos dar uma olhada em alguns de seus trabalhos mais importantes que todos deveriam conhecer.

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.


sexta-feira, 28 de março de 2025

Crônica: “O golpe da dentadura” ... e outro causo

O golpe da dentadura

Comício era com ele. Qualidade de político que não pode ver microfone e o verbo flui que é uma beleza; entre verdades e cavilações, deita e rola na boa vontade do eleitor. Numa dessas campanhas, período eleitoral decisivo, saiu de barco, rio abaixo, dirigindo-se à região amazônica comandada por um correligionário de nome Chicão. Pequena embarcação lotada de santinhos e ele vontadoso de ser sufragado, lá chegando à boquinha da noite. Povo já à espera do figurão à margem do corrente, gritando-lhe o nome.

Em breve tempo, tudo pronto pro início da "reunião pública ao ar livre" programada há semanas. Sistema de som acoplado à embarcação. E era assim, conforme relato do amigo Magno: candidato dirigir-se-ia ao povo do próprio barco, palco adequado pra ocasião, tendo ao lado tão somente o Chicão. Público feliz com a novidade, simpático ao que viria da boca do candidato. O companheiro abre o evento, apresentando Dr. Zezinho do Igarapé, "nosso representante na Assembleia. Só depende do nosso escrutínio".

Empolgado, o cicerone faz movimentos bruscos que balançam horrores o palanque improvisado. Daqui a pouco, ao rir desbragadamente das arrumações da liderança, a dentadura superior de Dr. Zezinho é arremessada às águas do rio. Vexame medonho. A palavra agora seria dele. Prótese no fundo do igarapé, o candidato, mão na boca, fala de "trevessa", informando que não tem condição de se pronunciar.

- Dr. Zezinho, faça comigo não, o senhor me acaba. Chamei todo mundo aqui pra ouvi-lo. E agora? - desespera-se o cabo eleitoral.

- Dê um jeito! Sem dentadura, banguela, não darei um pio!

Chicão tem ideia: chamar mergulhador e procurar, lá embaixo, os dentes postiços de Dr. Zezinho. Conhecia o melhor - Mané Turiba.

- Pelo amor de Deus, Mané, me salva! Encontra a dentadura desse homem - fala Chicão, mostrando o lugar provável. - Se achar, te dou 300 contos.

- Fechado, vou tentar!

Passados três minutos, o mergulhador emerge, dizendo que estava bem difícil, água escura, a profundidade. Chicão sobe 100 reais e pede que remergulhe. Nada. Mais 100 e o moço, pela terceira tibunga no rio. Nada de dentadura. Tempo passando, noite correndo ligeira, público ansioso à espera da fala do candidato, morto de vergonha.

- Pelo amor de Deus, Mané, Dr. Zezinho precisa falar! Tente. Te dou... mil reais!!!

- Ah! Tá bom!

Eis que o esforço sacrificoso - pela paga dos mil reais - foi recompensado. O mergulhador volta do fundo do rio com a dentadura de Dr. Zezinho em mão, entrega-a ao líder comunitário, recebe a grana e se manda. Correligionário bate palmas; plateia, sem nada entender, bate palmas também. Dentadura com o dono. Dirigindo-se ao microfone, bem escuro àquela hora, o candidato tenta encaixá-la, mas...

- A bicha não entra, Chicão. Já tentei dum lado, do outro... Dá na minha boca não!

Virando a cara pra trás, apruma a vista com a ajuda de uma lanterna e percebe não se tratar da dentadura dele. Reclama-se a Chicão e um grito alucinante ganha a Amazônia toda:

- Mané Turiba, seu fí de rapariga!!!

PS.: Por mil reais, Mané, o mergulhador, entregou a própria dentadura.

Bicho véi lesado ou véi lesionado?

O Poeta dos Cachorros Jair Moraes manda recado no zap, dizendo assim: "TMatos, o meu vizinho Zé dos Anjos, bicho véi lesionado, foi pai tão tarde que botou no único filho o nome de neto: José dos Anjos Neto".

Foi mesmo, Jair?!?

Fonte: O POVO, de 28/02/2025. Coluna “Crônicas”, de Tarcísio Matos. p.2.

quinta-feira, 27 de março de 2025

A DITADURA DOS DESEJOS

Por Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho (Doutor Cabeto) (*)

Parece-me óbvio o que as escolhas e os desejos podem provocar no futuro de uma pessoa, especialmente quando se vincula a objetivos de poder. Dependendo da escolha intima uma libertação ou escravidão.

