Giuseppe
Moscati nasceu em Benevento, Itália, em 25/07/1880. Foi o sétimo dos nove filhos de Francesco Moscati e Rosa de Luca dei Marchesi di Roseto, ambos oriundo de famílias nobres e católicos
praticantes.
Em 1884, a
família Moscati mudou-se para Nápoles, cidade em que José Moscati passaria o
restante de sua vida, porque seu pai fora promovido na carreira de magistrado.
Aos oito anos, José fez a primeira comunhão, firmando, então, um encontro
pessoal com Jesus na Eucaristia, que, ao longo de toda sua vida, tornou-se
alimento espiritual diário, guiando toda a sua história. Aos dez anos, recebeu
o sacramento da crisma.
Aos 17 anos,
em sua fiel devoção à Virgem Maria e à Eucaristia, e já um adulto na fé, ele
revelava seu amor para com os pobres e necessitados. Nessa idade, professou o
voto de castidade perpétua. Não se sentia chamado à vida religiosa e tampouco
ao sacerdócio, mas pressentia que seu caminho seria o de um leigo engajado na
Igreja.
José Moscati
era um jovem ativo participante da vida paroquial, com missa e comunhão
diárias. Ele tinha uma grande compaixão pelos pobres, doentes e, notadamente,
os incuráveis, aos quais buscava assistir em suas necessidades.
Depois de concluir o ensino fundamental em 1889, Moscati
prosseguiu seus estudos na escola Vittorio Emmanuele Liceo, em Nápoles,
terminando o ensino médio em 1897.
Em 1892, o seu irmão Alberto sofreu um traumatismo
craniano incurável, decorrente de uma queda de cavalo durante o serviço
militar, passando a sofrer ataques de
epilepsia. A partir de então, Giuseppe
passou a cuidar de Alberto, dispensando-lhe horas de seu dia a dia aos cuidados
de seu irmão. Este cuidado despertou nele o interesse de estudar medicina, que
cursou na Faculdade
de Medicina da Universidade de Nápoles, diplomando-se em 1903, defendendo tese sobre urogenesis hepática. No seu curso médico destacou-se pelo empenho, pela inteligência, pela competência e pelo
cuidado devotado aos enfermos.
A partir daí,
o hospital, a universidade e a Igreja converteram-se no grande campo de suas
atividades. Logo após diplomar-se, Moscati se juntou à equipe do hospital Riuniti
Ospedali degli Incurabili (Hospital dos Incuráveis), em
Nápoles, onde
acabou se tornando administrador.
Durante esse tempo, ele continuou a estudar, e a realizar
pesquisas médicas quando não exercia as suas funções no hospital. Ele se tornou respeitado e admirado pelo seu
conhecimento científico e pela caridade para com os doentes, porquanto unindo
ciência, fé e caridade, conquistou o coração de todos no hospital. A esse
tempo, seu irmão Alberto morreu, o que lhe provocou enorme dor.
São José
Moscati, em sua vida profissional, dedicou sua vida, inteligência, competência
e amor para com aqueles doentes portadores de doenças incuráveis, levando
conforto, amor e amizade àqueles que não possuíam mais esperança neste mundo.
Ajudou inúmeros a morrerem em paz e na graça de Deus, confortando-os com a fé e
com os recursos da medicina da época.
Já notabilizado por seu compromisso com seus deveres, ele
ganhou também o reconhecimento público por suas ações no rescaldo da erupção do
Vesúvio e 8/4/1906. Moscati supervisionou a evacuação do hospital localizado em
Torre del Greco, a poucos quilômetros da cratera, que tinha entre os seus
pacientes muitos idosos e paralíticos conduzindo-os para fora pouco antes do
teto desabar devido a cinzas do vulcão.
Quando a cólera irrompeu em Nápoles em 1911, Moscati
recebeu do governo local a incumbência de efetuar inspeções de saúde pública e de
pesquisar as origens da epidemia e indicar as melhores formas de erradicá-la, o
que ele fez com rapidez, expondo suas sugestões às autoridades da cidade, ações
que implementadas debelaram o problema.
Em 1911, Moscati ingressou na Academia Real de Medicina Cirúrgica,
e recebeu seu doutorado em Química Fisiológica. Em 1919, ele foi nomeado
diretor de uma das escolas locais, onde também continuou a ensinar. Em 1922,
foi dado a Moscati a libera docenza em Medicina Clínica, o que lhe
possibilitou lecionar em instituições superiores de ensino.
Moscati foi um dos primeiros médicos napolitanos a
experimentar a insulina no tratamento do diabetes. Além de seu trabalho como
pesquisador e como médico, era responsável por supervisionar as instruções do
Instituto de Anatomia Patológica de Nápoles, razão pela qual é considerado
patrono dos patologistas. Ele representou a
Itália em vários Congressos Médicos Internacionais.
Embora demandado por doentes de diferentes classes sociais, ele
concedia, no entanto, preferência aos mais pobres e indigentes.
Indubitavelmente, foi na prática da caridade para com os mais desvalidos que se
evidenciou toda sua grandeza, fazendo jus ao título de “Médico e Pai dos
pobres”, isto num tempo em que a ciência se afastava da fé.
José Moscati
teve uma morte abençoada e serena, falecendo em casa, enquanto atendia alguns
pacientes, na
tarde de 12/04/1927. A notícia de sua morte
encheu Nápoles de tristeza pela perda de um médico tão amado. Seu corpo foi inicialmente
sepultado no cemitério de Poggio Reale, mas em 1930 foi exumado e reenterrado
na igreja de Gesù Nuovo, onde uma pedra de mármore marca a sua sepultura.
Pouco tempo
depois de sua morte, notícias de graças alcançadas através da intercessão de
José Moscati se espalharam. Ele foi beatificado pelo Papa Paulo VI em 16/11/1975
e canonizado pelo Papa João Paulo II em 25/10/1987.
São José
Moscati, médico que dedicou sua vida aos doentes incuráveis, aliviando seus
sofrimentos e confortando seus corações, é um grande exemplo a ser seguido
pelos que praticam a arte médica em um mundo hodierno cada vez mais laicizado.
Marcelo Gurgel
Carlos da Silva
Da Sociedade Médica São Lucas
* Publicado In: Boletim Informativo da Sociedade Médica
São Lucas, 13(104): 5, janeiro de 2017.
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