terça-feira, 30 de abril de 2024

REFLEXÕES DE UM ACADÊMICO

Por Tales de Sá Cavalcante (*)

No Palácio da Luz, antes sede do Governo cearense, hoje da Academia Cearense de Letras, um acadêmico foi à janela e alegrou-se por observar forte chuva. Afinal, desde cedo o dia estava "bonito para chover", como dizem os do interior. Na Capital, num desses dias, os cearenses vaiaram o surgimento do sol. Pouco tempo depois, a janela lhe trouxe pesar, ao sentir que a chuva afastou os que vivem ou transitam na praça. Ali estavam apenas os de bronze.

A primeira estátua de Fortaleza retrata o cearense herói da Guerra do Paraguai, General Tibúrcio, que nominou oficialmente a praça. Os leões que vieram da França — e sem fazer história — levaram as pessoas a usarem erroneamente o nome de Praça dos Leões. E Rachel de Queiroz que, com ou sem óculos, observa a sempre sua, pois imortal, Academia Cearense de Letras, a mais antiga do Brasil. Manuel Bandeira descreve-a em seu poema "Louvado para Rachel de Queiroz", no qual, entre outras apologias, aponta: "Louvo o Padre, louvo o Filho, o Espírito Santo louvo. Louvo Rachel e, louvada uma vez, louvo-a de novo. Louvo a sua inteligência, e louvo o seu coração. Qual maior? Sinceramente, meus amigos, não sei não. Louvo os seus olhos bonitos, louvo a sua simpatia. Louvo a sua voz nortista, louvo o seu amor de tia. [...] Louvo o seu romance: 'O Quinze' e os outros três; louvo 'As Três Marias' especialmente, mais minhas que de vocês". Em 1940, o Diário da Noite perguntou: "Daqui a cem anos... como será o mundo?" Rachel, aos trinta anos de idade, respondeu: "Podem escandalizar-se os sociólogos e toda gente mais: para o século XXI, eu prevejo a vitória social das mulheres. As mulheres deixarão de ser o elemento secundário na sociedade e na família para assumir a vanguarda de todos os atos e de todos os acontecimentos..."

Nós, cearenses, temos duas missões a realizar. Habilmente fazer com que as pessoas utilizem a denominação oficial e digna da praça. E tornar digna também a vida de seus excluídos moradores sem teto. Assim, oferecer-lhes-íamos oportunidade de conquistar o que, para o ex-presidente Ronald Reagan, é a melhor política social, um emprego.

(*) Reitor do FB UNI e Dir. Superintendente da Org. Educ. Farias Brito. Presidente da Academia Cearense de Letras.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 4/04/24. Opinião, p.20.

segunda-feira, 29 de abril de 2024

O QUEIJO DE MANTEIGA DE AURORA

Por Izabel Gurgel (*)

Aurora, você e eu sabemos, é a claridade que aponta o início da manhã, antes do nascer do sol. O amanhecer. Copio de dicionários consultados via google. Além do sentido, é uma palavra que dá gosto dizer. Acho bonito também como (res)soa. Achar bonito, cito Clarice de memória, é um modo de entender.

Aurora é um município no sul do Ceará, na região do Cariri, que, para mim, passou a ter sabor do queijo de manteiga que Leonor aprendeu a fazer com a avó dela, Maria Raimunda.

Maria Leonor Rodrigues Gonçalves fez 70 anos dia 8 de março. E nos últimos quarenta e sete, ela e o marido Germano fazem queijo direto, como ela diz, para falar da permanência e regularidade do trabalho artesanal. "Hoje fiz doze quilos", ela me disse quando nos falamos por telefone. Uma tiragem de vinte e quatro unidades de cerca de meio quilo cada.

Peço que ela me conte o procedimento da feitura. "Se tiver pena de leite, não faz queijo de manteiga". E ela me diz as medidas, proporções e cálculos, o passo a passo, o coar o leite repetidas vezes, as mexidas e trocas de vasilhas, a lida com o fogo, o tempo de descanso, o rigor da ciranda do fazer, a escolha da matéria prima. Compra leite de gente consciente como Hamilton e Edivaldo. "Só de olhar já sei se o leite tem água". Ingredientes? Só leite e sal.