Refiro-me, nesse momento, a qualquer forma de predomínio, das relações materiais às relações entre pessoas.

O fato é que ao fazer tal escolha, perde-se a capacidade de julgamento. Torna-se presa fácil da vaidade e desvia seus caminhos num sentido sem volta, traindo os preceitos morais e os valores da sociedade em que habita.

A solidão e o ostracismo serão inexoráveis. Se houver compreensão dos fatos, menos mal. Mas, se estiver absorto de suas meias verdades, estica uma imagem distorcida de si mesmo e da sua realidade. É uma exaltação narcísica. Talvez nesse aspecto se entenda a paixão por obras dos governantes. Além de um contexto fálico, esses excessos megalômanos sedam a angustia da verdade e da vulnerabilidade. Enfim, dá a eles, aos poderosos, uma sensação de força e poder.

Certa vez, ao conversar com um deles, que passava por um momento crítico de popularidade, quando se percebia, lembro com detalhes, deprimido e desconsolado. Foi quando mostrou-me fotos de algumas obras em andamento. E assim não hesitou e me disse - é disso que eu gosto.

Percebi, naquele instante, que os governados, o povo, eram apenas figurantes desse mundo próprio do poderoso.

Alguns argumentam que é somente corrupção, trocas de favor, caixa para campanha, aliciamento das lideranças e da população. No entanto, nesse palco encontramos alguns dos mais pesquisados aspectos do ser humano, uma mistura de estrionismo, narcisismo e sadismo.

Talvez tenhamos um pouco de cada uma dessas características, mas, no mundo do poder excedem-se os limites. Entre eles, o controle é raro e o deslize é frequente.

Por isso, creio eu, que a democracia seja vital. Não é perfeita, mas atende à maturidade de cada época e de cada geração, por mais contradições que existam.

Resta-nos, ao menos, pensar livremente, e facilitar a maturidade d’alma e crer com bom senso.

Pois, como pregava Santo Agostinho: ‘’A esperança tem duas filhas lindas, a indignação e a coragem; a indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão; a coragem, a mudá-las’’.

Enfim, é a temporalidade, a meu ver, a cláusula pétrea da democracia.

(*) Médico. Professor da UFC. Ex-Secretário Estadual de Saúde do Ceará.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 22/02/2025. Opinião. p.19


quarta-feira, 26 de março de 2025

UECE: 50 anos de uma universidade do povo

Por Hildebrando dos Santos Soares (*)

A Universidade Estadual do Ceará (Uece) completa 50 anos em 2025, em uma bonita trajetória de democratização do acesso à educação superior pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada.

Em 1975, a Uece nasceu com uma estrutura multicampi e interiorizada a partir da união das escolas de ensino superior existentes. Em 1979, iniciou a pós-graduação lato sensu e, em 1992, a stricto sensu. Em 2005, intensificou a atuação na EaD por meio do Programa UAB. Essas e outras conquistas marcam nossa história.

Somos hoje uma grande universidade, referência em ensino, pesquisa e extensão, com uma característica muito própria: a democratização do acesso à educação superior. A Uece está em 13 municípios, com campi e outras estruturas, e desenvolve EaD em 51 polos, com graduação e especialização, frutos, em grande parte, do maior e mais qualificado processo de expansão e interiorização de nossa história. Neste cinquentenário, inauguramos o Hospital Universitário do Ceará o maior do estado, vinculado academicamente à Uece, que amplia o acesso à saúde e fortalece a formação na área.

Na graduação, ofertamos 93 cursos presenciais e 13 a distância, além de 48 cursos de mestrado e doutorado que formam pesquisadores de alto nível em diversas áreas, contribuindo estrategicamente para o desenvolvimento do Ceará e para a sociedade. É o retrato do patamar de maturidade acadêmico-científica que a Uece atingiu, reconhecida nacional e internacionalmente.

O impacto das pesquisas e a qualidade da educação ofertada pela Uece têm uma característica muito própria: a dialética do conhecimento produzido na Universidade e a relação com o povo cearense e com os territórios, entendendo-os como espaços de relações e de complexidades, sobretudo, humanas. Dialeticamente, as pessoas que fazem a Uece iluminam caminhos de possibilidades para melhorar a vida de outras pessoas por meio da produção e da disseminação de conhecimento.

A Uece é uma universidade popular. Orgulhosamente, acolhemos das camadas mais vulneráveis da nossa população, que têm aqui a oportunidade de construir novos caminhos. Acolhemos as diversidades e, por isso, alinhamo-nos à construção de um mundo cada vez mais justo, sustentável e igualitário. O futuro é ainda mais brilhante! Viva a Uece! Viva o povo cearense!

