Um guaxinim no 5º andar do
Louvre
Estabelecida
a confusão na recepção do consultório do médico urologista e coloproctologista.
Libório Menêis, 80 anos, julgava ter prevalência no atendimento. Mas, um
rapazote, regulando 25 anos, tomara-lhe a frente. O velho plantador de banana
prata chegara às 7 da manhã de Uruburetama para realizar, antes de qualquer um,
o modelo de exame que deixa qualquer "bicho de chifre encabulado" - o
toque prostático. Acompanhado da filha Tantinha, contestava a atendente:
-
Minha bichinha! Os últimos serão os primeiros ou os últimos serão mesmo os
últimos?
-
Seu Libório, esse que entrou rapidinho na sua frente é só retorno. Veio mostrar
o resultado da anuscopia que fez, ele tem problema de hemorroida.
-
E eu com isso? O caneco é dele!
-
Ocorre que...
-
... eu sempre soube que o atendimento aqui era por ordem de chegada!
Atendente
se enfeza, troca Zé por Cazuza, confunde-se toda:
-
Não, seu Libório, não é por ordem de chegada! É quem for chegando primeiro!
Libório
se deixa carregar para o centro da desorganização mental reinante no recinto
e...
-
Nããã!!! Agora eu me senti um jumento à esquerda em Nova York!
A esposa do Emmanuel Macron
A
conversa fluía animada na sala. Reginalda contava ao povo da família, olhos
fixados no pai, as maravilhas que viveu na Europa, as duas semanas de Paris.
Embevecida com os 2 graus de temperatura Celsius nos peitos, a neve que tocou
com a mão e derramou-se no casaco. Falou do Louvre com que se encantou, da
gastronomia francesa inconfundível, do monumental Arco do Triunfo, da estilosa
Catedral de Notre-Dame.
Viu
de tudo um pouco, experimentou variada beleza, frequentando o Palácio de
Versailles e vendo um rio Sena "bem limpim". De tão maravilhada com o
ar romântico que a "Cidade da Luz" carrega, arriscou dizer:
-
Pai, eu me senti a própria primeira-dama da França!
-
Marróia! Ispia só, a mulher do presidente francês!
-
Ela mesma! Eu era a... a... a... Como é o nome da mulher do Macron, hein?
O
genitor de Reginalda, excitado com o testemunho grandioso da filha, achou de
dar seu contributo à conversa, arriscando pronunciar a graça da mui digníssima
consorte do presidente da França, Emmanuel Macron:
-
Macrôa!
Peru antinatal
Meados
dos anos 1980, período natalino. Canal de televisão enceta campanha de
incentivo aos fortalezenses para mostrarem experiências interessantes com
árvores de Natal. Bastava ligar para a emissora, dar o endereço e o nome do
morador e a reportagem lá ia fazer a matéria. João Alan, para frescar com a
irmã Queinha, deu o endereço dela, no Montese, argumentando que no jardim havia
"uma coisa fora de série". Empolgada, a reportagem foi lá e o que
encontrou? Um triste peru amarrado pelo pé ao tronco dum pé de jambo.
O
repórter, frustrado, ainda perguntou: "Só isso?" Queinha, que não
sabia da arrumação do mano, espirituosa, retrucou:
-
Só isso?!? Meu querido, pergunte a esse pobre animal qual presente de Natal ele
gostaria de receber de Papai Noel! E se espantem com o desabafo dele!
PS:
Aproveitando que tinha em casa uma bodega sortida, Queinha vendeu merenda pro
repórter, pro câmera e pro motorista. Ainda mandou um pacote de rosca pro chefe
de reportagem, pela metade do preço.
Fonte: O POVO, de 29/11/2024. Coluna “Crônicas”, de Tarcísio Matos. p.2.
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