sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

HOSPITAL NA UECE: unidade inicia com capacidade de 3 mil atendimentos mensais

O Hospital Universitário do Ceará (HUC), ligado à Universidade Estadual do Ceará (Uece), será inaugurado em fevereiro com parte da capacidade total. Os serviços iniciais serão das áreas de oncologia e doenças vasculares. A unidade poderá fazer até três mil atendimentos por mês na primeira fase de funcionamento.

Por ser um hospital com serviços de alta complexidade, os pacientes precisam ser referenciados à unidade. A emergência médica só funcionará para casos de obstetrícia, quando o setor materno-infantil do Hospital César Cals for transferido para o HUC.

De acordo com a secretária da Saúde do Estado, Tânia Mara Coelho, os primeiros setores foram escolhidos com base na demanda da população do Estado.

"A gente sabe que mesmo com a abertura do serviço de oncologia no Sertão Central e no Vale do Jaguaribe, a oncologia ainda é um problema. Esse vai ser o primeiro hospital do Estado aberto com serviço de oncologia", afirma.

O cuidado especializado com doenças do aparelho circulatório é outro "vazio" no Ceará, conforme a secretária.

"Vai ter a possibilidade de fazer arteriografia, angioplastia, que é uma grande necessidade. Você não resolve o problema vascular se não tiver esses exames. É um hospital que também tem esse diferencial, já vai abrir com ressonância, tomografia e hemodinâmica", explica.

A unidade também oferecerá atendimento em urologia e hematologia. Um cronograma será adotado para definir as datas de abertura dos setores restantes, até atingir a capacidade máxima com 652 leitos.

Os custos e a demanda de profissionais para o HUC ainda estão sendo calculados, segundo Tânia. Haverá remanejamento de servidores do Estado, mas também há possibilidade de convocação de aprovados no concurso da Funsaúde.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 8/01/2025. Cidades. p.16.

Crônica: “Um guaxinim no 5º andar do Louvre” ... e outros causos

Um guaxinim no 5º andar do Louvre

Estabelecida a confusão na recepção do consultório do médico urologista e coloproctologista. Libório Menêis, 80 anos, julgava ter prevalência no atendimento. Mas, um rapazote, regulando 25 anos, tomara-lhe a frente. O velho plantador de banana prata chegara às 7 da manhã de Uruburetama para realizar, antes de qualquer um, o modelo de exame que deixa qualquer "bicho de chifre encabulado" - o toque prostático. Acompanhado da filha Tantinha, contestava a atendente:

- Minha bichinha! Os últimos serão os primeiros ou os últimos serão mesmo os últimos?

- Seu Libório, esse que entrou rapidinho na sua frente é só retorno. Veio mostrar o resultado da anuscopia que fez, ele tem problema de hemorroida.

- E eu com isso? O caneco é dele!

- Ocorre que...

- ... eu sempre soube que o atendimento aqui era por ordem de chegada!

Atendente se enfeza, troca Zé por Cazuza, confunde-se toda:

- Não, seu Libório, não é por ordem de chegada! É quem for chegando primeiro!

Libório se deixa carregar para o centro da desorganização mental reinante no recinto e...

- Nããã!!! Agora eu me senti um jumento à esquerda em Nova York!

A esposa do Emmanuel Macron

A conversa fluía animada na sala. Reginalda contava ao povo da família, olhos fixados no pai, as maravilhas que viveu na Europa, as duas semanas de Paris. Embevecida com os 2 graus de temperatura Celsius nos peitos, a neve que tocou com a mão e derramou-se no casaco. Falou do Louvre com que se encantou, da gastronomia francesa inconfundível, do monumental Arco do Triunfo, da estilosa Catedral de Notre-Dame.

Viu de tudo um pouco, experimentou variada beleza, frequentando o Palácio de Versailles e vendo um rio Sena "bem limpim". De tão maravilhada com o ar romântico que a "Cidade da Luz" carrega, arriscou dizer:

- Pai, eu me senti a própria primeira-dama da França!

- Marróia! Ispia só, a mulher do presidente francês!

- Ela mesma! Eu era a... a... a... Como é o nome da mulher do Macron, hein?

O genitor de Reginalda, excitado com o testemunho grandioso da filha, achou de dar seu contributo à conversa, arriscando pronunciar a graça da mui digníssima consorte do presidente da França, Emmanuel Macron:

- Macrôa!

