quinta-feira, 13 de novembro de 2025

Porque Roberto Macêdo fará falta, à família, ao O POVO e ao Ceará

Por Gualter George, diretor de Opinião do Grupo de Comunicação de O Povo (*)

O nosso espaço de Opinião notabiliza-se pela diversidade. Há nele representações de todos os gêneros, todas as raças, diversas categorias profissionais, segmentos sociais e econômicos diferentes, moradores de áreas nobres e periferias, enfim, cuidamos para que funcione como um retrato perfeito, quase completo, do que somos como sociedade.

O ofício cotidiano dos últimos cinco anos, quase, tempo que sou editor e depois diretor de Opinião do Grupo de Comunicação O POVO, impõe que eu tenha atenção especial com o que é publicado. Confesso que na condição anterior, de um leitor distanciado e que podia se dar ao luxo de escolher apenas o que me parecia interessante, nem sempre conseguia perceber a importância de algumas opiniões que passam pelo espaço diariamente.

Por exemplo, chegando à posição em que estou agora é que comecei a vislumbrar a força política dos textos que mensalmente publicávamos com assinatura de Roberto Macêdo, o articulista que acaba de nos deixar. Sem críticas àqueles que optam por caminhos contrários, passou a chamar minha particular atenção o fato de nunca haver um interesse próprio, pessoal ou econômico, abordado nas suas contribuições ao espaço.

Era sempre um tema de interesse coletivo que ele trazia à discussão, claro que a partir de suas convicções próprias. O fato de ser um empresário de grande peso e de comandar uma das mais poderosas entidades classistas do Ceará - a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) -, durante boa parte do tempo em que contribuiu com seus textos, quase que não tinha influência nas suas escolhas de temas ou nas linhas de abordagem. E a ressalva do "quase que" é um preciosismo cuidadoso da minha parte, porque a rigor pode-se afirmar que o sentido coletivo, na definição mais exata do termo, prevaleceu em todos os casos.

Parece até deselegante de minha parte com outros colaboradores das páginas que tivemos e que morreram ao longo desse meu percurso na Opinião, mas, no caso do Roberto Macêdo, de fato, sinto como uma espécie de obrigação fazer esse reconhecimento aberto de sua importância para o propósito que temos de animar o debate público numa perspectiva que coloque o objetivo comum acima do interesse pessoal, corporativo ou o que valha.

No caso dele, com alma limpa, posso dizer que havia tranquilidade absoluta da nossa parte quanto à ideia conceitual que nos motiva a incentivar as colaborações externas. É uma perda para o Ceará em todos os aspectos, certamente que para a família de maneira especial, mas, no nosso caso, nos vemos obrigados a, honrando sua memória, seguir na trilha da busca pela priorização do "nós". Pode-se dizer que perdemos mais do que apenas um articulista, abre-se um vácuo de preenchimento difícil nas páginas opinativas do O POVO.

Fonte: O Povo, de 12/11/25. Opinião. p.23.

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