Por Valdester
Cavalcante Pinto Jr. (*)
Saúde é discutida superficialmente, quase
sempre gerando abismo entre o posto (problemas) e o conceito (soluções).
"Saúde como estado de completo bem-estar físico, mental e social e não
apenas a ausência de doença." (OMS)
Há avanços no acesso e aos cuidados
promovidos pelo SUS. Mas, basta? - Não. "universalidade",
"equidade", "integralidade", "intersetorialidade"
são premissas amplas que devem ser cobradas na medida da sua ousadia.
Como os recursos à Saúde são considerados
despesa e não investimento, sempre ouviremos - recursos finitos, demandas
infinitas. É fato que o ordenado é insuficiente, restando eficiência, mudança
no modo de pensar saúde e pressão por mais investimentos. E usamos bem? -
Certamente, não; do contrário, o caos não seria observado com tão pouco
esforço.
Soluções parecem mantra: mais consultas,
exames; mais hospitais, médicos e tanto mais que se julgue importante como resposta
à população. Pouco se observa causas de mortes precoces ou de incapacidade
permanente: violência, drogas, alimentação inadequada, trabalho insalubre,
condições de moradia e transporte; e falta de lazer. A míngua de prevenção e o
manejo insuficiente de doenças como câncer, hipertensão arterial,
dislipidemias, obesidade dentre outras, determinam custos para o tratamento das
complicações.
Arrisco dizer que não precisa mais tinta no
papel, o desafio é privilegiar a integração de saberes e experiências para a
identificação de iniquidades, no planejamento, implementação e avaliação de
ações para alcançar efeito sinérgico em situações complexas, visando ao
desenvolvimento social, superando a exclusão social. Nesse processo, a
população passa a ser considerada sujeito, e não objeto de intervenção.
Nada pode ser negligenciado. E grifo: -
somos imprudentes para com a saúde. Na relação
doença/infraestrutura/financiamento, deve ser observado o adoecimento. Para
balancear, é determinante adoecer menos. Possível por meio de intervenções no
"conceito amplo de saúde", menos oneroso social e financeiramente.
Deixo assim a questão: - por que não se intensificam ações já previstas em
normas?
(*) Médico
cirurgião cardiovascular pediátrico.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 12/12/2024. Opinião. p.16.
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