(*) Reitor da Universidade Estadual do Ceará (Uece).

Fonte: Publicado In: O Povo, de 26/03/25. Opinião, p.17.


A SINDICALIZAÇÃO E A LUTA POR SAÚDE PÚBLICA

Por Luigi Morais (*)

Os sindicatos da área da saúde, como o Sindicato dos Médicos do Ceará, têm a obrigação de ir além da defesa de benefícios diretos dos profissionais que representam. A missão sindical é atuar como voz ativa na reivindicação de melhores condições de trabalho, que resultem em um atendimento mais digno à população. Não há como dissociar o bem-estar dos profissionais da qualidade do serviço prestado.

A luta por saúde pública de qualidade não pode ser travada individualmente. Cada profissional (médicos, enfermeiros, técnicos ou agentes comunitários) é peça indispensável nesse sistema. No entanto, é somente por meio da união das classes, articulada pelos sindicatos, que conseguimos força suficiente para reivindicar mudanças estruturais.

O Ceará tem vivenciado episódios que ilustram claramente a importância dessa atuação. A falta de insumos e de profissionais em unidades de denunciados pelo Sindicato em diversos municípios, os recorrentes atrasos salariais e as dificuldades enfrentadas no Instituto Dr. José Frota (IJF) são exemplos concretos de que a saúde pública está em colapso.

A sindicalização, nesse contexto, é a ferramenta que permite resistir a essas adversidades e projetar mudanças reais. Reivindicar melhores condições de trabalho é reivindicar respeito ao usuário do SUS, ao trabalhador da saúde e à ideia de que a saúde é um direito fundamental. A luta sindical é, portanto, uma luta de todos — profissionais e sociedade — pela dignidade no atendimento, pela valorização da saúde pública e pela construção de um sistema mais justo e eficiente.

(*) Presidente interino do Sindicato dos Médicos do Ceará.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 16/02/2025. Opinião. p.16.

terça-feira, 25 de março de 2025

A POLÍTICA DE EDUCAÇÃO INTEGRAL NO CEARÁ

Por Luiza Aurélia Costa (*)

A política de educação integral no Brasil visa proporcionar aos estudantes uma formação completa, abrangendo aspectos acadêmicos, sociais e culturais. No Ceará, essa abordagem tem sido implementada com o objetivo de ampliar o tempo e os espaços de aprendizagem, promovendo uma educação que valorize o desenvolvimento integral dos alunos, atendendo suas necessidades físicas, emocionais e cognitivas.

Baseada no conceito de educação como reconstrução da experiência, inspirado pelos princípios da escola nova e pela pedagogia de John Dewey, a educação integral busca integrar o estudante à sociedade e ao seu contexto cultural. Dewey defendia que a educação deve ser um processo contínuo e ativo, com foco no aprendizado, que ocorre através da vivência e interação do aluno com seu ambiente.

Programas como o Programa de Aprendizagem na Idade Certa (Paic), voltado para o ensino fundamental, e as Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral (EEMTIs), implantadas no ensino médio, exemplificam a implementação dessa política no Ceará. O Paic tem mostrado bons resultados, especialmente no que diz respeito à alfabetização e ao aumento da taxa de escolarização. Já as EEMTIs têm proporcionado uma jornada escolar mais extensa, com atividades complementares que incluem áreas como arte, cultura e protagonismo juvenil, contribuindo para a formação de cidadãos mais preparados para o mercado de trabalho e para a participação ativa na sociedade.

A adoção da educação integral no Ceará tem gerado avanços significativos, como o aumento do Ideb e a redução da evasão escolar. Esse modelo de ensino tem sido eficaz na construção de uma educação de qualidade e equidade, proporcionando a todos os alunos, independentemente de sua origem social, a oportunidade de uma formação completa.

Com esses avanços, a educação integral no Ceará tem se consolidado como um exemplo positivo de política pública educacional, refletindo o compromisso do estado com a qualidade da educação e a transformação social. A continuidade desse modelo educacional será essencial para garantir melhores condições de aprendizado e formação para as futuras gerações, sendo um importante pilar para o desenvolvimento educacional do país.

