Médico-Psicoterapeuta
Como
notícia e pensamento um puxa o outro me lembrei de uma velha história do
escritor francês Júlio Verne (1828-1905) e para os menores de 40 anos de idade
vênia para refrescar a memória nessa época de internet.
O tal
escritor tinha como especialidade escrever livros de aventura e ficção
científica. Escreveu pra lá de 100 livros e foi traduzido em 148 línguas. Creio
que, se não me falha a retentiva, por volta de 1956 fizeram um filme em
Hollywood baseado em um dos seus títulos de maior vendagem: “A Volta ao Mundo
em 80 Dias”.
A sinopse
do filme ou fita, como se dizia antigamente é a seguinte: um nobre inglês fez
uma aposta que daria a volta ao mundo em 80 dias, em um balão. Fez-se
acompanhar de um criado e voou mundo afora, teve muitas aventuras. O lorde
ganhou a aposta. Naquela época não existia internet e as novidades vinham na
maior parte pelo cinema.
Eu tinha
um colega de Faculdade de Medicina do Recife vindo do interior cearense. Nas
festas de São João ia passar com os pais. Já habituado com o mundo, gostava de
ler muito se entusiasmou pelo marketing
(mercadologia no vernáculo), e chegando a casa, encontrou o pai macambúzio. Ele
era o dono do cinema da cidade. Tinha gasto uma fortuna para alugar um filme
que era sucesso. Qual era? Justo ‘A Volta
ao Mundo em 80 Dias’. Mesmo na noite de sábado, dia de feira, apenas uns
gatos pingados.
Desespero
do velho. Teria que vender algumas cabeças de gado. O filho preocupado sugeriu
ao pai:
– Pai porque
o senhor não troca o título do letreiro? – O nome dele veio da América. ‘Gringo
sabe que faz’, – retruca o velho sertanejo ainda mais abusado com a insolência
do filho: – Desculpe pai mas por que o senhor não troca o nome por maneira de
falar local? – Jeito? Que jeito? – Resmungava o velho sertanejo. – Pai... troca
o nome deste filme para:
– Quasi treis meis fora de casa.
A
bilheteria estourou. Viva o marketing!
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco.
Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE)
e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).
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