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sexta-feira, 9 de julho de 2021

NOS TEMPOS HERÓICOS DAS APRESENTAÇOES ORAIS

Dizem as más línguas que os médicos vão aos congressos para rever os colegas, exibir as novas esposas e passar os velhos slides.

Os velhos slides não são mais prestigiados. Mas é preciso dizer do trabalho que se tinha para fazê-los nos tempos heroicos das apresentações orais.

Inicialmente, o conferencista tinha que levar a um datilógrafo os textos que constariam dos slides. (Se possível, um que possuísse uma máquina de escrever elétrica).

Com o material já datilografado, toca a juntar: a documentação fotográfica, os livros e as revistas que continham as tabelas e os diagramas de interesse, as radiografias... Então, com mil recomendações, passava-se tudo às mãos do fotógrafo responsável pela confecção dos slides.

As radiografias eram um caso à parte. O fotógrafo precisava ter em seu ateliê um negatoscópio (para iluminar por trás as radiografias). Na Faculdade de Medicina da UFC, um único fotógrafo, o Sr. Milton, fazia os slides para todos os professores e alunos da instituição.

Não eram baratos, e pagava-se à vista.

Chegava o o momento da apresentação. Um pouco antes, o conferencista se trancava numa saleta ao lado do auditório com a finalidade de montar os slides no carrossel do projetor. Eles tinham de ser colocados na ordem e na posição exatas - sob pena de tumultuar a conferência.

Apesar dos rigorosos cuidados, era comum os slides engancharem-se no projetor e, na tentativa de soltá-los, serem danificados. Isso quando o calor da lâmpada do projetor por si só já não causava um estrago maior.

No tempo que vivi na Amazônia, comprei uma máquina fotográfica e um projetor na Zona Franca. E dediquei-me a fazer slides daquela região em que o rio comanda a vida.

Quando o rolo fotográfico chegava ao fim, entregava-o a um peruano em Benjamin Constant que mandava revelar em Manaus. Duas semanas após, ele me entregava os slides acondicionados numa caixinha de papelão. Nessa ocasião, eu já tinha um novo rolo à espera de ser revelado, e a história retorna ao início do parágrafo.

Voltando a residir em Fortaleza, meus slides recreacionais deram lugar a slides científicos. Em 1989, necessitei de muitos deles para uma jornada sobre tuberculose que eu estava a organizar para a Secretaria da Saúde (SESA-CE). Eram slides que ilustrariam palestras minhas, e lembrei-me do Sr, Milton. Fui procurá-lo na Faculdade de Medicina e entreguei-lhe o material que seria convertido em diapositivos.

Próximo ao período da jornada, ele foi ao Hospital de Messejana com os slides prontos. Perguntou-me pelo cheque. É com a SESA, Sr. Milton, então, não é o Hospital que vai pagar, não, então, Dr. não vai ser possível eu lhe entregar os slides, qual é o problema, Sr. Mlton, é que o Hospital me paga logo e a SESA, não.

Paguei do meu bolso para receber os slides, e o Sr. Milton tinha razão. Levei tanto tempo para ser reembolsado, que eu já estava para desistir.

Hoje em dia, com um computador conectado à internet, a câmera de um telefone móvel e o onipresente Power Point, um slideshow é rapidamente concluído. Então, arquiva-se uma cópia no pen drive que o apresentador vai levar para o congresso. E os erros, assim que forem detectados, podem ser logo corrigidos com a intervenção do notebook.

Postado no Blog Família Gurgel-Carlos de Paulo Gurgel em 2/7/2021.

Paulo Gurgel 

http://gurgel-carlos.blogspot.com/2021/07/nos-tempos-heroicos-das-apresentacoes.html