(*) Conselheira do Conselho de Educação do Estado Ceará.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 23/02/25. Opinião. p.18.


segunda-feira, 24 de março de 2025

A ECONOMIA DO PATRIMÔNIO CULTURAL

Por Cláudia Leitão (*)

O que há de comum entre a Igreja de São Francisco de Salvador e a catedral de Notre Dame de Paris? Além do imenso valor simbólico que representam, ambas foram vítimas de grandes desastres. Das manchetes da grande midias à demagogia dos discursos políticos, até mesmo à produção de séries televisivas, as tragédias vividas pelo patrimônio cultural nos fazem refletir sobre o lugar da política patrimonial na agenda mundial de desenvolvimento das cidades.

Conservar, preservar, salvaguardar, valorizar são palavras em constante disputa, diante das imagens de destruição dos bens culturais que não cessam de proliferar. A terra treme, desliza e desmorona, tal qual o patrimônio cultural, refletindo misérias, ganâncias e negligências das nossas sociedades. Por isso, desigualdades, exclusões, imperialismos, entre tantos outros sintomas da degenerescência do humano, também podem ser observados a partir das ameaças ao patrimônio cultural.

Mas se o patrimônio cultural está vivo e nos diz quem somos, as políticas patrimoniais deveriam reagir ao seu isolamento, reposicionando-o para o centro de um ecossistema cujas conexões políticas, sociais, econômicas e ambientais não podem ser desconsideradas. Enquanto construção social, o patrimônio cultural expressa a vontade de agentes públicos e privados no enfrentamento da sua destruição e/ou esquecimento. A suprema beleza do barroco brasileiro e do gótico francês, presentes na Igreja de São Francisco e na Catedral de Notre Dame, são expressões artísticas, ao mesmo tempo em que constituem lugares da memória e do reconhecimento da força criadora da humanidade. Mas esses templos também simbolizam uma oportunidade de reorientação econômica para as cidades. Salvador e Paris reconhecem a importância do turismo patrimonial em suas economias.

Afinal, a necessária integração de políticas para o turismo e a cultura determinarão a sobrevivência e a integridade dos bens culturais. Não se trata da mera mercantilização de monumentos, obras e sítios, mas, sobretudo, da formulação urgente de políticas públicas para a economia do patrimônio que contribuam para a formulação de políticas transversais que garantam os usos sustentáveis do território.

(*) Cientista Social. Professora da Uece. Sócia da Tempos de Hermes Espaço Criativo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 17/02/25. Opinião. p.18.

domingo, 23 de março de 2025

RESUMO BIOGRÁFICO PÓSTUMO DE JOSÉ ADÃO LOPES

 

Por Franzé Lopes (sobrinho de José Adão Lopes)

José Adão Lopes nasceu no dia 23 de dezembro de 1949, no município de Limoeiro do Norte no Ceará. Estudou no Colégio Diocesano de Limoeiro do Norte, cidade onde cresceu. Menino prodígio cheio de dons e talentos, dono de um boletim impecável, tocava clarinete na banda de música do colégio.

Chegando à idade de prestar serviço militar, alistou-se na Força Aérea Brasileira, vindo a servir na Base Aérea de Fortaleza, onde conquistou a patente de Cabo. Nesse mesmo período se inscreveu para fazer o vestibular da Universidade Federal do Ceará de 1972, no qual tirou notas muito altas que o levaram a optar pela Faculdade de Medicina. Tentou conciliar a vida militar com a faculdade, mas terminou optando por apenas estudar, pois trazia em seu DNA o gene da medicina herdado de alguns de seus ancestrais judeus sefarditas que tinham o mesmo ofício.

Em 1977, graduou-se em medicina com seu irmão Antônio Ferreira Lopes. Médico renomado e de sucesso, especializou-se como anestesiologista. Já formado ingressou como Primeiro Tenente no corpo médico da Polícia Militar do Ceará, no qual ficou pouco tempo.

De acordo com o depoimento colhido por mim do seu amigo Dr. Cândido Pinheiro Koren de Lima, “Adão participava das grandes equipes médicas da cidade de Fortaleza, sendo requisitado por todos, inclusive por mim, quando precisava me submeter à algum procedimento cirúrgico, fazia questão que ele fosse o anestesista da equipe".

Juntamente com outros médicos, Dr. Adão foi homenageado postumamente pela Sociedade de Anestesiologia do Estado do Ceará por sua contribuição para o desenvolvimento da profissão. Os novos profissionais da área eram sempre bem recebidos e orientados por ele.

Para finalizar, gostaria de citar duas palavras que representam o seu caráter e personalidade, as quais são: bondade e generosidade.

Dr. José Adão Lopes faleceu no dia 23 de março de 2023 em Fortaleza.

