Por Max Altman, de São Paulo, em 16/02/2010.
Em
16 de fevereiro de 1899, o presidente da França, Félix Faure, com 58 anos,
sofre uma crise de apoplexia e morre nos braços de sua amante num dos aposentos
do Palácio do Eliseu. Os comunicados oficiais publicados na ocasião transformam
sua morte numa terrível agonia e não mencionam a presença de Marguerite
Steinheil, que ficaria célebre. Os colunistas sociais diriam que ele ficou mais
famoso pela sua morte que por sua vida.
Em 1897, em
Chamonix, estação de inverno na Suíça, Faure conhece Marguerite Steinheil,
então esposa do pintor Adolphe Steinheil, ao qual havia sido confiada uma
missão oficial. Era um pretexto para o presidente frequentar o chalé onde o
casal vivia, em Paris. Pouco depois, Marguerite tornou-se a amante de Félix
Faure, encontrando-se com ele regularmente no "salão azul" do palácio
presidencial.
No dia em
que morreria, Faure telefonara para Marguerite e pedira que ela fosse ao seu
encontro no final da tarde. Minutos após a chegada, os empregados do palácio
ouviram toques de campainha violentos. Ao chegarem em socorro, encontram o
presidente estendido sobre um divã, enquanto Marguerite ajustava suas roupas em
desalinho. Félix Faure morreria horas depois.
Na verdade,
o presidente teve congestão cerebral, mas os rumores eram de que Faure tinha
morrido nos braços de Marguerite. No dia seguinte, o Journal du
Peuple estampava que
ele havia morrido por "ter-se excedido no sacrifício a Vênus" - ou seja, um esforço excessivo
durante o ato sexual. A maledicência popular dava detalhes. O presidente chegara
ao orgasmo devido a uma felação feita pela amante, o que teria sido fatal.
Conta-se que
o policial mandado ao Eliseu foi logo perguntando ao chegar: "O presidente
manteve a consciência o tempo todo?", ao que uma empregada do palácio
teria respondido "Não, ela saiu por uma porta secreta". Em francês, "connaissance" é tanto "consciência", de estar consciente, como
também uma "conhecida".
Marguerite
Steinheil passou a ser apelidada de "Pompa Fúnebre" (um trocadilho com pompe,
de "cerimônia" e de "sucção"). Os humoristas da época
diziam: "Queria ser César e não passou de Pompeu" - de pompée, alusão tanto ao gosto do presidente
pelo fausto que gostavam de satirizar quanto à felação que teria provocado sua
morte. Esta frase foi igualmente atribuída a Georges Clemenceau, que sempre a
negou. No entanto, teria dito, após a morte do presidente "Ao se reduzir à
nulidade, deve ter-se sentido em casa". Félix Faure está enterrado no cemitério de Père
Lachaise, em Paris.
Diz-se
também que teria sido envenenado pelos defensores de Dreyfus, tese retomada por
Edouard Drumont em seu jornal La Libre Parole, onde afirma que um remédio
envenenado foi colocado entre os medicamentos que o presidente tomava.
Fonte: operamundi.uol.com.br
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