quinta-feira, 23 de agosto de 2012

PLAQUETE: Posse de Janedson Bezerra e Zélia Petrola na ACM


APRESENTAÇÃO
A Academia Cearense de Medicina (ACM) foi instaurada em 12 de maio de 1978, ao ensejo das celebrações do XXX Aniversário da Fundação da Faculdade de Medicina do Ceará (FMC), sendo esta a primeira escola médica cearense, que viria a ser federalizada, compondo, posteriormente, ao lado de outras instituições de ensino superior, a Universidade Federal do Ceará, criada em dezembro de 1954, sob o diligente comando do Prof. Antônio Martins Filho.
Assim, trinta anos depois do memorável feito de 1948, os remanescentes do grupo de principais fundadores da FMC, reduzido a um quarteto, em decorrência da perda terrena do Prof. Jurandir Picanço - o idealizador e pai espiritual da academia atrás referenciada, alinharam-se a outros colegas, visando à criação de uma nova instituição médica, que foi a ACM, em parte gestada como desdobramento da grande e consolidada obra, vindo em complemento da escola-mater, para, principalmente, zelar pela História da Medicina no Ceará.
Para atender a esse propósito, o Prof. Geraldo Wilson da Silveira Gonçalves, então diretor do Centro de Ciências da Saúde da UFC, instituiu uma comissão composta pelos professores Geraldo Gonçalves, Haroldo Gondim Juaçaba, Joaquim Eduardo de Alencar, José Carlos da Costa Ribeiro, José Edísio da Silva Tavares, José Waldemar Alcântara e Silva e Paulo de Melo Machado, aos quais foi dada competência para elaborar as minutas do estatuto e do regimento interno do sodalício, bem como orquestrar os preparativos da formalização da novel entidade.
Para registro e divulgação de suas realizações maiores, a ACM lança mão, desde 1984, de seus Anais, com quatorze edições já publicadas, contendo discursos, artigos, ensaios, crônicas, resumos de atas e outras contribuições de interesse dos acadêmicos. Cada volume, presentemente, corresponde a uma gestão da ACM, e é publicado no ano seguinte, durante a Bienal promovida pelo silogeu. Desse modo, o último volume aplicou-se ao mandato do Acad. Paulo Picanço, de maio de 2008 a maio de 2010, tendo sido lançado na XIV Bienal da ACM, em agosto de 2011; o próximo cobrirá o período da atual gestão, sob a presidência do Acad. Antero Coelho Neto, com início em maio de 2010 e estendido a maio de 2012, devendo ser lançado na bienal de 2013.
Os discursos pronunciados nas solenidades de investidura de novos acadêmicos, de praxe, configuram seções de destaque dos Anais, mercê da eloquência dos autores empossados, trazendo à lume um retrospecto da vida do patrono e dos ocupantes anteriores de cada cadeira sob posse, bem como ajuizando o compromisso assumido perante seus confrades e convidados da cerimônia, ao tempo em que os recém-empossados têm os seus perfis delineados por um companheiro veterano, designado pela ACM, para efetuar a saudação aos ingressantes.
O imperativo de se oferecer mais ampla e célere divulgação das solenidades de posse levou a atual direção a acolher a nossa proposta de publicação, em plaqueta, os discursos proferidos em tais cerimônias, dando início a série que se inaugura com os da posse dos acadêmicos Janedson Baima Bezerra e Maria Zélia Petrola Bezerra, ocorrida em 18 de novembro de 2011.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva - Editor
Membro titular da ACM – Cadeira Nº 18
Fortaleza, janeiro de 2012

sexta-feira, 27 de julho de 2012

RESENHA DE “MULHERES NA VIDA DE JESUS”