Nota do Blog: Hoje, 23/03/25, completam-se dois anos do falecimento do nosso querido amigo e colega, cujo desaparecimento terreno causou grande consternação entre médicos cearenses, sobretudo dos egressos da Turma Dr. José Carlos Ribeiro, que concluíram medicina na UFC em dezembro de 1977.

Marcelo Gurgel Carlos da Silva - Editor


Causo Médico: A SUPERSTIÇÃO DO VIAJOR

Havia, na Faculdade de Medicina da UFC, um brilhante professor, o qual, em que pese ser detentor de uma sobeja erudição, não conseguia se liberar de uma inaudita superstição que o acompanhava desde a remota idade, indo até o final de sua existência. Especificamente, manifestava-se supersticioso com respeito às suas costumeiras viagens de avião, quando somente saía de sua casa “pulando” o janelão da sala que dava para a varanda.

Uma vez, ao deixar a sua residência, acompanhado por sua consorte, para viajar ao exterior, lembrou-se de que, no atropelo da saída, deixara a residência pela porta principal. Isso o levou a retornar à sua moradia, fazendo com que o seu antigo jardineiro, a quem confiara a custódia da casa, abrisse o portão, a porta e o famoso janelão, por onde, segundo ele, teria que se dar a sua partida. Fez isso, mesmo correndo risco de chegar atrasado no aeroporto, apesar de ser um cultor da pontualidade britânica.

Alguns anos mais tarde, quando já aposentado da universidade, a sua residência recebeu, na calada da noite, por mais de uma vez, inoportunas visitas de amigos do alheio, ocorrências que levaram a família, por uma questão de segurança, a gradear as possíveis vias de acesso ao recinto do lar, incluindo o janelão de passagem.

Essa medida foi por ele interpretada como um sinal de que não deveria mais viajar, o que efetivamente aconteceu. Por via das dúvidas, pensava: “era melhor prevenir do que remediar”. Mais que muitos, ele conhecia a velha expressão em castelhano, a língua secundária dos seus ancestrais galegos: “Io no creo en las brujas, pero que las hay, hay”.

Viajar, a partir de então, ficou só através dos livros, um prazer do qual ele nunca se afastou, e das ondas curtas do seu velho rádio, quando, tarde da noite, escutava as programações da Deutsch Welle alemã e da BBC britânica.

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Da Sobrames/CE e da Academia Cearense de Médicos Escritores

Fonte: SILVA, Marcelo Gurgel Carlos da. Medicina, meu humor! Contando causos médicos. 2.ed. Fortaleza: Edição do Autor, 2022. 144p. p.60-61.

* Republicado In: SILVA, M.G.C. da. Causo médico: a superstição do viajor. Revista AMC (Associação Médica Cearense). Dezembro de 2023 - Edição n.28. p. 42 (online).

sábado, 22 de março de 2025

Causo Médico: O EXAME DO MAIS VELHINHO

Na década de 1960, uma paciente, recém-admitida no Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Ceará (UFC), estava com a sua história clínica incompleta, porque não permitiu ao interno e à residente do leito examiná-la, quando do seu internamento, na noite anterior.

Pela manhã, por ocasião da visita aos pacientes das enfermarias da Unidade de Clínica Médica, os vários professores tentaram persuadi-la da importância em ser examinada, a fim de se obter o diagnóstico e propor o tratamento apropriado.

A mulher, plena de pudores, relutava muito em ceder; porém, já um tanto temerosa do agravamento de sua enfermidade, acatou, com uma condição:

– Eu aceito ser examinada, mas só por um de vocês.

– Está bem, minha senhora! Escolha, então, um de nós – falou o Chefe do Serviço de Clínica Médica do Hospital das Clínicas.

– Eu quero aquele! O mais velhinho – disse a paciente, apontando para um dos professores.

Os colegas docentes se entreolharam, como desejando rir da escolha feita, não o fazendo em respeito à enferma. Na verdade, o professor por ela escolhido era o mais novo do grupo, pois apenas possuía os cabelos encanecidos, desde bem jovem.

Felizmente, graças ao seu apurado exame, foi possível firmar o diagnóstico e a paciente teve o seu problema debelado no devido tempo.

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Da Sobrames/CE e da Academia Cearense de Médicos Escritores

Fonte: SILVA, Marcelo Gurgel Carlos da. Medicina, meu humor! Contando causos médicos. 2.ed. Fortaleza: Edição do Autor, 2022. 144p. p.57.

* Republicado In: AMC. Causo médico: o exame do mais velhinho. Informativo AMC (Associação Médica Cearense). Novembro de 2023 - Edição n.27. p.34 (online).

