Por Josete de
Oliveira Castelo Branco Sales (*)
A
educação superior pública combate, sem trégua, as posturas conservadoras de
defesa de uma pseudo educação "Sem partido", de negação da ciência e
de recusa das experiências de democratização do acesso à universidade. Agora, e
de súbito, enfrenta uma pandemia, de dimensão planetária e, com ela, os riscos
de continuidade e qualidade das suas atividades de ensino, pesquisa, extensão e
gestão.
Em
consequência da pandemia provocada pelo novo coronavírus e diante da distância
doída, do medo e do adoecimento, das perdas sem despedida e colo, somos
chamados a dar respostas às demandas cotidianas e as que surgem gigantes, em
complexidade: somos chamados ao trabalho remoto, ao mesmo tempo que nos
deparamos com condições inexistentes de inclusão digital e social dos nossos
estudantes e servidores docentes e técnico-administrativos; reconhecemos o
cumprimento do calendário letivo como nosso dever, enquanto seguimos na luta
pelo direito a um retorno seguro às atividades presenciais, com as devidas
condições materiais e comportamentais de proteção à saúde individual e
coletiva; fazemos uso, cada vez mais, das telas, ao passo que não
negligenciamos os canais de escuta, debate e formulação dos consensos
possíveis; observamos o distanciamento físico necessário e continuamos mobilizados
em instâncias consultivas e propositivas e apoiados nos conselhos
deliberativos, próprios de cada instituição.
A
pandemia chegou e nos impõe, de pronto, a reflexão sobre o que, até então,
pensávamos como contraditório. Se por um lado empreendemos esforços na
preservação da presencialidade em nossos cursos, precisamos adotar posturas
abertas às possibilidades de uma docência crítica, ativa e dialógica, em novos
formatos e com recursos complementares; se continuamos primando pela qualidade
da formação dos nossos estudantes, precisamos reconhecer, também, a necessidade
da formação continuada dos próprios formadores.
Nossos
desafios não se resumem à sobrevivência e saúde de cada um de nós. Eles se
estendem à vida e pujança das nossas instituições. Para tanto, precisamos
proteger o conquistado, até aqui, sobretudo com relação às políticas de
assistência estudantil e compromissos assumidos com a recomposição dos nossos
quadros, mesmo que nos limites já acordados; precisamos nos conceber e agir
como instituições integrantes de um Sistema Estadual de Educação Superior,
imbricado em outros sistemas públicos do Ceará; apostar na riqueza do pensar
junto e em redes de apoio e compartilhamento de iniciativas, a exemplo dos GTs
(Grupos de Trabalho) Institucionais, do Comitê Estadual de Enfrentamento à
Pandemia do Coronavírus, do Conselho de Reitores do Ceará (Cruc), da Associação
Brasileira das Universidades Estaduais e Municipais (Abruem), dentre outras.
Hoje,
assim como desde sempre, continuemos a aprender e a crescer com as adversidades
e a defender, intransigente, o caráter público e os processos democráticos e
inclusivos de nossas instituições.
(*) Doutora em
Educação e reitora interina da Uece.
Fonte: Publicado In: O Povo, Opinião, de 4/10/20. p.17.
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