terça-feira, 30 de junho de 2020

COMO SERÁ O MUNDO DEPOIS DESTA EPIDEMIA?


Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
…Após a atual pandemia, pode ser que surjam duas ações positivas, uma no campo preventivo, a vacina, e o outra permitindo que, quando surgir um novo vírus, as pessoas sejam capazes de testá-lo em casa, como se faz com a urina para o teste de gravidez ou outra secreção nasal, ocular ou oral…
Muitos estão falando e escrevendo sobre como será o mundo após esta epidemia do coronavírus-19. Minha esperança é de que até a segunda metade de 2021 instalações em todo o mundo estejam fabricando a vacina. Para não ir muito longe na história, depois da pandemia da gripe espanhola, que ocorreu após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o Homo sapiens nada mudou. Não entendo como existem tantas esperanças de mudanças…
Após a atual pandemia, pode ser que surjam duas ações positivas, uma no campo preventivo, a vacina, e o outra permitindo que, quando surgir um novo vírus, as pessoas sejam capazes de testá-lo em casa, como se faz com a urina para o teste de gravidez ou outra secreção nasal, ocular ou oral.
Além dessas duas possíveis ações, dois outros avanços médicos surgirão da pandemia. Um será no campo do diagnóstico, através de um teste. Os pesquisadores poderão ter esse teste pronto dentro de alguns meses após a identificação de uma nova doença.
O bilionário Bill Gates acredita que o mundo deve aprender com a batalha contra o vírus ebola para se preparar para uma guerra contra uma possível doença fatal e global, contando, para isso, com a ajuda de novas tecnologias: “Um patógeno ainda mais difícil (que o ebola) poderia surgir: uma forma de gripe, de Sars ou um vírus nunca visto. Nós não sabemos se isso vai acontecer”.
…Os anos após 2021 podem se parecer com os anos após 1945. Mas a melhor analogia para hoje pode ser o 10 de novembro de 1942; a Grã-Bretanha acabara de ganhar sua primeira vitória terrestre na guerra e Winston Churchill declarou em um discurso: “Este não é o fim. Não é nem o começo do fim. Mas é, talvez, o fim do começo.”…
Diante dessa previsão estamos suficientemente prontos? Uma maneira de se preparar seria aliciar soldados sanitários e médicos militares a serem treinados para responder rapidamente a emergências de saúde. Tal preparação não seria muito diferente da forma como preparamos nossos armamentos de defesa em fortalezas, quartéis, navios, aviões, bases militares.
Mas nesse caso o inimigo não deterá armas atômicas ou mísseis. O inimigo, ao invés de ser um hacker cibernético, será um hacker biológico, criará vírus sintéticos cada vez mais difíceis de vencer por driblarem nossas defesas, micro-organismos cada vez mais sofisticados ou mesmo algum espécime não controlável por vacinas.
Pensamos que a morte é algo distante, que jamais vai nos pegar. A história não segue um curso definido. As pessoas tomam a direção que escolhem e podem entrar numa curva errada. Os anos após 2021 podem se parecer com os anos após 1945. Mas a melhor analogia para hoje pode ser o 10 de novembro de 1942; a Grã-Bretanha acabara de ganhar sua primeira vitória terrestre na guerra e Winston Churchill declarou em um discurso:Este não é o fim. Não é nem o começo do fim. Mas é, talvez, o fim do começo.” E ele estava certo.
Tomara que também nós possamos em breve dizer o mesmo quanto à pandemia.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE), da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES) e da Academia Recifense de Letras. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).

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