CONVITE: Celebração Eucarística da SMSL - Março/2025


 
A Diretoria da SOCIEDADE MÉDICA SÃO LUCAS (SMSL) convida a todos para participarem da Celebração Eucarística do mês de março/2025, que será realizada HOJE (22/03/2025), às 19h, na Igreja de N. Sra. das Graças, do Hospital Geral do Exército, situado na Av. Des. Moreira, 1.500 – Aldeota, Fortaleza-CE.

CONTAMOS COM A PRESENÇA DE TODOS!

MUITO OBRIGADO!

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Da Sociedade Médica São Lucas

 

sexta-feira, 21 de março de 2025

FOLCLORE POLÍTICO: Porandubas 835

Abro a última coluna de janeiro com duas historinhas.

Água no feijão

Getúlio Vargas recebe o repórter no Palácio do Catete:

- "Presidente, para vencer na política, o que é necessário?"

- Vargas: "Muita coisa. Por exemplo, boa memória. A política é como água no feijão. O que não presta flutua. O que é bom repousa no fundo".

Pequena reflexão. Tirando a diferença histórica: quem é bom e quem não presta na política brasileira? Quem flutua na água e quem está no fundo? Um prêmio para quem acertar a resposta.

(Contada por Sebastião Nery)

Será o Benedito?

Às vésperas da escolha do interventor de Minas Gerais, em 1934, Benedito Valadares se encontrou no Rio de Janeiro com José Maria Alkmin:

- Se você for o escolhido, me convida para secretário?

- Você está louco, Benedito?, respondeu um divertido Alkmin.

Dias depois, Getúlio Vargas anunciaria a escolha de Valadares, que logo recebeu um telegrama: "Parabéns. Retiro a expressão. Ass. Zé Maria".

Zé Maria Alkmin acabou nomeado secretário do interior.

(Enviada por Álvaro Lopes)

Fonte: Gaudêncio Torquato (GT Marketing Comunicação).

https://www.migalhas.com.br/coluna/porandubas-politicas/401150/porandubas-n-835

quinta-feira, 20 de março de 2025

Aumento de Tarifas dos EUA contra a China Prejudica o Mundo

Por José Nelson Bessa Maia (*)

As relações entre a China e os EUA remontam a 1844, quando ambos firmaram o Tratado de Wanghia. Nos 180 anos seguintes, seu relacionamento oscilou entre fases de aproximação e afastamento.

Com a ascensão pacífica da China a partir de 1978 e seu rápido desenvolvimento os meios dirigentes dos EUA sentem-se incomodados com o risco de perda de sua hegemonia. Os Estados Unidos como a China se vêm então envolvidos numa competição que abrange os campos econômico, tecnológico e geopolítico, com impactos sobre a governança global.

Atualmente, China e EUA, apesar de sua interdependência produtiva e de serem as maiores economias e exportadores mundiais, não contribuem igualmente para a estabilidade e o dinamismo econômico do Planeta. Enquanto a China atua positivamente, os EUA se tornam cada vez mais protecionistas e menos cooperativos, afetando adversamente a economia internacional.

De fato, o novo governo dos EUA aplicou tarifa adicional de 10% sobre bens importados da China, sem uma razão plausível. Trata-se de imposição unilateral de tarifas que viola as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). Uma medida que barra a tão necessária cooperação econômica entre a China e os EUA e ameaça as cadeias globais de suprimentos, com impactos adversos sobre a produção industrial e o comércio internacional.

A China reagiu com tarifa extra de 15% sobre carvão e GNL dos EUA e de 10% para petróleo bruto, equipamentos agrícolas e certos tipos de automóveis. Ademais, apresentou contestação na OMC pelas tarifas discriminatórias impostas pelos Estados Unidos sobre seus produtos e impôs controles de exportação a minérios estratégicos. No entanto, apesar da retaliação defensiva, a China mantém-se aberta ao diálogo para resolver esse impasse e normalizar suas relações comerciais com os EUA.8

A nova onda protecionista dos EUA não influenciará negativamente apenas o fluxo comercial e o crescimento das economias. Sua visão "neomercantilista" e abordagem truculenta afetará também os alinhamentos geopolíticos atuais. Mesmo países aliados perderão a confiança nos Estados Unidos como parceiro comercial. Isso poderá levar a uma reconfiguração de laços entre a Europa e a Ásia. As tarifas mais altas aumentarão a distância geopolítica no mapa do comércio global, ampliando o fosso diplomático entre os Estados Unidos e outros países.

