Por Gualter George, diretor de
Opinião do Grupo de Comunicação de O Povo (*)
O nosso espaço de
Opinião notabiliza-se pela diversidade. Há nele representações de todos os
gêneros, todas as raças, diversas categorias profissionais, segmentos sociais e
econômicos diferentes, moradores de áreas nobres e periferias, enfim, cuidamos
para que funcione como um retrato perfeito, quase completo, do que somos como
sociedade.
O ofício
cotidiano dos últimos cinco anos, quase, tempo que sou editor e depois diretor
de Opinião do Grupo de Comunicação O POVO, impõe que eu tenha atenção especial
com o que é publicado. Confesso que na condição anterior, de um leitor
distanciado e que podia se dar ao luxo de escolher apenas o que me parecia
interessante, nem sempre conseguia perceber a importância de algumas opiniões
que passam pelo espaço diariamente.
Por exemplo,
chegando à posição em que estou agora é que comecei a vislumbrar a força
política dos textos que mensalmente publicávamos com assinatura de Roberto
Macêdo, o articulista que acaba de nos deixar. Sem críticas àqueles que optam
por caminhos contrários, passou a chamar minha particular atenção o fato
de nunca haver um interesse próprio, pessoal ou econômico, abordado nas suas
contribuições ao espaço.
Era sempre um
tema de interesse coletivo que ele trazia à discussão, claro que a partir de
suas convicções próprias. O fato de ser um empresário de grande peso e de
comandar uma das mais poderosas entidades classistas do Ceará - a Federação das
Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) -, durante boa parte do tempo em que
contribuiu com seus textos, quase que não tinha influência nas suas escolhas de
temas ou nas linhas de abordagem. E a ressalva do "quase que" é um
preciosismo cuidadoso da minha parte, porque a rigor pode-se afirmar que o
sentido coletivo, na definição mais exata do termo, prevaleceu em todos os
casos.
Parece até
deselegante de minha parte com outros colaboradores das páginas que tivemos e
que morreram ao longo desse meu percurso na Opinião, mas, no caso do Roberto
Macêdo, de fato, sinto como uma espécie de obrigação fazer esse reconhecimento
aberto de sua importância para o propósito que temos de animar o debate público
numa perspectiva que coloque o objetivo comum acima do interesse pessoal,
corporativo ou o que valha.
No caso dele, com
alma limpa, posso dizer que havia tranquilidade absoluta da nossa parte quanto
à ideia conceitual que nos motiva a incentivar as colaborações externas. É uma
perda para o Ceará em todos os aspectos, certamente que para a família de
maneira especial, mas, no nosso caso, nos vemos obrigados a, honrando sua
memória, seguir na trilha da busca pela priorização do "nós". Pode-se
dizer que perdemos mais do que apenas um articulista, abre-se um vácuo de
preenchimento difícil nas páginas opinativas do O POVO.
Fonte: O Povo, de 12/11/25. Opinião. p.23.

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