Por João Soares Neto (*)
Tenho recebido e-mails e whatsaap
(não uso os demais aplicativos) de leitores, amigos, familiares e até de
estranhos, relatando a preocupação dessas pessoas com a situação
econômico-institucional do Brasil. Ao mesmo tempo, pedem uma opinião minha.
Vamos lá. Há um mundo de opiniões extremadas nas mídias sobre o nosso país.
Há os que desejam o desaparecimento de toda a classe de políticos. Lula, Temer,
Ciro, Bolsonaro, Doria e Alckmin vão de quase deuses a demônios. Há uma
semi-unanimidade favorável à Polícia Federal, Operação Lava-Jato e ao Juiz
Sérgio Moro. E querem outras investigações.
Não há como negar que a Crise Econômica de 2008, ao contrário do que
pensavam muitos, atingiu o Brasil. Foi de “marolinha” para um quase tsunami. É
bem verdade, soube-se depois, que as rédeas e os cofres da economia nacional
estavam à deriva.
Bancos públicos se acumpliciaram de todas as formas com grandes empresas
nacionais, ao mesmo tempo em que concorrências eram dirigidas sempre aos mesmos
grandes “players”. Esses fatos foram reverberando para os estados membros. Só
agora, começam a aparecer, de leve, na Mídia.
Por outro lado, as comodities
(matérias-primas) perderam o avanço de preços, face à diminuição de atividades
industriais dos grandes países importadores. Assim, com menos procura, os
preços caem. Simples. Somos grandes exportadores de matérias-primas. Haja
prejuízos. O Brasil grande pedia Copa do Mundo e Olímpiadas. Papo, desvios e
prejuízo.
Verificou-se que a eficiência e a eficácia prometidas nas licitações,
concessões, privatizações e parcerias público-privadas, eram, quase sempre,
fajutas. Não havia fiscalização. Ou quando havia, agentes públicos e lobistas
facilitavam tudo. Conluios.
Cada operação da Polícia Federal nos últimos anos descobre um liame
solto e, ao cabo, elas atingem, quase sempre, repetidas figuras de empresários,
políticos e dirigentes de órgãos públicos, especialmente os que possuíam – e
ainda possuem- diretorias compostas por indicações partidárias. Brasil a
dentro.
Nada é novo. Apenas me desobrigo dos pedidos com ajuda de Samuel Pessôa,
com circunflexo, físico com doutorado em economia, em artigo na Folha de São
Paulo, 20 deste agosto de 2017, p A28. Ele refere: “O grosso das nossas
distorções prejudiciais ao crescimento econômico inclusivo – a maior arma de
combate à pobreza no Brasil e no mundo -não tem origem no conflito entre
equidade e crescimento. Na verdade, a maior parte delas é fruto das ações dos
grupos de pressões que criam isenções e favorecimentos para si em detrimento do
bem comum”.
E dá nome ao gado: “A lista de meias-entradas, na feliz expressão de
Marcos Lisboa e Zeina Latif, é longa: aposentadoria integral de servidor
público; contribuições compulsórias sobre a folha para o sistema S; grupos
isentos de pagar imposto de renda; excessos de Bolsa Ditadura; excessos da Lei
Rouanet; regimes tributários especiais do PIS, COFINS, ICMS, Simples e lucro
presumido; empréstimos subsidiados; Zona Franca de Manaus; direito irrestrito
de greve de servidor público; benefícios aos Estados do Centro-Oeste, apesar de
sua renda per capita ser equivalente
à de Minas Gerais; etc.”
Essas atitudes precisam ser coibidas. Isso, entretanto, nunca poderá ser
alcançado em nenhum governo de coalização, o que temos desde 1999. No próximo
ano, haverá eleição para Presidente, Governadores, uma parte dos senadores,
deputados estaduais e federais. Cada pessoa conclua o que deduziu desta
análise. Daí para frente, o problema é seu. É meu. É nosso. E de todos. O
Brasil superará esses descalabros, acredite.
(*) João Soares Neto é escritor e membro da Academia Cearense de
Letras.
Publicado In: Suplemento
de O Povo, de 25 de agosto 2017.
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