segunda-feira, 6 de maio de 2024

PIB x FIB

Por Heitor Férrer (*)

Certa vez, li uma reportagem, por ocasião de um documentário dirigido por Patrícia Pillar, que menciona que ela se aproximou de Waldick Soriano em um restaurante, o abordou e questionou se, pelo fato de ele ter tido várias mulheres, várias namoradas, vários amores, ele se considerava um homem feliz. Ele levanta seu chapéu, encara a interlocutora e diz: "Moça, ainda hoje estou à procura dessa tal felicidade". Essa é a felicidade pessoal, íntima, buscada por cada ser humano. É a felicidade dos sentimentos, não é a felicidade coletiva de uma nação.

O mundo, com suas mentes brilhantes, faz estudos a todo momento e um que me impressiona é o estudo da felicidade interna bruta de um país, cujos indicadores mais utilizados são o PIB - Produto Interno Bruto, que mede a riqueza produzida pelo país em um determinado período de tempo e o IDH - Índice de Desenvolvimento Humano, que analisa três variáveis - saúde, renda e educação. Avalia também a percepção da corrupção.

Desde quando entrei na vida pública, em 1989, vejo governantes nas esferas municipal, estadual e federal na busca incessante de arrecadar mais, de aumentar tributos e até de criar outros.

Os que produzem riquezas, empresários, industriais e comerciantes convergem para aumentar o nosso PIB, e o governo se aproveita para dizer ao mundo que nos tornamos mais ricos, mais pujantes, criando-se a expectativa de resultados na qualidade de vida dos maios sofridos, dos que vivem à margem dos avanços dessa riqueza.

Desde Colônia, passando pelo Império, República, República Velha e Nova República, avançamos a passos lentos na nossa FIB. Finlândia, Dinamarca, lslândia e Suécia são os campeões de felicidade. O Brasil, 9º país mais rico do mundo, 2º PIB das Américas, no ranking da felicidade está na 44ª posição dentre 137 nações. Estamos atrás do Uruguai e do Chile. Nona maior economia do mundo, 8º maior produtor de petróleo, 5º maior território do planeta, 4º maior produtor de grãos, o Brasil, assim como Waldick Soriano, continua à procura dessa tal felicidade.

Senhores governantes, não é por falta de dinheiro que não se dá à sociedade a felicidade interna bruta que ela almeja e a que tem direito. 

(*) Médico e ex-Deputado estadual (Solidariedade).

Fonte: Publicado In: O Povo, de 5/04/2024. Opinião. p.21.

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