sábado, 1 de junho de 2024

Seu Vavá, dono do antigo Cine Nazaré, ganha exposição em SP

Foto de Sergio Poroger

A mostra "Uma Rua Chamada Cinema" tem como foco expor em fotos a importância de trabalhadores e salas de cinema ao redor do mundo e evidenciar seu papel para a cultura

Quando relembramos figuras importantes que contribuíram para a história do cinema cearense, com certeza o nome de Seu Vavá é mencionado. Ele foi operador do antigo Cine Familiar em Fortaleza e depois responsável por cuidar do Cine Nazaré, o último cinema de bairro de Fortaleza. Faleceu e deixou um legado significativo sobre da valorização do cinema de rua e para a cultura.

E agora Seu Vavá ganhou uma homenagem na exposição "Uma Rua Chamada Cinema”, no Museu da Imagem e do Som (MIS) em São Paulo, produzida pelo fotógrafo Sergio Poroger.

A mostra faz parte do projeto “Maio Fotografia” e fica em exibição até o dia 21 de julho. Ela apresenta 36 fotos de trabalhadores e salas de cinema ao redor do mundo, projecionistas, vendedores de pipoca, bilheteiros e trocadores de letreiros. Além de Seu Vavá, também evidencia o Cine Nazaré, com a exibição de documentário realizado pelo O POVO.

Sergio Poroger revela que a exposição é um longo projeto de pesquisa iniciado nos Estados Unidos, em 2017, com a premissa de descobrir quais locais seriam ideais para fotografar a indústria do cinema refletido no dia-a-dia das pessoas. E assim conheceu a história de Seu Vavá, a partir de um artigo publicado pelo O POVO.

“Com ajuda de uma amiga, Julia Ionele, que escreveu um livro sobre o Cine Nazaré, conseguimos agendar um ensaio fotográfico com Seu Vavá em seu cinema. Aprendi com essa história que jamais devemos abrir mão de nossos sonhos”, conta o fotógrafo.

A ideia da exposição é unir fotografia e cinema, inspirado por uma vivência que tinha na infância com seu pai, que o levava para assistir filmes no centro de São Paulo. Em sua jornada profissional passou por Estados Unidos, Holanda, Polônia e Argentina, que o inspiraram a conhecer mais de perto esse universo.

“Senti desejo por uma jornada visual, capturando fotografias de salas de cinema por vários países. Não apenas os espaços físicos, mas também as pessoas que trabalham incansavelmente nos bastidores para que um filme ganhe vida numa sala de cinema, desde os bilheteiros até os projetistas, passando pelos vendedores de pipoca. É, portanto, uma homenagem não apenas à arte do cinema, mas também aos profissionais que tornam possível essa mágica”, expõe Poroger.

Para ele, a maior motivação desse projeto é inserir uma mistura de nostalgia e tentativa de preservação - nem que como registro - de uma experiência artística e urbana que hoje, ao menos no Brasil, está sob ameaça. “Como cinema de rua e a importância de sua preservação é universal, decidi levar essa bandeira para diferentes partes do mundo”. pontua.

E continua revelando que é crucial ficarmos atentos ao papel fundamental dos cinemas de rua na sociedade. Com sua capacidade de ocupar espaços públicos com narrativas diversas, novas linguagens e a consequente troca de conhecimentos e diálogos.

“O senso coletivo que o cinema promove - aquela comunhão dentro da sala - cresce quando inserido no espaço público, fora da clausura dos shoppings. Com a especulação imobiliária e o crescimento da violência urbana, muitos cinemas foram fechados e houve, simultaneamente, um declínio do número de público nas salas dos que restaram”, expressa.

(*) A matéria não está assinada por jornalista de O Povo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 28/05/24. Vida & Arte, p.3.


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