Na
esteira dos fatos que conduziram a insurreições populares em diferentes pontos
do País, em junho do ano passado, o governo brasileiro anunciou, em julho seguinte,
o programa “Mais Médicos”, com o fito de alocar mão de obra médica nos grotões
nacionais, em locais ditos carentes de assistência médica. Para isso, foram
abertas inscrições para brasileiros e estrangeiros, notadamente portugueses e
espanhóis, dispostos a aderir à proposta. A primeira tentativa foi um
verdadeiro malogro, encarada como uma proposta indecente perante os olhos dos
médicos ibéricos.
Na
verdade, tudo não passava de um ardil, para que o Ministério da Saúde
implementasse o acordo firmado, desde abril de 2013, entre os governos
brasileiro e cubano, com a intermediação da OPAS, no intuito de trazer milhares
de médicos de Cuba, copiando um modelo adotado por Hugo Chaves, na Venezuela.
Em
agosto de 2013, os aeroportos brasileiros começaram a receber as levas de
médicos cubanos, dos quatro mil que já estavam prontos para embarque, mesmo
desconhecendo o perfil epidemiológico e os aspectos culturais do Brasil, e sem
falar o português.
Com
a promessa de que seriam 6.000 médicos, no entanto, a quantidade que carimbou o
passaporte de entrada no Brasil já alcançou a casa dos 9.540 em março próximo,
pois há uma farta oferta de médicos em Cuba, uma vez que suas 25 escolas
médicas expelem dez mil novos profissionais, anualmente, o que dá uma média de
quatrocentos formados por faculdade, algo não observado em qualquer país sério
do mundo.
A
cubanização da medicina da Venezuela não redundou em impacto à melhoria dos
indicadores de saúde, porém rendeu apreciados dividendos eleitorais ao governo,
convertidos em votos a favos dos candidatos chavistas.
O
governo brasileiro tem ciência disso e tudo fará para assegurar e alargar a
presença médica cubana nos municípios remotos e nas periferias das cidades
maiores, nesse ano eleitoral, maquinando a ampliação do seu número de deputados
e senadores eleitos, para apropriar-se do comando das câmaras alta e baixa do Brasil,
objetivando dispor de um parlamento, dócil e servil, inteiramente submisso ao
poder executivo.
Cabe
aos médicos, como formadores de opinião, e às suas entidades representativas, o
salutar papel de esclarecer às pessoas quanto ao uso eleitoreiro desse
equivocado programa, do qual nada consistente de bom resultará em prol da saúde
pública do Brasil.
Professor titular de Saúde Pública-Uece
* Publicado In: O Povo. Fortaleza, 12 de junho
de 2014. Caderno A (Opinião). p.7.
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