Não vou repassar aqui os processamentos do leite, a feitura da coalhada crua, de um dia para o outro, a separação da nata para fazer a manteiga da terra, o escaldar da coalhada, a secagem dela em sacos de 'tecido ralo', a prensagem manual, a lavagem no leite cru, o adicionar a manteiga etc.

Digo sem medo de errar que, se você gosta de queijo, vai mudar sua compreensão sobre os de manteiga. Não tem batata ou qualquer outra coisa para dar consistência ou cor, não se acrescenta nada além de sal. Lembro de ouvir Germano contar quando da minha primeira prova. Era final de romaria em Juazeiro do Norte.

Fico pensando que é um destino bonito para leite de vaca virar queijo seguindo a cartilha de Maria Raimunda. Ela via suas galinhas cheias serem arrematadas "caríssimas" no leilão de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, padroeira do Tipi, onde, em tempo de forno e fogão a lenha, o dia acordava sabendo da promessa que é cada aurora.

No sítio Cabôco, Leonor quer dar mais vida à lição da avó. "Quero que fique. E digam 'Foi Leonor quem me ensinou'."

Ano passado, o queijo passou a ser vendido no restaurante das filhas do casal, a Casa Malu, na Praça Padre Cícero, no Centro de Juazeiro. É a primeira vez que é vendido assim. O casal tem freguesia certa na própria cidade. "Não chega para quem quer", conta Leonor. Hoje ela está na Estação das Artes, em Fortaleza, a convite do mercado AlimentaCE. Se você levar um para casa, tire da geladeira pelo menos uma hora antes de (se) servir.

E aprecie como você faria com uma canção do nosso Fausto poeta.

(*) Jornalista de O Povo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 31/03/24. Vida & Arte, p.2.

domingo, 28 de abril de 2024

Causo Médico: TIRANDO AS CEARENSES DO CARITÓ

Na primeira metade do século XX, quando se dispunham de poucas faculdades no Ceará, era fato comum os jovens cearenses, pertencentes a famílias de maior poder aquisitivo, emigrarem para outros estados a fim de cursarem Medicina.

Logo após a II Grande Guerra, toma corpo em Fortaleza um movimento, com vistas à criação de uma escola médica no Ceará, cuja empreitada viria a vingar em 1948. Um dos fatores que contribuíram para isso foi a pressão da sociedade local, máxime das classes mais altas, para que os médicos se formassem aqui mesmo, pois já batia um cansaço de perder garbosos jovens, rapazes citadinos, para as cariocas, baianas, pernambucanas etc., com as quais contraíam núpcias, deixando as cearenses no mais autêntico “ora vejam só o que aconteceu”.

Se já engatado um namoro ou um noivado, aqui na capital cearense, diante da dificuldade de manter ativos os contatos com os familiares, do alto custo das passagens e da demora no percurso, o reencontro se limitava aos períodos das férias, normalmente as do final de ano, que eram mais longas, uma vez que, nas de julho, boa parte do período era consumida no deslocamento. Com o avançar do curso e à medida que se aproximava a formatura, os acadêmicos, já preocupados com o futuro exercício profissional, engajavam-se em estágios nos serviços hospitalares, como Pronto Socorro e Santa Casa, para adquirir a prática necessária, e assim terem mais segurança para o momento em que viessem a assumir o trabalho médico. De um modo geral, os retornos ao Ceará rareavam, substituídos por cartas com as devidas desculpas pela ausência. E, quase sempre, eram as moças casadoiras que ficavam no prejuízo.

A distância da família, a vida em repúblicas ou em pensões e a própria idade, na plena efervescência juvenil, deixavam os estudantes carentes e ansiosos por contatos femininos. Não era difícil que, nesse ambiente, prosperassem oportunidades para a iniciação ou intensificação sexual com mulheres, inapropriadamente, ditas de vida fácil. Quando não, o “flirt” era só o começo de um relacionamento mais estreito com “moças de família”, em idade de casar e em condições de oferecer as benesses de um casamento vantajoso. Como, amiúde, os rapazes eram de “boa família”, e, portadores, em breve, de um diploma de médico, o que conferia elevado status social ao seu detentor, era até natural que fossem assediados pelas jovens desejosas de ter um bom partido, firmando um contrato matrimonial que garantisse uma existência confortável.