Peru antinatal

Meados dos anos 1980, período natalino. Canal de televisão enceta campanha de incentivo aos fortalezenses para mostrarem experiências interessantes com árvores de Natal. Bastava ligar para a emissora, dar o endereço e o nome do morador e a reportagem lá ia fazer a matéria. João Alan, para frescar com a irmã Queinha, deu o endereço dela, no Montese, argumentando que no jardim havia "uma coisa fora de série". Empolgada, a reportagem foi lá e o que encontrou? Um triste peru amarrado pelo pé ao tronco dum pé de jambo.

O repórter, frustrado, ainda perguntou: "Só isso?" Queinha, que não sabia da arrumação do mano, espirituosa, retrucou:

- Só isso?!? Meu querido, pergunte a esse pobre animal qual presente de Natal ele gostaria de receber de Papai Noel! E se espantem com o desabafo dele!

PS: Aproveitando que tinha em casa uma bodega sortida, Queinha vendeu merenda pro repórter, pro câmera e pro motorista. Ainda mandou um pacote de rosca pro chefe de reportagem, pela metade do preço.

Fonte: O POVO, de 29/11/2024. Coluna “Crônicas”, de Tarcísio Matos. p.2.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

POSSE DA DRA. ÂNGELA BARROS LEAL NO INSTITUTO DO CEARÁ

Alguns sócios na solenidade de posse da consócia Ângela Barros Leal no Instituto do Ceará em 16/01/25.

O Instituto do Ceará (Histórico, Geográfico e Antropológico) realizou na noite passada (15/01/25), em sua majestosa sede, a solenidade de posse da sua nova sócia efetiva, a Dr. Ângela Barros Leal, uma reconhecida intelectual graduada em biblioteconomia, comunicação e publicidade, dileta filha do antigo sócio Vinicius Barros Leal.

O discurso de recepção à nova sócia, pronunciado pela sócia Grecianny Carvalho Cordeiro, foi focado nos alentados títulos do currículo profissional que bem explicitam a trajetória de vida da escritora Dra. Ângela Barros Leal, eleita, por unanimidade, para ocupar a vaga no quadro social do Instituto do Ceará, preenchida anteriormente pela antropóloga e professora Rejane Maria Vasconcelos Accioly de Carvalho, que solicitou o desligamento institucional de sócia efetiva.

A sócia recém-admitida, em sua peroração, emocionou a todos ao reproduzir o preâmbulo do discurso de posse proferido por seu genitor, quando foi empossado no Instituto do Ceará em 4/12/1974, decorridos cinquenta anos, demonstrando o carinho que ela nutre por seu ascendente familiar, de quem os sócios preservam valiosoas lembranças da sua proficiente atuação institucional.

A solenidade, dirigida pelo general Júlio Lima Verde Campos de Oliveira, atual Presidente do Instituto do Ceará, registrou a presença expressiva de consócios e de tantos amigos da empossada.

Depois da sessão solene de posse, foi oferecido, pela recipiendária, aos convidados um coquetel nos magníficos salões e sacadas do Palacete Jeremias Arruda.

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Sócio do Instituto do Ceará


SAÚDE! PREFEITO.

Por Valdester Cavalcante Pinto Jr. (*)

Saúde é discutida superficialmente, quase sempre gerando abismo entre o posto (problemas) e o conceito (soluções). "Saúde como estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença." (OMS)

Há avanços no acesso e aos cuidados promovidos pelo SUS. Mas, basta? - Não. "universalidade", "equidade", "integralidade", "intersetorialidade" são premissas amplas que devem ser cobradas na medida da sua ousadia.

Como os recursos à Saúde são considerados despesa e não investimento, sempre ouviremos - recursos finitos, demandas infinitas. É fato que o ordenado é insuficiente, restando eficiência, mudança no modo de pensar saúde e pressão por mais investimentos. E usamos bem? - Certamente, não; do contrário, o caos não seria observado com tão pouco esforço.

Soluções parecem mantra: mais consultas, exames; mais hospitais, médicos e tanto mais que se julgue importante como resposta à população. Pouco se observa causas de mortes precoces ou de incapacidade permanente: violência, drogas, alimentação inadequada, trabalho insalubre, condições de moradia e transporte; e falta de lazer. A míngua de prevenção e o manejo insuficiente de doenças como câncer, hipertensão arterial, dislipidemias, obesidade dentre outras, determinam custos para o tratamento das complicações.

Arrisco dizer que não precisa mais tinta no papel, o desafio é privilegiar a integração de saberes e experiências para a identificação de iniquidades, no planejamento, implementação e avaliação de ações para alcançar efeito sinérgico em situações complexas, visando ao desenvolvimento social, superando a exclusão social. Nesse processo, a população passa a ser considerada sujeito, e não objeto de intervenção.

