quarta-feira, 26 de junho de 2019

CORTES FEDERAIS EM UNIVERSIDADE ESTADUAL


Por José Jackson Coelho Sampaio (*)
O Brasil tem dois sistemas de educação superior, um federal, com as instituições federais e as privadas, e os estaduais, com as instituições estaduais, municipais e comunitárias de cada estado. O projeto de um sistema nacional, com a corresponsabilidade financeira dos entes fluindo para fundo comum não avançou. Perdeu-se esta oportunidade histórica nos anos 1980.
E se os bens socializados são parcos, os males ocorrem em larga escala. Vejamos os impactos, de modo direto e indireto, da crise atual, na Uece. O custeio, os pequenos equipamentos e as bolsas da pós-graduação stricto sensu apoiados pela Capes/MEC, ao serem contingenciados, provavelmente cortados, prejudicam nossos mestrados e doutorados, pois os órgãos estaduais de fomento não preveem algumas destas ações e não conseguem compensar, por exemplo, a perda de bolsas federais. A redução global dos repasses da União para os estados obriga aos contingenciamentos estaduais que inabilitam as compensações.
O apoio aos projetos de pesquisa, que incluem bolsas de excelência na pesquisa até bolsas de iniciação científica para estudantes de graduação, estimulando a formação de futuros cientistas, é tarefa do CNPq/MCT&I. Tais recursos contingenciados, provavelmente cortados, prejudicam as plataformas estaduais de pesquisa instaladas, sem que os órgãos estaduais de fomento possam compensar. Vide o fato de que a Funcap continua, até agora, sem implantar as 235 bolsas de iniciação científica aprovadas para a Uece.
Ao observarmos os investimentos de vulto, como a infraestrutura de pesquisa, por meio de prédios e grandes equipamentos, responsabilidade da Finep/MCT&I, a gravidade do problema é muito maior, pois nenhum edital novo está colocado no horizonte e não existe órgão equivalente no âmbito estadual, exceto o que, de interesse de empresas, possa ser feito com o Fundo de Inovação Tecnológica/Secitece.
O laço posto no pescoço da pesquisa e da pós-graduação stricto sensu da Uece é devastador sobre o futuro imediato, sobretudo se acrescentarmos a retração dos recursos para educação a distância, aportados pela UAB/MEC, e para extensão tecnológica de apoio à educação básica, aportados por Pronatec/Mediotec, além da pressão que as instituições federais, em busca de sobrevivência, farão sobre os órgãos estaduais de fomento. 
(*) Professor titular de Saúde Coletiva e Reitor da Uece.
Fonte: Publicado In: O Povo, Opinião, de 17/6/19. p.25.

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