(*) Mestre em Economia e doutor em Relações Internacionais pela UnB e ex-secretário de Assuntos Internacionais do governo do Ceará. Pesquisador independente das relações China-Brasil, China-Países Lusófonos e China-América Latina.

Fonte: O Povo, de 19/02/25. Opinião. p.19.

quarta-feira, 19 de março de 2025

Cidades do Cariri estão entre as dez melhores do Ceará para residir

Por Rita Fabiana Arrais (*)

No atual cenário socioeconômico do país, o local de moradia é o trunfo que possibilita os indivíduos saciarem as necessidades básicas sem maiores gastos além daqueles programados mensalmente. Pode-se encontrar um celeiro de oportunidades no campo profissional com remunerações consideráveis, ou empreender no mercado local.

É bem verdade que não buscamos somente isso! Com o tempo passamos a querer uma vida para além do labor, uma qualidade de vida. E o que é isso?

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2003), qualidade de vida é "a percepção do indivíduo de sua inserção na vida", considerando o dinamismo das relações sociais e as sensações de bem-estar como, por exemplo: saúde, educação, cultura, lazer, meio ambiente.

No ano de 2024 buscou-se mensurar a qualidade de vida em cada cidade do Brasil - por meio do Índice de Progresso Social - pautando-se na avaliação de 53 indicadores sociais e ambientais divididos em três grupos (Necessidades Humanas Básicas, Fundamentos do Bem-estar e Oportunidades), com escala de pontuação de 0 a 100.

O Ceará, a nível nacional ficou com a décima terceira posição, e sua capital em décimo oitavo. A Região Metropolitana do Cariri (RMC) dominou o top 10 das melhores cidades cearenses para se viver bem. A cidade de Juazeiro do Norte ocupou a segunda colocação (64,4 pontos) mostrando maior força nos critérios de Fundamentos do Bem-estar e Oportunidades, Crato a quarta colocação (62,86 pontos) com destaque também nesses itens e Brejo Santo em nono (61,24 pontos) demonstrando força nas Oportunidades.

Esses dados trazem à reflexão o abismo entre Crescimento Econômico e Desenvolvimento Social, pois se levarmos em consideração o PIB per capita da cidade de Barbalha nessa mesma pesquisa, encontraremos valores maiores do que Crato e Brejo Santo, contudo a cidade ficou apenas em quinquagésimo quinto (58,43 pontos).

Ressalta-se que relatórios baseados em dados públicos são relevantes para que haja avaliações mais profundas em relação aos gargalos que impedem melhores desempenhos quanto ao saciar das necessidades da população e a qualidade de vida. E para isso, é preciso rever o benefício coletivo do uso dos investimentos públicos e incentivos privados.

(*) Economista.

Fonte: O Povo, de 14/02/25. Opinião. p.17.

terça-feira, 18 de março de 2025

O PORQUÊ DA MINHA PREOCUPAÇÃO ATUAL

Por Pedro Jorge Ramos Vianna (*)

Como já escrevi sobre a campanha do Senhor Trump à presidência dos EUA, venho, agora, descrever a causa da minha preocupação.

Para tanto elaborei alguns pontos para comparação entre o comportamento de Adolf Hitler e do Senhor Donald John Trump em seus temas de campanha; anotei as características pessoais de cada um e seus comportamentos face à Constituição de seus países.

No que diz respeito aos temas de campanha é notória a semelhança: ambas baseadas em mentiras; ambas tiveram como tema a "nação grande"; ambas propagavam ódio a alguma raça; ambas foram apoiadas pela extrema direita; ambas tinham a luta contra o desemprego como ponto focal.

Quanto às características pessoais, temos as seguintes: a) ambos foram julgados e condenados pela justiça de seus países; b) ambos usam gestos teatrais; c) ambos apresentam pouca cultura; d) ambos são homofóbicos; e) Hitler foi acusado de ter sido culpado pela morte de uma sobrinha (pela qual diz-se que ele era apaixonado), enquanto Trump teve envolvimento com mulheres fora do casamento; Hitler foi soldado (Cabo) do exército alemão; Trump se esquivou dessa obrigação com atestados médicos; Hitler foi cumpridor de suas obrigações para com o Fisco. Trump teve vários problemas com o Fisco americano.

Finalmente, registro que se diz que Hitler estimulou a queima do "Reichstag" e o mesmo se diz para Trump, no que respeita à invasão do Capitólio.

Há a possibilidade de termos se não, um novo Hitler, mas um regime belicoso, capaz de invadir a Groelândia, ou o Canadá, por exemplo?