Nada pode ser negligenciado. E grifo: - somos imprudentes para com a saúde. Na relação doença/infraestrutura/financiamento, deve ser observado o adoecimento. Para balancear, é determinante adoecer menos. Possível por meio de intervenções no "conceito amplo de saúde", menos oneroso social e financeiramente. Deixo assim a questão: - por que não se intensificam ações já previstas em normas?

(*) Médico cirurgião cardiovascular pediátrico.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 12/12/2024. Opinião. p.16.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

INÚTIL PAISAGEM

Por Romeu Duarte Junior (*)

Como Fortaleza anda quente nesta quadra de pré-estação chuvosa! Irônica como só ela, diria minha saudosa Tia Santinha: "Você chegou por aqui hoje?". O certo é que está insuportável. Não há panetone, rabanada, pernil ou outro acepipe natalino que sirva de refrigério à quentura desta época do ano. A Cidade tem belas paisagens em seu litoral e no seu miolo, mesmo sem possuir uma quantidade razoável de árvores. Fort City, a Loura Desarvorada do Sol, onde há um astro-rei para cada vivente. Pelo painel de cobogó do escritório, vejo gente na sombra do poste aguardando o consultório abrir. Mais à frente, um grupo de pessoas disputa o esquálido sombreiro do abrigo de ônibus, esperando o coletivo que não vem. "Quem tem janelas, que fique a espiar o mundo", bem diria o poeta.

Conquanto possuidora de um arvoredo insuficiente, a cidade assiste, olímpica, aos espécimes vegetais do seu pobre acervo sofrerem com a omissão e o descaso. O rabugento benjamim plantado à porta da minha casa, fulo da vida, segredou-me dia desses: "Como se não bastasse os cães e gatos da redondeza mijarem e obrarem no meu pé e os imbecis da vizinhança jogarem sacos de lixo à minha volta, ainda tenho que aturar a falta de poda e o empachamento das muitas fiações. Será a minha vingança desabar sobre a sua morada?!". Pois é, a infeliz planta da família das Moráceas tem toda a razão. Sua copa enorme e esgalhada clama há muito por um desbaste. Fios de energia elétrica, telefonia e internet se emaranham em sua densa folhagem. O que poderia ser belo, babau...

Boa parte da paisagem urbana é composta pelo espaço público, que não é meu nem seu, é de todo mundo. Como sói ser, a cada quatro anos elegemos prefeitos e vereadores para cuidarem, no âmbito de suas responsabilidades, desse lugar. Experimente solicitar da prefeitura a poda de uma árvore qualquer. Quem o fizer, constatará que a burocracia foi criada para ser um fim em si. Na mesma linha, as empresas concessionárias de serviços públicos, que operam seus rendosos monopólios sem dar a mínima satisfação à sociedade que paga um absurdo pelos seus péssimos serviços. O cidadão contribuinte, nesse cruel torvelinho, acaba virando um dendroclasta, botando no chão o verde que ele queria verde. Isso quando não são as intensas chuvas de verão que derrubam os pés-de-pau.

Todo ano é a mesma coisa. De tanto empurrarem com a barriga, o executivo municipal e o trade monopolista, quando acontecem as tragédias, ficam jogando a batata quente um para o outro. Quem se lasca nessa safadeza sabemos muito bem quem é. A partir de 1º de janeiro de 2025, teremos um novo alcaide e novos edis. Que façam o que prometeram cumprir ao povo desta malfadada urbe, a começar pelo cuidado com a paisagem urbana, deixando de lado baboseiras tais como taxa de lixo, Réveillon meia-boca e óculos juliette. Na campanha, todos os candidatos teceram loas à condição de Fortaleza como a 4ª metrópole do Brasil. Pois que trabalhem com esse lema na cabeça. Natureza e cultura destruídas, o meio ambiente dilapidado, é igual ao IJF sucateado e sem remédios. Melhorem!

(*) Arquiteto e professor da UFC. Sócio do Instituto do Ceará. Colunista de O Povo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 16/12/24. Vida & Arte. p.2.

POR QUEM OS SINOS DOBRAM?

Por Patrícia Soares de Sá Cavalcante (*)

Apagaram-se as luzes. Minha expectativa era ver Vanessa da Mata interpretar Clara Nunes. Vozes encantadoras, dança, macramê e o "azul que não era do céu, nem era do mar" brilharam diante de mim. Os artistas subiram ao palco pelos corredores do teatro, criando uma conexão imediata com o público. Olhei para meu vizinho, um recém-conhecido na plateia, e questionei: "O microfone da Vanessa está baixo?" Na realidade, a voz de Vanessa da Mata é muito aguda, enquanto a de Clara Nunes era mais grave, o que, a meu ver, deixou-a mais contida na apresentação. Sua voz soava bela entre tantas outras magníficas, mas não havia destaque.

