segunda-feira, 30 de abril de 2012

O NAVIO QUE NÃO NAVEGA...

Por Júlia Rodrigues

O navio que não navega custou R$ 336 Milhões
O petroleiro, segundo informação do Estaleiro Atlântico Sul, navegará pela primeira vez rumo a estaleiro no exterior para conserto.
Em 7 de maio de 2010, ao lado da sucessora que escolhera e do governador pernambucano Eduardo Campos, o presidente Lula estrelou no Porto de Suape um comício convocado para festejar muito mais que o lançamento de um navio: primeiro a ser construído no país em 14 anos, o petroleiro João Cândido fora promovido a símbolo da ressurreição da indústria naval brasileira. Produzida pelo Estaleiro Atlântico Sul (EAS), incorporada ao Programa de Modernização e Expansão de Frota da Transperto (Promef) e incluída no ranking das proezas históricas do PAC, a embarcação com 274 metros de comprimento e capacidade para carregar até um milhão de barris de petróleo havia consumido a bolada de R$ 336 milhões – o dobro do valor orçado no mercado internacional.
Destacavam-se na plateia operários enfeitados com adesivos que registravam sua participação no parto de mais uma façanha do Brasil Maravilha. Seria uma festa perfeita se o colosso batizado em homenagem ao marinheiro que liderou em 1910 a Revolta da Chibata não tivesse colidido com a pressa dos políticos e a incompetência dos técnicos. Assim que o comício terminou, o petroleiro foi recolhido ao estaleiro antes que afundasse ─ e nunca mais tentou flutuar na superfície do Atlântico.
O vistoso casco do João Cândido camuflava soldas defeituosas e tubulações que não se encaixavam, além de um rombo cujas dimensões prenunciavam o desastre iminente. Se permanecesse mais meia hora no mar, Lula seria transformado no primeiro presidente a inaugurar um naufrágio. Estacionado no litoral pernambucano desde o dia do nascimento, nem por isso o navio deixou de percorrer o país inteiro. Durante a campanha presidencial, transportado pela imaginação da candidata Dilma Rousseff, fez escala em todos os palanques e foi apresentado ao eleitorado como mais uma realização da supergerente que Lula inventou.
A assessoria de imprensa da Transpetro se limita a informar que não sabe quando o João Cândido vai navegar de verdade. O Estaleiro Atlântico Sul, criado com dinheiro dos pagadores de impostos, não tem nada a dizer. Nem sobre o petroleiro avariado nem sobre os outros 21 encomendados pelo governo. No fim de 2011, o EAS adiou pela terceira vez a entrega do navio. A Petrobras, que controla a Transpetro, alegou que os defeitos de fabricação só podem ser consertados no exterior. PODE??!!
Quando o presidente era Nilo Peçanha, João Cândido comandou uma rebelião que exigia a abolição dos castigos físicos impostos aos marinheiros. Passados 102 anos, Dilma e Lula resolveram castigá-lo moralmente com a associação de seu nome a outro espanto da Era da Mediocridade: depois do trem-bala invisível, o governo inventou o navio que não navega.
Fonte: Revista Veja

Um comentário:

Paulo Gurgel disse...

Em 09/04/12, o Estaleiro Atlântico Sul (EAS) concluiu todas as provas de cais e de mar do petroleiro Suezmax João Cândido, após haver realizado todos os testes exigidos para o navio, tanto na condição de totalmente carregado como na condição de lastro. Os materiais, componentes, equipamentos e sistemas da embarcação foram observados durante os testes e os resultados confirmaram o funcionamento e o desempenho adequados. As provas de mar foram realizadas durante oito dias de testes consecutivos com a presença da fiscalização do armador (a Transpetro), dos fiscais da Sociedade Classificadora American Bureau of Shipping (ABS) e dos fornecedores dos principais equipamentos do navio.
Aprendizado tem um custo.
Com certeza é mais rapido e barato comprar dos coreanos, mas não é assim que se constroi uma nação e se adquire expertise.

 

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