A obsessão do Sr. Trump por um Estados Unidos grandioso, por manter o dólar como moeda universal, por dominar o que ele chama de "áreas de extrema importância" para a segurança de seu país, talvez o leve a pensar que ao tomar qualquer atitude contra qualquer país, esteja fazendo um bem ao tal país.

Quem sabe ele se lembre que a Áustria recepcionou Adolf Hitler com mais de um milhão de pessoas em uma praça de Viena.

Adolf Hitler para conseguir o apoio do povo alemão tinha a seu favor um sistema de propaganda, via rádio e jornal, dominado pelo partido nazista, para propagar o que hoje se conhece como "fake news". Mas, atualmente, a televisão está aí para mostrar ao vivo o que de fato acontece no país.

Porém, notem, o Sr. Trump não descuidou de trazer para o seu "time", para trabalhar diretamente com ele, um dos homens mais poderosos do sistema de informação mundial, o Senhor Elon Musk, o dono, por exemplo, da Empresa "SpaceX e da "X", o qual demonstrou, explicitamente, com seu gesto, sua admiração por Hitler.

É importante lembrar que a "SpaceX" monitora satélites (inclusive militares) e a "X" pode propagar "fake news".

O mundo está perplexo; e eu, preocupado!

(*) Economista e professor titular aposentado da UFC,

Fonte: O Povo, de 9/02/25. Opinião. p.20.

segunda-feira, 17 de março de 2025

UECE: 50 anos de excelência na educação

Era criada há 50 anos a primeira universidade pública do Estado. Neste meio século de fundação, celebrado neste mês, a Universidade Estadual do Ceará (Uece) é reconhecida como um patrimônio fundamental na educação do Estado, como um catalisador de transformações sociais e econômicas e como um instrumento de extrema relevância no desenvolvimento especialmente nos municípios, ao executar sua vocação de interiorizar a educação pública.

Nestas cinco décadas, mais de 65 mil profissionais foram formados pela Universidade, o que representa uma significativa contribuição para diversas áreas no mercado profissional e nos institutos de pesquisa e ciência. A Uece tem 15 centros e faculdades em diversas regiões do Estado, fazendo com que milhares de cearenses tenham acesso à educação de qualidade e se capacitem.

A Uece tem hoje os campi em Fortaleza (campus Itaperi, Campus de Fátima e 25 de Março) e no Interior, nos municípios de Itapipoca, Crateús, Limoeiro do Norte, Quixadá, Iguatu, Mombaça, Tauá, Quixeramobim, Canindé, Aracati, Pacoti e Guaiúba. São 18.088 alunos de graduação matriculados, dos quais 71,3% são oriundos de escolas públicas. Além disso, há 4.362 estudantes matriculados na pós-graduação.

Na última segunda, dia 10, a Universidade foi celebrada em sessão solene na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece), com a homenagem aos ex-reitores da instituição. Foi um momento de relembrar o quanto a universidade pública é capaz de mudar vidas e transformar a realidade de locais com a promoção do conhecimento. A Uece teve, desde a sua fundação, 13 reitores.

O POVO se orgulha de ter noticiado, na edição de 10 de março de 1975, em manchete na página 10: "Universidade pronta para ser implantada". Informou: "Ao homologar, domingo passado, a Resolução No 2, do Conselho Deliberativo da Fundação Educacional do Ceará, o governador Cesar Cals deu o último passo na estruturação jurídica e administrativa da Universidade Estadual do Ceará, a que a FUNEDUCE se propôs. Segundo a lei No. 9.753 [...], coube à Fundação criar as condições para a criação de uma Universidade Estadual. A instituição, presidida por dona Antonieta Cals de Oliveira, [...] sugeriu ao Governador, então que as suas escolas de aglutinassem numa Universidade." (sic)

Desse modo, meio século depois, O POVO parabeniza à instituição pela existência e, sobretudo, pelos serviços de alta qualidade prestados à sociedade, por meio de docentes com nível de excelência e de técnicos responsáveis e igualmente comprometidos com a educação.

É um dever da sociedade honrar a Universidade Estadual do Ceará (Uece) pelos discentes que já capacitou e por toda a contribuição à pesquisa. Espera-se que o Governo do Estado não meça esforços a fim de manter sempre a régua da qualidade que a instituição serve, com recursos humanos e financeiros. Isso se faz minimamente com estrutura adequada nas salas, laboratórios e demais espaços dos campi, professores em quantidade suficiente para atender toda a demanda da comunidade universitária e recursos para pesquisa e extensão. Vida longa à Uece!

Fonte: Publicado In: O Povo, de 16/03/25. Editorial, p.18.

 

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