Alguns dos nossos emigrados, movidos pelos atrativos da cidade grande, que os acolhera por seis anos, criaram vínculos, sociais, afetivos e/ou laborais, sendo ali retidos. A grande maioria, no entanto, por sorte, voltava às suas raízes, regressando ao torrão natal; contudo, por um suposto azar, parte deles retornava ostentando uma aliança de noivado, refletindo um compromisso nupcial; alguns até chegavam casados, e nem sempre com uma mulher que caía nos agrados de sua família, a exemplo de certas baianas, com uma tez mais impregnada de melanina, numa época em que os preconceitos raciais vicejavam visivelmente na Terra da Luz, apesar de ser pioneira da abolição escravagista no Brasil.

O compromisso nupcial dos médicos recém-chegados causava um certo transtorno social, frustrando expectativas matrimoniais, desfalcando a prata da casa e também deixando no caritó, muitas moçoilas na flor da idade. Era, talvez, como países em conflagração, cuja força viril foi deslocada para os campos de batalha, num distante “front”, despojando as mulheres de seus cobertores auriculados.

Não é à toa, que a aprovação da instalação da Faculdade de Medicina do Ceará, em 1948, foi comemorada, em notícia de jornal, como algo alentador, no sentido de assegurar bons partidos para as moças “casadoiras” do nosso estado, ameaçadas pelo estigma de se tornarem “vitalinas” e nunca mais saírem do caritó.

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Da Sobrames/CE e da Academia Cearense de Médicos Escritores

Fonte: SILVA, Marcelo Gurgel Carlos da. Medicina, meu humor! Contando causos médicos. 2.ed. Fortaleza: Edição do Autor, 2022. 144p. p.38-40.

* Republicado In: SILVA, M.G.C. da. AMC. Causo médico: tirando as cearenses do caritó. Informativo AMC (Associação Médica Cearense). Novembro de 2022 - Edição n.16, p.24(online).


O PILOTO AUTOMÁTICO

 

Um homem muito rico, que tinha diversos carros e barcos, queria um avião particular. Ele disse ao vendedor da loja:

— Eu quero comprar um monomotor, e também quero fazer umas aulas pra aprender a pilotar esse tipo de avião, porque faz muito tempo que eu não piloto.

O vendedor então lhe ofertou:

— O senhor está com sorte. Leve este avião que está em promoção. Ele vem com um programa que o senhor conecta no computador de bordo, e ele lhe dá todas as coordenadas, é muito fácil.

O homem então comprou o avião, levou ao seu hangar e o colocou na pista do aeroporto para testá-lo. Ele conectou o aparelho ao computador de bordo, ligou e ouviu uma voz feminina lhe dando as coordenadas.

— Primeiro passo — disse a voz —, gire a chave para ligar o motor.

Ele girou a chave e a hélice e o motor começaram a funcionar.

— Agora empurre a alavanca à sua esquerda lentamente até o fim para ganhar velocidade.

Ele empurrou a alavanca e o avião começou a correr pela pista.

— Agora puxe o manche até a altura de seu peito para ganhar altitude.

Ele puxou, e quando estava à uma certa altura, a voz continuou.

— Volte o manche à sua posição normal e boa viagem.

Nisso, ele percebeu que quando mexia no manche para a esquerda, o avião virava para a esquerda; se mexia para a direita, o avião ia para a direita. Ele então perguntou para a máquina:

— Como é que eu faço para fazer umas manobras, umas piruetas?

A máquina lhe respondeu:

— Siga a rota.

Ele insistiu:

— Como é que eu faço umas manobras?

E a máquina:

— Siga a rota.