Lúcia Arruda, cearense de Fortaleza e religiosa da Congregação de Nossa Senhora do Retiro do Cenáculo, é autora do livro editado pela Paulus “MULHERES NA VIDA DE JESUS – A história das primeiras discípulas”.
Presentemente, a irmã Lúcia, com residência em Fortaleza, onde se dedica à orientação de retiros espirituais, provém de uma família de larga tradição católica, integrante do clã dos Arruda, sendo sobrinha do Comendador Ananias, um dos maiores benfeitores de Baturité.
Licenciada em Letras pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade Federal do Ceará, e graduada em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte, ela se mune das melhores condições para relatar a vida das mulheres que contribuíram com a missão de Jesus, pondo em destaque a papel por Ele desempenhado no resgate da situação de exclusão em que as mesmas viviam. Em outras palavras, sua intenção é a de resgatar a visibilidade feminina, no contexto do surgimento de Jesus.
O livro, escrito em forma de romance, mescla ficção e realidade, ancorando-se no Evangelho de São Lucas, com mais propriedade, para reproduzir os passos de Jesus, pelas cidades e aldeias da Palestina, seguidos, continuadamente, pelas mulheres convertidas em protagonistas, na obra, as quais tinham, em comum, o fato de terem recebido graças do Filho de Deus, ora relacionadas à cura de doenças, ora à libertação dos pecados.
Essas figuras femininas são representadas, no livro, por Maria, chamada de Madalena, da qual saíram sete demônios; Joana, esposa de Cuza, o procurador de Herodes Antipas; Suzana e mais outras mulheres, como aquela sem nome, mas referenciada por Lucas (Lc 8,1-3), como a “pecadora, que lavou os pés do Mestre com as suas lágrimas, e os enxugou com os seus cabelos”, a quem a autora denominou de Safira, em seu livro.
Para isso, a irmã Lúcia Arruda buscou representar o cotidiano dessas primeiras discípulas, do modo mais próximo possível da realidade, procurando exibir um quadro verossímil de como poderia ter transcorrido o dia-a-dia de cada uma delas, ao tempo em que expõe passagens da vida do Filho do Homem, como a pregação de seus ensinamentos, a sua paixão e morte, e a posterior ressurreição, neste mundo terreno.
O leitor da obra vai alcançar, certamente, uma dimensão da história que não foi relatada pelos evangelistas. Apesar de ser uma obra de ficção, sua base histórica é irrefutável, amparada em consistentes referências bibliográficas, donde se imaginar a contribuição emprestada ao despertar de uma nova consciência sobre o valor intrínseco das mulheres no acompanhamento da trajetória de Jesus, remontando, inclusive, às origens do cristianismo, sem deixar de se ater ao cenário político e socioeconômico da época, ambientado na Judéia, sob o tacão romano, governada por Pôncio Pilatos, ao tempo do Imperador Tibério.
Em resumo, o livro é emocionante, questionador, instrutivo, e até catequético, pelo que se conclui tratar-se de excelente objeto de estudos para especialistas, estudantes e leigos interessados no tema, posicionado nos primórdios do cristianismo, na terra que serviu de berço ao Filho do Pai Eterno, um pouco antes de sua propagação a outras plagas, por intermédio dos seus apóstolos e discípulos.
Ana Margarida Arruda Rosemberg, uma das irmãs da autora, presenteou-me com a obra, lida, por inteiro, com encanto e prazer, enquanto voava de Fortaleza para Lisboa, em outubro do ano passado, na condição de representante da Associação Brasileira de Economia da Saúde, junto à XII Conferência Nacional de Economia da Saúde, realizada pela entidade congênere lusitana. Vem daí a satisfação com que recomendo a leitura desse precioso instrumento de cultura religiosa.
O livro em tela foi lançado em Fortaleza, na Livraria Paulus, em 3 de dezembro de 2011, e tem sido um grande sucesso editorial, em todo o País, mercê da surpreendente aquisição efetivada por tantos leitores, atraídos, inicialmente, pelo próprio título, e, mais ainda, pela divulgação propiciada por aqueles que tiveram o especial enlevo de fazer a sua leitura e sair enriquecido com tão farto material histórico, servindo de argamassa para construção de um conhecimento novo sobre “as mulheres na vida de Jesus”.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Da Sociedade Médica São Lucas
* Publicado In: Boletim Informativo da Sociedade Médica São Lucas, 8(60): 3-4, julho de 2012.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

