Médico-Psicoterapeuta
Narcisismo é o termo
empregado, pela Psicanálise, para designar a fixação da Libido no próprio
Ego. A libido, por sua vez, é uma forma
de energia vital que dá origem à criatividade humana. O Narcisismo tem sua
origem no mito de Narciso, o auto admirador que desprezou o amor da bela e
graciosa ninfa Eco. Segundo a lenda, a beleza de Narciso era tamanha que ele
julgava se assemelhar a um deus do Olimpo. Desprezando o amor daquela ninfa,
ele se apaixonou pela própria imagem, refletida na superfície de um lago. Ao
ficar apenas admirando sua imagem, esqueceu de se alimentar e acabou morrendo
de inanição.
Nos adultos, um nível
razoável de narcisismo pode ser até saudável, permitindo que a pessoa equilibre
a percepção de suas necessidades de afirmação e de confiança. De acordo com a
Psicologia e a Psiquiatria, o narcisismo, quando excessivo, vem dificultar uma
vida mental satisfatória. Vale lembrar que, os termos narcisismo e narcisista,
são utilizados, frequentemente, como pejorativos, denotando excesso de vaidade
ou de egoísmo.
Em se tratando de
expressões pejorativas e/ou estereotipadas, a mesma cautela deve-se ter ao
afirmar que “todo político é ladrão ou corrupto”, e “eu sou o único indivíduo
honesto e perfeito”. Ao se separar o Eu dos outros, como se a própria pessoa
fosse um gigante da moralidade, uma espécie de anjo, ao passo que os demais são
imperfeitos, isto representa uma forma de narcisismo. Neste sentido, o próprio Self se torna o espelho da perfeição; e,
a razão da certeza narcísica é a de sermos os únicos indivíduos perfeitos,
detentores de toda a Moral e Ética. E, se todos são imperfeitos, de que adianta
se lutar?
“O conformismo é o desespero de quem não luta mais” diz o adágio popular. Tal sensação de desespero, de batalha perdida,
só contribui para aumentar a corrupção. Ao invés de lamentos, seria mais
construtivo se tivéssemos esperança e um cuidado maior ao votar, pois aí está a
oportunidade de melhorar o status quo.
Então, vamos lutar
contra o Narcisismo Social, e fazer renascer das cinzas o Phoenix da liberdade
e da justiça. É mais construtivo se pensar que nem todos os políticos são
ladrões. Afinal de contas, bem que podem restar uns poucos cidadãos honestos na
face da Terra!
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco.
Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE)
e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES). Consultante Honorário da
Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).
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