Vendo que era fácil pilotar o avião, ele desligou a máquina e começou a se virar sozinho. Ele virava o manche várias vezes para a esquerda, e o avião girava para a esquerda, ele virava para a direita e o avião virava para a direita. De tanto ele virar pra lá e pra cá, o avião começou a girar, a girar, e ele perdeu o controle. O avião começou a cair em parafuso, e sem saber o que fazer, ele ligou a máquina de novo e perguntou:

— Socorro! O que eu faço agora??

E a máquina lhe respondeu:

— Repita comigo: "Ave Maria, cheia de graça..."

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.

A PROPOSTA DA SOGRA

Depois de mais de um ano de namoro, um jovem decide propor casamento à namorada.

Durante os preparativos para o casório, sua sogra (uma mulher muito bonita e radiante) pede que ele venha até sua casa para revisar a lista de convidados de sua família e assim reduzir o número de pessoas.

Ao chegar à casa, a sogra abre a porta com um vestido que deixava pouco para a imaginação. Ela o convida a entrar e lhe serve uma bebida, e então sussurra em seu ouvido:

"Você sempre me pareceu um rapaz muito sensual e atraente, e eu gostaria que antes de tornar-se um homem casado, faça sexo selvagem comigo. Estarei em meu quarto no final do corredor se quiser vir. Caso contrário, você sabe onde é a saída."

O rapaz lembrou que havia deixado os preservativos no carro e correu para buscá-los.

A primeira coisa que viu ao sair correndo da casa foi o sogro encostado ao lado do carro e sorrindo maliciosamente.

O sogro disse:

"Parabéns, jovem! Você passou na nossa prova de fogo!"

Moral da história: É melhor ter cuidado e deixar os preservativos no carro...

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.

sábado, 27 de abril de 2024

Causo Médico: TESTANDO A VIRGINDADE

Na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, por volta de 1970, o Prof. Dr. Viliberto Cavalcante Porto, um notável docente de anatomia humana, ministrava aula de anatomia do tórax, quando foi interrompido por um estudante, com uma pergunta muito intrigante:

– Professor, qual é a distância do hímen até os grandes lábios?

– Você quer saber a profundidade, a partir do exterior? – Respondeu com uma pergunta, para melhor esclarecer a dúvida do acadêmico.

– Sim, mestre! É isso exatamente! – Falou o aluno curioso.

– Ah, isso depende, porque há variações individuais, raciais e, sobretudo, etárias – explicou o docente.

– Professor, para uma mulher de 18 anos, de quanto é essa distância?

– É, em média, de 2 a 3 centímetros – concluiu o Prof. Viliberto Porto.

O mestre, considerando inoportuna e extemporânea a questão, inquiriu o perguntador:

– Mas por que você quis saber essa informação, se o tema da aula de hoje não é anatomia ginecológica?

Antes que o curioso acadêmico explicasse o motivo da sua dúvida, os colegas sentados próximos a ele perceberam que o rapaz, com o indicador direito em riste, e usando o polegar, como se fosse medir uma determinada marca invisível, pronunciou, com um misto de decepção, bem machista, e de revolta:

– Que sacana! Ela me enganou: não era mais moça, não!

O que ele não disse foi se estava se referindo à idade ou à integridade himenal da suposta donzela.

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Da Sobrames/CE e da Academia Cearense de Médicos Escritores

Fonte: SILVA, Marcelo Gurgel Carlos da. Medicina, meu humor! Contando causos médicos. 2.ed. Fortaleza: Edição do Autor, 2022. 144p. p.54.

* Republicado In: SILVA, M.G.C. da. AMC. Causo médico: testando a virgindade. Informativo AMC (Associação Médica Cearense). Setembro de 2023 - Edição n.25, p.19 (online).


CONVITE: Celebração Eucarística da SMSL - Abril/2024

A Diretoria da SOCIEDADE MÉDICA SÃO LUCAS (SMSL) convida a todos para participarem da Celebração Eucarística do mês de Abril/2024, que será realizada HOJE (27/04/2024), às 19h, na Igreja de N. Sra. das Graças, do Hospital Geral do Exército, situado na Av. Des. Moreira, 1.500 – Aldeota, Fortaleza-CE.

CONTAMOS COM A PRESENÇA DE TODOS!

MUITO OBRIGADO!

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Da Sociedade Médica São Lucas


 

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