terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

HISTÓRIAS QUE O MUNDO ADULTO NÃO DEVIA PRODUZIR


Por Luci Pfeiffer (*)

Tapas, surras, humilhações, castigos, privações, ameaças, tratamento como incômodo entre outras são algumas formas de violência que vão deixar suas marcas na criança e no adolescente, muitas vezes por toda a vida!
A violência contra crianças e adolescentes é uma doença universal, contagiosa, crônica e progressiva, habitualmente passada de geração a geração.
No Brasil, os números de situações de violência contra crianças e adolescentes são assustadores. Somente em 2017, foram registrados pelo DataSUS, 126.230 casos de violências praticadas contra esse grupo, sendo que cerca de 30 mil, ou seja, um quarto deles são de crianças até quatro anos de idade.
No Ceará tem-se o registro de 5.658 casos de violência em 2017, sendo 2.939 em crianças e adolescentes. Pelo Sinan, o Ceará está em 12º lugar em número de notificações de violência nessa faixa etária!
Sabe-se que esses números ainda são poucos e estima-se que para cada notificação de violência, tem-se outros 20 casos que continuam sem atendimento. A maioria acontece dentro de suas próprias casas, sendo os pais e parentes próximos os mais frequentes agressores em mais de 90% dos casos. A criança é refém permanente de seus agressores!
Sem o olhar atento da família, da saúde, da educação, da ação social e dos meios de proteção, segurança e justiça, que deveriam interromper a violência e encaminhar a vítima, responsáveis e agressores para tratamento médico e psicológico, ela se repetirá. Tem-se registros de que 38% dos casos de violências de repetição acontecem nessa faixa etária (DataSUS, 2017).
Se queremos seres humanos saudáveis, aptos para viver consigo mesmo e em sociedade, precisamos proteger a criança e o adolescente ou os teremos no futuro como adultos submissos a outras violências, seja como agressores de si mesmo, de todos ou de qualquer um!
Frente a uma suspeita ou saber de que uma criança está sendo maltratada, em qualquer família, raça, classe social, religião ou nível de escolaridade, acompanhe, oriente, encaminhe para tratamento pediátrico e psicológico e, notifique!
As notificações, que vão desencadear os meios de apuração da violência e os encaminhamentos legais, podem ser feitas ao Conselho Tutelar, ou à escola, unidade de saúde, Ministério Público ou pelo Disque 100.
Todos podem mudar essa realidade! Faça sua parte! 
(*) Médica e membro do Departamento Científico de Segurança da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Fonte: O Povo, de 4/1/2020. Opinião. p.21.

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