ARTE MEDE SINA: apresentação



Há mais de dois anos, fui contatado pelo ilustre colega Walter Miranda, que expressou o interesse de seus colegas da Turma Samuel Pessoa, a de 1980.2, em promover a edição de um livro, na celebração dos trinta anos de formatura em Medicina, e, para tanto, esperava contar com a minha participação, como apresentador da obra.
A proposta encontrou, em mim, pronta acolhida, porquanto entendi ser isso um desdobramento de uma publicação similar, a da Turma Dr. José Carlos Ribeiro, que se prestou a ser vanguarda, para experiências da mesma natureza. Também por manter um relacionamento estreito com pessoas egressas dessa Turma de Medicina da UFC - 1980.2, muito caras ao meu viver social, o que inclui a minha consorte, Fátima Bastos, que, aliás, poderia ter tido mais sorte na escolha do marido, não fosse eu um predestinado a ser a outra banda da sua laranja.
Luiz Moura, no ano em curso, em nome dos seus colegas da Comissão Organizadora das festividades dos seis lustros, voltou a contatar-me, desta feita com duas missões: uma factível, ratificando o convite formulado pelo Walter; a segunda, dita impossível, para ele, de levar aos devidos festejos, a minha cara-metade, que, por sinal, nunca me foi uma metade cara, mercê da sua dedicação à família e ao labor profissional.
De fato, a primeira tarefa diria ser não apenas exeqüível, como assaz prazerosa, mormente quando me chegou às mãos a primeira versão dos escritos, e pude, então, inteirar-me do teor do material, já avidamente aguardado.
A capa da obra resgata o quadro “Retirantes”, pintado por Cândido Portinari, em Petrópolis, em 1944, o “leit motiv” do convite de formatura desses colegas, que a ela conferiram tons ainda mais sombrios que as suas cores originais: terra, cinza, azul, preto, branco, ocre, verde, rosa, amarelo e vermelho, aplicadas em largas e fortes pinceladas, por Portinari, indicando o forte engajamento político dos, à época, concludentes de Medicina da UFC.
O compromisso político de jovens idealistas e, quem sabe, libertários, de uma turma de médicos, que teve solenidade de colação de grau retardada, porque ousou desencadear uma greve na vigência da agonizante ditadura militar brasileira, está presente na epígrafe, da lavra do poeta maranhense Ferreira Gullar, igualmente extraída do convite, e aqui replicada: “Conto os que morrem de bouba, de tifo, de verminose; conto os que morrem de crupe, de câncer e esquistossomose, mas todos estes defuntos morrem de fato é de fome, quer a chamemos de febre ou de qualquer outro nome”.
A partir do nome da turma, percebe-se o seu então engajamento político, ao render justa homenagem a Samuel Barnsley Pessoa, professor titular da Faculdade de Medicina da USP e considerado um dos mais eminentes cientistas da Parasitologia Sul-Americana, homem devotado às questões médico-sociais. Samuel Pessoa foi um grande amigo do Prof. Joaquim Eduardo de Alencar, professor titular de Parasitologia da UFC, uma amizade selada na dedicação à pesquisa em Saúde Pública, e no alinhamento ideológico, motivo de intensa perseguição, sofrida por ambos, do regime castrense, vigente no Brasil pós-1964.
Coordenam a edição de “Arte Mede Sina: trint’anos de Medicina & Arte” os nobilíssimos iátricos Luiz Moura, Nasser Aguiar e Walter Miranda. Os primeiro e terceiro citados são ativos participantes da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional do Ceará, já notórios seguidores do bom uso do vernáculo, cumprem a sina de cultivar a pena em seus escritos, enquanto, emparedado entre eles, figura um habilidoso mastologista, cujas mãos se prestam a conservar saudáveis e a esculpir os pomos da augusta beleza feminina, versejados por Adolpho Araújo, como: “... nervosos seios, / cheios de seiva de uberdade ricos, / ricos de pólen, de opulência cheios...”. Nasser, por certo, sendo ele um artista do bisturi, concorreu para realçar o componente de arte do livro. Não se mede, todavia, em poucas palavras, o inaudito esforço desses três mosqueteiros em reunir, nas páginas deste livro, mais de trinta anos de convivência, visto somarem-se os seis anos de curso aos trinta do percurso profissional, no belo exercitar da arte médica.
O livro é versátil, tanto pelo número de escribas congregados, por suas biografias e seus escritos, como pela dinâmica literária exposta, envolta no emaranhado da saudade, que traz à tona as reminiscências dos tempos acadêmicos, nos causos contados e nas narrativas de um tempo de suas vidas. Talvez tenha sido essa uma fase em que foram muito felizes, embora não soubessem, apesar dos estresses decorrentes da confusa matrícula por disciplinas, das cobranças docentes, sob a forma de provas e trabalhos adicionais, e das incertezas do futuro a eles reservado.
De tudo, porém, o mais importante foi a amizade duradoura que esses colegas construíram, os quais, agora, mais amadurecidos, juntam-se a fim de comemorar o “Jubileu de Pérolas” da formatura em Medicina.
Alfim, dou por encerrada a primeira missão, a mim designada, esperando que o desfecho tenha saído a contento de muitos; quanto à segunda, não tenho, no entanto, qualquer governabilidade. As mulheres estão no poder, incluindo a mandatária-mor do País, e só a elas compete pôr abaixo a falsa concepção de que têm cabelos longos e ideias curtas.
A questão de gênero, pelo verificado neste livro, não existe nessa Turma de Médicos da UFC, que celebra os seus trinta anos de formados. Todos são iguais na “Arte Mede Sina”.



Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Da Academia Cearense de Medicina
 

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