Chamou minha atenção uma das integrantes do espetáculo, visivelmente emocionada durante uma canção e, logo depois, dançando com grande alegria. Quanta entrega em sua interpretação!

A cena me trouxe à memória uma carta que viralizou na internet há alguns anos, escrita pela mãe de uma violinista e endereçada à direção da escola onde sua filha estudava. O início da carta dizia: "Minha filha deseja ser o segundo violino. Não a primeira, nem solista; o que ela quer é tocar suavemente ao fundo, pois isso a faz feliz." Essa moça deve ser, sem dúvida, uma exímia violinista que entende que o seu papel é fundamental na harmonia da orquestra.

Afinal, o que caracteriza a excelência na prática de algo? Ser o melhor dentro de um grupo? E, como definir quem é o melhor? Podemos ser excepcionais no que fazemos, mas isso não significa que sejamos considerados os mais importantes, de acordo com nosso sistema de valores e crenças. Não estou advogando a favor da mediocridade; entretanto, a procura incessante por ser superior alimenta um espírito de competição, e o desejo de competir jamais deve sobrepujar o desejo de pertencimento. Segundo John Donne, "nenhum homem é uma ilha completa em si mesma. Todo homem é um pedaço de continente, uma parte da terra firme".

Naquela noite, o grupo inteiro, afinado, brilhou e celebrou com alegria. E, aquela jovem de nome desconhecido, imagino que saudosa de alguém, "guerreira que não é de brincadeira, molhou o pano da cuíca com suas lágrimas e sambou a noite inteira."

(*) Médica psiquiatra.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 3/12/2024. Opinião. p.18.


terça-feira, 14 de janeiro de 2025

JUVENTUDE CENTENÁRIA

Por Tales de Sá Cavalcante (*)

Fernando de Mendonça, cearense de Guaramiranga, graduou-se no ITA, entidade fundada pelo Marechal do Ar Casimiro Montenegro, também ilustre alencarino, que, numa época em que nosso país não fabricava bicicletas, sonhou um Brasil a fabricar aviões. Fernando foi o 1º aluno do ITA a receber a homenagem "Summa cum Laude" (Com a Maior das Honras), por obter média geral não inferior a 9,5, em um regime de nota máxima 10. Mendonça recebeu a mesma distinção no doutorado da conceituada Stanford University, dos EUA. Foi fundador do Inpe, representante do Brasil na Nasa, membro de 18 organizações e detentor de 15 láureas entre medalhas e honrarias.

Em 2/12/2024, ao cumprimentá-lo pelos cem anos, na bela festa organizada por sua esposa, Márcia, no seu Castelo, em São José dos Campos, observei, mais uma vez, a jovialidade do centenário. O leitor deve estar a pensar: "Um castelo? Como assim?" Quando o Iteano estava na Europa, visitou muitos e apaixonou-se por castelos. Construiu dois, um maior para o casal e outro para sua filha. As maiores atrações turísticas de São José são a sua Villa Medieval, a Embraer e o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial da Aeronáutica, onde estão o ITA e demais institutos.

Já indaguei qual o segredo para tanto vigor com idade avançada. Sua resposta foi: "Meus amigos só falam do passado. E vão morrendo. Eu só falo do futuro." Um de seus planos é orientar um destacado aluno nosso para ser o 1º Prêmio Nobel brasileiro. Para o vice-prefeito Élcio Batista, "quando paramos de sonhar, começamos a morrer".

Não é o caso do Iteano, que talvez siga o educador Carlos Barbosa ao dizer: "Só morrerei quando ler todos os livros que tenho e cada vez compro mais exemplares." O cientista Ray Kurzweil defende que "uma casa, por exemplo, pode viver para sempre porque descobrimos todas as tecnologias de manutenção de casas".

Quando tivermos descoberto todas as tecnologias de manutenção de seres humanos, não morreremos. É provável que o exemplo de Fernando de Mendonça, ao crer no avanço tecnológico e na ciência, retrate sua vitalidade e seu entusiasmo pela vida.

(*) Reitor do FB UNI e Dir. Superintendente da Org. Educ. Farias Brito. Presidente da Academia Cearense de Letras.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 12/12/24. Opinião, p.16.

 

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